quinta-feira, 19 de março de 2020

Os Jovens Pistoleiros

A década de 1980 produziu bons filmes de western. Claro, a era de ouro desse gênero cinematográfico ocorreu nos tempos de John Wayne e Randolph Scott, mas inegavelmente bons filmes de faroteste chegaram aos cinemas durante os anos 80. Um deles foi esse "Os Jovens Pistoleiros". A intenção era muito interessante, contar a história de Billy The Kid, sem o aspecto mais romanceado das versões anteriores. Era uma tentativa de se chegar o mais próximo possível da história real do famoso pistoleiro. É fato que o filme não chegou a ser cem por cento realista, mas temos que admitir que o resultado ficou muito bom. 

O curioso é que esse filme acabou ganhando uma continuação que foi mais popular e mais bem sucedida comercialmente do que esse primeiro filme. A sequência intitulada "Jovens Demais Para Morrer" fez um grande sucesso de bilheteria. Também teve uma trilha sonora que vendeu muito na época. Era um filme muito mais pop do que esse primeiro, que tem uma tônica mais séria, mais centrada em contar os primeiros anos de Billy The Kid.

E por falar em Billy, o ator Emilio Estevez está muito bem em seu papel. Irmão de Charlie Sheen e filho do grande Martin Sheen, ele teve aqui seu melhor papel na carreira. E era ainda bem jovem, muito concentrado em capturar pelo menos em tese a figura do pistoleiro Kid. E o roteiro colaborava bem para isso. Pena que as informações históricas sobre Billy The Kid sejam escassas. Conhecemos bem suas "façanhas" criminosas, suas fugas espetaculares dos homens da lei de sua época, mas não se sabe, por exemplo, como era a personalidade dele. Estevez fez um bom trabalho nesse sentido. Ele trouxe uma jovialidade ao personagem que é um dos grandes méritos do filme como um todo.

Os Jovens Pistoleiros (Young Guns, Estados Unidos 1988) Direção: Christopher Cain / Roteiro: John Fusco / Elenco: Emilio Estevez, Kiefer Sutherland, Lou Diamond Phillips, Charlie Sheen, Jack Palance, Terence Stamp / Sinopse: O filme procura resgatar a história do pistoleiro e criminoso Billy The Kid, que ficou famoso no velho oeste por causa de suas fugas e pela caçada dos homens da lei para aprisioná-lo. Nesse primeiro filme é contado os primeiros anos da vida de bandoleiro e pistoleiro do velho oeste.

Pablo Aluísio. 

Caçada Sádica

Num belo dia de sol, enquanto o machista, mulherengo e violento Brandt Ruger (Gene Hackman) se diverte dentro de um trem particular com amigos e prostitutas, sua belíssima mulher Melissa (Candice Bergen) é sequestrada na porta de casa pelo bando de Frank Calder (Oliver Reed). O mais incrível disso tudo é que apesar da situação angustiante e tenebrosa, o sequestrador não está querendo dinheiro; ele só quer que Melissa o ensine a ler e escrever. Quando fica sabendo do sequestro, Ruger, juntamente com alguns amigos caçadores e exímios atiradores, lança-se à caça do sequestrador de forma impiedosa e letal, utilizando poderosos rifles com mira telescópica (uma novidade para a época).

Para piorar as coisas e deixar o caçador Brandt Ruger ainda mais furioso, o coração de sua bela Melissa pode estar apaixonado pelo belo par de olhos azuis do bandidão que, ao contrário do marido estúpido e grosseiro, cuida de Melissa com amor e carinho. Caçada Sádica (The Hunting Party - 1971) dirigido por Don Medford (A Organização) foi alinhavado em torno de um cenário árido, quente, cruel e sem espaços para a poesia. As cenas de caça ao sequestrador e seu bando são impressionantes e extremamente bem feitas; não só pela reverberação do som dos tiros, como também pela inacreditável distância em que são executados, levando Calder e seu bando à beira da loucura. Uma ótima produção inglesa encabeçada por um elenco de primeira linha e com Gene Hackman como sempre atuando em alto nível. Nota 8.

Caçada Sádica (The Hunting Party, Inglaterra, 1971) Direção: Don Medford / Roteiro: Gilbert Ralston, Lou Morheim / Elenco: Gene Hackman, Oliver Reed, Candice Bergen / Sinopse: O violento Brandt Ruger (Gene Hackman) sai no encalço de Frank Calder (Oliver Reed) e seu bando por terem sequestrado sua esposa Melissa (Candice Bergen). Violento western da década de 70 com Gene Hackman em ótima forma.

