50.000.000 ELVIS FANS CAN'T BE WRONG - ELVIS GOLD RECORDS VOL.2 (1959) - Se "A Date With Elvis" só trazia reprises, "Elvis Gold Records vol.2" reunia o melhor do material inédito que havia sido lançado pela RCA enquanto Elvis estava servindo o exército americano na Alemanha Ocidental. Todas essas canções tinham sido deixadas por Elvis antes dele seguir viagem para cumprir seu serviço militar na Europa. Com Elvis Presley fora do país, a RCA Victor começou a lançar essas músicas inéditas, principalmente em singles (compactos simples). Embora não lhe fosse proibido gravar durante seu período de caserna, o Coronel Parker achou por bem decretar que Elvis não entraria novamente em estúdio para gravações oficiais enquanto estivesse servindo à nação. Publicamente Parker justificava essa atitude afirmando que não queria que Elvis de alguma forma prejudicasse seu serviço militar. Mas não era essa a verdadeira intenção de Tom Parker.
Tudo no fundo não passava de uma estratégia do astuto empresário para valorizar seu artista e forçar a RCA a relançar novamente velhos discos de Elvis, ganhando assim duas vezes pelo mesmo produto, velha tática da raposa. Era muito mais vantajoso para Parker assim, pois não teria custos e receberia todos os lucros livres de novos gastos. Além de ganhar com as velhas gravações o Coronel também supervalorizava as novas músicas, as poucas gravações inéditas deixadas por Elvis antes de partir! Seu segundo grande objetivo era justamente esse mesmo: demonstrar que a ausência de Elvis pesava muito no saldo final das vendas da gravadora. O sucesso imediato de todos esses singles vinha para comprovar que Elvis era um produto valorizado demais para ser descartado quando ele retornasse aos EUA. Com esse tipo de atitude o Coronel acabou ficando com o controle da situação. Para a RCA só restava mesmo lançar as poucas músicas inéditas deixadas por Elvis antes de ir para a Europa em singles, lançamentos promovidos em intervalos regulares, durante a ausência prolongada do cantor, pois só assim eles conseguiriam manter sempre o nome de Elvis nas paradas. E depois de colocar tudo no mercado e perceber que não havia mais nada para lançar, a RCA se apressou em reunir todas as faixas em um só LP.
Este é o disco que acabou servindo aos propósitos da gravadora de Elvis, pois é a coletânea que trouxe pela primeira vez todos os principais singles de sucesso do cantor no período em que ele estava afastado de sua vida profissional. Apesar de ser realmente apenas uma coletânea de sucessos o disco sempre me pareceu ser algo mais. Seria como o álbum que Elvis gravou antes de partir, só que ao invés da RCA lançar logo o disco, ela preferiu antes o dividir em compactos diversos, mesmo que depois tenha reunido tudo em um mesmo produto. Um pouco confuso, não é mesmo? Coisas que só os executivos dessas gravadoras conseguem entender ou justificar. De qualquer forma o disco, visto do ponto de vista de conteúdo, não deixa de ter uma identidade própria, e isso é facilmente comprovável pois ele, sem dúvida, é um disco bem singular, pois está mais para um disco coeso, um verdadeiro álbum da carreira de Elvis, do que para uma simples e mera reunião de hits. Sempre o encarei dessa forma, como um disco próprio da discografia de Elvis e quase sempre procurei ignorar seu título de "Elvis Gold Records Vol.2". Na minha visão isso de certa forma tira um pouco de seu brilho e pode levar os fãs de Elvis a erro, pensando que ele se resume apenas a isso. Nada mais longe da realidade. Vou até mais longe e posso afirmar que, na minha modesta opinião, esse é o melhor trabalho musical de toda a carreira do cantor!
