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domingo, 3 de maio de 2020

Sementes da Violência

O filme "Sementes da Violência" entrou para história do cinema por vários motivos. O primeiro e principal deles foi por ser um ótimo drama mostrando o problema da delinquência juvenil nos Estados Unidos durante a década de 1950. O segundo motivo é mais musical do que propriamente cinematográfico. Acontece que o filme tinha uma das trilhas sonoras mais marcantes de todos os tempos, com destaque para o clássico do surgimento do rock "Rock Around The Clock" de Bill Halley, que era o tema principal do filme. Essa música, tão importante para os jovens da época, também foi um dos motivos principais do sucesso do filme. Muitos jovens iam ao cinema apenas para ouvir a canção, dançando nos corredores dos cinemas, algo inédito até então.

Outro ponto alto do filme vem do excelente elenco que foi reunido para a produção. Glenn Ford era o astro principal. Famoso pelos filmes de faroeste, ele era o sujeito durão ideal para interpretar o protagonista. O filme enfoca a chegada de um idealista e bem intencionado professor de inglês numa escola barra pesada de Nova Iorque. Richard Dadier (Glenn Ford em ótimo desempenho) adora ensinar e quer realmente passar todo o conhecimento possível para seus alunos. A escola é pública e ele tenta mudar a vida daqueles garotos sem perspectivas. O problema é que sua classe é formada por jovens que não querem aprender nada. São modelos de delinquentes juvenis, indisciplinados, violentos, valentões, hostilizam a tudo e a todos. Alguns são verdadeiros marginais fora da escola. Jovens sem futuro, que muito provavelmente irão encontrar a cadeia muito em breve nas suas vidas, passando o resto de suas vidas presos. Nesse meio que mais parece uma selva (daí o título original do filme) Didier descobre que terá que ser forte para sobreviver.

O filme capta aquele momento histórico nos Estados Unidos, em meados da década de 1950, quando o Rock ´n´ Roll começava a tomar conta da juventude. Incentivados pelos jovens rebeldes da música e do cinema, criou-se toda uma situação de subversão em relação a qualquer tipo de autoridade, incluindo aí os professores que surgem ameaçados, intimidados e desrespeitados. Infelizmente essa realidade mostrada no filme ainda é muito comum, inclusive no Brasil dos dias atuais, onde os profissionais de educação vivem em constante stress pelo cotidiano violento e ameaçador com que precisam lidar todos os dias. Por essa razão "Sementes da Violência" segue mais atual do que nunca nos dias de hoje!

A reunião de talentos para a realização do filme foi extremamente feliz. Glenn Ford como o professor Didier surpreende. No começo ele surge inseguro e tímido, mas logo aprende as regras do jogo da escola - e elas são selvagens! Veterano de guerra logo terá que se defender dos seus alunos. Sua cena final enfrentando um aluno com um punhal em plena sala de aula marcou época. É um símbolo de toda uma mudança social que estava acontecendo naquele momento, quando a autoridade em sala de aula perdia todo o sentido para os jovens. Sidney Poitier como Miller, um jovem sem esperanças, mas musicalmente talentoso, também chama a atenção. Curiosamente o próprio Poitier estaria dentro de alguns anos do outro lado da sala, interpretando um professor no clássico "Ao Mestre, Com Carinho".

Agora cabe aqui uma menção honrosa para Vic Morrow como o ameaçador Artie West. Seu personagem é o tipo daquele jovem sem recuperação, que morrerá em uma cadeia ou morto por bandidos rivais em poucos anos. Um jovem sem redenção com futuro incerto e tenebroso. Um modelo de marginal intrinsecamente ruim. A caracterização de Morrow aqui foi tão marcante que nos anos seguintes ele viraria o delinquente padrão do cinema americano. Esse papel ele voltaria a desempenhar ao lado de Elvis Presley em "Balada Sangrenta", por exemplo, e em muitas outras produções. O ator que era muito talentoso teve uma morte trágica em 1982 quando morreu em pleno set de filmagens. Um helicóptero caiu em cima dele e de duas outras crianças quando filmavam uma perigosa cena. Uma morte horrível. Enfim, "Sementes da Violência" é um marco do cinema jovem, no mesmo patamar que "Juventude Transviada", “O Selvagem” e "Clamor do Sexo". Uma obra prima que mostra a face mais selvagem e indomável dos jovens. Um retrato nu e cru dos desafios do sistema educacional.

