quarta-feira, 2 de dezembro de 2020
Minha Adorável Lavanderia
Título Original: My Beautiful Laundrette
Ano de Produção: 1985
País: Inglaterra
Estúdio: Working Title Films
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Hanif Kureishi
Elenco: Daniel Day-Lewis, Gordon Warnecke, Derrick Branche, Saeed Jaffrey, Rita Wolf, Shirley Anne Field
Sinopse:
Omar, um jovem imigrante paquistanês, recebe de seu tio a responsabilidade de tomar conta de uma lavanderia em Londres. O lugar está em péssimo estado. Para reformar tudo e colocar as coisas em ordem, ele contrata Johnny (Lewis), um arruaceiro que ele conhece desde os tempos da escola. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor roteiro adaptado (Hanif Kureishi).
Comentários:
Esse foi o primeiro filme relevante da carreira de Stephen Frears. Foi a primeira vez que ele chamou realmente a atenção da crítica em geral. Com esse filme pequeno conseguiu até mesmo uma honrosa indicação ao Oscar naquele ano, na categoria de melhor roteiro adaptado. O material original era uma peça do circuito alternativo teatral de Londres. O que temos aqui é uma história até bem simples. Dois jovens, um imigrante e um inglês, unem forças para tocar um pequeno comércio no subúrbio da capital inglesa. Eles são cheios de energia e boas ideias e mais do que isso, também acabam tendo um relacionamento amoroso homossexual, o que na época em que o filme foi lançado causou uma certa controvérsia. O brigão Johnny foi interpretado por um ainda jovem e inexperiente Daniel Day-Lewis. Nos anos 80 certamente ninguém poderia prever que ele iria se tornar um dos maiores atores de sua geração. De qualquer maneira vale a pena a sessão. Só de ver Lewis no comecinho de sua carreira, já é uma boa desculpa para rever esse cult-movie da década de 1980.
Pablo Aluísio.
Acontece nas Melhores Famílias
Título Original: It Runs in the Family
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Buena Vista International
Direção: Fred Schepisi
Roteiro: Jesse Wigutow
Elenco: Kirk Douglas, Michael Douglas, Cameron Douglas, Bernadette Peters, Diana Douglas, Michelle Monaghan
Sinopse:
Famílias geralmente são problemáticas. A história desse filme gira em torno de uma família tradicional, mas que por baixo das boas aparências, tem muitos problemas a superar. Basicamente essa é a história de uma família disfuncional de Nova York e suas tentativas de reconciliação.
Comentários:
A razão da existência desse filme é fácil de entender. Em determinado momento Michael Douglas decidiu que queria fazer um filme com seu pai, um grande nome da era do cinema clássico americano. Nada mais do que Kirk Douglas, já caminhando para o final de sua vida. Também escalou o neto de Kirk, seu filho Cameron, para um dos personagens principais. Foi um encontro emocional, uma tentativa de manter em fotograma o trabalho de três gerações do clã Kirk. Recentemente assisti a uma entrevista de Michael Douglas em que ele confessa duas coisas sobre esse filme. Ele gostou muito de reunir seus familiares, mas ao mesmo tempo não consegue mais assistir ao filme, por questões emocionais. O pai Kirk Douglas morreu. Já Cameron Douglas teve problemas com drogas e acabou sendo preso. Isso sem falar que o próprio Michael Douglas luta contra um câncer agressivo. Enfim, nada é para sempre. Aqui pelo menos eles estão todos juntos e ao que parece bem felizes. E se o filme não é grande coisa, pelo menos serviu para imortalizar essa reunião de todos eles no cinema.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
O Homem do Sapato Vermelho
Título Original: The Man with One Red Shoe
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Stan Dragoti
Roteiro: Francis Veber, Yves Robert
Elenco: Tom Hanks, Lori Singer, Dabney Coleman, Charles Durning, Carrie Fisher, Edward Herrmann
Sinopse:
Por causa de uma guerra interna, nos bastidores da CIA, uma informação falsa é plantada. Essa afirma que um agente duplo está chegando ao aeroporto. Como forma de identificação ele está usando um sapato vermelho. Para azar do jovem Richard (Tom Hanks) ele chega no aeroporto usando tênis vermelhos e passa a ser confundido com esse suposto perigoso agente secreto.
