Se existe um single que definiu toda a carreira de Elvis Presley na década de 50 esse foi o mega campeão de vendas "Hound Dog / Don´t Be Cruel". Após o sucesso de "Heartbreak Hotel" a RCA tinha esperanças de repetir o mesmo sucesso comercial, o mesmo boom de vendas. Isso não aconteceu com "I Want You, I Need You, I Love You" mas quando "Hound Dog" pintou nas lojas o sucesso foi imediato. Não era para menos. A canção já vinha causando alvoroço nas apresentações ao vivo quando Elvis usava de seu ritmo contagiante para apresentar sua já tão famosa dança selvagem. Além disso o Lado B do single era por si só um outro hit em potencial. "Don´t Be Cruel" caía como uma luva no gosto das adolescentes que na época sonhavam com Elvis em suas fantasias românticas.
De fato o que muitos ignoram é que "Hound Dog" jamais deveria ter sido gravada por Elvis Presley. A música foi composta por Leiber e Stoller para a cantora Big Mamma Thornton. "Hound Dog" era uma gíria dentro da comunidade negra que significava homens que não paravam quietos, sempre atrás, na "caça" de outras mulheres. Na música uma mulher negra pede para que seu homem dê o fora pois não passa de um "Hound Dog", um velho cão sempre farejando um novo rabo de saia. O tema obviamente se encaixava totalmente com "Big Mamma", uma senhora negra de meia idade já cansada da vida, mas não fazia o menor sentido para um cantor branco, garotão e jovial como Elvis. Na cabine de gravação até houve um certo debate sobre isso. A música poderia ser interessante para Elvis nos palcos, mas seria adequada para gravação? Presley não se importou muito com esse detalhe, mexeu em algumas coisas na letra (versos que nunca foram escritos por Leiber e Stoller) e foi à luta. As sessões foram penosas. Elvis não se dava por satisfeito e muitos takes foram gravados. Exausto, ouviu uma por uma as tentativas até finalmente escolher o take que considerava o melhor.
"Hound Dog / Don´t Be Cruel" fez um sucesso espetacular. Na primeira semana o single vendeu mais de 600 mil cópias e quando todos achavam que tinha atingido seu pico ele voltou a surpreender vendendo ainda mais na segunda semana. Elvis chegou ao primeiro lugar entre os mais vendidos da Billboard, mas o compacto não perdeu pique nas vendas. A Variety, famosa publicação de cinema e música, noticiou na época que a RCA Victor estava encontrando dificuldades em atender todos os pedidos de lojas espalhadas em todo o país. Mal os singles chegavam nas vitrines e eram logo esgotados em poucas horas. Em pouco tempo o single havia vendido a estupenda marca de 5 milhões de cópias, fato inédito para a gravadora! Não tardou para que os recordes de vendas fossem noticiados pelos EUA afora, aumentando ainda mais a procura pelo novo disco do jovem cantor. Uma coisa levava a outra e os números só aumentavam de semana para semana. Elvis estava agora no topo de todas as paradas, com duas canções ocupando a primeira e segunda posição na principal lista de hits mais vendidos (um feito que apenas os Beatles conseguiriam repetir na década de 60). Um sucesso realmente sem precedentes. Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a força do novo cantor ela se dissipou completamente com o êxito fenomenal do novo compacto. Elvis Presley não era apenas um nome em potencial, era um sucesso absoluto de vendas. O novo astro de ouro da indústria do disco.
Hound Dog (Jerry Leiber - Mike Stoller) / (MCA Music, inc, Gladys Music Co, ASCAP) 2:16 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, New York. / Don't Be Cruel (Otis Blackwell - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, Unichapell Music, BMI) 2:02 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque. / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Estúdio de gravação: RCA Studios, New York / Data de Lançamento: junho de 1956 (EUA) / Setembro de 1956 (Inglaterra) / Dezembro de 1956 (Brasil).
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
Elvis Presley - I Want You, I Need You, I Love You / My Baby Left Me
O segundo single de Elvis pela RCA Victor foi composto pelas canções "I Want You, I Need You, I Love You" no lado A e "My Baby Left Me" no lado B. O fato é que o sucesso do single anterior com "Heartbreak Hotel" pegou muita gente de surpresa, em especial os críticos. Não tardou para que eles se posicionassem contra Elvis. Para uma parte considerável da crítica musical da época o novo cantor soava estridente e sem valor, um reflexo da pobreza cultural que atingia os jovens transviados de lambreta (a tal juventude que era rebelde sem causa). É claro que havia todo um preconceito contra o novo som e quando ele foi adotado pelos jovens a má vontade aumentou ainda mais. Como os jornalistas que escreviam sobre música na época eram senhores de mais idade, qualquer coisa que fosse curtida pela juventude era automaticamente vista com desconfiança.
O segundo single de Elvis chegou nas lojas em maio de 1956 sob fogo cerrado. As apresentações do cantor na TV rebolando causaram ainda mais ojeriza e o compacto recebeu bordoadas de todos os lados, principalmente a faixa principal onde Elvis cantava uma baladona romântica. O que afinal esse cara de costeletas está querendo? - pensaram os reacionários de plantão. Bobagem. Elvis Presley era apenas um artista tentando apresentar um bom material, mesmo que sob condições adversas. Quando Elvis gravou essa faixa sua popularidade começava a tomar conta do país. Viajando de um lado para o outro em excursões Elvis quase morreu após entrar em um velho avião que deu problemas técnicos. Abalado e abatido com o ocorrido ele entrou em estúdio justamente para gravar "I Want You, I Need You, I Love You". Imaginem ter que relaxar e entrar em um clima romântico após quase morrer em um acidente de avião. Foi isso que Elvis teve que superar nesse momento.
