sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Rambo IV

Será que é válido ressuscitar um personagem após tantos anos? Sylvester Stallone parece acreditar que sim. Ao lado de Rocky Balboa, Rambo foi o maior ícone da carreira cinematográfica de Sly. Baseado em um livro único no qual morria no final, os produtores mudaram tudo deixando Rambo vivo para ressurgir em Rambo II e Rambo III. Quando todos já tinham dado por encerrado a franquia eis que o ator resolveu trazer o velho veterano de guerra de volta para o front de batalha. Penso que teria sido melhor ter deixado a trilogia original em paz. Se quisessem trazer Rambo de volta que o fizessem porém como um novo filme, com novos atores, tentando inaugurar uma nova franquia. Até um remake sendo fiel ao livro original seria bem vindo. Falando francamente Stallone não tem mais idade para interpretar Rambo. Aqui ele se esconde sob um pesado figurino negro e tenta reviver os anos de glória. Não deu muito certo. Rambo é essencialmente um herói de ação que exige muito de seu intérprete. Se Stallone já está com uma idade mais avançada para o papel que abrisse espaço para um novo ator.

Muita gente reclamou da falta de roteiro em Rambo III. Pois bem, Rambo IV é ainda pior nesse aspecto. A impressão que se passa é que Stallone já não tem mais nenhuma ideia nova para o personagem. Ele como roteirista falha feio nessa nova produção. Na verdade é um prato requentado dos dois filmes anteriores, sem tirar nem colocar muita coisa nova. A ação obviamente ganha o primeiro plano e Stallone recria uma daquelas sequências que eram tão populares nos anos 80 quando um só homem com uma metralhadora matava um exército inteiro. O exagero hoje em dia incomoda a não ser que o espectador veja tudo sob os olhos de uma doce nostalgia. E foi justamente esse sentimento que acabou salvando o filme do desastre completo. Ao longo dos anos as pessoas criaram carinho pelo personagem Rambo. O carisma de Stallone também se mantém intacto. Olhando friamente foram essas as colunas que sustentaram Rambo IV. Tirando isso o que sobra realmente é um filme muito derivativo, com roteiro rasteiro e atuações abaixo da crítica. No fundo o filme serve apenas como lembrança de uma era passada quando Rambo era um ícone supremo dos filmes de ação. Espero que uma vez saciado esse tipo de sentimento deixem o velho boina verde em paz ou então que recriem a franquia do zero, em um novo recomeço. Para Stallone restam os agradecimentos por ele ter feito o personagem por tantos anos. A partir de agora porém é melhor ele pendurar a farda porque senão tudo ficará embaraçoso demais

Rambo IV (Rambo IV, Estados Unidos, 2008) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone, Art Monterastelli / Elenco: Sylvester Stallone, Julie Benz, Matthew Marsden, Graham McTavish, Reynaldo Gallegos, Jake La Botz, Tim Kang, Maung Maung Khin, Ken Howard, Linden Ashby, Sai Mawng, Paul Schulze./ Sinopse: John Rambo (Sylvester Stallone) vive isolado numa região remota da Tailândia. Ele então é contratado para levar um grupo de missionários que querem levar ajuda humanitária a um campo de refugiados na região. O que parecia ser apenas uma expedição de rotina logo vira um terrível pesadelo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Star Trek

Essa história é muito longa. Começou há muitos anos na TV norte-americana. Depois de um cancelamento precoce renasceu no cinema, deu origem a muitos filmes, livros, fãs clubes, franquias, etc. Se existe um produto cultural que mereça ser chamado de universo, esse é o de Jornada nas Estrelas porque realmente é um universo próprio de produtos dos mais variados tipos. Além disso Star Trek conta com a legião de fãs mais devota que existe dentro da cultura pop. Seus fãs clubes são extremamente bem organizados e sempre são realizadas convenções, encontros e tudo o mais que você possa imaginar. Mexer com algo assim é mais do que melindroso. Assim quando a Paramount anunciou a intenção de recriar as estórias da tripulação original da nave Enterprise o rebuliço foi generalizado. Poderia um outro grupo de atores jovens dar vida aos famosos personagens da série original como Capitão Kirk, Spock e cia? Mesmo com alguns protestos o estúdio resolveu levar em frente o projeto. Entregou o filme nas mãos do conhecido J.J. Abrams (De Lost e muitas outras séries de TV) e pagou para ver o resultado dessa aventura.