Comentários:
Comédia dos anos 80, trazendo um jovem e garotão Tom Hanks estrelando uma comédia que na verdade era uma paródia aos filmes de espionagem. Imagine todo aquele universo de espiões caindo de paraquedas na vida de uma pessoa comum, no cotidiano de um rapaz dos anos 80 que apenas passa a ser confundido com alguém perigoso, que precisa ser eliminado. James Bond não se sairia melhor do que ele, como podemos ver durante o filme. O material original chamado "Le grand blond avec une chaussure noire" é francês. Os americanos apenas adaptaram a ideia central nesse filme. E digo que ficou muito bom, divertido, uma diversão que agrada, muito em parte por causa do sempre presente carisma de Tom Hanks, que sempre passa a imagem de ser muito gente boa. E para quem é fã de "Star Wars" o filme ainda traz a presença da atriz Carrie Fisher. Não fazia muito tempo ela havia terminado sua participação em "O Retorno de Jedi" e procurava por novos rumos na sua carreira. Pois é, acabou indo parat nessa comédia do simpático Hanks.
Pablo Aluísio.
Tenet
E após assistir a esse filme posso até arriscar dizer que mesmo sem a pandemia esse "Tenet" não iria ser um enorme sucesso de bilheteria. O filme é fraco! Essa é a verdade! O roteiro, escrito pelo próprio Christopher Nolan, parece deslumbrado com a existência de universos invertidos, onde as coisas caminham para trás, ao invés de irem para frente. Qual é a novidade nisso? Já no cinema mudo a exibição de cenas invertidas era usada em comédias pastelão. Será que Nolan não sabia disso? Será que ele pensou que as pessoas iriam ficar espantadas com seus personagens andando para trás? Que bobagem...
A trama gira em torno de uma arma, criada no futuro, que consegue manipular o tempo. Dois agente são encarregados de evitar que essa arma caía em mãos erradas. O principal vilão é um contrabandista de armas, interpretado pelo bom ator Kenneth Branagh. E com esse fiapinho de história o filme se arrasta por quase duas horas e meia de duração. Confesso que quase larguei o filme pela metade. Aquela coisa toda de universo invertido é uma verdadeira chatice. Esse é seguramente o filme mais pretensioso e banal da carreira do Nolan. Merecia o fracasso comercial, com ou sem pandemia.
Tenet (Tenet, Estados Unidos, 2020) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan / Elenco: John David Washington, Robert Pattinson, Kenneth Branagh, Michael Caine, Elizabeth Debicki / Sinopse: Uma arma que manipula o espaço e o tempo é criada no futuro. Sua inventora decide enviá-la para o passado (o nosso presente) e dois agentes precisam colocar as mãos nela, antes que vá parar na mão de criminosos internacionais. Filme indicado ao People's Choice Awards.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Genius - Segunda Temporada
Na primeira temporada da série "Genius" acompanhamos a história de Albert Einstein. Nessa segunda temporada o enfoque se desloca para mostrar a vida e a obra do genial pintor Pablo Picasso (1881 - 1973). Em dez episódios, exibidos originalmente entre os meses de abril a junho de 2018, somos apresentados ao mundo de Picasso, desde sua juventude até sua velhice. Sua luta contra os movimentos facistas que assolaram a Europa e sua conturbada vida pessoal e amorosa, com destaque para suas muitas amantes. Na sua fase adulta o pintor espanhol foi interpretado pelo ator Antonio Banderas, em bom trabalho de caracterização do famoso personagem. Segue abaixo comentários sobre todos os episódios. Os textos serão incorporados ao longo do tempo, conforme for assistindo cada um deles.
Genius 2.01 - Picasso: Chapter One
Nesse episódio somos apresentados aos primeiros anos de Pablo Picasso. Ele nasce em um parto complicado e é dado como natimorto, mas um tio não aceita isso. Acaba despertando o choro da criança jogando uma baforada de seu charuto nele! Pois é, já nasceu sob circunstâncias diferenciadas. Depois vemos o garoto Picasso enfrentando a primeira grande tragédia de sua vida, quando sua irmã mais jovem morre vítima de difteria. Ele havia feito uma promessa, que iria parar de desenhar e pintar caso ela viesse a sobreviver. Não é o que acontece. O tempo passa, Picaso se torna adolescente e decide que vai estudar artes em uma academia prestigiada na capital. E ele realmente tinha muito talento para isso. Porém com o passar do tempo vai se decepcionando com o estilo de ensino, que apenas tenta copiar pintores do passado. Ele quer mais, criar seu próprio estilo pessoal.