Se Elvis foi o Rei do Rock, essas faixas foram as que melhores capturaram a maturidade do artista em sua fase de roqueiro. Se Elvis definiu o mundo musical dos anos 50 a partir desse novo idioma musical, então não há nenhum momento mais significativo dessa era do que essas músicas. Me explico. Não há como negar toda a importância de seus registros na Sun Records e nem mesmo de suas primeiras músicas pela RCA Victor. Mas aqui temos um artista totalmente ciente de sua importância, totalmente à vontade para produzir um material riquíssimo em termos de valor histórico e musical. As canções foram gravadas basicamente, com exceções, nas duas últimas sessões de Elvis antes dele ir para a Alemanha. O futuro de Elvis a partir dessa fase era incerto. Como ficaria sua carreira depois que ele retornasse do exército? Tudo era uma grande dúvida na cabeça de todos. Talvez por isso Elvis tenha se empenhado tanto, tenha sido tão perfeccionista nas gravações. É fato notório o alto número de takes produzidos e todas as dificuldades que aconteceram até que Elvis se sentisse satisfeito. Do trabalho árduo veio a perfeição. Não se enganem, as canções aqui presentes são simplesmente os melhores exemplos do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Essa foi a despedida do Rei do Rock aos melhores anos de sua trajetória artística. Não sou e nunca fui daqueles que acreditam que após sua volta do exército Elvis nunca mais conseguiu produzir material de relevância! Longe disso, mas não posso deixar de negar que os anos 50 foram, sem a mais remota sombra de dúvida, o auge da carreira de Elvis Presley. Muitos o condenam, pois a partir dos anos 60 Elvis iria tomar outros rumos musicais. Não penso dessa forma. Elvis seguiu e trilhou outros caminhos mas o fato dele ter deixado o velho Rock'n'Roll de lado não significa que ele teria sido menor ou teria menos importância por essa razão. Nos anos que viriam Elvis não seria um artista menor, apenas seria diferente. De qualquer maneira esse disco é o testamento final do Elvis Rocker, tão amado, tão odiado, tão debatido, tão estudado, tão controvertido! Um testamento assinado por mais de 50.000.000 de testemunhas que certamente não poderiam estar erradas!
I NEED YOUR LOVE TONIGHT (Wayne / Reichner) - Abrindo o disco temos esta ótima canção pop que possui um ritmo gostoso e fluente. Elvis a gravou em Nashville, a capital da música country and western, no dia 10 de junho de 1958 naquela que foi sua última sessão de gravação antes de servir o exército americano. Essa sessão não contou com as presenças de Scotty Moore e Bill Black, pois estes estavam em dissídio com Tom Parker por melhores salários. Como Parker não aceitou a proposta apresentada, eles resolveram não comparecer para participar das sessões. Com o boicote da banda original de Elvis, o produtor Steve Sholes então convocou os serviços de novos músicos: Bob Moore foi chamado para tocar baixo (sua participação foi tão boa que ele se tornaria efetivo na banda de Elvis nos anos 60) e Hank Garland foi para a guitarra, na vaga deixada por Scotty. Ainda foi chamado o lendário Chet Atkins, não só para tocar no grupo, como também para colaborar nos arranjos. Foi lançada como Lado B do single "A Fool Such As I" em Março de 1959 atingindo o quarto lugar nas paradas. Sem sombra de dúvida foi uma despedida de gala, digna de um verdadeiro Rei.
DON'T (J.Leiber / M.Stoller) - Canção composta especialmente para Elvis. Leiber e Stoller resolveram compor uma música romântica bem ao estilo dele, totalmente adequada para a sua característica vocal. Sem dúvida é um momento especial! Considerada pelos críticos e fãs como umas das melhores baladas românticas dos anos 50, ainda hoje consegue emocionar. Curiosamente a canção foi gravada na sessão que deu origem ao disco de natal "Elvis Christmas Album". Apesar de toda a gravação ter se concentrada no projeto natalino, Elvis conseguiu arranjar tempo para finalizá-la. Esse fato vem demonstrar como Elvis era eficiente dentro dos estúdios nos anos 50. Em apenas 3 dias de gravação ele conseguiu emplacar 12 canções, que iam do gospel ao R&B de raíz. Certamente material não iria faltar para a RCA, muito pelo contrário, como bem demonstra a avalanche de lançamentos durante os primeiros anos da carreira de Elvis. Eram tantas as músicas disponíveis que muitas vezes os próprios singles do Rei competiam entre si. Apesar de toda essa correria e abundância de novos títulos o single não deixou de se tornar um grande sucesso alcançando o primeiro lugar da parada de singles logo no começo de 1958. Dessa forma o compacto "Don't / I Beg Of You" se tornava o sétimo single de Elvis a entrar no topo de sucessos da revista Billboard. Mais um disco de ouro para sua vasta coleção de prêmios.