Ouvindo hoje percebemos um certo estado de tensão em Elvis. Ele canta a música corretamente mas não da forma suave adequada. "My Baby Left Me", gravada em Nova Iorque nas sessões do disco "Elvis Presley", me soa bem melhor. De autoria de Arthur "Big Boy" Crudup, a música tinha pegada e ritmo. No pique certo Elvis conseguiu um belo registro - um rock / blues no tom certo, correto. Para promover o single Elvis iria a TV algumas semanas depois e cantaria a faixa principal vestido de fraque e cartola (algo que detestou). A ironia era apresentar Presley como um sujeito fino e elegante, bem distante da imagem selvagem que estava se formando em torno dele na imprensa. Era uma piada que Elvis parece não ter gostado muito. No meio de tanta polêmica e marketing a canção alcançou um honroso terceiro lugar na principal parada de sucessos dos EUA. Bom, diante das circunstâncias realmente não foi nada mal no final das contas. Dias melhores viriam pela frente.
Elvis Presley
I Want You, I Need You, I Love You / My Baby Left Me (Estados Unidos, 1956) Selo: RCA Victor - Data de Lançamento: maio de 1956 / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Chet Atkins (guitarra), Marvin Hughes (piano), Short Long (piano), The Jordanaires (vocais de apoio) / Produção: Steve Sholes / I Want You, I Need You, I Love You (Gladys Music Co, ASCAP) 2:40 - Data de gravação: 11 de abril de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville. / My Baby Left Me (Unichappel Music / Grudup Music, BMI) 2:11 - Data de gravação: 30 de janeiro de 1956 Local: RCA Studios, NY.
Pablo Aluísio.
O segundo single de Elvis chegou nas lojas em maio de 1956 sob fogo cerrado. As apresentações do cantor na TV rebolando causaram ainda mais ojeriza e o compacto recebeu bordoadas de todos os lados, principalmente a faixa principal onde Elvis cantava uma baladona romântica. O que afinal esse cara de costeletas está querendo? - pensaram os reacionários de plantão. Bobagem. Elvis Presley era apenas um artista tentando apresentar um bom material, mesmo que sob condições adversas. Quando Elvis gravou essa faixa sua popularidade começava a tomar conta do país. Viajando de um lado para o outro em excursões Elvis quase morreu após entrar em um velho avião que deu problemas técnicos. Abalado e abatido com o ocorrido ele entrou em estúdio justamente para gravar "I Want You, I Need You, I Love You". Imaginem ter que relaxar e entrar em um clima romântico após quase morrer em um acidente de avião. Foi isso que Elvis teve que superar nesse momento.
Ouvindo hoje percebemos um certo estado de tensão em Elvis. Ele canta a música corretamente mas não da forma suave adequada. "My Baby Left Me", gravada em Nova Iorque nas sessões do disco "Elvis Presley", me soa bem melhor. De autoria de Arthur "Big Boy" Crudup, a música tinha pegada e ritmo. No pique certo Elvis conseguiu um belo registro - um rock / blues no tom certo, correto. Para promover o single Elvis iria a TV algumas semanas depois e cantaria a faixa principal vestido de fraque e cartola (algo que detestou). A ironia era apresentar Presley como um sujeito fino e elegante, bem distante da imagem selvagem que estava se formando em torno dele na imprensa. Era uma piada que Elvis parece não ter gostado muito. No meio de tanta polêmica e marketing a canção alcançou um honroso terceiro lugar na principal parada de sucessos dos EUA. Bom, diante das circunstâncias realmente não foi nada mal no final das contas. Dias melhores viriam pela frente.
Elvis Presley
I Want You, I Need You, I Love You / My Baby Left Me (Estados Unidos, 1956) Selo: RCA Victor - Data de Lançamento: maio de 1956 / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Chet Atkins (guitarra), Marvin Hughes (piano), Short Long (piano), The Jordanaires (vocais de apoio) / Produção: Steve Sholes / I Want You, I Need You, I Love You (Gladys Music Co, ASCAP) 2:40 - Data de gravação: 11 de abril de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville. / My Baby Left Me (Unichappel Music / Grudup Music, BMI) 2:11 - Data de gravação: 30 de janeiro de 1956 Local: RCA Studios, NY.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 16 de agosto de 2022
Bando de Renegados
Excelente western! O filme começa quando John Wesley Hardin (Rock Hudson) ganha a liberdade. Ele ficou 16 anos preso, acusado de assassinatos diversos. Ele nunca aceitou as acusações, afirmando que só havia atirado em legítima defesa. De volta às ruas ele vai até um jornal local e deixa um manuscrito contando sua vida. Ele tem interesse em transformar tudo em um livro. E assim começa um longo flashback, voltando ao passado, para mostrar a vida de Hardin desde sua juventude. Filho de um pastor, ele teve parte de sua família destruída pela guerra civil. Hardin então tenta de tudo para subir na vida. No mundo dos jogos de cartas encontra uma saída. Ele é bom no carteado, porém durante uma partida mata um homem que o acusa de roubar no jogo. A partir daí sua vida muda drasticamente.