Os anos de maturidade também são retratados nesse episódio, principalmente quando Picasso, já consagrado, aceita o convite para pintar um enorme quadro em protesto contra o masacre de Guernica, quando aviões da Alemanha nazista atacaram civis desprotegidos, matando milhares de pessoas, tudo com o apoio da ditadura do general Franco. Enfim, excelente primeiro episódio, mostrando mais uma vez a ótima qualidade dessa série. / Genius 2.01 - Picasso: Chapter One (Estados Unidos, 2018) Direção: Kenneth Biller / Roteiro: Kenneth Biller / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 2.02 - Picasso: Chapter Two
Tempos complicados para Pablo Picasso e isso no passado e no presente. No presente ele vê a França ser ocupada pelos nazistas. E é na França que Picasso estava morando nesse momento terrível da história da Europa. Ele foi embora da Espanha por causa do fascismo de Franco. E agora tinha que lidar com os nazistas bem na sua porta. No passado Pablo Picasso perde o amigo dos tempos pioneiros. Sua carreira vai bem, ele começa a vender quadros em Paris, mas seu amigo não tem a mesma sorte. Ninguém quer comprar nada do que ele pinta. Pior do que isso, ele fica impotente. Acaba dando um tiro na cabeça em um restaurante, na frente de todos. Trágico. / Genius 2.02 - Picasso: Chapter Two (Estados Unidos, 2018) Direção: Kenneth Biller / Roteiro: Kenneth Biller / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 2.03 - Picasso: Chapter Three
Picasso tem uma nova admiradora. Uma jovem que deseja ser pintora, apesar do pai jamais apoiar seus sonhos de ser uma artista. Ele quer que ela vá para a faculdade de direito, só que ela vai atrás de Picasso em troca de opiniões sobre sua arte. Bem, acaba em sua cama, como mais uma amante. No passado vemos o jovem Picasso indo morar ao lado de um poeta, um sonhador. Eles se tornam grande amigos e Picasso acaba descobrindo que ele é apaixonado por sua pessoa. Sim, o amigo é homossexual. Picasso leva numa boa e esclarece que o ama, mas como amigo e não como amante. A amizade sobrevive e eles ficam amigos próximos por anos e anos. / Genius 2.03 - Picasso: Chapter Three (Estados Unidos, 2018) Direção: Kevin Hooks / Roteiro: Kenneth Biller, Brian Peterson / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 2.04 - Picasso: Chapter Four
Novamente acompanhamos Picasso em um passado distante, quando ainda era apenas um jovem pintor procurando seu lugar no mundo das artes e depois, mais velho, tendo que enfrentar problemas com os nazistas. No passado Picasso começa a ficar admirado com os quadros de Henri-Émile-Benoît Matisse. Esse estava revolucionando a pintura de sua época. Picasso via então que ele deveria também ir por um caminho mais revolucionário. E em seu momento mais velho, Picasso acaba vendo um de seus melhores amigos, Max, sendo levado preso pelos nazistas. E ele se recusa a assinar uma petição por sua soltura. Teria sido um momento de medo na vida do famoso pintor? Ou ele apenas achava que sua assinatura de nada valeria, uma vez que os nazistas odiavam sua arte? Uma questão que Picasso nunca esclareceu totalmente. / Genius 2.04 - Picasso: Chapter Four (Estados Unidos, 2018) Direção: Kevin Hooks / Roteiro: Kenneth Biller / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 2.05 - Picasso: Chapter Five
Pablo Picasso jovem. Pablo Picasso velho. A série vai contando a vida desse pintor indo e voltando do passado. Nesse episódio o jovem Pablo Picasso continua procurando por um caminho, uma nova linguagem visual. Ele admira muito o pintor Henri Matisse, mas quando finalmente o encontra pessoalmente, ele adota uma postura de não ligar muito para seus quadros, pior do que isso, chega até mesmo a criticar o colega. Depois se tornam amigos, uma amizade que vai durar anos e anos. E nessa fase jovem Picasso resolve adotar uma menina como filha, uma vez que sua esposa não pode gerar filhos. E o Pablo Picasso velho? Ora, esse segue sua sina de administrar problemas e mais problemas com as muitas mulheres com quem se envolveu. Tudo normal em sua vida. / Genius 2.05 - Picasso: Chapter Five (Estados Unidos, 2018) Direção: Laura Belsey / Roteiro: Kenneth Biller, Noah Pink / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 2.06 - Picasso: Chapter Six