WEAR MY RING AROUND YOUR NECK (Carrol / Moody) - Muito provavelmente a mais complicada gravação feita por Elvis para esse disco. Na primeira tentativa de gravá-la Elvis teve que produzir 22 takes e mesmo assim não se deu por satisfeito! Como se isso não bastasse o produtor Steve Sholes teve que promover no dia 26 de fevereiro daquele mesmo ano uma pequena sessão onde foram acrescentados novos instrumentos, guitarra e piano. Só depois da música ter sofrido esse overdub foi que Steve Sholes a considerou ideal para lançamento. O mais curioso é que muito desse material ainda não foi lançado. O que é bem conhecido pelos fãs é o material que saiu no disco Essential Elvis vol.3, mas isso é uma pequena amostra do que foi gravado por Elvis. De qualquer maneira a canção foi finalmente lançada como single em abril de 1958 com "Doncha Think It's Time" no lado B, chegando ao terceiro lugar na parada da revista Billboard.
MY WISH CAME TRUE (Hunter) - Outra canção que trouxe muita dor de cabeça para Elvis! Foram 28 tentativas antes de se chegar à versão definitiva. Ela foi gravada nas sessões de setembro na costa oeste. Naquela ocasião o produtor Steve Sholes e o engenheiro de som Thorne Nogar estavam preparados para gravar as músicas natalinas que fariam parte do disco "Elvis Christmas Album". Porém Elvis os lembrou bem a tempo que ainda teria que completar a versão definitiva de "Treat Me Nice" para a trilha sonora de "Jailhouse Rock" ainda naquela noite. Superado esse pequeno impasse, Elvis começou os primeiros ensaios do álbum temático, justamente com a conhecida "Blue Christmas". Depois de completá-la Elvis decidiu que iria aproveitar a presença da vocalista Millie Kirkham para gravar um tema que ele apreciava muito. Talvez por causa das próprias características peculiares da música (grandiosidade, vocalização feminina bem presente) as coisas começaram a emperrar dentro do estúdio. Após várias tentativas Elvis se deu satisfeito com o take 28. Muito provavelmente ele tenha ficado mesmo farto e considerou essa versão como razoável. O cansaço aliado a pressão de terminar tantas músicas em um só dia fez com que Elvis desse por encerrado as tentativas e passasse adiante para agora sim se concentrar no material de natal. "My Wish Came True" possui uma sonoridade ímpar dentro da discografia de Elvis dos anos 50, principalmente pelo fato do cantor ser acompanhado pelo magistral vocal da já citada Millie Kirkham (arranjo pouco comum nos discos convencionais de Elvis dessa década). Como era uma música bem diferenciada do conjunto da obra de Elvis naquele período, a RCA resolveu encaixá-la no Lado B do single "A Big Hunk O'Love". A faixa principal, como todos sabemos, chegou ao topo das paradas, sendo que "My Wish Came True" conseguiu alcançar o honroso 12º lugar entre as músicas mais ouvidas. Nada mal para uma das mais peculiares canções de Elvis.
I GOT STUNG (Schroder / Hill) - Foi a última canção gravada por Elvis antes dele seguir viagem para Alemanha. Esta sessão foi realizada no dia 11 de junho de 1958 nos estúdios da RCA em Nashville. Ao contrário de "Wear My Ring Around You Neck", por exemplo, a sessão de gravação de "I Got Stung" está muita bem documentada, principalmente nos CDs "I Got Stung" e "Totally Stung". No primeiro temos quinze das 24 versões produzidas. Além de todo esse farto material disponível ainda podemos encontrar ótimos takes completos dentro da discografia oficial da BMG como os que podem ser ouvidos nos discos "Today, Tomorrow and Forever" e "Essential Elvis vol.3". Dessa forma o fã mais paciente e persistente chega com certa facilidade na íntegra da lista de todas as versões produzidas por Elvis para essa canção. A música é um dos mais belos trabalhos produzidos por Elvis em estúdio nos anos 50. Ela consegue trazer em sua curta duração todos os elementos que fizeram do Rock'n'Roll o mais popular gênero musical daqueles anos dourados. Para quem quer conhecer a sonoridade verdadeira da primeira geração do Rock americano é indispensável ouvir essa canção. Infelizmente acho que apesar de toda sua relevância a RCA a subestimou, pois ela foi lançada como lado B de "One Night" em outubro de 1958. Na minha visão todas as duas músicas mereciam destaque e nenhuma delas deveria ser renegada para um lado B de single, por mais importante que ele fosse. De qualquer forma a música superou esse pequeno erro que foi cometido em seu lançamento e foi sendo regravada por outros artistas nas décadas que viriam. Esse fato por si só já demonstra como ela é realmente um símbolo inestimável dos primeiros passos desse novo ritmo que nascia. Para reforçar esse pensamento pode-se citar, por exemplo, a ótima versão gravada por Paul McCartney em seu CD "Run Devil Run". Mais rocker impossível.
