sábado, 25 de novembro de 2017

Jack, o Estripador

Título no Brasil: Jack, o Estripador
Título Original: Jack the Ripper
Ano de Produção: 1958
País: Inglaterra
Estúdio: Mid Century Film Productions
Direção: Robert S. Baker, Monty Berman
Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Hammond
Elenco: Lee Patterson, Eddie Byrne, Betty McDowall
  
Sinopse:
1888. Londres. Uma série de mulheres são encontradas mortas. Todos os assassinatos possuem algo em comum, levando a polícia londrina a ter certeza que o autor dos crimes é a mesma pessoa. Com a ajuda de um policial americano e sob pressão da Scotland Yard, o inspetor O'Neill (Eddie Byrne) precisa desesperadamente descobrir a identidade do verdadeiro assassino e o colocar atrás das grades o mais rapidamente possível, algo que não será tão simples de realizar. História baseada em fatos reais.

Comentários:
Apesar do tema interessante, envolvendo um dos mais famosos serial killers da história, esse filme apresenta muitos problemas. O principal deles é apostar em um enredo puramente ficcional. Tirando as mortes do assassino, que de fato aconteceram e chocaram a Inglaterra vitoriana, nada mais do que você verá em cena foi real ou aconteceu realmente. Tudo bem que a verdadeira identidade de Jack jamais foi solucionada inteiramente (embora recentemente estudos envolvendo até mesmo DNA comprovem que ele teria sido Aaron Kosminski, um imigrante russo que foi para a Inglaterra em busca de novas oportunidades de vida), mas a questão é que deveriam ter caprichado um pouco mais. Para falar a verdade é um filme que, apesar de hoje em dia ostentar um certo status cult, não passa de uma produção simples e sem maiores atrativos. Logo após as mortes o roteiro sugere que o assassino seria um renomado médico de Londres, um sujeito com título de nobreza (uma velha suspeita que teria envolvido até mesmo o médico da casa real na época dos crimes). Depois as pistas vão sendo deixadas ao espectador, sendo que a maioria delas não passam de farelos de pão para confundir o caminho em direção ao verdadeiro culpado. As mortes das prostitutas, que deveria ser um dos pontos altos do filme, jamais se mostram bem feitas. Não são bem realizadas e contém erros grosseiros em relação ao que aconteceu. Na verdade as vítimas sequer surgem estripadas, ignorando até mesmo o nome que tornou infame o assassino por todos esses anos. Em suma, para quem estiver em busca de um bom filme sobre esse famoso serial killer não recomendaria essa antiga produção. Muito ultrapassada, com óbvio jeito de filme B. Ela é modesta demais em seus objetivos e resultados e deixa bastante a desejar. Esqueça!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Meu Maior Amor

Título no Brasil: Meu Maior Amor
Título Original: My Foolish Heart
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Mark Robson
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein
Elenco: Susan Hayward, Dana Andrews, Kent Smith, Lois Wheeler
  
Sinopse:
Após vários anos de casamento, Eloise Winters (Susan Hayward) não consegue mais esconder sua frustração e infelicidade. Acontece que ela se casou com um homem que não amava. Para superar isso bebe cada vez mais, algo que se torna insuportável para seu marido. Após vários meses sem rever sua amiga Mary Jane (Lois Wheeler) ela a recebe em casa e começa a recordar os anos felizes do passado, quando viveu uma grande história de amor ao lado do militar Walt Dreiser (Dana Andrews). O destino porém não quis que esse grande romance se eternizasse. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Susan Hayward) e Melhor Música Original ("My Foolish Heart" de Victor Young e Ned Washington).

Comentários:
Um belo drama romântico cujo roteiro extremamente sentimental procura explorar a vida infeliz e cheia de mágoas da protagonista Eloise Winters. Interpretada com maestria pela talentosa atriz Susan Hayward, ela é uma mulher que não conseguiu encontrar a verdadeira felicidade em sua vida amorosa. Após ver o grande amor de sua vida partir, ela afunda em um mar de sentimentos de ressentimento, mágoas e frustrações que não consegue mais lidar. Para suportar começa a beber e afiar cada vez mais a sua acidez verbal, usando como alvo justamente seu atual marido, um homem que ela definitivamente nunca amou! Em situações assim a vida conjugal logo se torna um verdadeiro inferno doméstico, o que faz com que a iminência do divórcio se torne cada vez mais presente. O roteiro é na verdade um longo flashback. Após receber a amiga Mary Jane em seu lar problemático, Eloise começa a recordar o passado e assim o espectador é levado até os anos em que ela era apenas uma jovem estudante. Durante um baile conhece o bonito e charmoso Walt Dreiser (Dana Andrews) e fica logo perdidamente apaixonada por ele. Um caso de amor à primeira vista! Ao contrário dos outros homens de sua idade, Dreiser também tem um bom humor à toda prova, o que o torna ainda mais atraente. Depois de alguns encontros e desencontros eles começam finalmente um romance ardente, mas os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial e Dreiser é logo convocado para servir em um dos bombardeiros da força aérea americana sobre a Europa. A partir daí a vida de Eloise muda para sempre. Particularmente gostei de tudo no filme, do seu ritmo, do clima romântico, nostálgico e afetuoso, mas principalmente da atuação de Susan Hayward. Indicada ao Oscar merecidamente por essa atuação ela está em estado de graça em cena. É interessante porque é um dos filmes em que a atriz está mais bonita, valorizada enormemente por uma bela fotografia em preto e branco, além de um figurino elegante que realça ainda mais sua beleza. Para os que admiram a carreira de Susan esse é certamente um filme obrigatório. Já para os românticos de plantão será com certeza um excelente programa para assistir a dois. Está mais do que recomendado. 

