sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Assassino a Preço Fixo

Não faz muito tempo assisti com o ator Jason Statham o filme "13" que ele rodou ao lado de Mickey Rourke. Um filme de ação stricto senso, ou seja, muito pouco papo furado e ação ao extremo. Esse "Assassino a Preço Fixo" segue basicamente a mesma linha embora "13" fosse de certa forma mais inovador em sua estrutura. Aqui em "The Mechanic" Jason novamente está no submundo, só que vivendo um assassino profissional que se coloca numa situação limite em seu novo "serviço". O roteiro é bastante eficiente, as situações são colocadas sem perda de tempo, as cenas não precisam de muita delonga para acontecerem (ao contrário de filmes recentes de antigos astros de ação como Bruce Willis em que temos que aguentar um monte de piadinhas sem graça)."The Mechanic" não tem humor e nem piadinhas, mas sim ação e tensão da primeira à última cena (ainda bem!).

Em poucas palavras um filme pra apreciadores de filmes de ação sem amenidades e nem bobagens sem graça. Na verdade "Assassino a Preço Fixo" é assim por um motivo muito simples: é uma releitura de um antigo sucesso de Charles Bronson, ator que durante anos realizou filmes de pura ação para os fãs do gênero. Os filmes de Bronson não eram os mais bem produzidos do mundo e nem contavam com roteiros elaborados mas dentro de sua proposta eram bem honestos, não enganando o espectador em nenhum momento. "The Mechanic" é justamente isso. Quem paga para assistir sabe de antemão do que se trata e não é enganado levando gato por lebre. No elenco de apoio dois nomes se destacam: o veterano Donald Sutherland (em um papel pequeno mas importante na trama) e Ben Foster (um ator cujo trabalho gosto muito, sem muito a apresentar em termos de interpretação pois o filme é de ação e não abre margem para maiores vôos nesse sentido mas mesmo assim uma boa adição ao elenco). Em conclusão "Assassino a Preço Fixo" é um competente veículo para os admiradores do gênero ação e pancadaria sem firulas.

Assassino a Preço Fixo (The Mechanic, Estados Unidos, 2011) Direção: Simon West / Roteiro: : Richard Wenk/ Elenco: Jason Statham, Ben Foster, Donald Sutherland, Nick Jonas, Christa Campbell, Jeff Chase, Beau Brasso, Eddie J. Fernandez / Sinopse: Arthur Bishop (Jason Statham) é um assassino profissional que tem uma missão extremamente complicada a realizar: matar seu próprio chefe, Harry (Donald Sutherland). A missão não será tão simples como as demais.

Pablo Aluísio.

Treme

Mais uma ótima série com o selo HBO, que praticamente nunca erra em suas produções. O nível da produção é alto e os roteiros são extremamente bem escritos. O que me levou inicialmente a acompanhar Treme desde o começo foi sua ótima trilha sonora que se utiliza da rica musicalidade de New Orleans, a cidade que é um dos berços do Jazz americano. Os personagens são bem carismáticos (com destaque para o de John Goodman, ótimo como sempre)  A tônica é muito realista, mostrando os desafios da população em reerguer a cidade depois da passagem do furacão Katrina. O que vemos em cena é que não são apenas os políticos brasileiros que são ineficientes mas os americanos também - e muito! Mesmo após tantos anos a cidade continua completamente destruída. Os moradores só contam com eles mesmos para tentar reverter a situação. A burocracia e a crise nos EUA combinadas tornaram tudo muito mais complicado. O Estado americano se mostra tão incompetente quanto o brasileiro. Políticos corruptos a rodo e muita licitação fraudulenta. Parece familiar para você? Pois é. Nós brasileiros criamos essa mentalidade equivocada que apenas a nossa classe política é corrupta e ineficiente sendo a americana um primor. Ledo engano, os políticos americanos são tão corruptos quanto os nossos, os prefeitos e vereadores dos ianques são iguaizinhos. Treme mostra perfeitamente isso. 