Quando o resultado chegou nas telas a grande maioria dos fãs respirou aliviada. No tempos atuais, quando a tecnologia digital torna possível qualquer cena, o estúdio investiu a bagatela de 140 milhões de dólares naquele filme que prometia se tornar um novo começo, uma nova série de filmes de sucesso. Esse novo Star Trek realmente é um bom filme, tem excelente produção e como não poderia deixar de ser um roteiro bem escrito. Aliás é bom ter em mente que a longevidade de Jornada nas Estrelas se deve muito aos seus textos, pois os roteiros da série sempre foram extremamente originais e inovadores. Para o fã da velha guarda deve realmente ter sido um enorme prazer ver todas as naves de sua infância e juventude sob uma nova roupagem, extremamente high tech, proporcionada pela tecnologia de nossos dias. O elenco era certamente o ponto mais delicado desse novo filme. Certamente atores como William Shatner e Leonard Nimoy serão sempre  insubstituíveis mas até que a moçada aqui não decepciona. O filme fez bonito nas bilheterias mas a Paramount esperava por um resultado mais expressivo. Não faz mal, o caminho está aberto e novos filmes virão nos próximos anos. Os trekkers certamente agradecem.


Star Trek (Star Trek, Estados Unidos, 2009) Direção: J. J. Abrams / Roteiro: Alex Kurtzman, Roberto Orci baseados nos personagens criados por Gene Roddenberry / Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Eric Bana, Winona Ryder, Zoe Saldana, Karl Urban, Bruce Greenwood, John Cho, Leonard Nimoy, Simon Pegg, Anton Yelchin. / Sinopse:  Décimo primeiro filme da franquia Jornada Nas Estrelas o filme traz de volta os personagens da série original da TV. No enredo acompanhamos os primeiros passos de James T. Kirk (Chris Pine) na Academia da Frota Estelar. Lá conhece o estranho vulcano Spock (Zachary Quinto). Juntos partirão para grandes aventuras indo onde nenhum homem jamais esteve.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Constantine

O personagem Constantine dos quadrinhos é muito diferente desse que vemos nessa adaptação para o cinema. Nos gibis Constantine é um verdadeiro anti-herói, um fumante inveterado, loiro, magro e nada atraente. Ele é o protagonista do grande sucesso Hellblazer, que mistura ecos do cinema noir com misticismo e magia. O clima é sombrio, de total desesperança. Como toda criação de Alan Moore, Constantine é um outsider, um sujeito á margem da sociedade, que pouco está ligando para as convenções sociais. Já no cinema Constantine é um sujeito bonitão, interpretado pelo canastrão e galã Keanu Reeves, com jeitão de surfista havaiano, fazendo o estilo mauricinho bem vestido. Seu cabelo é impecável e ele passa o tempo todo fazendo biquinhos. Assim o que temos em essência é uma equivocada releitura Hollywoodiana pouco fiel à obra original. Não adianta, Alan Moore definitivamente não tem sorte no cinema. Ele é um sujeito recluso que não dá entrevistas mas nas poucas e raras vezes que resolveu falar foi justamente para amaldiçoar os produtores de Hollywood e reclamar das bisonhas adaptações que suas obras geralmente ganham no cinema americano. Ele tem toda a razão.