Pablo Aluísio.

O Amor que Me Deste

Título no Brasil: O Amor que Me Deste
Título Original: Homecoming
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: Sidney Kingsley, Jan Lustig
Elenco: Clark Gable, Lana Turner, Anne Baxter, John Hodiak
  
Sinopse:
A vida corre maravilhosamente bem para o Dr. Ulysses Johnson (Clark Gable), um médico de sucesso e cirurgião respeitado, que agora colhe os frutos de seu êxito profissional ao inaugurar sua própria clínica particular. Ele planeja em breve se casar com a doce e terna Penny Johnson (Anne Baxter), sua noiva de muitos anos. Ela parece ser o tipo de mulher que se tornará a esposa ideal, atenciosa e devotada ao seu amado. Tudo muda da noite para o dia porém quando os Estados Unidos entram na II Guerra Mundial. Atendendo o chamado da pátria o Dr. Johnson se alista nas forças armadas. Com a patente de Major é enviado para a Europa onde conhece a enfermeira e tenente Jane 'Snapshot' McCall (Lana Turner) que irá balançar o seu coração.

Comentários:
Muitos cinéfilos só conhecem o trabalho do mito Clark Gable através de seus mais famosos filmes, como por exemplo, o clássico "E o Vento Levou". A carreira do ator porém foi muito além disso. Um exemplo temos aqui nesse romance de guerra chamado "O Amor que Me Deste". Inicialmente é importante frisar que embora sua história se passe na II Guerra o foco de seu roteiro é realmente os dramas passionais pelos quais passa o protagonista, Dr. Johnson (Gable). Ele acha que finalmente encontrou o rumo certo de sua vida ao ver sua carreira profissional ser um sucesso ao mesmo tempo em que pretende se casar com a bela Penny (Baxter), para ele naquele momento de sua vida, a mulher ideal de seus sonhos. Suas convicções mudam completamente quando ele vai para a guerra, trabalhar como médico no front. Lá ele descobre finalmente o lado humano da medicina, de sua profissão, ao ter que lidar com jovens combatentes morrendo em suas mãos. Ao mesmo tempo começa a nutrir uma paixão pela tenente 'Snapshot' (Turner) que trabalha ao seu lado como enfermeira. Ela é o extremo oposto de sua querida Penny. Enquanto a mulher que deixou nos Estados Unidos é submissa e pacata, tipicamente uma dona de casa e do lar, a tenente é espevitada, brigona e petulante! Mesmo sendo tão diferente da outra o Dr. Johnson logo se vê apaixonado por ela! A independência de Snapshot e sua disposição para encarar o Major de frente acaba se revelando algo extremamente atraente para ele. Muitos homens realmente sentem uma grande atração por mulheres desafiadoras e independentes!

O roteiro também trabalha muito bem na mudança de personalidade do personagem de Gable. Antes da guerra, enquanto trabalha como médico de sucesso nos Estados Unidos, ele se mostra como um sujeito egocêntrico, centrado em si mesmo e mais preocupado em ficar rico com a medicina do que qualquer outra coisa. Chega ao ponto de recusar o pedido de ajuda de um médico que estudou ao seu lado na faculdade para ajudar pessoas pobres que estão morrendo por um surto de malária em um vilarejo pobre de sua região! Quando vai para a guerra e vê o sofrimento de jovens americanos perdendo suas vidas em prol de uma causa, ele muda completamente seu modo de ver o mundo e passa a entender finalmente que a medicina não pode ser encarada apenas em seu sentido mercadológico! Um roteiro muito bem trabalhado nesse sentido. Em termos de elenco, além da sempre preciosa atuação de Clark Gable, temos uma Lana Turner bem diferente. Ela se despiu de maiores vaidades para esse papel, abraçando um visual bem mais casual, praticamente sem maquiagem, o que curiosamente realçou ainda mais sua beleza natural. Seu desempenho é ótimo, a ponto inclusive de ter sido considerada injustiçada por não levar uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz naquele ano. Sua química ao lado de Gable também funciona muito bem o que é crucial em um romance como esse. A direção foi entregue ao sofisticado cineasta Mervyn LeRoy, um diretor que valorizava especialmente o lado mais humano dos seus personagens. No geral "Homecoming" é um grande filme, uma excelente produção do cinema clássico americano, valorizado ainda mais por sua proposta principal ao demonstrar que o amor pode brotar nas situações mais diversas, inclusive em pleno campo de batalha de uma das mais sangrentas guerras da história.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Noiva Desconhecida

Título no Brasil: A Noiva Desconhecida
Título Original: In the Good Old Summertime
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Robert Z. Leonard
Roteiro: Albert Hackett, Frances Goodrich
Elenco: Judy Garland, Van Johnson, S.Z. Sakall, Buster Keaton
  
Sinopse:
Veronica Fisher (Judy Garland) e Andrew Delby Larkin (Van Johnson) trocam cartas românticas apaixonadas por um serviço de correspondência para pessoas que desejam arranjar um novo amor, porém não conhecem a verdadeira identidade um do outro. O que eles nem desconfiam é que verdade já se conhecem e muito, pois são colegas de trabalho, vendedores da loja de instrumentos e partituras musicais do Sr. Otto Oberkugen (S.Z. Sakall). Pior do que isso, eles não simpatizam mutuamente e vivem brigando, o que causará inúmeros problemas quando resolverem finalmente marcar um encontro às escuras. Filme indicado ao WGA Award na categoria de Melhor Musical.