O argumento tenta mostrar o cotidiano de típicos moradores da cidade. Assim temos a família negra que perdeu sua casa e não tem onde morar; o professor e escritor universitário que usa a internet para atacar o governo que nada faz em prol da população sem ajuda governamental; a advogada que tenta encontrar um jovem negro que desapareceu sob a custódia da polícia local (também tão violenta e corrupta quanto a nossa); o músico negro que tenta sobreviver de sua arte; a jovem cozinheira que tenta sobreviver numa cidade devastada e por fim um DJ e aspirante a músico que ama a cidade, mesmo ela estando toda quebrada. O retrato de todos esses personagens é muito humano. A série é um tapa na cara da classe política dos EUA e um retrato revelador de seus moradores. New Orleans também é um dos personagens da série. Cidade com muita personalidade e cultura marcante (diferente da maioria das cidades americanas que não tem carisma nenhum), a comunidade tenta sobreviver um dia de cada vez mesmo que tudo ao redor esteja mofado, destruído, alagado. Para piorar ainda mais todos têm que lidar com as altas taxas de criminalidade que assolam as ruas após a tragédia. Enfim, recomendo bastante. Quem ainda não conhece não deixe de dar uma olhada.

Treme (Treme, Estados Unidos, 2010 - 2012) Criado por Eric Overmyer e David Simon / Direção: Anthony Hemingway, Ernest R. Dickerson, Agnieszka Holland entre outros / Roteiro: Eric Overmyer, David Simon, George Pelecanos, entre outros / Elenco: Khandi Alexander, Rob Brown, Kim Dickens, John Goodman, Melissa Leo, Steve Zahn / Sinopse: A série "Treme" mostra a luta do dia a dia dos moradores de New Orleans que tentam voltar ao normal mesmo após o desastre natural que se abateu sobre a comunidade. Abandonados pela classe política eles tentam reerguer tudo contando apenas com si mesmos.

Pablo Aluísio

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Código

Luke Wright (Jason Statham) é um policial que cai em desgraça após entregar tiras corruptos de Nova Iorque. Sem meios de sobrevivência entra para o mundo da luta livre onde acaba descontentando uma máfia de apostas. Perseguido se esconde nas ruas da cidade, em abrigos para sem tetos. Desiludido decide colocar um fim em sua vida no metrô mas no último momento percebe uma pequena garotinha chinesa (Catherine Chan) fugindo de capangas da máfia chinesa. Decide ajudá-la e acaba se envolvendo numa terrível conspiração criminosa envolvendo as máfias russas e chinesas e a banda podre da polícia nova-iorquina."Safe" é o novo filme do astro dos filmes de ação, Jason Statham. Ele já tem seu público formado de admiradores e realiza produtos destinados para esse tipo de público de filmes de muita ação e pancadaria, por isso nem adianta reclamar que suas produções não possuem roteiro e nem boas atuações. Jason não está em cena para atuar mas sim para bater, dar tiros, sopapos e distribuir porradas a atacado!

Esse "Safe" certamente vai satisfazer seu público. O filme me lembrou muito os filmes de ação e artes marciais de Hong Kong. A edição é nervosa, rápida e não perde muito tempo em situações dramáticas. Nos primeiros 20 minutos de filme a trama é apresentada rapidamente, tanto a estória do tira vivido por Jason quanto da garotinha órfã que superdotada é usada pela máfia chinesa para decorar dados sigilosos como senhas, números e receitas de sua organização criminosa. As cenas de pancadaria são em grande número e pelo menos há uma boa sequência com Jason em cima de um vagão de metrô em Nova Iorque. De resto o filme traz no elenco de apoio o sumido Chris Sarandon (o vampiro do primeiro "A Hora do Espanto"). Ele tem apenas duas cenas mas que valem para mostrar que o ator está ainda atuante no cinema. Enfim, "Safe" é indicado para o público que gosta dos filmes de Jason Statham. Para quem o detesta é melhor ficar longe pois o filme é justamente aquilo que parece, sem maiores surpresas.