Essa produção é um exemplo claro disso. O clima soturno de Hellblazer desaparece. Constantine na pele de Keanu Reeves vira um herói clássico sempre lutando ao lado do bem contra o mal. Seu cinismo desaparece completamente e o pior é que ele acaba ficando sem personalidade em cena, fruto da canastrice de Reeves que não consegue passar qualquer emoção ou expressão com veracidade. Para piorar o espectador ainda tem que engolir a presença medíocre de Shia LaBeouf, seguramente um dos piores atores já surgidos nos últimos anos. O projeto foi desenvolvido pelo estúdio para ser estrelado por Nicolas Cage, uma escolha bem mais adequada, mas depois por diferenças criativas com o diretor, ele resolveu cair fora. Provavelmente Cage pressentiu a bomba que vinha por aí. Por razões puramente comerciais então foi escalado o Keanu Reeves que com sua atuação obtusa jogou a última pá de cal na esperança dos fãs de quadrinhos. Seguramente uma escolha muito equivocada. O que sobrou de todo esse processo foi apenas um filme sem alma, sem identidade mas com centenas de tomadas de efeitos digitais. Uma produção vazia que não diz a que veio.

Constantine (Constantine, Estados Unidos, 2003) Direção: Francis Lawrence / Roteiro: Frank A. Capello, Kevin Brodbin, Mark Bomback / Elenco: Keanu Reeves, Rachel Weisz, Shia LaBeouf, Max Baker, Tilda Swinton, Gavin Rossdale / Sinopse: Constantine (Keanu Reeves) é um exorcista e ocultista que terá que enfrentar terríveis forças do mal.

Pablo Aluísio. 

A Ilha do Tubarão Gigante

Título no Brasil: A Ilha do Tubarão Gigante
Título Original: Lair of the Mega Shark
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Discovery Channel
Direção: Jeff Kurr, Andy Casagrande
Roteiro: Jeff Kurr, Andy Casagrande
Elenco: Jeff Kurr, Andy Casagrande, Dickie Chivell, Clayton Mitchell, Winston Peters, Richard Squires
  
Sinopse:
Documentário feito para a TV mostrando uma equipe de especialistas e mergulhadores em busca do covil dos mega tubarões brancos. Eles viajam até a distante e isolada ilha de Guadalupe localizada no Oceano Pacífico, em torno da costa do México, para registrar em filmagens esses imensos predadores em seu habitat natural. O objetivo é capturar em imagens aquele que é considerado o maior tubarão branco jamais visto.

Comentários:
No ano passado foi filmado o maior tubarão branco dos oceanos. Chamado pelos pesquisadores de "Deep Blue", esse animal tinha mais de sete metros. Um predador magnífico. Esse documentário foi realizado um pouco antes das filmagens do "Deep Blue", porém capturou em cena animais de seis, cinco metros, todos da espécie tubarão branco, nas costas da ilha mexicana de Guadalupe. Como tudo o que se trata com o selo Discovery, esse documentário é muito bem realizado, com cenas de alto impacto. Uma das novidades é uma gaiola transparente, feita de acrílico reforçado, que um dos mergulhadores usa para as filmagens. Ele fica ali, bem no meio de uma dezena de tubarões brancos o cercando. Como se trata de uma armação transparente, apelidada de jaula fantasma, a sensação que o espectador tem é a de que o mergulhador está completamente à mercê dos ataques dos tubarões. Uma excelente cena, captada com a devida emoção, principalmente quando uma das portas se quebra e um desses animais tenta entrar na gaiola para devorar o mergulhador. Em outra cena ainda mais arriscada um dos pesquisadores mergulha sem gaiola de proteção ou armas. Ele fica completamente indefeso enquanto um enorme tubarão branco vai chegando perto de onde ele está. Não é à toa que de vez em quando somos informados que pessoas que trabalham nesse tipo de documentário foram mortas por animais selvagens. Muitas vezes a falta de segurança coloca esses profissionais em situações de perigo, tudo para causar sensação no espectador. A cena final mostra uma grande fêmea, provavelmente grávida, subindo para perto do barco dos pesquisadores. Era justamente isso que todos eles queriam. Não é o tão famoso "Deep Blue", mas não fica muito a dever a ele em termos de tamanho e opulência. Enfim, mais um bom documentário do canal Discovery. Está mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