Comentários:
Judy Garland era uma artista completa. Dançava, cantava e atuava muito bem. Ela se consagrou ainda muito jovem quando interpretou Dorothy no clássico imortal "O Mágico de Oz". Depois daquele filme inesquecível a MGM a escalou para várias produções obviamente aproveitando seus inúmeros talentos. Nesse "A Noiva Desconhecida" Judy já não surge como aquela encantadora garotinha. Ela agora é uma mulher adulta em busca de trabalho. Depois de muito procurar ela acaba arranjando um emprego de vendedora na simpática loja do rabugento Sr. Otto. Em uma época em que ainda não havia discos, lojas como essas faturavam bastante vendendo partituras musicais. Essas por sua vez eram tocadas em saraus elegantes nas casas das famílias mais ricas de Chicago. Para mostrar como eram as músicas dessas partituras todas as lojas precisavam ter em seu quadro de funcionários uma cantora ou cantor para interpretar as partituras aos clientes. É justamente isso que a personagem de Garland faz em seu trabalho, o que abre margem para vários números musicais bem suaves e ternos. O roteiro desse filme traz além de boas canções uma trama romântica que consegue ser ao mesmo tempo bem divertida. Veronica (Garland) sonha em encontrar o homem de seus sonhos. 

Para isso ela acaba entrando em um programa de correspondência anônima onde troca cartas apaixonadas com potenciais pretendentes. E ela acaba se apaixonando por um deles, sem saber que na verdade o autor dos belos poemas de amor é o seu próprio colega de trabalho, o Sr. Larkin (Johnson) de quem ela inclusive não gosta e nem simpatiza. Esse argumento provavelmente lhe lembrará de um filme com Tom Hanks e Meg Ryan chamado "Mens@gem Pra Você". A coincidência é facilmente explicada pois ambos os filmes foram baseados na peça "Parfumerie" de Miklós László. A única diferença óbvia é que a segunda versão dos anos 1990 se aproveitou da popularização da informática para aproximar os dois apaixonados anônimos que ao invés de trocarem cartas usavam E-Mails. Fora isso temos basicamente as mesmas situações. De uma forma ou outra o fato é que "A Noiva Desconhecida" é um belo romance musical muito simpático, leve e divertido, contando com a presença muito especial da imortal Judy Garland que inclusive colocou sua própria filhinha, ainda bebê (nada menos do que a futura estrela Liza Minnelli), na última cena do filme. Um momento realmente encantador que serve para fechar com chave de ouro esse carismático musical.

Pablo Aluísio.

Ainda Serás Minha

Título no Brasil: Ainda Serás Minha
Título Original: Somewhere I'll Find You
Ano de Produção: 1942
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Wesley Ruggles
Roteiro: Charles Hoffman, Walter Reisch
Elenco: Clark Gable, Lana Turner, Robert Sterling
  
Sinopse:
Paula Lane (Lana Turner) é uma jovem jornalista em busca de sua primeira grande chance profissional. Depois de um tempo tentando ser levada a sério ele consegue ser enviada pelo jornal onde trabalha como correspondente de guerra na Indochina. Se a vida profissional vai bem para Paula, o mesmo não se pode dizer dos assuntos do coração. Ela namora sério com Kirk 'Junior' Davis (Robert Sterling), mas na verdade é loucamente apaixonada por seu irmão, Jonathon 'Jonny' Davis (Clark Gable). Enquanto tenta decidir com quem ficará todos são enviados para o oriente para registrar a nova guerra mundial que se aproxima.

Comentários:
Um filme pouco conhecido nos dias de hoje que conta com duas grandes estrelas em seu elenco: o eterno galã Clark Gable e uma das atrizes mais populares daquela época, a bela loira platinada Lana Turner. O jornalista interpretado por Gable traz várias características que marcaram muito sua carreira nas telas. Ele é levemente cínico, faz o estilo mais cafajeste e sempre tem uma ironia mordaz na ponta de língua. Para completar seu jeito mau caráter ele também começa a se insinuar para a própria noiva de seu irmão, a também jornalista Paula Lane (Lana Turner). E ela é caidinha por ele. Sempre se provocando com diálogos picantes os dois passam o filme inteiro se separando e voltando. O irmão de Gable faz o tipo certinho para fazer um contraponto com o tipo conquistador inveterado do famoso galã. Por falar em diálogos alguns deles são extremamente ousados. Em determinado momento Gable conhece uma garota de programa em um bar e ela lhe diz com toda a sensualidade que está pronta para apagar sua tocha na cama do quarto de hotel! Ora, nos anos 1950 isso causaria um verdadeiro problema por causa do falso moralismo do Macartismo. Já em plena segunda guerra não havia esse problema, uma vez que a autocensura ainda não havia chegado para valer nos estúdios. O roteiro tem um pegada leve, de comédia romântica mesmo, com boas cenas de amor entre Gable e Turner. Lana era muito sensual e como estava ainda bem jovem quando fez o filme sensualiza muito bem a cada momento - com direito até a mordidinhas na orelha de Clark Gable. Já para quem for atrás de cenas de batalha é melhor desistir. Só existe uma sequência rápida de guerra, já no final, com menos de 10 minutos de duração. A coisa toda foi construída mesmo em torno do triângulo amoroso dos protagonistas (Gable, Turner e Sterling). Fora disso não há maiores atrativos para quem procura por algo diferente ou mais movimentado.