O Código (Safe, Estados Unidos, 2012) Direção: Boaz Yakin / Roteiro: Boaz Yakin / Elenco: Jason Statham, Catherine Cham, Chris Sarandon / Sinopse: Ex policial conhecido como "o lixeiro" (apelido dado pois gostava de limpar as ruas da escória) acaba ajudando ao acaso uma garotinha chinesa perseguida pelas máfias chinesas e russas. Com seu estilo "quebra ossos" tenta manter a menina a salvo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Monster - Desejo Assassino

O cinema americano já mostrou a vida sinistra de muitos assassinos em série mas esse "Monster" tem um diferencial importante. Mostra a história real de Aileen Wuornos (Charlize Theron), uma das mais famosas Seial Killers americana, acusada de matar vários homens em sua trajetória. O modus operandi de Aileen era relativamente simples: Ela era prostituta de rua e saía geralmente com caminhoneiros ou homens mais velhos. Assim que o programa era acertado eles iam a lugares remotos. Lá Aileen os matava a tiros e depois os roubava, levando consigo tudo o que conseguia encontrar de valor com seus "clientes". Fruto de uma infância terrível onde sofreu abusos de toda ordem, ela se iniciou muito jovem na prostituição, com apenas 13 anos. Todos esses fatos acabaram criando na assassina um transtorno de personalidade conhecido como Borderline. Esse problema mental é causado por histórico de exposição a traumas durante a infância e juventude. As pessoas que desenvolvem essa doença geralmente são impulsivas e não agem de forma racional. Curiosamente mesmo sendo diagnosticada com esse mal ela foi julgada e sentenciada à morte pela justiça americana. Se fosse no Brasil não sofreria pena e nem prisão mas apenas Medida de Segurança. Enviada a uma instituição adequada teria tratamento e acompanhamento médico.

O grande destaque de "Monster", como não poderia deixar de ser, vem da brilhante atuação da atriz Charlize Theron. Vista até  aquele momento como apenas uma beldade nas telas, Charlize aqui surpreende. Com forte maquiagem a atriz fez de tudo para literalmente incorporar a verdadeira assassina. O resultado é excepcional. Theron deixa de existir para dar lugar a Aileen! Ela fez um trabalho primoroso onde reproduz até os mínimos detalhes de ser da verdadeira assassina. Ver uma atuação desse nível e depois ter que encarar essa talentosa profissional fazendo papel de bruxa má em remake de Branca de Neve realmente me deixa perplexo. De qualquer modo Charlize foi reconhecida pelos grandes prêmios pois venceu o Oscar de Melhor Atriz, além de ter sido premiada com o Urso de Prata de Veneza e o Globo de Ouro. Também merece destaque a atuação inspirada de Christina Ricci, que interpreta a namorada lésbica de Charlize no filme. Sem medo de me equivocar digo que é o melhor momento de ambas as atrizes em suas vidas profissionais. Nem antes e nem depois conseguiram desenvolver um trabalho melhor do que esse. Em conclusão afirmo que "Monster" não é uma produção fácil e nem leve. Seu tema é pesado e sua trama não é nenhum conto de fadas. Mesmo assim temos aqui uma obra não menos do que brilhante. Uma ótima crônica que tenta registrar para a posteridade a triste existência de Aileen Wuornos. Não deixe de conferir.

Monster - Desejo Assassino (Monster, Estados Unidos, 2003) Direção: Patty Jenkins / Roteiro: Patty Jenkins / Elenco: Charlize Theron, Christina Ricci, Bruce Dern, Scott Wilson, Lee Tergesen./ Sinopse: O filme conta a história real de Aileen Wuornos (Charlize Theron), assassina em série que se tornou famosa nos Estados Unidos por uma longa série de mortes contra homens que a contratava como prostituta. O filme traz uma visão dura e cruel dessa criminosa.

Pablo Aluísio.