Você sabia que Pablo Picasso esteve envolvido no roubo da Mona Lisa no Louvre, em Paris? Eu fazia a menor ideia, mas calma, a coisa não foi bem assim. Como mostrado nesse episódio vemos que sim, Pablo Picasso esteve mesmo envolvido com o roubo de certas peças do famoso museu. Ele conhecia alguns ladrões de arte. Sò que a coisa desanda de vez quando roubam o mais famoso quadro da história. E as coisas acabam borrando no próprio Picasso que passa a ser investigado por policiais, sendo alvo de um inquérito para se descobrir os verdadeiros criminosos. E enquanto isso tudo acontecia, Picasso tentava revolucionar o mundo da arte, mudando completamente o padrão de seus próprios quadros. / Genius 2.06 - Picasso: Chapter Six Genius 2.06 - Picasso: Chapter Six (Estados Unidos, 2018) Direção: Laura Belsey / Roteiro: Kenneth Biller, Matthew Newman / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 2.07 - Picasso: Chapter Seven
Pablo Picasso é convidado para participar de um evento internacional grandes nomes da cultura internacional. No começo ele rejeita o convite, mas pressionado resolve viajar até a Polônia. Lá acaba enfrentando críticas por ser um homem muito rico. E as críticas mais ferozes partem de antigos conhecidos do Partido Comunista. Ele é acusado de ser um burguês, não um comunista, afinal está podre de rico, morando em belas casas, ganhando verdadeiras fortunas com os quadros que vendia. Mesmo depois de tudo ainda resolve criar um símbolo da paz, a pomba branca, baseando-se em suas memórias infantis. E esse símbolo continua até os dias de hoje, com a pomba representando a paz mundial.Genius 2.07 - Picasso: Chapter Seven (Estados Unidos, 2018) Direção: Greg Yaitanes / Roteiro: Kenneth Biller / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 2.08 - Picasso: Chapter Eight
Pablo Picasso era um mulherengo. Disso sabem todos os que conhecem sua vida pessoal, sua biografia. Nessa episódio temos uma prova disso. Picasso tem problemas com sua antiga esposa (Olga), com sua atual mulher (Françoise) e como se isso fosse pouco ele ainda arranja um namoro com uma jovem estudante. E isso tudo quando era um homem já idoso, longe dos anos de juventude. Como todo episódio dessa série a história avança e recua no tempo. No passado recorda a estreia de Picasso em uma peça teatral, algo revolucionário para a época. Foi durante esse trabalho que ele conheceu e se apaixonou por Olga, uma aristocrata russa que era uma excelente bailarina. No Presente acompanhamos os problemas de Picasso em lidar com seus vários filhos, em especial Paulo, filho de Olga, um sujeito que foi negligenciado por seu próprio pai. Enfim, bom episódio, muito esclarecedor sobre a vida pessoal de Picasso. / Genius 2.08 - Picasso: Chapter Eight (Estados Unidos, 2018) Direção: Greg Yaitanes / Roteiro: Kenneth Biller / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Genius 1.09 - Picasso: Chapter Nine
Pablo Picasso era um mulherengo sem salvação. Mal arranjava uma nova esposa e já ia atrás de amantes, várias delas. Ele não parava de correr atrás de um rabo de saia. Nesse episódio podemos perceber bem isso. O roteiro vai e volta no tempo, com relacionamentos e mulheres diferentes, mas no fundo as situações sempre se repetiam. Pablo Picasso se casava com algumas de suas musas, tinha filhos com elas, para não demorar muito arranjar outras amantes. Sumiu de sua casa por meses, irritava suas esposas, estava sempre atrás de mulheres mais jovens. Pensava o tempo todo em sexo fora do casamento. É de se admirar que tenha produzido tantos quadros em vida. Sua existência foi uma sucessão sem fim de problemas com mulheres, de todos os tipos e de todas as idades. Não sei como ele conseguiu arranjar tempo para ser um dos maiores pintores de todos os tempos. / Genius 1.09 - Picasso: Chapter Nine (Estados Unidos, 2018) Direção: Mathias Herndl / Roteiro: Kenneth Biller / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy.