Pablo Aluísio

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Todos os Irmãos Eram Valentes

Filmes de aventuras nos sete mares se tornaram uma das maiores tradições da era de ouro de Hollywood, em sua fase clássica. Aqui temos mais um exemplo, só que ao contrário dos filmes estrelados por Errol Flynn, aqui não temos piratas e nem lutas de capa e espada. A história se passa em meados do século XIX, quando prosperou na costa leste dos Estados Unidos uma rica indústria pesqueira baseada no óleo retirado das baleias. Esse produto era usado para diversos fins, era muito lucrativo e por isso a caça a esses animais se proliferou. O protagonista do filme é justamente um capitão de um veleiro baleeiro chamado Joel Shore (Robert Taylor). De volta ao lar depois de passar dois anos no Pacífico Sul, ele decide se casar com a bela Priscilla 'Pris' Holt (Ann Blyth), representando aqui a amada deixada para trás. Depois de uma breve cerimônia, Shore é contratado para capitanear uma nova embarcação. Ele aceita o convite, mas deixa claro que não irá apenas atrás das baleias, mas também atrás de seu irmão, Mark Shore (Stewart Granger), que seguindo a tradição familiar também era um capitão de veleiros. Durante uma viagem pelos mares do sul ele simplesmente desapareceu. Assim Joel decide seguir seus passos, mesmo sabendo que ele poderia naquela altura já estar morto.

O filme tem uma bonita produção. A direção de fotografia a cargo de George J. Folsey foi inclusive indicada ao Oscar, merecidamente aliás. O filme foi realizado no Caribe, nas costas da Jamaica, o que trouxe um visual belíssimo para as cenas. Outra indicação deveria ter sido dada para os efeitos especiais. Há cenas extremamente bem realizadas durante a caça às baleias, cenas inclusive que me lembraram bastante do grande clássico Moby Dick (que aliás tem sua história passada no mesmo contexto histórico do enredo desse filme, trazendo daí suas semelhanças). Outro fato curioso é que o filme ainda contou com navios verdadeiros, que ainda existiam na época, fazendo com que uma grande dose de veracidade histórica acompanhasse o elenco nesses ricos cenários. Enfim, um filme de sete mares mais do que recomendado. Com um roteiro bem sóbrio, não apelando para duelos de espadas com piratas e coisas afins, esse filme surpreende por ser ao mesmo tempo bem pé no chão, sem com isso perder sua dose de diversão e aventura.

Todos os Irmãos Eram Valentes (All the Brothers Were Valiant, Estados Unidos, 1953) Direção: Richard Thorpe / Roteiro: Harry Brown, baseado na novela histórica escrita por Ben Ames Williams / Elenco: Robert Taylor, Stewart Granger, Ann Blyth / Sinopse: Destemido capitão de um navio baleeiro em expedição pelos mares do Pacífico Sul decide procurar pelo paradeiro de seu irmão, também capitão, que desapareceu há alguns meses nas ilhas daquela região inexplorada e selvagem.

Pablo Aluísio.

Ratos Humanos

Na véspera do julgamento do gângster Benjamin Costain (Lorne Greene), a principal testemunha de acusação é covardemente assassinada. Isso cria um grande problema para o promotor público Lloyd Hallett (Edward G. Robinson) que deseja ver a condenação de Costain de todas as formas. Assim ele vai até a prisão estadual para tentar convencer Sherry Conley (Ginger Rogers), que está em regime fechado, a testemunhar contra Costain. Em troca de seu testemunho ele promete uma comutação em sua pena. Sherry parece intimidada e nada disposta a aceitar o convite. O promotor então decide tirá-la da prisão por alguns dias, para levá-la até um apartamento no centro da cidade, onde terá maiores chances de fazer Sherry testemunhar contra o criminoso. Ela passa assim a ser protegida pelo tira Vince Striker (Brian Keith). Não será algo fácil de fazer, já que o mafioso já descobriu que o promotor deseja usá-la no julgamento. Agora ele pretende matá-la de todas as formas, pois sua liberdade está em jogo.

"Ratos Humanos" é um bom filme de gângster. Toda a trama se passa em apenas dois dias, justamente os que antecedem o grande julgamento do mafioso Costain. Tudo é feito para que Sherry (interpretada por Ginger Rogers, com cabelos bem curtinhos) aceite testemunhar contra o criminoso que o promotor interpretado pelo ator Edward G. Robinson quer que seja condenado e deportado do país. O papel de Robinson aliás não deixa de ser bem curioso pois ele fez sua carreira interpretado gângsters perigosos, mas aqui surge do lado da lei, como um promotor. A direção de Phil Karlson é enxuta. Ele se limita a contar bem sua história, sem perda de tempo e nem exageros. Ginger Rogers, que foi a atriz mais bem paga de Hollywood durante os anos 40, por causa de seus musicais ao lado de Fred Astaire, se saiu muito bem nesse papel mais dramático. Sua personagem fala pelos cotovelos, seus diálogos são longos, de complicada memorização, em grandes cenas e sequências. Ela aliás está em noventa por cento das cenas. Não foi um trabalho fácil. Mesmo assim se saiu muito bem, nessa atuação de sua fase mais madura. O grande atrativo desse filme vem justamente disso, da oportunidade de conferir mais o lado de atriz da estrela Ginger Rogers, que aqui obviamente não dança e nem canta. No final de tudo ela demonstra que era muito mais do que apenas uma grande dançarina. Era de fato também uma atriz de talento dramático admirável.