Profissão Surfista

A vida de Steve Addington (Matthew McConaughey) se resume em sempre ir atrás da onda perfeita. No entanto o verão eterno da vida de Steve pode ser encerrado mais rápido do que ele imaginava. Filme leve, divertido, bem relax com roteiro despretensioso e soft. "Surfer, Dude" me lembrou bastante de "O Grande Lebowsky" em sua estrutura, embora o personagem aqui, um surfista boa praça (Matthew McConaughey) que só quer saber de pegar onda, fumar maconha e namorar, seja menos noiado do que o personagem clássico de Jeff Bridges. Talvez o grande problema de "Surfer, Dude" seja a falta de um gancho melhor já que na realidade nada de muito importante acontece no filme inteiro. Basicamente tudo se resume no fato do surfista do título entrar em crise por causa de uma calmaria no mar (que acaba com as ondas) enquanto é assediado para entrar em um péssimo reality show com surfistas.

E é isso apenas. O filme é curtinho (não chega nem aos 70 minutos) e tem um bom elenco de apoio. Entre eles o ultra noiado Willie Nelson interpretando um criador de cabras e vendedor de erva nas horas vagas. A produção pega leve no estilo surfista de ser, fazendo com que o filme seja mais parecido com uma reunião de amigos na praia do que com um filme com mais ambição de mercado. Talvez seja mesmo uma vez que a produção é do próprio Matthew McConaughey ao lado do colega Tom Hanks. Será que ele também é bom em pegar onda? Não sei. De qualquer forma se você gosta do tema e quer uma diversão inofensiva, "Surfer, Dude", pode ser uma boa bro! 

Profissão Surfista (Surfer, Dude, Estados Unidos, 2008) Direção: S. R. Bindler / Roteiro: S. R. Bindler, Cory Van Dyke / Elenco: Matthew McConaughey, Alexie Gilmore, Jeffrey Nordling, Sarah Mason, Zachary Knighton, Todd Stashwick, Nathan Phillips, Ramon Rodriguez, Travis Fimmel, Sarah Wright / Sinopse: A vida de Steve Addington (Matthew McConaughey) se resume em sempre ir atrás da onda perfeita. No entanto o verão eterno da vida de Steve pode ser encerrado mais rápido do que ele imaginava.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Segredo de Berlim

Será possível reproduzir o charme e a elegância dos clássicos do passado? É justamente tentando responder a essa pergunta que os produtores de "O Segredo de Berlim" resolveram bancar essa produção atual que tenta captar o clima dos antigos filmes noir da década de 1940. Tudo soa como uma grande homenagem aos filmes de guerra e espionagem do passado. Há um bom uso de imagens reais mescladas com filmagens modernas mas envelhecidas propositalmente. O roteiro tenta seguir também o que era bem comum nos filmes daquela época: onde o argumento geralmente trazia muitas reviravoltas, com pistas falsas e contrapistas, mortes misteriosas, aparição de pessoas que se julgavam mortas e assim por diante  Eram roteiros tão bem trabalhados que deixavam o espectador literalmente atordoado e isso fazia parte da diversão. Para deixar ainda mais claro as suas intenções o diretor Steven Soderberg resolveu colocar um final ao estilo Casablanca com tudo a que tem direito o espectador mais saudosista, com muita neblina, chuva e a despedida do casal ao lado de um antigo avião! Só faltou mesmo a imortal música "As Time Goes By".

O problema é que apesar das boas intenções "O Segredo de Berlim" falha em seus objetivos. O filme tem sérios problemas de ritmo. Se a pessoa não estiver com muita disposição de assistir ao filme corre o risco de perder o fio da meada e achar tudo muito chato e cansativo. Outro problema é a postura dos atores em cena. Eles parecem querer interpretar tudo de forma muito estilizada, tentando imitar os trejeitos dos atores do passado. A questão é que existe o estilo que era usado na época e a caricatura que se fez depois para satirizar aquela forma de atuação. O elenco de "O Segredo de Berlim" erra muito ao abraçar a pura caricatura, colocando tudo a perder. George Clooney, por exemplo, jamais terá o estilo cool de um Humphrey Bogart ou um semblante de austeridade e dignidade moral de Gaty Cooper. Bogart, por exemplo, era cinicamente charmoso até quando acendia um cigarro. Clooney não tem esse tipo de sofisticação. Assim o que falta a "O Segredo de Berlim" não são as técnicas antigas, as fórmulas que eram usadas nos roteiros daquele tempo mas sim o material humano, os talentos que fizeram daquelas obras antigas filmes tão especiais e preciosos. Falta Cooper, Bogart, Muni, Lancaster, etc. Esses são realmente insubstituíveis para sempre. Por essa razão definitivamente não há mais como recriar aqueles maravilhosos filmes. Eis assim a resposta que os realizadores de "O Segredo de Berlim" tanto procuravam.