O homem que matou tem irmãos e eles querem vingança. Passam a persegurir Hardin pelas cidadezinhas por onde ele passa. Hardin é bom no gatilho. Logo mata mais um dos irmãos e passa a ser um dos "criminosos" mais procurados do velho oeste. Até mesmo os Texas Rangers passam a caça-lo pelo oeste americano. Só que Hardin, astuto, sempre consegue fugir. E mais acusações de assassinatos vão surgindo, colocando ele numa situação onde não existe mais volta. Assim como aconteceu em "Assim Caminha a Humanidade", Rock Hudson interpreta um personagem que vai desde sua juventude até sua velhice. O roteiro do filme é baseado em suas próprias palavras, por isso Hardin é quase sempre um injustiçado, um homem que luta para provar sua inocência. Ele não quer perdão, apenas que entendam seu ponto de vista. Ótimo faroeste, onde Rock Hudson mais uma vez prova porque foi um dos galãs mais populares da história do cinema americano.
Bando de Renegados (The Lawless Breed, Estados Unidos, 1952) Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Bernard Gordon, William Alland, baseados no livro "The life of John Wesley Hardin", escrito por John Hardin / Elenco: Rock Hudson, Julie Adams, Mary Castle, John McIntire / Sinopse: O filme conta a história real de John Wesley Hardin (Rock Hudson), um dos homens mais procurados no velho oeste, acusado de várias mortes.
Pablo Aluísio.
O homem que matou tem irmãos e eles querem vingança. Passam a persegurir Hardin pelas cidadezinhas por onde ele passa. Hardin é bom no gatilho. Logo mata mais um dos irmãos e passa a ser um dos "criminosos" mais procurados do velho oeste. Até mesmo os Texas Rangers passam a caça-lo pelo oeste americano. Só que Hardin, astuto, sempre consegue fugir. E mais acusações de assassinatos vão surgindo, colocando ele numa situação onde não existe mais volta. Assim como aconteceu em "Assim Caminha a Humanidade", Rock Hudson interpreta um personagem que vai desde sua juventude até sua velhice. O roteiro do filme é baseado em suas próprias palavras, por isso Hardin é quase sempre um injustiçado, um homem que luta para provar sua inocência. Ele não quer perdão, apenas que entendam seu ponto de vista. Ótimo faroeste, onde Rock Hudson mais uma vez prova porque foi um dos galãs mais populares da história do cinema americano.
Bando de Renegados (The Lawless Breed, Estados Unidos, 1952) Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Bernard Gordon, William Alland, baseados no livro "The life of John Wesley Hardin", escrito por John Hardin / Elenco: Rock Hudson, Julie Adams, Mary Castle, John McIntire / Sinopse: O filme conta a história real de John Wesley Hardin (Rock Hudson), um dos homens mais procurados no velho oeste, acusado de várias mortes.
Pablo Aluísio.
Os Filmes de Faroeste de John Wayne - Parte 4
John Wayne passou por uma fase de insignificância logo no começo de sua carreira. Como ele era ainda um jovem sem nome dentro da indústria cinematográfica, acabou aceitando os trabalhos que iam surgindo. Na maioria desses filmes Wayne fez apenas figurações sem importância. Ora ele interpretava um membro do bando do xerife para caçar bandidos no deserto, ora ele era da quadrilha dos bandoleiros, fugindo da lei.
O importante nem era tanto aceitar filmes pensando em um futuro na carreira, mas sim trabalhar, atuar no que vinha pela frente. Ter o dinheiro para morar e viver em Los Angeles, mesmo que modestamente, já era uma vitória para o jovem ator. Ele que havia sido criado numa fazendo de criação de cavalos já tinha a experiência de montaria necessária para atuar em qualquer cena de western.
O que faltava para John Wayne nesse longo período, que durou praticamente toda a década de 1920, era uma chance de se destacar no elenco e chamar a atenção do público. Ao invés disso porém nos anos 20 o ator foi fazendo uma sucessão de filmes sem muita importância. Curiosamente ele chegou a atuar nesse tempo até mesmo em filmes bíblicos como "A Arca de Noé" de 1928. Infelizmente muitas dessas fitas antigas se perderam porque as películas eram altamente inflamáveis e expostas ao calor pegavam fogo. Como os estúdios na época não tinham maiores preocupações em preservar os filmes depois deles terem sido exibidos muita coisa se perdeu com o tempo.
A grande virada em sua carreira aconteceria apenas em 1930 quando ele, pela primeira vez, interpretaria um personagem de destaque, inclusive com nome. Na maioria dos filmes anteriores John Wayne interpretava tipos que sequer tinham nomes nos roteiros. Ele era identificado apenas como o Extra 1 ou o Extra 2, ou então nem era creditado. Já em "A Grande Jornada" ele interpretava finalmente um cowboy que tinha nome e sobrenome. Seu personagem se chamava Breck Coleman. Outra novidade importante: Wayne era o principal nome do elenco, o astro do filme! Dirigido pelo grande cineasta da história de Hollywood, o mestre Raoul Walsh, ele tinha a primeira grande chance em quatro anos amargando papéis sem importância em Hollywood.
Pablo Aluísio.