Ratos Humanos (Tight Spot, Estados Unidos, 1955) Direção: Phil Karlson / Roteiro: William Bowers, Leonard Kantor / Elenco: Ginger Rogers, Edward G. Robinson, Brian Keith, Lorne Greene / Sinopse: Sherry Conley (Ginger Rogers) é tirada da prisão pelo promotor público Lloyd Hallett (Edward G. Robinson). Ele pretende que ela seja testemunha contra o violento gângster Benjamin Costain (Lorne Greene). Para evitar que seja morta pelo criminoso, Lloyd a deixa sob a proteção do policial Vince Striker (Brian Keith).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Cowboy do Asfalto

Dar uma visão do cowboy americano da atualidade – essa é a proposta desse “Cowboy do Asfalto”, produção estrelada por John Travolta no auge de sua carreira. No filme acompanhamos as mudanças pelas quais passa Bud Davis (John Travolta), um rapaz do interior que se muda para a cidade grande em busca de novas oportunidades. E lá que seu tio vai lhe dar uma mão na busca de um emprego e um novo lugar para morar. Recém chegado logo começa a trabalhar numa refinaria como operário. Com os trocados que ganha durante a semana no trabalho duro o jovem Bud vai para os bailes de música country no fim de semana. Em uma dessas noites ele acaba conhecendo Sissy (Debra Winger), uma garota que adora o universo country. Depois de uma paixão avassaladora resolvem dar o grande passo de suas vidas, se casando de forma até prematura. O que parecia ser um belo caminho a trilhar em suas vidas infelizmente logo começa a ruir com os problemas do cotidiano. Falta de grana e meios para se viver melhor. A grande chance de dar a volta por cima acaba vindo em torno de uma competição esportiva de montaria ao touro mecânico, que promete pagar um belo prêmio ao último cowboy que conseguir ficar firme na montaria até o apito final.

“Cowboy dos Asfalto” é interessante porque conseguiu captar a vida de dois jovens comuns que apaixonados vivem as incertezas do casamento. Durante a semana eles pegam pesado no batente, geralmente em empregos desgastantes e sem nenhum atrativo mas extravasam suas frustrações durante o fim de semana quando se vestem como vaqueiros do interior, dançam e se divertem ao som de muita música country, participando de competições do gênero como a montaria no touro mecânico. Travolta, cheio de maneirismos, repete de certa forma seu tipo de interpretação que havia desenvolvido em filmes como “Grease” e “Os Embalos de Sábado à Noite”. A única novidade é o universo country ao seu redor. Melhor se sai Debra Winger como a jovem que só quer ser feliz ao lado do amor de sua vida. O filme tem muita música, dança (como era de se esperar de um filme com John Travolta naquela época) e romance. Revendo hoje em dia o filme ganha muito no aspecto nostalgia (principalmente para quem foi jovem nas décadas de 70 e 80) e por isso vale ser revisto. Ah e antes que me esqueça: a trilha sonora de “Cowboy do Asfalto” é um prato cheio para quem gosta de música country, inclusive com a participação de muitos cantores famosos na época. Se você é fã do estilo não deixe de ver.

Cowboy do Asfalto (Urban Cowboy, EUA, 1980) Direção: James Bridges / Roteiro: Aaron Latham, James Bridges / Elenco: John Travolta, Debra Winger, Scott Glenn / Sinopse: O filme narra os problemas e o romance de um casal de jovens que vivem em uma grande cidade americana mas que procuram preservar as suas origens dentro do universo country.

Pablo Aluísio.

A Balada de um Pistoleiro

Título no Brasil: A Balada de um Pistoleiro
Título Original: The Ballad of a Gunfighter
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Bill Ward Pictures
Direção: Bill Ward
Roteiro: Bill Ward
Elenco: Marty Robbins, Traveler, Joyce Redd, Nestor Paiva, Michael Davis, Laurette Luez
  
Sinopse:
Após o fim da guerra civil americana, um veterano confederado interpretado por Marty Robbins, resolve esconder o ouro roubado por seu bando em um pequeno e pobre vilarejo no velho oeste. Ele dá a fortuna para que o padre da pequena igreja local o esconda. Isso acaba criando uma grande tensão com o líder da quadrilha que deseja não apenas colocar as mãos no ouro como também na mulher de Robbins. Apenas o duelo de armas fumegantes colocará um fim na acirrada rivalidade.