O Segredo de Berlim (The Good German, Estados Unidos, 2006) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Paul Attanasio / Elenco: Cate Blanchett, Beau Bridges, George Clooney, Dominic Comperatore, Tony Curran, Brandon Keener, Tobey Maguire, Christian Oliver./ Sinopse:  Nos meses que sucederam o film da Segunda Guerra Mundial, um jornalista americano trabalhando como correspondente de guerra tenta reencontrar sua ex-amante Lena Brandt (Cate Blanchett), uma mulher que tenta reconstruir sua vida após o devastador conflito mundial.

Pablo Aluísio.

Hellboy

Nesse universo de adaptações de quadrinhos para o cinema há personagens extremamente famosos e conhecidos, verdadeiros ícones da cultura pop como Batman, Superman e Homem-Aranha e há aqueles considerados secundários, que são apenas conhecidos pelos leitores desse tipo de publicação. Curiosamente os do segundo tipo acabam dando origem a filmes bem mais interessantes como por exemplo Blade e esse Hellboy (o garoto do inferno numa tradução livre). O que difere de Hellboy desses demais personagens é sua personalidade muito cativante onde convivem em um só sujeito a força muscular de um monstro das trevas e a mentalidade de um jovem adolescente, que se apaixona pelas garotas, leva foras, gosta de roupas e acessórios de grife, etc. Na transposição para o cinema há outro grande atrativo: a ótima caracterização do ator Ron Perlman. Ele é aquele tipo de intérprete que você conhece automaticamente quando surge nas telas mas que nem sempre recorda seu nome. Durante anos ele fez personagens coadjuvantes em bons filmes e só recentemente tem tido maior chance de mostrar seu talento. Nos cinemas ele se firmou com essa franquia Hellboy e na TV tem desenvolvido um excelente trabalho na ótima série do FX, "Sons of Anarchy".

Na trama de Hellboy somos levados ao front da II Guerra Mundial. É lá no meio de escombros que os aliados descobrem essa estranha criatura, um misto de garoto com demônio. Acontece que no meio do conflito as forças nazistas não se furtaram a usar de magia negra para tentar vencer a guerra e nesse processo acabaram trazendo seres sobrenaturais ao nosso mundo. Hellboy é um desses monstros que ganham vida em nossa dimensão. Ele é levado pelos militares e acaba sendo treinado por uma agência especial do governo dos EUA para combater outros seres tais como ele que por ventura surjam nas grandes cidades do país. Apesar de sua  origem Hellboy é tipicamente um jovem americano, que gosta de música, cinema e cultura pop em geral. Tem sentimentos e passa por crises emocionais. Sua adaptação para o cinema como se vê deu muito certo. O filme é charmoso, tem ótimo timing de humor e um roteiro bem escrito, redondinho, onde tudo se encaixa. Para completar os efeitos digitais são de bom gosto e bem aplicados dentro da estória. Não me admira em nada que tenha ganho uma continuação, bem inferior é verdade, mas que mesmo assim não maculou o personagem. Em suma, fica a dica para os fãs de quadrinhos em geral e para os cinéfilos que gostam de uma boa aventura sci-fi. Hellboy, uma grata surpresa.