ONE NIGHT (Bartholomew / King) - A versão original desta canção foi lançada por Smiley Lewis em 1956 pelo selo Imperial. Aproveitando seu relativo sucesso e repercussão, Elvis a gravou logo após na costa oeste em fevereiro de 1957. Não é a melhor canção do disco mas certamente é a mais conhecida entre os fãs. Isso decorre muito do fato de Elvis tê-la utilizado mais de dez anos depois em seu memorável retorno no programa NBC TV Special em 1968 (Comeback Special). Com isso a canção ficou muita associada ao especial, principalmente pela interpretação visceral que Elvis apresentou naquele momento. Com blusão de couro negro, muita energia e disposição, Elvis realmente cravou no imaginário popular a sua performance de "One Night". Já a versão clássica dos anos 50 enfrentou uma série de problemas, entre eles a sua própria letra, que mais uma vez foi considerada ofensiva pelos moralistas de plantão! Sem outra opção Elvis e os produtores resolveram gravar uma versão, digamos assim, "soft" da música. Nada que pudesse chocar os pais dos fãs do cantor. Para evitar criar maiores polêmicas e problemas um dos versos foi alterado para retirar possíveis mensagens implícitas de natureza sexual. Claro que os jovens entenderam muito bem o recado da canção mesmo depois da alteração promovida, mas parece que a leve suavização foi do agrado dos nervosos senhores da moralidade dos anos 50. A versão "hardcore", com a letra imprópria, foi lançada muitos anos depois com o título de "One Night a Sin". Compare as duas e perceba as alterações. Com ou sem censura, com ou sem moralismo descabelado, a versão de "One Night" por Elvis Presley conseguiu chegar ao quarto lugar nas paradas em outubro de 1957. Um verdadeiro pecado, convenhamos.
A BIG HUNK O'LOVE (Schroder / Wyche) - A última música de Elvis dos anos 50 a chegar ao primeiro lugar em junho de 1959. O single, que foi lançado com "My Wish Came True" no lado B, foi além de campeão de vendas indicado para duas categorias no prêmio Grammy: "Melhor performance de um artista Top 40" (perdendo para Nat King Cole) e "Melhor performance de Rhythm & Blues" (novamente perdendo, dessa vez para Dinah Washington). Uma das coisas que mais chamam atenção na carreira de Elvis é a ausência de prêmios Grammy de maior importância. Cantor reconhecido internacionalmente, Elvis nunca ganhou um prêmio dessa natureza, enquanto vivo, pela sua obra mais popular. O Rei do Rock nunca foi reconhecido com esse tipo de premiação por seus álbuns dos anos 50, década onde se concentra sua fase mais roqueira! Tampouco levou algum tipo de prêmio por seus discos dos anos 70, considerados alguns de extrema importância dentro do conjunto da obra de Elvis. Nem sua sessão em Memphis de 1969, considerada pelos críticos um dos maiores momentos de ressurgimento já registrados de um artista na história, mereceu maior atenção pela academia de música! O Grammy só reconheceu mesmo sua importância em relação à sua obra gospel, pois todos os prêmios que lhe foram dados se referiam a esse gênero religioso, que se não é menor, certamente era secundário dentro da carreira de Elvis. Injustiçada ou não pelo Grammy, "A Big Hunk O'Love" acabou se tornando parte do repertório fixo do cantor nos anos setenta, porém como sempre a sua versão "anos 50" em pouco se assemelha ao arranjo dos anos 70. Isso é decorrente do fato de que Elvis modificou a arranjo mais R&B de muitos de seus clássicos dos anos 50 para se adaptar ao estilo Las Vegas, com uso de arranjo de metais (para muitos de forma excessiva em certos momentos!) e outros detalhes que inexistiam nas versões de estúdio nos primeiros anos da carreira dele. Para diferenciar e notar todas as mudanças de arranjo é interessante ouvir as duas versões! Certamente os que preferem o estilo mais cru e enraizado da primeira geração do Rock vão preferir o estilo dos anos 50, enquanto os que admiram mais os arranjos engrandecidos dos cassinos ficarão certamente com o estilo de Elvis dos anos 70. Uma questão de gosto pessoal.