O importante nem era tanto aceitar filmes pensando em um futuro na carreira, mas sim trabalhar, atuar no que vinha pela frente. Ter o dinheiro para morar e viver em Los Angeles, mesmo que modestamente, já era uma vitória para o jovem ator. Ele que havia sido criado numa fazendo de criação de cavalos já tinha a experiência de montaria necessária para atuar em qualquer cena de western.
O que faltava para John Wayne nesse longo período, que durou praticamente toda a década de 1920, era uma chance de se destacar no elenco e chamar a atenção do público. Ao invés disso porém nos anos 20 o ator foi fazendo uma sucessão de filmes sem muita importância. Curiosamente ele chegou a atuar nesse tempo até mesmo em filmes bíblicos como "A Arca de Noé" de 1928. Infelizmente muitas dessas fitas antigas se perderam porque as películas eram altamente inflamáveis e expostas ao calor pegavam fogo. Como os estúdios na época não tinham maiores preocupações em preservar os filmes depois deles terem sido exibidos muita coisa se perdeu com o tempo.
A grande virada em sua carreira aconteceria apenas em 1930 quando ele, pela primeira vez, interpretaria um personagem de destaque, inclusive com nome. Na maioria dos filmes anteriores John Wayne interpretava tipos que sequer tinham nomes nos roteiros. Ele era identificado apenas como o Extra 1 ou o Extra 2, ou então nem era creditado. Já em "A Grande Jornada" ele interpretava finalmente um cowboy que tinha nome e sobrenome. Seu personagem se chamava Breck Coleman. Outra novidade importante: Wayne era o principal nome do elenco, o astro do filme! Dirigido pelo grande cineasta da história de Hollywood, o mestre Raoul Walsh, ele tinha a primeira grande chance em quatro anos amargando papéis sem importância em Hollywood.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
2001: Uma Odisséia no Espaço
Stanley Kubrick não foi um diretor convencional e nem tampouco um diretor de fácil digestão. Ele não estava nem um pouco interessado em fazer um cinema que fosse acessível a todos os tipos de públicos. Pelo contrário, Stanley Kubrick fazia cinema para ele mesmo e para um seleto grupo de admiradores de seu estilo. Para muitos essa ficção foi sua maior obra prima. O filme pelo qual ele sempre será lembrado. E de fato não era algo fácil a transposição para o cinema do famoso livro de Arthur C. Clarke. Kubrick fez uma bela adaptação para a sétima arte, entretanto é bom saber, de antecedência, que o filme parte da premissa que o espectador conheça pelo menos um pouco o livro original, leu alguns capítulos. Caso contrário a coisa começa a parecer sem muito sentido realmente.
Outro ponto é que o roteiro também espera que aquele que vai assistir ao filme saiba, nem que seja um pouquinho, sobre astronomia e astrofísica. Conceitos como espaço x tempo, buracos negros, viagem na velocidade da luz, múltiplas dimensões, tudo isso é jogado na tela. Outra discussão muito interessante se refere ao tema da inteligência artificial. Até que ponto dotar uma máquina da capacidade de pensar por si mesma seria seguro para a humanidade? Bom, pelos exemplos dados já deu para ter uma ideia da complexidade desse filme. É sem dúvida uma das maiores ficções da história do cinema. E esse título não foi lhe dado em vão, pelo contrário, temos aqui grande cinema de fato.
2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey, Estados Unidos, 1968) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, baseado na obra de Arthur C. Clarke / Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester / Sinopse: Depois de descobrir um misterioso artefato enterrado sob a superfície lunar, a humanidade parte em uma busca para encontrar suas origens com a ajuda do supercomputador inteligente denominado H.A.L. 9000.
Pablo Aluísio.
Outro ponto é que o roteiro também espera que aquele que vai assistir ao filme saiba, nem que seja um pouquinho, sobre astronomia e astrofísica. Conceitos como espaço x tempo, buracos negros, viagem na velocidade da luz, múltiplas dimensões, tudo isso é jogado na tela. Outra discussão muito interessante se refere ao tema da inteligência artificial. Até que ponto dotar uma máquina da capacidade de pensar por si mesma seria seguro para a humanidade? Bom, pelos exemplos dados já deu para ter uma ideia da complexidade desse filme. É sem dúvida uma das maiores ficções da história do cinema. E esse título não foi lhe dado em vão, pelo contrário, temos aqui grande cinema de fato.
2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odyssey, Estados Unidos, 1968) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, baseado na obra de Arthur C. Clarke / Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester / Sinopse: Depois de descobrir um misterioso artefato enterrado sob a superfície lunar, a humanidade parte em uma busca para encontrar suas origens com a ajuda do supercomputador inteligente denominado H.A.L. 9000.
Pablo Aluísio.
domingo, 14 de agosto de 2022
O Predador - A Caçada
Título Original: Prey
Ano de Lançamento: 2022
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Studios
Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Dan Trachtenberg
Elenco: Amber Midthunder, Dakota Beavers, Dane DiLiegro, Stormee Kipp, Michelle Thrush, Julian Black Antelope
Sinopse:
Um grupo de comanches encontra uma criatura desconhecida no meio das pradarias do oeste selvagem. Uma jovem nativa chamada Naru quer provar para o seu povo que também é uma grande guerreira e agora ela terá a chance de provar seu ponto de vista ao enfrentar esse ser desconhecido que também está em sua própria caçada.