Ruby Sparks - A Namorada Perfeita

Calvin Weir-Fields (Paul Dano) é um jovem escritor em crise criativa que acaba criando em seus textos aquela que seria a namorada perfeita - simpática, amiga, leal, sensual e meiga. Ele lhe dá o nome de Ruby Sparks e pretende escrever com esse personagem o seu próximo grande livro. O problema é que a própria Ruby se materializa em sua vida, se tornando uma pessoa real e não uma mera invenção ficcional. Sabendo que pode determinar os atos de Ruby apenas escrevendo o que espera dela em uma folha de papel, o escritor acaba entrando numa grande confusão. Lida assim a sinopse a primeira impressão é que Ruby Sparks é uma comédia romântica das mais bobas mas para minha surpresa não é. O filme se leva à sério, exagera nas tintas do drama e procura levantar, mesmo que de forma bem superficial, a questão do livre arbítrio e da imagem que projetamos dos outros em nós mesmos. 

A Ruby não tem vontade própria, ela faz o que seu criador deseja. Assim ele projeta nela tudo aquilo que esperaria de uma namorada perfeita mas esse tipo de coisa logo se revela um desastre para Calvin e os outros ao redor. Infelizmente o enredo parte dessa premissa absurda e se o espectador não comprar a idéia do filme então tudo vai por água abaixo. O tom mais sério da trama também pode afastar um pouco seu público alvo, que seria as adolescentes. De qualquer modo o resultado final não é ruim, apenas previsível. O argumento não explica porque uma personagem de ficção se materializou na vida real e os demais personagens do filme assumem isso com absurda naturalidade. O ator que faz o escritor Calvin, Paul Dano, é pouco carismático, para não dizer chato. Quem acaba segurando o filme nas costas é mesmo sua parceira de cena, Zoe Kazan, que também assina o roteiro. Ela é neta do grande cineasta e autor Elia Kazan. Fazendo a fofinha Ruby Sparks ela foi a responsável direta por eu ter ido até o fim do filme. Ela manteve meu interesse. Em suma, Ruby Sparks não é nenhuma maravilha da sétima arte. Embora colocado no nicho das comédias românticas procura ser um pouco mais inteligente do que habitualmente se faz nesse gênero. Não vai agradar a todo mundo mas se você não for muito exigente pode até servir como passatempo para um domingo à noite. 

Ruby Sparks - A Namorada Perfeita (Ruby Sparks, Estados Unidos, 2012) Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris / Roteiro Zoe Kazan / Elenco: Zoe Kazan, Antonio Banderas, Paul Dano, Alia Shawkat, Deborah Ann Woll, Annette Bening, Steve Coogan, Chris Messina, Elliott Gould, Aasif Mandvi / Sinopse: Escritor em crise de criatividade resolve criar uma personagem de ficção que atendesse a tudo aquilo que ele desejaria numa verdadeira "namorada perfeita". O problema é que sua personagem ganha vida no mundo real, levando muitos problemas para o pacato escritor.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de novembro de 2012

A Lenda dos Guardiões

Por mais incrível que isso possa parecer a verdade é que "A Lenda dos Guardiões" é uma animação sobre a II Guerra Mundial. Explico. O roteiro é totalmente inspirado nos eventos da Grande Guerra que abalou o mundo nos anos 40. Na verdade essa animação é uma alegoria daqueles acontecimentos. Senão vejamos: existem dois grandes grupos de aves. O primeiro grupo é formado por corujas que se consideram "Puras" (tal qual os nazistas e sua teoria da raça superior, os arianos). Esse grupo do "mal" também tem um líder carismático que escraviza e doutrina as corujinhas mais jovens (juventude Hitlerista) e as usam nos campos de batalha. Existe também toda aquela ideologia que já conhecemos bem dos regimes ditatoriais.