I BEG OF YOU (McCoy / Owens) - Outra que foi gravada na costa oeste em 1957 e que ficou bastante tempo arquivada, isso para os padrões dos anos 50 evidentemente! Tom Parker não gostou muito do resultado final e por isso seu lançamento foi sendo sistematicamente adiado até que ela foi finalmente colocada como lado B do single "Don't". Talvez para agradar Parker ou o próprio Elvis a música acabou tendo duas versões com arranjos diferenciados. Aquele que acabou prevalecendo e que se tornou oficial não é o melhor na minha opinião, pois a outra versão tem muito mais pique e energia. A mais rápida só iria chegar aos lançamentos da gravadora de Elvis muitos anos depois no CD "Essential Elvis - Stereo 57". Essa coleção acabou sendo a percurssora do projeto "Follow That Dream" (FTD) que ao longo dos anos tem lançado vasto material inédito de Elvis, seja através de apresentações dos anos 70, seja pelo lançamento de edições revisionistas de seus álbuns clássicos, seja por meio de discos de takes alternativos. De qualquer forma "I Beg Of You" é um belo exemplo do melhor rock de Elvis Presley nos anos 50. Imperdível.
(Now and Then There's) A FOOL SUCH AS I (B. Trader) - Lançada originalmente em 1952 por Hank Snow pela RCA. Hank foi um nome importante na história de Elvis. Além de colocar o cantor em suas excursões para fazer parte da trupe de artistas do Hank Snow Show, ele foi ainda a primeira pessoa a falar para os executivos da RCA sobre esse novo cantor que estava fazendo grande sucesso no sul do país. Na realidade Hank queria mesmo era se tornar empresário de Elvis, tanto que foi falar pessoalmente com Steve Sholes da RCA sobre a contratação de Elvis pela gravadora. O próprio Elvis estava muito lisonjeado com o interesse de Hank. Mas as coisas não seriam tão fáceis assim. Apesar de todo o interesse, Hank foi colocado para escanteio pelo Coronel Parker que assumiu o posto de empresário de Elvis. Ninguém sabe como Hank desistiu assim tão rapidamente do jovem talento, alguns autores levantam a hipótese que o Coronel usou até de chantagem para fazer Hank Snow cair fora! De qualquer forma ele pulou fora mesmo após ter se encontrado com Parker em um hotel de Memphis. "A Fool Such As I" é uma balada romântica excepcional que marcou toda uma época! Elvis chegou a concorrer a um Grammy de "Melhor canção do ano" por esta música, mas infelizmente, assim como aconteceu com "A Big Hunk O'Love", também não conseguiu ganhar o tão cobiçado prêmio. Apesar de todos seus inegáveis méritos a música foi aos poucos sendo deixada de lado. Um dos raros registros dela ao vivo pode ser conferido no show que Elvis fez em Pearl Harbor no dia 25 de março de 1961. Esse foi um concerto beneficente que Elvis fez em prol dos veteranos da II Guerra Mundial. Quando Elvis apresentou sua "A Fool Such as I" a gritaria foi geral! Essa é uma singularidade bem interessante dessa apresentação, pois Elvis e banda fizeram uma execução bem fiel ao do disco, exceto por uma pequena brincadeira promovida por ele mesmo na segunda parte com a letra original. Outro grande destaque digno de nota é a participação muito especial no estúdio do guitarrista Chet Atkins. Grande músico e um dos grandes nomes de Nashville, Chet colaborou muito no arranjo final da música. Sua vocação de produtor era tão evidente que ele próprio acabou se tornando encarregado de algumas sessões de Elvis nos anos 1960.