Genius 2.10 - Picasso: Chapter Ten
E assim cheguei ao final da segunda temporada de Genius. Como era de se esperar esse episódio final conta os últimos anos da vida do pintor, culminando com sua morte. Em seus últimos tempos de vida Picasso continuou a ter muitos problemas familiares, com suas ex-mulheres, etc. Ele volta a se casar com uma ex apenas para regularizar a vida de seus filhos. Tão relapso era que nem havia reconhecido judicialmente os filhos, agora já adolescentes. Picasso também enfrenta problemas de saúde, causados principalmente pelo hábito de fumar. E como um de seus últimos desejos ele pediu que seu quadro Guernica voltasse para a Espanha, sua terra natal. O quadro só retornou quando o ditador General Franco morreu. Aí, finalmente, Picasso teve sua vitória. Sua arte, no final de tudo, venceu! / Genius 2.10 - Picasso: Chapter Ten (Estados Unidos, 2018) Direção: Mathias Herndl / Roteiro: Kenneth Biller / Elenco: Antonio Banderas, Clémence Poésy, Alex Rich.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Cantando na Chuva
Hoje em dia "Cantando na Chuva" é merecidamente reconhecido como um dos maiores clásssicos do cinema americano. De fato é um filme saboroso onde tudo parece se encaixar muito bem, com ótimo roteiro, canções maravilhosas e cenas de rara beleza. O curioso é que o filme não foi tão bem recebido em sua época de lançamento. Nenhum crítico mais importante o chamou de obra-prima ou qualquer coisa parecida. Houve até uma certa má vontade com o filme que, ao longo dos anos, finalmente foi ganhando o devido reconhecimento. Virou um cult movie máximo entre os cinéflios. A famosa trilha sonora não foi original. Na verdade as canções já existiam há décadas e foram reaproveitadas pela MGM durante as filmagens. E claro, deu muito certo essa combinação, com cenas excelentes, muito bem coreografadas com as músicas, todas ótimas, inesquecíveis. Não há como negar também que grande parte do charme de "Cantando na Chuva" se deve ao talento do ator e dançarino Gene Kelly. Ele estrelou alguns dos maiores musicais da Metro, mas era muito modesto em relação ao seu próprio talento.
Gene Kelly costumava dizer que o grande dançarino do cinema era Fred Astaire, que parecia um nobre ao mostrar seus passos, enquanto que ele próprio era apenas um trabalhador comum, um operário da arte, que tentava realizar uma dança simpática. Mais atlético do que Astaire, Kelly conseguia realizar números musicais que exigiam grande preparo físico, mas nem por isso deixava de ser tão cativante em cena como seu colega mais famoso. Aqui podemos notar bem isso, principalmente na principal sequência onde Gene Kelly baila na noite, debaixo de uma forte chuva, até um sisudo policial aparecer e acabar com a dança! "Cantando na Chuva" é item obrigatório para qualquer cinéfilo, um desses filmes atemporais que nunca parecem envelhecer. Uma obra-prima imortal da sétima arte. Cinema em sua mais pura essência clássica.