Telmo Vilela Jr.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Silverado

Excelente faroeste produzido em meados da década de 1980. "Silverado" surgiu em uma época em que os grandes estúdios tentavam revitalizar o gênero western. É bem sintomático chamar a atenção para o fato do filme ter sido produzido nos anos 80, quando não havia mais regularidade no lançamento de faroestes no cinema. John Wayne havia partido seis anos antes e deixado uma lacuna, um mercado de fãs de western sem novos lançamentos, sem novos filmes. O faroeste italiano ainda produzia filmes com regularidade, mas esses iam ficando cada vez mais baratos ao longo dos anos. A indústria americana de cinema parecia não investir mais em filmes de western, o que era algo a se lamentar.

Como os antigos astros já estavam velhos e aposentados, o jeito foi adaptar todo um elenco de novatos para encarar o desafio. O elenco é liderado por Kevin Kline cuja carreira foi construída em cima de comédias como “Um Peixe Chamado Wanda” e “Será Que Ele é?”, não tendo muito a ver com o estilo. Curiosamente ele acabou se saindo bem no filme. Danny Glover da série “Máquina Mortífera” também foi escalado. Sua escolha foi mais uma jogada comercial, para chamar mais atenção ao filme. Melhor se saem Brian Dennehy, que aqui repete um personagem bem parecido com o que fez em "Rambo", o xerife corrupto que abusa de sua autoridade e Scott Glenn, que lembrava fisicamente muito Clint Eastwood. Outro aspecto curioso de "Silverado" foi a presença de um jovem Kevin Costner, interpretando um garotão inconsequente que sempre se metia em problemas por onde passava. E pensar que alguns anos depois o próprio Costner iria dirigir e atuar em um clássico do western, "Dança com Lobos". Esse "Silverado" foi, de certa forma, seu ensaio no gênero.

O enredo de Silverado era uma miscelânea de vários e vários faroestes do passado. Uma espécie de homenagem aos aspectos mais valorizados da mitologia do velho oeste. Na estória acompanhamos um grupo de amigos que chega na cidade de Silverado, no Colorado (com locações reais no Novo México), agora dominada completamente por um xerife corrupto e seu grupo de capangas. Aterrorizando os moradores, o xerife, na realidade um antigo bandoleiro e pistoleiro se fazendo passar por bom cidadão, acabava literalmente tomando conta do lugar, se tornando proprietário do saloon local e das propriedades circunvizinhas à cidade. Para aumentar ainda mais seu domínio, ele não hesitava em matar, ameaçar e massacrar todos os que ousavam se opor ao seu poder.

A trilha sonora de "Silverado" foi assinada por Bruce Broughton e chamava atenção pela sua beleza. De fato a música incidental não deixava espaços em branco durante o filme, preenchendo tudo de forma bem suntuosa. Seu trabalho acabou sendo indicado ao Oscar. O diretor Lawrence Kasdan poderia ter dado mais agilidade ao filme, com um corte em sua duração – que muitas vezes soa excessiva – mas o saldo final foi inegavelmente positivo. "Silverado" fez sucesso de bilheteria e agradou ao público na época. Pena que mesmo sendo bem sucedido o filme não conseguiu redimir o gênero que ficaria ainda mais alguns anos na geladeira com poucas e esparsas novas produções em Hollywood.

Silverado (Silverado, Estados Unidos, 1985) Direção: Lawrence Kasdan / Roteiro: Lawrence Kasdan, Mark Kasdan / Elenco: Kevin Kline, Scott Glenn, Danny Glover, Kevin Costner, John Cleese, Rosanna Arquette, Brian Dennehy, Linda Hunt, Jeff Goldblum / Sinopse: Um xerife inescrupuloso e corrupto (Brian Dennehy) domina a pequena cidade de Silverado. Contra ele se opõem um grupo de cowboys e bandoleiros que vão enfrentar seu poder. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Som (Donald O. Mitchell, Rick Kline e Kevin O'Connell) e Melhor Música - Trilha Sonora Original (Bruce Broughton)

Pablo Aluísio.

Hatfields & McCoys

É curioso como o mundo dá voltas. Durante anos foi recusado pelas principais emissoras americanas o projeto de se levar para a TV a história real de duas famílias que entraram em conflito no sul dos EUA no século XIX. Intitulado "Hatfields & McCoys" a minissérie foi sendo rejeitada por CBS, ABC, NBC e até pelos canais a cabo como HBO. Um executivo desse último canal chegou a afirmar que "Ninguém mais quer ver um faroeste!". Pois bem. Mesmo com tantas rejeições o roteiro seguiu em frente e acabou indo parar no The History Channel que finalmente deu o sinal verde para a produção de seis capítulos. Levado ao ar pelo canal History há pouco tempo nos EUA o primeiro episódio de "Hatfields & McCoys" bateu um recorde histórico de audiência se tornando a série mais assistida da TV a cabo da história. Um sucesso avassalador de audiência!