Comentários:
Produção B que chegou a ser lançada no Brasil nos tempos do VHS. É curioso isso uma vez que o filme nunca foi exatamente popular ou conhecido, sendo de complicado acesso até mesmo entre colecionadores americanos. Isso se deve em parte ao fato de que a produtora original do filme, Bill Ward Pictures, faliu ainda na década de 1960, tendo seu acervo disperso, sendo que muitas dessas produções de faroeste de orçamento limitado simplesmente se perderam. Essa fita aqui sobreviveu. O destaque para o fã de western vem da presença do cowboy cantor Marty Robbins. Ele foi um astro de segundo escalão até bem popular naqueles anos, sempre dando pequenas canjas nos filmes, cantando uma ou outra música e desfilando com seu famoso cavalo branco Traveller (que chegou inclusive a ganhar seu próprio título de quadrinhos!). O filme como um todo é apenas razoável, bem ao estilo matinê. Na verdade era aquele tipo de produção mais modesta que fazia a alegria da garotada nos cinemas durante os fins de semana. Um produto nostálgico que a despeito de seu charme vintage perdeu muito com o passar dos anos. Datado e ultrapassado só valerá mesmo como item de raridade em sua coleção de faroestes. Como produto cinematográfico porém é uma obra menor.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Choque de Ódios

Título no Brasil: Choque de Ódios
Título Original: Wichita
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Jacques Tourneur
Roteiro: Daniel B. Ullman
Elenco: Joel McCrea, Vera Miles, Lloyd Bridges
  
Sinopse:
1874. A cidade de Wichita é um dos lugares mais violentos do velho oeste. Não há lei e nem ordem. O que vale é a força das armas. Nesse ambiente onde tudo parece perdido chega um forasteiro chamado Wyatt Earp (Joel McCrea) que está disposto a aceitar o emprego que ninguém mais quer: o de xerife! Com a estrela de prata no peito e um colt nas mãos ele então parte disposto a limpar a cidade de todos os bandidos e foras da lei que encontrar pela frente. Não será algo fácil, mas Earp está decidido a vencer o desafio.

Comentários:
O lendário xerife Wyatt Earp inspirou muitos filmes de faroeste ao longo dos anos. Sua história, embora muito contestada por historiadores mais recentes, não deixa de dar frutos, mesmo nos dias de hoje. Já nos anos 1950 seu nome era sinônimo de chamariz para boas bilheterias. Aqui o ator Joel McCrea o interpreta. Sempre achei Joel muito adequado para esse personagem, não apenas pelo fato dele ter sido um ótimo astro de faroeste na era de ouro, como também pelo fato de ser ele mesmo muito parecido fisicamente com o verdadeiro Earp. Curiosamente essa lenda criada em torno do nome do velho homem da lei se deve muito a ele mesmo. No final da vida Earp foi até Hollywood servir como consultor para alguns filmes, ainda na época do cinema mudo. Lá teve contato com roteiristas e produtores que resolveram transformar sua própria história em material para vários filmes. Nessa versão, que é um tanto convencional para o cinema dos anos 50, o que mais chama a atenção é o elenco, realmente muito bom. Além de McCrea temos ainda a bela Vera Miles e a competência do veterano Lloyd Bridges. Assim embora o filme seja na média não deixa de se tornar uma ótima diversão nostálgica.

Pablo Aluísio.

Armando o Laço

Título no Brasil: Armando o Laço
Título Original: West of the Divide
Ano de Produção: 1934
País: Estados Unidos
Estúdio: Paul Malvern Productions
Direção: Robert N. Bradbury
Roteiro: Robert N. Bradbury
Elenco: John Wayne, Virginia Brown Faire, George 'Gabby' Hayes
  
Sinopse:
Dois cowboys, Ted Hayden (John Wayne) e seu amigo Dusty Rhodes (George 'Gabby' Hayes), se deparam com um fora da lei à beira da morte durante uma viagem pelo deserto do Arizona. O sujeito chamado Gatt Ganns esteve envolvido na morte e desaparecimento de um rico fazendeiro da região. Ao que tudo indica o próprio irmão da vítima era o autor do crime. Ted então resolve assumir a identidade do pistoleiro Ganns, para assim reunir mais provas contra as pessoas envolvidas no crime.

Comentários:
Muitos conhecem os filmes de John Wayne a partir dos anos 1950 ou então de uma fase mais avançada, já na década de 1970 quando realizou seus últimos filmes (Wayne faleceu em 1979). Assim a grande maioria de sua filmografia segue sendo ignorada por grande parte dos cinéfilos. O fato é que Wayne estrelou dezenas de filmes na década de 1930. Essas películas mais antigas podem ser encaradas como versões em faroeste dos filmes de matinê que eram bem populares naqueles tempos distantes. Em certo aspecto John Wayne ainda não havia encontrado seu estilo. Grandalhão, ele procurava seguir os passos de Tom Mix, inclusive usando seu figurino em cena. Grandes chapéus e armas absurdamente chamativas (cheias de detalhes dourados em seus canos, tal como era moda country daquele período). O filme tem roteiro básico, tudo muito simples, mas que certamente soava muito divertido para a garotada (que formava a massa do público para esse tipo de fita de bang bang). Com apenas 54 minutos o filme, apesar de extremamente curto, chegou a incomodar em seu lançamento pois para alguns setores era violento demais para os garotos que pegavam alguns centavos de dólar por uma entrada. Sinal de tempos mais inocentes e ingênuos, certamente.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de novembro de 2017