Comentários:
Sétimo filme da franquia do Predador. Aqui o diretor Dan Trachtenberg procurou seguir por um novo caminho, mas sem perder a essência dos filmes anteriores. O resultado se revelou muito interessante, principalmente se você encarar o filme por aquilo que ele realmente é, ou seja, uma diversão pipoca para passar o tempo. A ambientação do filme se passa no século 19, em plena era da conquista do Oeste selvagem, explorando um grupo de comanches que se deparam nas pradarias com um tipo desconhecido de Caçador, uma figura incompreensiva para eles, pois é na realidade um alienígena que veio a Terra para caçar outros predadores da natureza. Essa mistura de faroeste e ficção já rendeu filmes bem ruins no passado, mas aqui a coisa toda se sustenta satisfatoriamente. Algumas cenas são bem interessantes como a luta do Predador contra um urso selvagem. Assim cronologicamente falando essa seria, até o momento, a primeira história com o Predador em nosso planeta, o que não deixa de ser muito curioso, já que o primeiro filme dos anos 80 também explorava situações parecidas. No geral é uma boa diversão, mostrando que a franquia consegue se renovar de tempos em tempos, isso tudo sem perder o que lhe é essencial.
Pablo Aluísio.
The Old Man
Essa nova série apresenta um atrativo especial para os cinéfilos, a presença do ator Jeff Bridges no elenco. Ao longo do tempo houve um certo preconceito quando atores de cinema migravam para a televisão, mais isso faz parte do passado. Atualmente as séries estão em um nível tão bom que não é nenhum demérito para a carreira de qualquer ator fazer parte de séries, muito pelo contrário. Essa nova série parece ser bem promissora e eu apostaria minhas fichas nela. Abaixo segue comentários sobre os episódios que assisti até o momento.
The Old Man 1.01 - I
Nesse primeiro episódio temos esse velho homem, como sugere o título original em inglês, que vive solitário em uma casa isolada do campo, perto de uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Ao seu lado vivem apenas dois cães de guarda que ele usa para se proteger e dar o alerta de qualquer invasão em sua propriedade. No começo pensamos que ele é apenas um homem com algum tipo de paranoia de perseguição, mas seus cuidados logo se revelam verdadeiros quando um homem invade sua casa no meio da noite. O sujeito armado estaria ali a mando de alguém do seu passado. Fica bem claro que ele quer executar o velho homem. Assim começa esse primeiro episódio que eu achei muito coeso, muito interessante, promissor, que ainda não revelou totalmente o passado de seu protagonista, mas que ao longo dos episódios o fará com certeza. Jeff Bridges continua ótimo e a sua presença nessa série já é motivo suficiente para acompanhá-la. / The Old Man 1.01 - I (Estados Unidos, 2022) Direção: Jon Watts / Roteiro: Jonathan E. Steinberg / Elenco: Jeff Bridges, John Lithgow, E.J. Bonilla.
The Old Man 1.02 - II
Nesse episódio descobrimos mais sobre o passado desse velho homem. Ele esteve envolvido em operações militares no Afeganistão quando a União Soviética invadiu aquele país, no começo dos anos 1980. Foi um brilhante comandante militar. E um assassino de rara eficácia. Sangue frio e grande precisão na arte de matar o inimigo. No presente, ele segue em fuga e acaba encontrando uma mulher madura e solitária. Poderia ele, nessa altura de sua vida, começar um romance a sério com uma mulher como ela? É uma dúvida que fica na mente de todos. Mesmo assim, esses momentos trazem algum tipo de tranquilidade e paz para ele. Algo raro, principalmente quando você está sendo caçado por assassinos profissionais pagos pelo governo dos Estados Unidos. / The Old Man 1.02 - II (Estados Unidos, 2022) Direção: Jon Watts / Elenco: Jeff Bridges, John Lithgow, Alia Shawkat.
The Old Man 1.03 - III
Não deixa de ser um pouco preocupante o fato de uma série que já em seu terceiro episódio demonstra sinais de repetição e saturação. Pois é justamente a conclusão que tirei após assistir a esse novo episódio. O roteiro é praticamente uma derivação, sem muitas novidades, dos roteiros anteriores. Situações se repetem. O personagem de velho Jeff Bridges, tenta escapar enquanto o governo vai atrás dele de forma impiedosa. Até mesmo um assassino profissional é contratado para lhe matar. E não falta o flashback tentando explicar de onde viria tanta ira por parte do ente governamental. Assim, a sensação que tive foi de assistir mais um episódio que é mais do mesmo. Ainda assim, pela expectativa de melhorar, vou seguir em frente por mais alguns episódios. Espero que mude a situação. / The Old Man 1.03 - III (Estados Unidos, 2022) Direção: Greg Yaitanes / Elenco: Jeff Bridges, John Lithgow, Alia Shawkat.
The Old Man - Episódios Finais
Como termina a série The Old Man? Ou melhor colocando... como termina a primeira temporada? Tenho notícias não muito boas para quem vinha acompanhando. O sétimo e último episódio dessa temporada termina de forma bem inconclusiva, jogando praticamene tudo para a próxima temporada, isso se ela for produzida, pois nada foi confirmado ainda. É um velho problema dessa série onde os roteiros se arrastam até o limite. Nesse último episódio o personagem de Jeff Bridges precisa decidir se vai se entregar ao seu velho desafeto desde os tempos do Afeganistão para salvar a vida de sua filha. E nada é mostrado pois na última cena ele chega em uma penintenciária, o que talvez indique que seja lá que esteja seu inimigo. Entretanto só podemos especular, pois o roteiro, mais um vez, não conclui nada. Acho que fico por aqui. Mesmo se houver uma segunda temporada não vou ver. Não curto séries que enrolam demais e não contam sua história.