Já o outro grupo, chamado de "Guardiões" tem um personagem que é obviamente inspirado no primeiro ministro inglês durante a II Guerra: Winston Churchill. É um velho turrão, com passado de glórias no campo de batalha. Para completar assim como Churchill o personagem do filme também escreveu suas memórias contando as suas lutas do passado, inspirando a jovem corujinha do filme. O mais curioso dessa animação é que ela tenta passar simpatia e humanidade pelas corujas, um bicho que não tem quase nenhuma tradição nos personagens animados. Em algumas regiões do Brasil inclusive as pobres corujinhas são símbolos de forças do mal e até mesmo mal agouro (azar ou maldição). Por isso é bastante interessante o trabalho desenvolvido aqui. Um bom passatempo e uma boa alegoria sobre o maior conflito armado da humanidade. Em poucas palavras: World War II for Kids!

A Lenda dos Guardiões (Legend of the Guardians: The Owls of Ga'Hoole, Estados Unidos, 2010) Direção:  Zack Snyder / Roteiro: John Orloff, John Collee / Elenco (vozes): Emilie de Ravin, Hugo Weaving, Ryan Kwanten, Helen Mirren, Geoffrey Rush / Sinopse: Soren é uma jovem coruja que adora histórias de guerra contadas por seu pai. Ele lhe coloca a par sobre a lenda dos guardiões, guerreiros da mitologia que lutaram contra as forças do mal.  Soren nem desconfia que em breve estará envolvido em grandes aventuras com o mitológico grupo alado..

Pablo Aluísio.

Pink Floyd - The Wall

Escrever para esse blog Music é bem terapêutico. Como escrevo resenhas de discos vou recordando aspectos de minha vida através da música. Poucas pessoas percebem isso mas a música cria um grande vínculo sentimental conosco. Ouvir música é uma das melhores formas para recordamos de certos momentos de nossas vidas. Fazia tempo que tinha ouvido o álbum The Wall do Pink Floyd. Só resolvi escutar agora para escrever essa resenha para você, prezado leitor. Assim que coloquei para tocar tive um choque de lembranças da minha época na universidade - sim, a trilha sonora dos meus anos universitários foi ao som do bom e velho Pink Floyd. É maravilhosa a capacidade da música em nos transportar para anos passados - e nesse processo nos lembramos de pessoas, fatos e sentimentos que há muito tempo estavam esquecidos. Maravilha mesmo. Mas voltemos ao The Wall. Esse é o disco da egotrip suprema de Roger Waters. É o momento em que ele olhou com desdém para o resto da banda e proclamou: "Sinto que estou me transformando em um Deus!" Isso mesmo, Waters foi o mais egomaníaco rockstar da história. Seu ego não tem qualquer semelhança com nenhum outro artista. De fato Roger Waters ama Roger Waters apaixonadamente (e loucamente).

The Wall nasceu assim. O disco é Waters da primeira à última faixa. Os demais integrantes do Floyd aqui não passam de uma banda de apoio. O auto proclamado Deus supremo do Rock Progressivo escreveu as canções, fez seus arranjos e só não tocou tudo sozinho porque aí seria demais. Em suas letras Roger Waters se expõe como nunca antes na história da banda. Ele é o personagem principal de todas as faixas - os sentimentos são deles, a visão de mundo é dele... um exercício de egolatria... nisso se resume The Wall. Ironicamente é um dos trabalhos mais conhecidos do grupo (talvez só perca para The Dark Side of The Moon). Assim temos um tremendo paradoxo pois ao mesmo tempo em que é uma das obras mais populares do Pink Floyd também é o menos coletivo álbum do grupo. Rpger Waters, completamente enlouquecido, entra em uma viagem dentro de si mesmo sem limites, sem pudores, beirando à insanidade total.

Até hoje The Wall é louvado por público e crítica. Não advogo dessa opinião. Embora haja clássicos absolutos entre suas faixas considero o resultado final irregular. Em um mesmo espaço convivem obras de arte eternas da história da música ("Another Brick in the Wall", "Comfortably Numb", "In the Flesh?","Hey You") com bobagens absolutas ("Goodbye Cruel World", "One of My Turns"). Hoje em dia não é mais aquele disco que eu pare para ouvir da primeira à última música. Apenas pincelo suas obras primas e o resto deixo pra lá. Waters é um artista que admiro profundamente, mas ele é sem dúvida uma pessoa de extremos - quando está inspirado, é ótimo, excelente, quando não, se torna insuportável. De qualquer modo fecho o texto deixando claro: The Wall é um marco absoluto. De certa forma é o último grande momento da carreira do Pink Floyd, mas não é infalível e nem isento de críticas. Agora que você leu tudo corra para ouvir The Wall e tente se possível sair para fora do muro. Is There Anybody Out There?