Hondo - Caminhos Ásperos

Hondo Lane (John Wayne) é um pistoleiro que atravessa o deserto sozinho ao lado de seu cão Sam durante as chamadas guerras Apaches. No caminho acaba encontrando um pequeno rancho onde vivem Angie (Geraldine Page) e seu pequeno filho. Estão sozinhos pois seu marido saiu atrás de parte de seu rebanho, mas jamais retornou. O problema é que em breve os Apaches chegarão no local e Hondo não consegue convencer a jovem senhora a abandonar o local onde vive. Esse "Hondo - Caminhos Ásperos" me surpreendeu por alguns motivos. O primeiro é o próprio personagem interpretado por John Wayne. Um pistoleiro de passado nebuloso. Sua caracterização de viajante no meio do nada ao lado de seu cachorro seria imitada anos depois em filmes tão diferentes como "Mad Max" (Há uma clara citação do diretor George Miller sobre isso) e até mesmo por Clint Eastwood em "O Estranho Sem Nome" (solidificando ainda mais a figura do pistoleiro solitário sem passado e nem identidade). Perceba que o roteiro não se preocupa em desvendar o passado de Hondo. Ele é sempre uma figura que parece guardar algum tipo de mistério sobre si mesmo, algo que ele não quer ou não pode revelar. Outro aspecto curioso na produção é a forma como Wayne lida com um papel de mestiço, algo que acontecia pela primeira vez em sua carreira. Hondo Lane é metade apache e metade branco. Por uma ironia do destino acaba se vendo envolvido em um conflito que mal consegue entender, envolvendo homens brancos e indígenas.

No final do filme, ao saber que provavelmente os apaches serão todos liquidados pela cavalaria americana, ele diz uma frase que resume seu estado de espírito: "Isso não será apenas o fim dos apaches, mas sim o fim de um modo de viver.... e um bom modo de se viver, é bom salientar". Quem diria que o conservador Wayne iria abrir espaço para um diálogo tão socialmente consciente e politicamente correto como esse? Deixando de lado todos esses aspectos sociais, é bom deixar claro que como puro cinema de entretenimento o filme funciona muito bem. Cinematograficamente falando o western é muito bom. Seu elenco, em especial, chama a atenção. Além de John Wayne - sempre uma presença carismática, aqui valorizado pelo bom personagem - ainda temos a grande atriz Geraldine Page dividindo a tela com ele. Considerada uma das grandes atrizes do cinema americano, nesse faroeste ela interpreta uma jovem rancheira que se recusa a abandonar seu lar frente à ameaça apache que ameaça vir das montanhas rochosas. Suas cenas com o Duke são muito boas e bem escritas, o que garantem a qualidade do filme também nos quesitos atuação e diálogo. John Wayne e Geraldine Page ficam praticamente sozinhos no rancho no terço inicial de "Hondo" e se não se entrosassem bem em cena certamente o roteiro perderia parte importante de seu impacto. Felizmente isso não ocorre. Ambos estão perfeitos em seus respectivos personagens. Em suma "Hondo" é um western de primeira, com belas atuações e cenários naturais grandiosos. Item para se ter em sua coleção.

Hondo - Caminhos Ásperos (Hondo, Estados Unidos, 1953) Direção: John Farrow / Roteiro: James Edward Grant, Louis L'Amour / Estúdio: Warner Bros / Elenco: John Wayne, Geraldine Page, Ward Bond / Sinopse: Durante as guerras índigenas um cowboy chamado Hondo Lane (John Wayne) chega até um rancho isolado, situado numa região distante e inabitada. O lugar está bem no meio do território onde índios e o exército americano lutam. Mesmo com o perigo rondando ela se recusa a ir embora, deixando tudo o que tem para trás. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Geraldine Page) e Melhor Roteiro Adaptado (baseado no conto "The Gift of Cochise").

Pablo Aluísio.

A Marca do Renegado

Título no Brasil: A Marca do Renegado
Título Original: The Mark of the Renegade
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Hugo Fregonese
Roteiro: Johnston McCulley, Robert Hardy Andrews
Elenco: Ricardo Montalban, Cyd Charisse, J. Carrol Naish

Sinopse:
Mesmo tendo nascido em origem nobre, Marcos Zappa (Ricardo Montalban) decide zarpar em um navio pirata do século XIX em busca de aventuras. Depois de cruzar os sete mares ele desembarca na costa da Califórnia, naquela época ainda sob domínio do império mexicano. Lá acaba sendo designado por um político influente para conhecer e conquistar o coração da filha de seu inimigo. O objetivo é desmoralizar a dinastia familiar de seu oponente. Zappa porém tem outros planos para esse relacionamento.

Comentários:
Pequeno filme de curta duração (pouco mais de 70 minutos de metragem) que mescla filmes de aventuras ao estilo "piratas dos sete mares" com western. O personagem de Ricardo Montalban vai parar na Califórnia dos tempos pioneiros, onde acaba enrolado numa série de intrigas políticas. O filme me deixou a impressão de tentar seguir os passos de outro grande sucesso da época, "A Marca do Zorro". A ambientação é praticamente a mesma, o personagem principal é um exímio espadachim, dado a aventuras e galanteios com as moças da região. E ele também tem sua marca, a letra "R" de renegado que foi colocada em sua testa. Falastrão e fanfarrão, é de fato uma adaptação, algumas vezes pouco sutil, do famoso personagem Zorro. Fica também claro o tempo todo que a Universal estava empenhada em transformar seu jovem ator, Ricardo Montalban, em um astro. Embora interprete o personagem de um pirata, ele logo demonstra suas origens nobres ao pedir pratos requintados e vinhos de qualidade nas tavernas por onde passa. Seu figurino também chama a atenção, bem vistoso e chamativo. Assim grande parte da película é investida no visual do sujeito, quase sempre sem camisa e mostrando uma ótima forma física. O filme não se destaca cinematograficamente em nada, a não ser se encarado como uma aventura escapista, com toques de western. Uma produção B, tipicamente de matinês.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de novembro de 2017