Sementes da Violência (Blackboard Jungle, Estados Unidos, 1955) Direção: Richard Brooks / Roteiro: Richard Brooks, baseado na novela de Evan Hunter / Elenco: Glenn Ford, Anne Francis, Louis Calhern, Sidney Poitier, Vic Morrow, Margaret Hayes, Paul Mazursky, Dan Terranova / Sinopse: Numa escola violenta de Nova Iorque, um idealista e bem intencionado professor tenta controlar uma classe formada por jovens rebeldes. Ameaçado e agredido, ele tenta salvar o maior número possível de alunos do caminho da delinquência juvenil. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Fotografia (Russell Harlan), Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons, Randall Duell) e Melhor Edição (Ferris Webster).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 14 de maio de 2019

O Caminho do Diabo

Lance Poole (Robert Taylor) volta da guerra civil como oficial condecorado, inclusive com a mais alta honra militar, a medalha do congresso americano. Seu plano é retomar a administração do rancho de seu pai, que se encontra em seus últimos dias de vida. Tudo estaria muito bem se não fosse um detalhe mais do que importante: Lance Poole é na verdade um índio que lutou ao lado das tropas da União contra o exército confederado. Essa situação o coloca numa posição delicada pois existem muitas pessoas na cidade para onde ele retorna que lutaram ao lado da tropas do sul, entre eles um astuto advogado que tentará de tudo para tomar as terras de Lance, uma vez que a região agora faz parte do território do Wyoming, que em nova lei determina que todas as terras devem ser ocupadas por brancos, para colonização e pastoreio, o que retira de Lance, a posse de suas próprias terras. Procurando por uma saída jurídica ele contrata a jovem e idealista advogada Orrie Masters (Paula Raymond), mas uma solução pelas vias judiciais parece cada vez mais distante.

“O Caminho do Diabo” é um western que se propõe a discutir a situação dos índios dentro da sociedade americana durante a colonização do oeste. O preconceito racial ganha destaque uma vez que Lance Poole (Robert Taylor) é um indígena que a despeito de ter sido um herói de guerra tem todos os seus direitos negados. Infelizmente em meu ponto de vista o personagem de Taylor não é completamente defensável pois em determinado momento da trama ele começa a tomar posições radicais demais, mesmo com a possibilidade de entrar em um acordo com os brancos que desejam também desfrutar do vale onde se encontra seu rancho, o único local onde há pasto vasto e água para as criações. A atitude do indígena, negando completamente o acesso aos criadores brancos, acaba sendo o estopim de um grande conflito armado entre bancos e índios, algo que o roteiro deixa claro que poderia ser evitado facilmente. De uma maneira ou outra o argumento se torna bem intrigante. O elenco é liderado por Robert Taylor, o galã, que aqui aparece pintado para parecer um nativo americano. A direção é do grande mestre Anthony Mann, que mais uma vez prova seu grande talento em lidar com temas edificantes e de relevância social. “O Caminho do Diabo” assim se torna bem interessante para o fã de filmes de western pois mostra que acima de tudo radicalismos só geram mesmo mais violência e conflitos.

O Caminho do Diabo (Devil's Doorway, EUA,1950) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Guy Trosper / Elenco: Robert Taylor, Louis Calhern, Paula Raymond / Sinopse: Após voltar da guerra civil um ex-oficial indígena  da cavalaria americana, Lance Poole (Robert Taylor), tem seus direitos de propriedade negados pelo simples fato de ser um índio. A situação acaba gerando um grande conflito com os criadores brancos da região.

 Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Travessuras de Casados

Título no Brasil: Travessuras de Casados
Título Original: We´re Not Married
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twenty Century Fox
Direção: Edmund Goulding
Roteiro: Dwight Taylor, Gina Kaus, Nunnally Johnson
Elenco: David Wayne, Eddie Bracken, Eve Arden, Fred Allen, Ginger Rogers, Louis Calhern, Marilyn Monroe

Sinopse:
Após descobrir que seu casamento não tem valor jurídico pois foi realizado por um juiz de paz com a licença vencida a jovem Annabel Norris (Marilyn Monroe) entra em desespero pois ela almeja disputar o concurso de "Senhora América" que só aceita mulheres casadas entre as competidoras. E agora o que fará, já que ela descobriu que continua solteira uma vez que seu casamento não tem validade?

Comentários:
Comédia romântica que estaria completamente esquecida hoje em dia se não fosse por um detalhe mais do que importante: a presença no elenco do mito Marilyn Monroe. Muito jovem ainda e nada famosa na época a não ser por alguns ensaios em revistas como modelo, Marilyn tenta ao mesmo chamar a atenção para sua presença em um filme nada memorável, bobo até. Outro destaque digno de menção no elenco é a presença da maravilhosa Ginger Rogers, que hoje em dia infelizmente também anda bem esquecida. Por essa época Marilyn lutava para se firmar como atriz em Hollywood, algo que não era nada fácil por causa da competição, afinal loiras bonitas como ela existiam aos montes pelos corredores dos estúdios. Ela passava por várias dificuldades financeiras, sendo despejada de uma série de apartamentos aos quais não podia pagar o aluguel mas o sonho de vencer no cinema era maior. Aqui presenciamos seus primeiros passos antes de virar o maior mito feminino da história do cinema.

Pablo Aluísio.