Pablo Aluísio.
sábado, 13 de agosto de 2022
The Boys - Terceira Temporada
Terceira temporada da série The Boys lançada em junho de 2022. Essa nova temporada contará com 8 episódios, explorando os desdobramentos da história em que super-heróis não são sinônimo de virtude e nem de heroísmo, bem ao contrário disso, são pessoas rasteiras, sem nenhum caráter. Estarei escrevendo sobre cada episódio, a partir do momento que for assistindo. Segue abaixo a série de reviews de cada episódio.
The Boys 3.01 - Payback
Nesse primeiro episódio da terceira temporada temos algumas inovações, entre elas o fato de que alguns personagens agora trabalham em uma espécie de agência governamental dos Estados Unidos, cuja principal função é justamente fiscalizar o trabalho dos super dentro da sociedade. E a mudança chega também entre os 7, com a ascensão de Luz Estrela ao comando do grupo ao lado do Capitão Pátria que fica extremamente irritado com isso. Já Billy Butcher corre atrás do segredo da morte de um antigo super chamado Soldier Boy, pois isso pode revelar a fórmula para destruir o Capitão Pátria. / The Boys 3.01 - Payback (Estados Unidos, 2022) Direção: Philip Sgriccia / Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Antony Starr.
The Boys 3.02 - The Only Man in the Sky
Butcher decide tomar a fórmula que transforma pessoas comuns em super. Ele acaba desenvolvendo poderes que podem ser comparados até mesmo ao Capitão Pátria, imagine o perigo de um troço desse na mão dele. Butcher vai usar toda a sua fúria e raiva contra os super sem pensar duas vezes. Enquanto isso a grande festa de aniversário do Capitão Pátria se transforma em um show de falsidade na TV, uma vez que o Capitão Pátria está extremamente irritado com a morte de Tempesta e com o fato de não ser mais o líder supremo dos 7. Durante o programa ele perde o controle e acaba de certo modo deixando de lado aquela falsa imagem de bonzinho, iniciando um discurso totalmente feroz contra as pessoas em geral, revelando assim sua verdadeira personalidade. Pelo visto a máscara do Capitão Pátria finalmente caiu e em público, diante de milhares de pessoas! / The Boys 3.02 - The Only Man in the Sky (Estados Unidos, 2022) Direção: Philip Sgriccia / Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Antony Starr.
The Boys 3.03 - Barbary Coast
O Capitão Pátria se safa de seu discurso escroto. Ele havia desabafado em um evento da agência. No meio de milhares de pessoas, falou o que quis, mas acabou sendo absorvido pela opinião pública, que considerou sua sinceridade um valor a se preservar. Pior do que isso, o Capitão Pátria começa a dar em cima da Luz Estrelas e diz publicamente na TV que eles agora são namorados. Nada mais absurdo do que isso. Já Butcher decide ir atrás do segredo da arma que matou o Soldier Boy. Ele acaba arrancando uma informação preciosa. Ele descobre que a arma foi desenvolvida pelos russos. E ele logo planeja uma forma de ir até a Rússia em busca do artefato. Mas será que isso tudo é verdade? Será que está história se mantém firme mesmo? A descobrir nos próximos episódios. / The Boys 3.03 - Barbary Coast (Estados Unidos, 2022) Direção: Julian Holmes / Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Antony Starr.
The Boys 3.04 - Glorious Five Year Plan
O Capitão Pátria segue sua jornada de vilão travestido de herói. Além de forçar um romance inexistente com a Luz Estrela, ele ainda consegue uma vitória inacreditável. Ele destrói praticamente o antigo CEO da empresa que controlava os heróis. E usa a própria filha dele. Uma traição, vil. Esse sujeito, obviamente, não está para brincadeira. Outro evento muito marcante desse episódio ocorre quando o Soldier Boy é descongelado, e ressurge. Ora, não precisa ser especialista em quadrinhos para entender que o Soldier Boy é uma sátira em relação ao Capitão América da Marvel. Um patriota à beira do facismo. Outro super-herói altamente escroto. O mundo que se vire. / The Boys 3.04 - Glorious Five Year Plan (Estados Unidos, 2022) Direção: Julian Holmes / Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Antony Starr.