A Volta dos Homens Maus

Título no Brasil: A Volta dos Homens Maus
Título Original: Return of the Bad Men
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Ray Enright
Roteiro: Charles O'Neal, Jack Natteford
Elenco: Randolph Scott, Robert Ryan, George 'Gabby' Hayes, Anne Jeffreys
  
Sinopse:
Uma quadrilha formada por alguns dos mais infames pistoleiros do velho oeste como Billy The Kid, Sundance Kid, os irmãos Youngers e os irmãos Daltons se unem para promover uma série de ações criminosas em pequenas cidades do território de Oklahoma. Uma jovem chamada Cheyenne (Anne Jeffreys) resolve também se unir ao bando, mas durante um assalto a banco acaba sendo atingida por um tiro certeiro em seu ombro. Após cavalgar por várias horas ela acaba indo parar na fazenda do rancheiro aposentado Vance (Randolph Scott) que resolve lhe ajudar. Como é uma garota muito jovem ainda, Vance entende que ela deve largar o mundo do crime, para dar um novo rumo em sua vida.

Comentários:
Mais um bom filme da carreira de Randolph Scott. Inicialmente o fã de western pode vir a pensar que se trataria de uma espécie de sequência de "A Terra dos Homens Maus" de 1946, também estrelado por Randolph Scott. É uma visão equivocada. São dois filmes diversos, com personagens diferentes. O único elo de ligação vem dos roteiros que se aproveitam de bandidos famosos do velho oeste para contar suas estórias. No filme anterior, por exemplo, havia o bando de Jesse James. Já aqui os roteiristas trouxeram outros nomes conhecidos como Billy The Kid (pouco aproveitado) e Sundance Kid (como um pistoleiro com ares de psicopatia). Uma das coisas que mais gostei desse filme foi seu roteiro, muito bem desenvolvido, com ênfase em todos os personagens. O Vance de Randolph Scott, por exemplo, acaba tendo dois interesses românticos na estória. Ora ele se interessa pela jovem cowgirl Cheyenne, ora pretende se casar com a bela e recatada Madge Allen (Jacqueline White). 

A melhor parte acontece quando resolve aceitar o convite para se tornar xerife em uma cidade recém inaugurada, durante a corrida da colonização no Oklahoma. Naqueles tempos as terras do oeste eram doadas pelo governo a quem chegasse primeiro (um fato histórico que foi bem aproveitado em muitos filmes de faroeste ao longo dos anos). Como dono da estrela de prata ele precisa limpar a região dos foras-da-lei e bandoleiros em geral. Uma coisa nada fácil de se conseguir. Agora em termos de elenco quem se destaca mesmo é o veterano George 'Gabby' Hayes. Com seu jeito bem peculiar, servindo como alívio cômico, ele acaba roubando a cena como um dono de banco que acaba se tornando alvo do bando de criminosos. Suas cenas são bem divertidas e Gabby acaba mesmo chamando todas as atenções para si. Por fim, para completar o pacote, a cena final acontece numa cidade fantasma, que na verdade serve de esconderijo para o bando de criminosos. Em suma, não falta mesmo nada nesse bem tradicional western americano da década de 40. Miais um belo momento da filmografia do grande Randolph Scott.

Pablo Aluísio.

Um Dólar para Matar

Título no Brasil: Um Dólar para Matar
Título Original: Bandidos
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Espanha
Estúdio: EPIC, Hesperia Films S.A.
Direção: Massimo Dallamano
Roteiro: Romano Migliorini, Gianbattista Mussetto
Elenco: Enrico Maria Salerno, Terry Jenkins, María Martín
  
Sinopse:
O fora da lei Billy Kane (Venantini) lidera uma quadrilha de bandidos que resolve assaltar um trem em movimento. O saldo é trágico, um verdadeiro massacre. Kane não quer deixar testemunhas e por essa razão manda matar todos os passageiros e tripulantes. Excessivamente cruel, ele não quer deixar ninguém vivo que o possa prejudicar. Porém uma pessoa sobrevive, Richard Martin (Enrico Maria Salerno) que está disposto a acertar contas com Kane e seu bando. 

Comentários:
Mais um western spaguetti produzido no auge do estilo. O diretor Massimo Dallamano assinou como Max Dillman, para dar a falsa impressão de que era um cineasta americano. Uma bobagem, pois os produtores pensavam que assim haveria maior retorno comercial do filme. O fato que importa é que Massimo Dallamano demonstrou muito bem saber o que fazer com sua câmera. Ele criou ótimas sequências de tiroteios onde valorizou bastante o clima de tensão com pistoleiros se escondendo entre as ruelas empoeiradas de uma cidade do velho oeste. O roteiro investe na fórmula da vingança sem limites. Esse tipo de roteiro era bem comum no cinema italiano, pois se mostrava infalível para os admiradores desse tipo de produção. O elenco não traz nenhum astro mais conhecido. O ator Enrico Maria Salerno não era muito conhecido. A boa notícia era que ele foi muito bem dirigido por Dallamano que soube extrair o seu melhor em cena. A trilha sonora não é o que poderíamos dizer como marcante, mas é eficiente. Talvez o excesso de repetições prejudique um pouco, mas temos que dar um desconto pois era algo bem presente em vários filmes spaghetti. Assim deixamos a dica para os que gostam de um bom filme italiano de faroeste, com muitos duelos e violência estilizada. Certamente esses não vão se decepcionar.

Pablo Aluísio.