Hellboy (Hellboy, Estados Unidos, 2004) Direção: Guillermo del Toro / Roteiro: Guillermo del Toro / Elenco: Ron Perlman, Doug Jones, Selma Blair, John Hurt, Rupert Evans / Sinopse: Criatura descoberta no final da guerra é levada pelas forças aliadas para os EUA para combater as forças sobrenaturais do mal.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

247°F

Esse filme é literalmente um suadouro! Para entender a frase vamos para a sinopse: Dois casais de jovens resolvem passar o fim de semana numa cabana no meio de uma floresta. O local é muito bonito, arborizado e tudo leva a crer que terão ótimos momentos de diversão e namoro. A cabaninha tem como zelador um sujeito barbudo, com jeitão de hippie, chegado numa erva pesada mas que aparenta ser gente boa. Se você já viu algum filme de terror em sua vida já sabe que a fórmula mais manjada que existe no gênero é justamente essa: Jovens + cabana na floresta = Mortes em série. Realmente o enredo tinha tudo para ir por esse caminho, tanto que ficamos o tempo todo esperando que apareça um maluco no meio do mato com um machado para mandar aquela moçada para o buraco mas... Esqueça isso, não vai acontecer. Curiosamente o filme é baseado em fatos reais então não é bem disso que se trata. Jason não vai aparecer com um machado e nem Leatherface vai dar o ar de sua graça com uma serra elétrica. Não é sobre isso que se trata a produção.

Na  verdade 247°F é um filme sobre acidentes domésticos. Isso mesmo. Claro que o evento que ocorre dentro da cabana é o extremo do extremo mas no fundo é justamente sobre pequenas bobeiras que podemos cometer em nossas casas que podem ocasionar eventos terríveis. No caso do filme três jovens ficam presos dentro de uma sauna sem que ninguém os possa tirar de lá. O nome original evoca justamente a temperatura a que são submetidos por longas horas. É um roteiro do tipo "filme de uma só situação". Em seus quase 90 minutos vamos acompanhar basicamente a agonia da moçada presa dentro de uma sauna dos infernos. E haja suadouro! Eles vão tentando cair fora do lugar antes que virem literalmente churrasquinho de carne humana. Do lado de fora as únicas pessoas que poderiam lhes ajudar estão fumando maconha, totalmente alheios ao que ocorre dentro da cabana. Com uma produção muito modesta (o filme foi realizado com 500 mil dólares, uma mixaria para os padrões americanos), esse terror diferente pode até despertar algum interesse. Depois de assistir fica apenas uma certeza: você nunca mais vai entrar em uma sauna como antigamente!

247°F (Estados Unidos, 2011) Direção: Levan Bakhia, Beqa Jguburia / Roteiro: Lloyd S. Wagner, Levan Bakhia / Elenco: Scout Taylor-Compton, Travis Van Winkle, Michael Copon / Sinopse: Grupo de jovens em férias numa cabana isolada fica preso na sauna do local. Sem ter onde pedir socorro eles lutarão para continuarem vivos sob um calor infernal.   

Pablo Aluísio.

Profissão de Risco

Baseado em fatos reais o filme "Profissão de Risco" capta o momento em que o tráfico de cocaína invadia o mercado americano, fazendo grande fortuna para os traficantes envolvidos. Entre eles se destaca George Jung (Johnny Depp), um sujeito que meio ao acaso começa a vender coca para amigos e conhecidos e de repente se vê envolvido numa extensa rede de narcotráfico envolvendo inclusive o envio da cocaína diretamente da fonte na distante Colômbia para os Estados Unidos. De fato Jung foi o principal elo de ligação entre o Cartel de Medelin de Pablo Escobar e os consumidores americanos, na maioria jovens, que entraram de cabeça no abuso da nova droga. George Jung foi assim durante anos o principal comerciante de cocaína no mercado americano a tal ponto que seu próprio nome acabou virando sinônimo de usuário. Depois de uma ascensão rápida e de ganhar uma verdadeira fortuna feita praticamente da noite para o dia o bandido acabou caindo nas garras dos órgãos policiais, sendo condenado a  uma pena dura que ele cumpre até os dias de hoje. 