Pink Floyd - The Wall (1979)
In the Flesh? 
The Thin Ice 
Another Brick in the Wall (Parte 1) 
The Happiest Days of Our Lives 
Another Brick in the Wall (Parte 2) 
Mother 
Goodbye Blue Sky 
Empty Spaces 
Young Lust 
One of My Turns 
Don't Leave Me Now
Another Brick in the Wall (Parte 3) 
Goodbye Cruel World 
Hey You 
Is There Anybody Out There? 
Nobody Home 
Vera 
Bring the Boys Back Home 
Comfortably Numb
The Show Must Go On 
In the Flesh 
Run Like Hell 
Waiting for the Worms 
Stop 
The Trial 
Outside the Wall 

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de novembro de 2012

Ilha do Medo

Esse é um dos mais recentes filmes de Martin Scorsese. Ilha do Medo é o típico filme que engana. Você vai ao cinema pensando que vai assistir um tipo de gênero e acaba encontrando outro completamente diferente. Eu, por exemplo, fui assistir convencido que iria me deparar com um bom filme de suspense policial, com muito clima noir. Pensei que iria assistir algo no estilo de Chinatown, mas acabei vendo um curioso derivado de Um Estranho no Ninho. Dito isso quero deixar claro que o filme não é ruim, em hipótese alguma. Ele passeia muito bem pelos estilos com desenvoltura e prende a atenção do espectador. Não é para menos já que Scorsese é um dos diretores mais brilhantes da história do cinema. Então se você vai ao cinema assistir A Ilha do Medo pensando tratar-se de um filme de terror, suspense policial ou trama de espionagem, esqueça. O roteiro usa desses gêneros apenas para contar uma outra estória, bem mais pesada e trágica do que o típico filme de detetives. Não vou aqui estragar a surpresa de ninguém, por isso quanto menos contar melhor. O que posso adiantar é que Di Caprio está muito bem no papel (não chega a ser excepcional mas apresenta uma boa atuação). Ben Kingsley também mantém o alto nível do elenco mas é Max Von Sydow que se sobressai, apesar de suas cenas serem pequenas e esporádicas.

Em termos de produção, atuação e direção não há o que reclamar, Scorsese é praticamente um gênio e nesses aspectos técnicos só se poderia esperar o melhor mesmo. O grande ponto negativo do filme realmente é seu roteiro. Não que seja ruim, longe disso, mas é previsível. Quem tiver o mínimo de atenção logo irá matar o "segredo" do filme. Várias dicas são deixadas ao longo da projeção - algumas inclusive bem óbvias. Em certo sentido me lembrei de um dos meus filmes preferidos, Coração Satãnico, onde também havia um pretexto inicial do roteiro que desbancava para uma grande reviravolta nos momentos finais. Mas o que era sobrenatural em Angel Heart aqui se torna introspectivo, pesado e principalmente psicológico. Por isso digo que quem mais irá apreciar o filme no final serão os estudantes e estudiosos de psiquiatria e psicologia. Esses realmente terão um prato cheio para debater depois da exibição.

Ilha do Medo (Shutter Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Laeta Kalogridis / Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Emily Mortimer, Michelle Williams, Max von Sydow, Jackie Earle Haley, Dennis Lynch./ Sinopse: Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) é um detetive contratado para descobrir o paradeiro de uma mulher acusada de assassinato. Sua última localização foi em um hospital psiquiátrico instalado na isolada Ilha Shutter Lá começa a juntar as peças de um grande quebra cabeças envolvendo a todos, inclusive ele próprio.

Pablo Aluísio.