Nos capítulos seguintes o número de espectadores triplicou e assim "Hatfields & McCoys" se tornou o maior sucesso televisivo de 2012. Para quem gosta de westerns como eu não poderia haver melhor notícia do que essa. Certamente esse êxito todo vai calar a boca de muita gente que diz que o público não tem mais interesse em ver faroestes (como afirmou o executivo da HBO que inclusive já foi demitido por falar demais!). E o sucesso é justificado? A minissérie é realmente tão boa a ponto de alcançar um sucesso tão grande em tão pouco tempo? Certamente sim!

Reconstituição de época perfeita, fidelidade histórica com os acontecimentos e uma brilhante direção de arte fazem de "Hatfields & McCoys" um programa obrigatório para os fãs de western. Não há ainda previsão de exibição no Brasil mas fica logo a dica de antemão - não percam esse excelente momento de Kevin Costner em seu primeiro projeto na TV. Ele está ótimo na pele de Anse Hatfield (em um papel que havia sido escrito para Burt Lancaster). Ideal para quem sentia saudades em ver o ator de volta ao gênero. O melhor de tudo é saber que "Hatfields & McCoys" trouxe o bom e velho western de volta ao sucesso de público e crítica. Não deixe de assistir.

Hatfields & McCoys
(Idem, EUA, 2012) Direção: Kevin Reynolds / Roteiro: Bill Kerby, Teri Mann, Ronald Parker / Elenco: Kevin Costner, Bill Paxton, Tom Berenger, Powers Boothe / Sinopse: Após o fim da guerra civil americana duas famílias tradicionais do sul dos Estados Unidos, os Hatfields e os McCoys começam a entrar em conflito por terras, poder e honra. A rixa entre as famílias iria durar anos resultando em inúmeras mortes para ambos os lados. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de março de 2020

Vampiros, os Mortos

Título no Brasil: Vampiros, os Mortos
Título Original: Vampires Los Muertos
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Screen Gems, Storm King Productions
Direção: Tommy Lee Wallace
Roteiro: Tommy Lee Wallace
Elenco: Jon Bon Jovi, Diego Luna, Cristián de la Fuente, Natasha Gregson Wagner, Arly Jover, Darius McCrary,

Sinopse:

Um caçador de vampiros e um padre exorcista lutam contra um bando de criaturas da noite, vampiros que vivem no meio do deserto mexicano. Uma luta de sobrevivência vai começar nas areias daquela terra de ninguém.

Comentários:
O roqueiro Jon Bon Jovi também quis se dar bem no mundo do cinema. O resultado foi bem discutível. Nesse filme ele interpreta uma espécie de caçador de vampiros e só isso já dá para ter uma ideia do que esperar pela frente. A coisa se repete: quando rockstars tentam fazer cinema geralmente boa coisa não sai. O nome do diretor John Carpenter chegou a ser usado como chamariz para esse filme, mas não se engane. Ele já estava doente na época em que o filme foi produzido e sua participação foi praticamente nula. No fundo só usaram de sua criação, com aqueles vampiros atacando no meio do deserto e nada mais. E nem precisa dizer que os efeitos especiais envelheceram terrivelmente, principalmente quando surgem raios... aí a coisa desanda de vez. Na minha forma de ver é um produto descartável, nada memorável, sem nenhuma inspiração e criatividade. A mitologia dos vampiros merecia coisa melhor. 

Pablo Aluísio.

Instinto Sombrio

O roteiro conta a história de um jovem artista que vai morar no Brooklyn, em Nova Iorque. Ele aluga um pequeno apartamento para começar a trabalhar em sua arte, mas logo descobre que há algo de errado no lugar. Ele descobre que há um serial killer em ação, um assassino que acaba matando até mesmo uma pessoa próxima a ele. No começo ele tem certeza de que tudo o que presencia e vê realmente aconteceu, mas depois começa a ter dúvidas se os acontecimentos não seriam apenas fruto de sua mente.

O filme foi vendido por seus produtores como um thriller claustofóbico, sinistro, sob o ponto de vista de uma mente doentia. Realmente a direção de Alex Winter tem até bastante estilo - com excelente jogo de luz e sombras nas cenas - mas também é inegável que se torna muitas vezes tedioso e cansativo. Muitos filmes dos anos 90 tentaram copiar a estética do mundo publicitário para o cinema, nem sempre dando muito certo. Esse foi um que tentou beber nessa fonte, sem maior resultado. Lançado discretamente em VHS no Brasil durante os anos 90 não conseguiu chamar muita atenção, caindo, como tantos outros thrillers da época, no esquecimento (quase) completo. Em tempo: o ator Henry Thomas é o garotinho de ET, que cresceu e tentou fazer sucesso numa carreira como ator adulto. Essa foi uma de suas tentativas nessa direção.