The Boys 3.05 - The Last Time to Look on This World of Lies
Como vencer o Capitão Pátria? Ele é tipo o Superman desse universo. Nenhum outro super-herói conseguiria vencê-lo. Só que, ao contrário do Superman, que é um ser digno e honrado, o Capitão Pátria nada mais é do que um escroto. Então, a trupe vai em busca de algo que o destrua. Acaba encontrando a solução justamente em outro super-herói. É um super-herói do passado. Chamado Soldier Boy. É muito forte, parece sobreviver a ação do tempo. Neste episódio, ele está de volta à ativa. A primeira coisa que faz é se vingar de uma heroína que o traiu no passado. Ela o entregou aos russos, e ele ficou prisioneiro por longos anos. Sofreu todos os tipos de torturas e abusos. Ainda assim, sobreviveu. Agora quero a desforra, quer a vingança. E nesse episódio, ele se vinga dela. Literalmente a explode, fazendo com que seus pedaços voem em aos ares. O Soldier Boy está de volta! / The Boys 3.05 - The Last Time to Look on This World of Lies (Estados Unidos, 2022) Direção: Nelson Cragg / Elenco: Karl Urban, Jack Quaid, Antony Starr.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 12 de agosto de 2022
Clint Eastwood e o Western - Parte 1
Depois de John Wayne o grande nome do western como gênero cinematográfica inegavelmente foi Clint Eastwood. Isso é curioso por vários motivos. Clint não participou da chamada era de ouro do faroeste americano, que ocorreu por volta dos anos 40 e 50. Ele só veio a surgir um pouco depois, quando o western já era considerado pelos críticos como um estilo de cinema ultrapassado, superado. Contra todas essas visões pessimistas Clint começou a estrelar seus filmes de western, na Itália e nos Estados Unidos. Com isso acabou se tornando um dos maiores astros da sétima arte.
O ator nasceu na Califórnia, em San Francisco, no ano de 1930. Sim, ele até teria idade para despontar nos anos 50, quando já tinha vinte anos, porém a carreira para Clint demorou um pouco a decolar. Hoje em dia ele é aclamado não apenas como um ator de sucesso, mas também como um cineasta extremamente talentoso, indicado várias vezes ao Oscar. E tudo começou com atuações em pequenas produções, filmes modestos, que serviram para, em um primeiro momento, apresentar Clint ao público espectador de cinema e TV.
O primeiro filme de sua carreira foi um filme de terror trash, uma produção B chamada "A Revanche do Monstro". Um daqueles filmes nada promissores que passavam em cinemas poeirentos do interior dos Estados Unidos. O curioso sobre esse comecinho de sua carreira como ator é que Clint foi pegando os trabalhos que eram oferecidos, sem se importar muito com a qualidade dos filmes. Algo comum e esperado para quem não tinha experiência e precisava essencialmente arranjar algum trabalho como ator para sobreviver.
Assim, ainda em 1955, lá estava o jovem Clint Eastwood envolvido em outro filme trash com monstros chamado "Tarântula!" Como era de praxe em filmes desse estilo na época tudo acontecia quando um inseto (uma aranha) era exposta a radiação! Depois disso ela começava a crescer sem parar, se transformando em um monstro de 9 metros de altura! Uma bobagem divertida daqueles tempos mais inocentes. A direção era do cineasta Jack Arnold, que foi o primeiro a enxergar em Clint um cowboy das telas. Conta-se que ele encarou o jovem ator durante um intervalo e disparou: "Ei, você deveria estar em um filme de western! Tem jeito para isso!". Um conselho e uma dica que Clint jamais esqueceria.
Pablo Aluísio.
O ator nasceu na Califórnia, em San Francisco, no ano de 1930. Sim, ele até teria idade para despontar nos anos 50, quando já tinha vinte anos, porém a carreira para Clint demorou um pouco a decolar. Hoje em dia ele é aclamado não apenas como um ator de sucesso, mas também como um cineasta extremamente talentoso, indicado várias vezes ao Oscar. E tudo começou com atuações em pequenas produções, filmes modestos, que serviram para, em um primeiro momento, apresentar Clint ao público espectador de cinema e TV.
O primeiro filme de sua carreira foi um filme de terror trash, uma produção B chamada "A Revanche do Monstro". Um daqueles filmes nada promissores que passavam em cinemas poeirentos do interior dos Estados Unidos. O curioso sobre esse comecinho de sua carreira como ator é que Clint foi pegando os trabalhos que eram oferecidos, sem se importar muito com a qualidade dos filmes. Algo comum e esperado para quem não tinha experiência e precisava essencialmente arranjar algum trabalho como ator para sobreviver.
Assim, ainda em 1955, lá estava o jovem Clint Eastwood envolvido em outro filme trash com monstros chamado "Tarântula!" Como era de praxe em filmes desse estilo na época tudo acontecia quando um inseto (uma aranha) era exposta a radiação! Depois disso ela começava a crescer sem parar, se transformando em um monstro de 9 metros de altura! Uma bobagem divertida daqueles tempos mais inocentes. A direção era do cineasta Jack Arnold, que foi o primeiro a enxergar em Clint um cowboy das telas. Conta-se que ele encarou o jovem ator durante um intervalo e disparou: "Ei, você deveria estar em um filme de western! Tem jeito para isso!". Um conselho e uma dica que Clint jamais esqueceria.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 11 de agosto de 2022
Zulu
“Zulu” é um desses filmes que ajudam o espectador a entender o processo de colonização promovido pelos ingleses ao redor do mundo, durante a era vitoriana. No filme acompanhamos o aspecto militar desse sistema. O enredo se passa durante o conflito entre o Reino Zulu (denominação um tanto difusa e vaga, usada pelos ingleses para designar uma série de tribos localizadas na África do Sul) e as tropas britânicas estacionadas naquela região. Não se sabe bem a razão, mas o fato foi que a partir de um determinado momento os Zulus decidiram combater a presença do branco europeu em suas terras. E isso aconteceu depois de anos de paz entre eles.
