O primeiro filme de Elvis em 1966, Frankie and Johnny, prometia. Era a refilmagem de um clássico de 1934 estrelado por Helen Morgan e Chester Harris. Havia um novo diretor que nunca antes tinha trabalhado com Elvis, Frederick de Cordova, e um roteiro até interessante escrito por Alex Gattlieb, cujo enredo era baseado na famosa canção do século 19 composta originalmente com o título de Francoise et Jean. Além disso o filme ficou quase um ano em processo de edição e pós produção, o que trazia a esperança de que um produto caprichado sairia daí. O simples fato do filme ser produzido pela United Artists, ao invés da MGM, já era um ponto positivo naquela altura. Então o que deu errado? O fato de ter sido um filme estrelado por Elvis Presley provavelmente deve ter sido o primeiro problema. Depois que Elvis estrelou filmes com produções pobres como Harum Scarum e Kissin Cousins para a MGM, os estúdios não mais se importaram em caprichar nos filmes do cantor. Como a bilheteria era certa, e como os fãs de Elvis pareciam não se importar com a qualidade dos filmes estrelados por ele, os executivos se preocupavam mais em cortar custos e gastar o mínimo possível do que em melhorar os méritos artísticos da película. Isso é bem visível em Frankie and Johnny. A produção deixa muito a desejar, ainda mais quando se trata de um filme de época. Desde os cenários até as ambientações tudo deixa claro que se trata realmente de uma produção B do estúdio. Uma pena.
A trilha sonora não teve destino melhor. Sob a direção musical de Fred Karger (o mesmo produtor de Kissin Cousins e Harum Scarum) o material, que até tinha certo potencial, ficou apenas na promessa. Ao contrário das outras trilhas sonoras de Elvis, que já nasciam com músicas fracas, Frankie and Johnny, até mesmo pela música título, um standard da história da música mundial, poderia ter sido bem melhor aproveitada. Até mesmo o arranjo de metais, que foi tão bem utilizado em trilhas anteriores como King Creole, aqui se perdeu em uma produção sem grande inspiração. Ouvindo a trilha sonora nos dias de hoje percebemos nitidamente a falta que fez uma boa direção musical conduzindo os trabalhos, embora é bom salientar, nem todo o conteúdo do disco seja destituído de valor artístico. Um crítico inclusive se manifestou sobre Frankie and Johnny quando a trilha voltou ao mercado em 1994 na série Double Features: "Existem 5 preciosidades absolutas embutidas na trilha de Frankie and Johnny: a primeira é a faixa título, "Frankie And Johnny", abrasiva com seu som Dixieland. Rodado em New Orleans, é lamentável que as 12 canções deste filme não tenham absorvido mais a cena musical local. Elvis lamenta! Cada verso é construído com intensidade e nos seus escassos 2:23, as numerosas repetições ecoam uma magia mais ampla. Idem para a seguinte, "Come Along", 1:52 de puro prazer. Então, vem o desastre. Será "Petunia, The Gardener's Daughter" a pior música que Elvis já cantou? Provavelmente não, porque ela foi salva pelo balanço de New Orleans. "Chesay" é bem pior e "What Every Woman Lives For" não é apenas terrível, mas francamente insultuosa. Com melancólica misoginia, diz que a mulher é realmente boa se "for para dar seu amor a um homem". "Look Out Broadway" é igualmente ruim. Melosa e maliciosa chega a perguntar: "se ele lhe der um diamante, o que você dará a ele?" Perceba que a voz de Presley era um instrumento tão quente e expressivo, que escutá-la pode ser o jeito de se descobrir sobre como ele se sentia na época, e estas faixas, mesmo ruins como são, para um fanático por Elvis, são fascinantes."
E continua a análise: "Begginer's Luck" é a terceira gema. Lembrando trilhas sonoras melhores como G.I. Blues ou Blue Hawaii, esta terna balada tem fluidez. E algum estúpido decidiu fazer uma marcha, misturando "Down By The Riverside" com "When The Saints Go Marching In" — atirando Elvis numa horrível estrutura rítmica, salva no fim, quando muda para ragtime. "Shout It Out" é um exemplo, de como aqueles lacaios de Hollywood, tentaram substituir seu grito rebelde de rock' n' roll original, por uma batida pegajosa e sem valor, supervalorizando os efeitos percussivos, ainda que Elvis a cante corretamente. Acho que ele sabia, assim como nós, que sempre existirão aquelas poucas gemas, onde valerá a pena enfiar a cara, como na que se segue: "Hard Luck" é um blues pesado, no qual ele se entrega com uma paixão que não se ouve em qualquer lugar. Por fim a trilha de Frankie & Johnny termina numa levada 'para cima' em ritmo de ragtime."
Frankie and Johnny (1966)
01. Frankie And Johnny
02. Come Along
03. Petunia, The Gardeners Daughter
04. Chesay
05. What Every Woman Lives For
06. Look Out, Broadway
07. Beginner's Luck
08. Down By The Riverside/When The Saints Go Marching In
09. Shout It Out
10. Hard Luck
11. Please Don't Stop Loving Me
12. Everybody Come Aboard
Frankie and Johnny (1966): Vocais: Elvis Presley / Guitarra: Scotty Moore / Guitarra: Tiny Timbrell / Guitarra, Harmonica: Charlie McCoy / Baixo: Bob Moore / Bateria: Buddy Harman / Bateria: D.J. Fontana / Piano: Larry Muhoberac / Trumpete: George Worth / Trombone: Richard Noel / Saxophone: Gus Bivona / Tuba: John T. Johnson / Tuba: Robert Corwin / Backup Vocals : The Jordanaires (Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker) / Backup Vocals: Eileen Wilson / Backup Vocals: Ray Walker / Backup Vocals: Sue Ann Langdon em Frankie and Johnny (versão do filme) / Direção Musical de Fred Karger / Gravado nos estúdios Radio Recorders, Hollywood / Data de Gravação: 12 a 15 e 19 de maio de 1965 / Melhor posição nas charts: # 20 (EUA) e # 11 (UK).
Pablo Aluísio - setembro de 2009.
Avaliação:
ResponderExcluirProdução: ★★★
Arranjos: ★★★
Letras: ★★★
Direção de Arte: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 7.0
Cotações:
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★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
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