Instinto Sombrio (Fever, Estados Unidos, 1999) Direção: Alex Winter / Roteiro: Alex Winter / Elenco: Henry Thomas, David O'Hara, Teri Hatcher / Sinopse: Uma jovem artista de Nova Iorque acaba ficando no meio de uma sinistra série de crimes envolvendo um assassino em série. Ele chega a testemunhar algo e tem uma pessoa próxima assassinada pelo criminoso, mas teria mesmo visto e presenciado algo ou tudo teria sido fruto de sua mente? 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de março de 2020

A Família Addams

Título no Brasil: A Família Addams
Título Original: The Addams Family
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Greg Tiernan, Conrad Vernon
Roteiro: Matt Lieberman
Elenco: Charlize Theron, Chloë Grace Moretz, Oscar Isaac, Snoop Dogg, Bette Midler, Finn Wolfhard

Sinopse:
Animação produzida a partir dos personagens criados por Charles Addams. No enredo a família Addams finalmente encontra um novo lar, um antigo manicômio abandonado. Na nova cidade eles encontram o que estavam procurando. Na nova casa o paizão Gomez vai ensinando o ritual de iniciação dos Addams para o filho, enquanto Wednesday vai para o high School.

Comentários:
Os dois filmes da família Addams com atores de carne e osso foram muito divertidos e bem produzidos. Agora o estúdio decidiu fazer uma animação em longa-metragem. Ao custo de 40 milhões de dólares esse novo filme fez sucesso de bilheteria, batendo a barreira de 300 milhões faturados no cinema. Algo óbvio de acontecer, já que os produtores lançaram a animação no feriado de Halloween. Uma boa estratégia de lançamento. E de fato não há o que reclamar, principalmente em se tratando de fãs da obra do cartunista Charles Addams. Os personagens, por exemplo, surgem no mesmo traço que seu criador imaginou. Tudo é bem fiel ao estilo dos quadrinhos originais. E como sempre acontece com animações caras como essa, várias estrelas de Hollywood foram contratadas para dublar os personagens principais, com destaque para Chloë Grace Moretz como Wednesday, a garota Addams, muito esquisita por sinal e Charlize Theron como a mãe Morticia Addams. Aliás essa última personagem me faz sempre lembrar de Anjelica Huston, por causa do filme dos anos 90. Então é isso. Animação muito boa, divertida, que vai certamente agradar aos fãs do estranho e engraçado humor negro dos Addams.

Pablo Aluísio.

Peter Pan

Título no Brasil: Peter Pan
Título Original: Peter Pan
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: P.J. Hogan
Roteiro: P.J. Hogan
Elenco: Jeremy Sumpter, Jason Isaacs, Olivia Williams, Rachel Hurd-Wood, Lynn Redgrave, Richard Briers

Sinopse:
As crianças da família Darling recebem uma visita de Peter Pan, que as leva para a Terra do Nunca, onde está em andamento uma guerra com o malvado Capitão Pirata Hook. Roteiro baseado na peça teatral original intitulada "Peter and Wendy", escrita por J. M. Barrie em 1911.

Comentários:
A versão mais famosa é a animação dos estúdios Disney. Curiosamente nunca tinham feito (não que me lembre agora) um filme com atores de carne e osso, com roteiro baseado mais fielmente na peça teatral original. E então chegamos nesse filme. Eu me lembro que assisti no cinema. Foi meio decepcionante, mas não totalmente. Os produtores fizeram uma boa produção cinematográfica, tudo de extremo bom gosto. Figurinos, cenários, direção de arte, tudo digno e fiel a uma produção que no final das contas custou mais de 100 milhões de dólares. Só que faltou também uma alma. Esse tipo de filme infantil precisa passar uma certa magia da tela para o público. Isso não aconteceu. Achei o ator juvenil Jeremy Sumpter que interpreta Peter Pan bem fraquinho. Foi um filme caro demais que não teve retorno de lucro que os produtores esperavam, o que de certa maneira afundou as pretensões de se voltar ao personagem nas salas de cinema. No final de tudo ainda prefiro muito mais a tradicional animação da Disney (muito charmosa por sinal) e até mesmo o filme de Steven Spilberg, que não era fiel ao material original.

Pablo Aluísio.