Até aquele momento havia uma certa harmonia na região. A disputa territorial ficou conhecida como Guerra Anglo-Zulu. A tragédia humana foi terrível, pois a guerra ocasionou milhares de mortes para ambos os lados. Obviamente as tropas do império britânica eram muito mais bem armadas e organizadas que as forças das tribos nativas. Foi claramente um choque de civilizações. Do ponto de vista dos europeus todos aqueles povos armados de lanças e escudos rudimentares eram incivilizados e primitivos. Em caso de guerra deveriam ser eliminados sumariamente.
O filme apresenta um ótimo elenco, com o melhor que o cinema inglês tinha a oferecer naquele período. O protagonista é interpretado por Michael Caine. No filme ele atua como um oficial britânico que é designado para servir na distante colônia africana, poucos dias antes do conflito se deflagrar. Sua postura, com uniforme intocável e limpo, acaba contrastando na tela violentamente com o primitivismo dos guerreiros Zulus. Esses eram guerreiros bravos e destemidos, mas não tinham uma tecnologia bélica à altura para enfrentar os disciplinados ingleses. Sequer conheciam as armas de fogo, lutando apenas com seus primitivos instrumentos de guerra. Estavam em maior número, mas os ingleses tinham também muitos pontos a seu favor nessa guerra sangrenta.
“Zulu” foi muit bem recebido pela crítica, principalmente por sua narrativa objetiva e imparcial. Aliás a narração em off foi executada pelo grande ator Richard Burton, que anos depois iria ele próprio estrelar um filme sobre o mesmo tema, mas mostrando os fatos que ocorreram antes da chacina tribal. Tudo o que aconteceu nesse massacre em 1879 deixou duas grandes lições para o Império Britânico. O primeiro foi que não importava o grau de civilização dos nativos locais de suas colônias, pois o inimigo jamais poderia ser subestimado. A segunda foi a de que o Império deveria adotar uma postura mais diplomática com as tribos locais para evitar justamente tudo o que ocorreu nesse evento histórico. Em conclusão, temos aqui um excelente filme para quem estiver interessado em conhecer melhor a colonização promovida pelo Império Britânico na época do longo reinado da Rainha Vitória.
Zulu (Zulu, Inglaterra, 1964) Direção: Cy Endfield / Roteiro: John Prebble, Cy Endfield / Elenco: Michael Caine, Richard Burton (narração), Stanley Baker, Jack Hawkins, Ulla Jacobsson, James Booth / Sinopse: Jovem oficial é enviado para uma região remota da África do Sul onde tribos do chamado Reino Zulu começam a se rebelar contra a presença britânica na região. Uma grande guerra está prestes a começar e ele, sem querer, acaba vivenciando esse trágico momento histórico. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Direção de Arte (Ernest Archer).
Pablo Aluísio.
Até aquele momento havia uma certa harmonia na região. A disputa territorial ficou conhecida como Guerra Anglo-Zulu. A tragédia humana foi terrível, pois a guerra ocasionou milhares de mortes para ambos os lados. Obviamente as tropas do império britânica eram muito mais bem armadas e organizadas que as forças das tribos nativas. Foi claramente um choque de civilizações. Do ponto de vista dos europeus todos aqueles povos armados de lanças e escudos rudimentares eram incivilizados e primitivos. Em caso de guerra deveriam ser eliminados sumariamente.
O filme apresenta um ótimo elenco, com o melhor que o cinema inglês tinha a oferecer naquele período. O protagonista é interpretado por Michael Caine. No filme ele atua como um oficial britânico que é designado para servir na distante colônia africana, poucos dias antes do conflito se deflagrar. Sua postura, com uniforme intocável e limpo, acaba contrastando na tela violentamente com o primitivismo dos guerreiros Zulus. Esses eram guerreiros bravos e destemidos, mas não tinham uma tecnologia bélica à altura para enfrentar os disciplinados ingleses. Sequer conheciam as armas de fogo, lutando apenas com seus primitivos instrumentos de guerra. Estavam em maior número, mas os ingleses tinham também muitos pontos a seu favor nessa guerra sangrenta.
“Zulu” foi muit bem recebido pela crítica, principalmente por sua narrativa objetiva e imparcial. Aliás a narração em off foi executada pelo grande ator Richard Burton, que anos depois iria ele próprio estrelar um filme sobre o mesmo tema, mas mostrando os fatos que ocorreram antes da chacina tribal. Tudo o que aconteceu nesse massacre em 1879 deixou duas grandes lições para o Império Britânico. O primeiro foi que não importava o grau de civilização dos nativos locais de suas colônias, pois o inimigo jamais poderia ser subestimado. A segunda foi a de que o Império deveria adotar uma postura mais diplomática com as tribos locais para evitar justamente tudo o que ocorreu nesse evento histórico. Em conclusão, temos aqui um excelente filme para quem estiver interessado em conhecer melhor a colonização promovida pelo Império Britânico na época do longo reinado da Rainha Vitória.
Zulu (Zulu, Inglaterra, 1964) Direção: Cy Endfield / Roteiro: John Prebble, Cy Endfield / Elenco: Michael Caine, Richard Burton (narração), Stanley Baker, Jack Hawkins, Ulla Jacobsson, James Booth / Sinopse: Jovem oficial é enviado para uma região remota da África do Sul onde tribos do chamado Reino Zulu começam a se rebelar contra a presença britânica na região. Uma grande guerra está prestes a começar e ele, sem querer, acaba vivenciando esse trágico momento histórico. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Direção de Arte (Ernest Archer).
Pablo Aluísio.
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