Em 1966 Elvis Presley completou dez anos de carreira em Hollywood. Os executivos da MGM então resolveram elaborar um intenso projeto de marketing para celebrar a data com muito material promocional, posters, álbuns, comerciais, folders etc. No centro das comemorações estava a realização de mais um filme de Elvis na produtora: Spinout (Minhas três noivas, no Brasil). As filmagens começaram em fevereiro de 1966 e duraram dois meses. Para contracenar com Elvis foram chamadas três beldades da época: Shelley Fabares (que já havia atuado ao lado de Elvis), Debora Walley (que chegou a ter um casinho com Elvis no set de filmagem) e Diana McBaine. Na direção o "pau-pra-toda-obra" dos estúdios Norman Taurog. Infelizmente os executivos da MGM não quiseram se arriscar e resolveram apostar na velha fórmula dos filmes anteriores de Elvis, que já estavam bastante desgastados pela crítica e até mesmo pelos fãs, que vinham exigindo através do fanzine "Elvis Monthly" mudanças na carreira de Elvis. Ou seja, muitos fãs estavam mais lamentando esse "aniversário" do que comemorando tal data. A falta de inovação da carreira de Elvis o levou a um impasse: ele tinha que mudar o rumo que vinha tomando há tempos ou afundaria de vez e se tornaria apenas uma "lenda viva" sem relevância artística.
Os primeiros sinais já tinham aparecido no ano anterior com as más bilheterias de seus últimos filmes. O público estava cansado dos mesmos roteiros, dos mesmos enredos e o pior de tudo: da má qualidade do material musical apresentado nesses filmes. E Elvis tinha consciência disso, porém preso a muitos contratos cinematográficos desde a primeira metade dos anos 60 o cantor se viu amordaçado não só aos grandes estúdios como também à sua própria gravadora que lançava todas as trilhas sonoras - e que por sua vez também estava presa à obrigações com os estúdios de cinema. Por incrível que isso possa parecer a melhor coisa a acontecer na carreira de Elvis nesse período era um grande fracasso no cinema! E o que todos de certa forma já previam finalmente aconteceu! Spinout foi lançado em novembro de 1966 e afundou nas bilheterias! Nem todo o marketing do mundo o salvou de ser um dos piores fracassos da carreira de Elvis! Até mesmo os fãs resolveram boicotar o lançamento e isso acabou sendo muito bom, pois acendeu de vez a luz vermelha nas organizações Presley - não dava mais para seguir essa velha linha "Trilha / Filme". Para se ter uma ideia do tamanho da bomba, basta afirmar que o filme não conseguiu ficar nem entre os 50 mais vistos do ano (alcançando a 57ª posição).
A trilha sonora, por outro lado, já trazia alguns pontos positivos. Ao contrário do filme, que é destituído de valor artístico, a parte musical de Spinout traz pela primeira vez em muitos anos de trilhas sonoras fracas, uma seleção bastante interessante de momentos e até mesmo algumas músicas excelentes da carreira de Elvis - "Down in the Alley", "I'll Remember You" e "Tomorrow is a long Time" de Bob Dylan. Isso se deveu a um fator que ocorreu nos bastidores da RCA Victor em 1966. Pela primeira vez em bastante tempo Elvis contava com um bom produtor à disposição: Felton Jarvis. Ao contrário de outros produtores, que pouco somavam, Jarvis chegava com muita vontade de mostrar serviço. Os primeiros resultados de seu trabalho saíram justamente nessa trilha sonora, nas canções que entraram como Bonus Song (embora a direção musical das músicas do filme tenham ficado sob o comando de George Stoll, o mesmo produtor de outras trilhas de Elvis como Viva Las Vegas). De qualquer forma, na parte que lhe tocava, Felton Jarvis resolveu embelezar as músicas de Elvis com novos arranjos, acrescentando novos instrumentos e vocalização. Enfim, finalmente havia um sopro de ar fresco pairando dentro dos estúdios da RCA Victor.
Elvis Presley - Spinout (1966)
Stop Look and Listen
Adam and Evil
All That I Am
Never Say Yes
Am I Ready
Beach Shack
Spinout
Smorgasbord
I'll Be Back
Tomorrow Is a Long Time
Down in the Valley
I'll Remember You
Elvis Presley - Spinout (1966): Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Hilmer J. "Tiny" Timbrell / Guitarra: Tommy Tedesco / Baixo: Bob Moore / Bateria: Murrey "Buddy" Harman / Bateria: D.J. Fontana / Piano: Floyd Cramer / Saxophone: Homer "Boots" Randolph / Backup Vocals: The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Direção Musical: George Stoll / Gravado no Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 16 e 17 de março de 196 / Data de Lançamento: outubro de 1966 / Melhor posição nas charts: # 18 (EUA) e # 17 (lançado na Inglaterra com o nome de California Holiday).
Pablo Aluísio - Janeiro de 2005.
Achei Muito Bom, Disco !
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