Cantando na Chuva (Singin' in the Rain, Estados Unidos, 1952) Direção: Stanley Donen, Gene Kelly / Roteiro: Adolph Green, Betty Comden / Elenco: Gene Kelly, Donald O'Connor, Debbie Reynolds, Jean Hagen / Sinopse: Durante a transição do cinema mudo para o cinema falado, uma arrogante estrela de cinema precisa reolver um sério problema: embora seja bonita tem uma voz simplesmente pavorosa. "Cantando na Chuva" é um dos maiores musicais da história do cinema. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor atriz coadjuvante (Jean Hagen) e melhor música (Lennie Hayton). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de melhor ator - comédia ou musical (Donald O'Connor). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor filme - comédia ou musical.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 24 de novembro de 2020
Lágrimas Amargas
Bette Davis foi uma das grandes personalidades da história do cinema americano. Ela ousou romper com o chamado Star System e procurou construir uma carreira independente e corajosa. Por ser uma mulher de atitude, enfrentou vários problemas, inclusive a falta de convites para fazer mais filmes, talvez por essa razão esse "Lágrimas Amargas" seja tão essencial para os cinéfilos entenderem quem realmente foi Bette Davis. Ela própria passaria por situações semelhantes em sua vida profissional. Vencedora do Oscar, não se importou em publicar nos classificados de um jornal de Los Angeles um anúncio em busca de trabalho. O Oscar que ela venceu inclusive é usado numa das cenas desse filme.
Não conheço nenhum outro filme da filmografia de Davis que seja tão simbólico como esse. É praticamente uma biografia da mulher corajosa e valente que ela foi em vida. Já para os que são fãs da eterna Natalie Wood, a produção tem um brinde a mais, sua participação no elenco como a filha de Bette Davis. Segundo consta, ela teria sofrido um pequeno acidente nas filmagens que quase lhe causou seu afogamento. Isso criou um trauma que lhe seguiu pelo resto da vida. Tragicamente ela morreria afogada décadas depois após um acidente até hoje mal explicado em um barco, durante suas férias ao lado do marido Robert Wagner. Fica então nossa dica de filme clássico do dia, o edificante "Lágrimas Amargas". Não deixe de assistir.
Lágrimas Amargas (The Star, Estados Unidos, 1952) Estúdio: 20th Century Fox / Direção: Stuart Heisler / Roteiro: Dale Eunson, Katherine Albert / Elenco: Bette Davis, Sterling Hayden, Natalie Wood, Warner Anderson / Sinopse: Margaret Elliot (Davis) é uma atriz que no passado foi uma estrela em Hollywood. Agora, mais velha e com problemas envolvendo alcoolismo, ela amarga um injusto ostracismo em sua vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz (Bette Davis).
Pablo Aluísio.
No Silêncio de uma Cidade
A morte de um magnata da imprensa também ocorre, o que dá início a uma luta feroz pelo controle da empresa por seus executivos. Assim um repórter destemido precisa encontrar o verdadeiro assassino para que seu jornal venda milhões de exemplares, evitando que a empresa caia em mãos erradas, de pessoas realmente inescrupulosas. O curioso aqui é que o diretor Fritz Lang parece brincar com a imprensa de Nova Iorque, os retratando como pessoas sem nenhuma ética, que topam fazer qualquer coisa por um furo de reportagem. Há também uma sutil comparação (completamente sugerida) entre o serial killer e os donos dos meios de comunicação. Qual deles seria o pior? Tudo realizado de forma muito inteligente e elegante. Assim deixo a dica desse ótimo "While the City Sleeps", uma produção que certamente irá lhe surpreender.
No Silêncio de uma Cidade (While the City Sleeps, Estados Unidos, 1956) Direção: Fritz Lang / Roteiro: Casey Robinson, baseado na novela de Charles Einstein / Elenco: Dana Andrews, Rhonda Fleming, George Sanders / Sinopse: Assassino em série aterroriza em Nova Iorque enquanto repórter luta para descobrir a identidade do verdadeiro psicopata. Clássico noir assinado pelo cultuado cineasta Fritz Lang.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
Marinheiro do Rei
Como se pode perceber temos aqui uma produção que homenageia a bravura e a coragem dos marinheiros ingleses durante a Segunda Guerra Mundial. Esses são representados por um homem em especial, Andrew Brown (Jeffrey Hunter), que começa uma série de sabotagens contra um cruzador alemão. Esse navio de guerra sofreu uma grave explosão de um torpedo em seu casco e por essa razão precisa se esconder nas famosas ilhas Galápagos, aquelas mesmas em que Darwin realizou suas pesquisas que anos depois daria origem ao seu famoso livro "A Origem das Espécies" de 1851. Assim a parada naquela região se torna estratégica para que o navio possa passar por reparos. O filme "Marinheiro do Rei" aposta na aventura e em boas cenas de batalha naval. A marinha inglesa contribuiu ativamente com o filme, disponibilizando três navios de guerra de sua esquadra para a produção, sendo que um deles assumiu o papel do navio alemão, o Essen, uma alegoria na verdade com o famoso "Bismarck" que foi afundado pelos ingleses no mesmo conflito. O personagem interpretado pelo bom ator Jeffrey Hunter acaba virando uma espécie de "exército de um homem só" o que traz muita ação e movimentação para o filme.