DONCHA'THINK IT'S TIME (Otis / Dixon) - Essa canção é bem interessante porque traz uma coisa muito comum nas músicas da primeira geração do Rock americano. A letra obviamente não traz nada de novo, é a velha fórmula de romances adolescentes, declarações apaixonadas, simples banalidades que os jovens diziam para suas namoradinhas. O grande valor de quase todas as primeiras músicas de Rock'n'Roll vem de seu ritmo inigualável. Com ele pode-se até mesmo inverter a verdadeira intenção ou a literalidade das letras escritas. Veja o caso dessa canção: na primeira audição tudo pode até mesmo passar despercebido, mas e a forma como Elvis a canta? Será que a letra já resume tudo mesmo? Claro que os jovens entendiam no estilo insinuante de Elvis a verdadeira intenção por trás da canção. De ingênuo e bobo não havia nada mesmo! A vida de Elvis nesse período não se resumia ao velho esquema "letras inocentes, intenções maliciosas"! Havia também muita correria e viagens para cumprir suas obrigações. Esse foi o caso. Elvis foi praticamente retirado do set de filmagens de seu novo filme, "King Creole" (balada sangrenta, 1958), para completar uma sessão que ficara incompleta! A RCA já estava sabendo que iria ficar um longo tempo sem seu artista principal e por isso sempre que havia possibilidade levava Elvis para o Radio Recorders com a finalidade de, como dizia a gíria dos produtores, "encher a lata", ou seja, deixar mais material arquivado para futuros lançamentos da gravadora durante a ausência prolongada de Elvis fora do país defendendo os interesses do Tio Sam. Se tempo era dinheiro então a RCA não perdeu nem um segundo: a canção foi rapidamente lançada como lado B de "Wear my Ring Around Your Neck", pouco menos de dois meses depois que foi gravada! Mas isso não era tudo! Logo Elvis estaria com as malas prontas para seguir rumo à Europa, onde iria cumprir seu serviço militar junto às tropas da OTAN estacionadas na Alemanha. O cantor deu azar, pois acabou pegando um dos mais rigorosos invernos daquele país. No fundo Elvis era mais uma arma de propaganda do governo dos EUA na "guerra fria", pois ele foi despachado para um posto bem perto da "cortina de ferro". Assim os jovens sem liberdade do leste europeu teriam um símbolo da "liberdade americana" no seu quintal! Boa ideia, não é mesmo? Que tal usar Elvis contra os comunistas? De qualquer forma passe ao lado desses pequenos detalhes políticos e curta o disco pelo que ele tem de melhor: ótimas canções e momentos de uma das mais brilhantes fases da carreira de Elvis Presley.
Ficha Técnica: (One Night / I Beg Of You) Elvis Presley (voz e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Steve Sholes / Data de gravação: 23 de fevereiro de 1957 - Local: Radio Recorders, Hollywood. Ficha Técnica: (Don't / My Wish Came True) Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / Produzido por Steve Sholes / Data de gravação: 6 e 9 de setembro de 1957 - Local: Radio Recorders, Hollywood. Ficha Técnica: (Doncha' Think it's Time / Wear My Ring Around Your Neck) Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires (vocais) / Tiny Timbrell (guitarra) / Produzido por Steve Sholes / Data de gravação: 1º de fevereiro de 1958 - Local: Radio Recorders, Hollywood. Ficha Técnica: (I Need Your Love Tonight / A Big Hunk O'Love / A Fool Such As I / I Got Stung)(voz e guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / / Bob Moore (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Buddy Harmon (bongôs) / The Jordanaires (vocais) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Steve Sholes e Chet Atkins / Data de gravação: 10 e 11 de junho de 1958 - Local: RCA Studios, Nashville. 50.000.000 Elvis Fans Can't Be Wrong - Elvis Gold Records Vol. 2 Data de Lançamento: dezembro de 1959 / Melhor posição nas charts: #31 (EUA) e #4 (UK)
Texto escrito por PABLO ALUÍSIO - Setembro de 1999 / revisado e atualizado em novembro de 2001 / reescrito em junho de 2006.
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