Jung colaborou com o filme, encontrou-se pessoalmente com Depp e lhe deu dicas para interpretar bem seu papel. O filme é bem realizado do ponto de vista técnico, com excelente reconstituição de época mas toma um rumo perigoso em determinado momento. Não há como negar que o roteiro de certa forma simpatiza com a pessoa de Jung. Muitas vezes o argumento o coloca apenas como um comerciante bem sucedido, um homem de negócios que joga com a oferta e a procura por seu produto e por isso fica milionário em tempo recorde. O próprio Depp faz de tudo para transformar seu personagem em uma figura simpática, boa praça, que está envolvido com o narcotráfico meio sem querer, como se fosse possível o envolvimento em algo assim de forma meramente casual. Esse é seguramente o maior problema de "Profissão de Risco", pois a sua indisfarçável simpatia com um criminoso desse porte incomoda muito. Os realizadores passam assim uma mensagem um tanto quanto perigosa aos mais jovens, colocando o tráfico de drogas como uma forma até viável de subir na vida, na escala social. Enfim, "Profissão de Rico" é um bom filme apesar disso mas o roteiro deveria ter sido mais cauteloso e principalmente realista, mostrando o lado mais sórdido desse estilo de vida, até porque no mundo caótico em que vivemos a última coisa que se deseja é mais uma obra cinematográfica que faça, mesmo que indiretamente, algo próximo a uma apologia de traficantes.  

Profissão de Risco (Blow, Estados Unidos, 2001) Direção: Ted Demme / Roteiro: Bruce Porter, David McKenna / Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ray Liotta, Franka Potente, Rachel Griffiths, Paul Reubens, Jordi Mollà./ Sinopse: O filme enfoca a história real do mega traficante George Jung (Johnny Depp), mostrando sua ascensão e queda no mundo do crime. 

Pablo Aluísio.

O Vencedor

Acabei de assistir. Foi o último dos dez indicados ao Oscar de melhor filme que faltava ver. Vou ser sincero, deixei esse por último por 3 razões: não gosto do Christian Bale, nunca vi uma atuação do Mark Wahlberg que valesse a pena e por último achava que o tema "boxeador na sarjeta" já estava esgotado. Pois bem, me enganei três vezes. O fato de não gostar do Bale não me impede de dizer que essa foi uma das grandes atuações que já assisti nos últimos anos. O Bale simplesmente desaparece em seu papel de Dicky Eklund. É um trabalho belíssimo de imersão no personagem. A grande atuação é justamente essa, quando esquecemos do ator em cena e só focalizamos no que é mostrado no filme. Bale some em sua atuação e por isso brilha. Não vemos mais Bale nas cenas e sim Dicky. Brilhante seu trabalho.

A atuação do Mark Wahlberg não me chamou muito atenção, mas pelo menos aqui ele não compromete, o que já é um ponto muito positivo. Em um filme com esse tipo de atuação com Bale ele realmente não poderia se destacar, seria algo impensado. Por fim gostei do argumento e do roteiro, que tenta fugir o máximo possível do estigma de filmes sobre lutadores de boxes. Claro que muitas coisas que já vimos em vários outros roteiros ainda estão lá (como o fracasso e a redenção numa luta gloriosa, por exemplo) mas isso não tira o brilho do filme já que o diretor foi inteligente o bastante para focar principalmente nos problemas familiares dos personagens. Enfim, é um filme muito bom e em tempos de dez indicados ao Oscar merece seu lugar no páreo, embora suas chances de levar o prêmio máximo fossem realmente pequenas.

O Vencedor (The Fighter, Estados Unidos, 2010) Direção: David O. Russell / Roteiro: Scott Silver, Paul Tamasy, Eric Johnson / Elenco: Christian Bale, Mark Wahlberg, Amy Adams, Melissa Leo, Robert Wahlberg, Dendrie Taylor, Jack McGee, Jenna Lamia, Salvatore Santone, Chanty Sok, Bianca Hunter, Sean Patrick Doherty, James Shalkoski Jr., Barry Ace, Caitlin Dwyer, Jeremiah Kissel./ Sinopse: A vida de um lutador de boxe que tenta vencer na vida e nos ringues.

Pablo Aluísio.