O curioso é que o enredo começa quase como um romance, quando o oficial britânico interpretado por Michael Rennie (o mesmo ator de "O Dia Em Que a Terra Parou") conhece e se enamora por uma linda garota em uma viagem de trem. Eles se apaixonam e tencionam se casar mas o estouro da guerra o faz se afastar dela, nunca mais a encontrando novamente. Ele depois exerceria a função de comandante da frota de navios britânicos que entraria em batalha com o navio alemão. Essa é na verdade a linha narrativa principal do roteiro. Essa parte inicial poderia ser cortada sem nenhum problema, mas os roteiristas certamente a usaram para trazer alguma profundidade psicológica aos personagens. De qualquer maneira, o que vale mesmo são as cenas de guerra - todas muito bem realizadas. Deixo assim a recomendação dessa boa produção que procura resgatar o valor dos marinheiros ingleses durante a maior guerra que o mundo já viu.
Marinheiro do Rei (Single-Handed / Sailor of The King, Estados Unidos, Inglaterra, 1953) Estúdio: Twentieth Century-Fox / Direção: Roy Boulting / Roteiro: Valentine Davies, baseado no livro de C.S. Forester / Elenco: Jeffrey Hunter, Michael Rennie, Wendy Hiller / Sinopse: Durante a segunda grande guerra mundial, um marinheiro inglês se torna peça crucial na destruição de um importante navio de guerra da frota alemã que se encontra com problemas em distantes ilhas do oceano Atlêntico.
Pablo Aluísio.
Os Cavaleiros da Távola Redonda
Título Original: Knights of the Round Table
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Thorpe
Roteiro: Talbot Jennings, Jan Lustig
Elenco: Robert Taylor, Ava Gardner, Mel Ferrer, Anne Crawford, Stanley Baker, Felix Aylmer
Sinopse:
Na idade Média o jovem plebeu Arthur consegue retirar a espada Excalibur de uma rocha. Assim se torna o Rei da Inglaterra. Ao lado de Merlin ele começa a reinar. Forma um grupo de valentes cavaleiros e entrenta os desafios de ser o monarca de um dos reinos mais importantes da Europa. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção de arte e melhor som.
Comentários:
Produção luxuosa da Metro que se propõe a contar a lendária história do Rei Arthur. O estúdio não mediu esforços e realmente disponibilizou uma produção digna dessa figura mitológica da cultura britânica. Dessa forma o filme apresenta bem elaborados cenários, figurino luxuoso e bastente colorido e cenas de excelente nível técnico. O interessante é que o filme acabou sendo "roubado" pela atuação da atriz Ava Gardner. Ela interpreta Guinevere e rouba a cena com uma sensualidade à flora da pele. Coloca Arthur como coadjuvante e torna seu romance com o cavaleiro Lancelot, o grande interesse do filme como um todo. Definitivamente Robert Taylor não está à altura de sua partner em cena. Hoje em dia o filme surpreende por ser ultra colorido. Não apenas na direção de fotografia, mas também nas roupas dos atores. E o mais curioso de tudo é que isso é exatamente o que faziam os nobres na Idade Média. Quanto mais colorida fosse sua roupa, mas ele esbanjava sinais de poder e riqueza. Dessa maneira, por uma dessas ironias do destino, o filme que hoje pode ser encarado até mesmo como algo meio exagerado, na realidade apenas mostra como as pessoas da época se vestiam de fato. No mais a impressão que fica é a de que assistimos a um filme que é, acima de tudo, bonito de se ver.
Pablo Aluísio.