terça-feira, 20 de junho de 2006

O Homem dos Olhos Frios

Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido morto. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte. Lida assim a sinopse pode-se pensar que o filme é mais um faroeste de rotina entre tantos que foram produzidos durante os anos 50. Mero engano. "The Tin Star" (que recebeu um título nada adequado no Brasil de "O Homem dos Olhos Frios") é um excelente estudo psicológico daqueles homens que tinham a audácia e a coragem de impor a lei em lugares distantes e violentos do oeste americano no século 18. Eram mal remunerados, geralmente encontravam a morte cedo e mesmo assim procuravam exercer sua função da melhor forma possível. 

Aqui temos um jovem sem a malícia e a experiência necessárias para fazer valer a lei em uma cidade lotada de mal feitores. Curiosamente acaba encontrando seu mentor em um velho caçador de recompensas (Henry Fonda, ótimo) que só está ali atrás de seu dinheiro e nada mais. Os acontecimentos porém o farão mudar de ideia. Na realidade ele próprio era um xerife que largou a estrela de lata após perceber que ganharia muito mais caçando bandidos perigosos pelo deserto. Assim temos de um lado um jovem ainda idealista que tem que se confrontar com um experiente e calejado ex homem da lei que sabe exatamente o que ostentar aquela estrela significava no velho oeste. O "duelo" de personalidades deles é a base de todo o argumento do filme.

O elenco é excelente. Henry Fonda não precisava de muita coisa para se impor em qualquer filme que trabalhasse. Ícone do western o ator se saí extremamente bem no papel do ex-xerife e atual caçador de recompensas Morg Hickman. Agora verdade seja dita: embora Fonda brilhe mais uma vez o destaque vai mesmo para Anthony Perkins. Ele mesmo, o ator que ficaria marcado para sempre como o psicopata Norman Bates de "Psicose" aqui interpreta um papel totalmente diferente, demonstrando que era realmente um bom ator e não apenas um intérprete de um personagem só (como muitos pensam). O xerife que interpreta é um sujeito sem moral, meio abobalhado, receoso e inseguro que tem que lidar com uma situação limite ao qual não tem o menor controle. "The Tin Star" ("A Estrela de Lata" no original) é isso, uma crônica muito bem estruturada sobre o modo de pensar e agir dos homens da lei em uma terra que passou para a história justamente por não ter lei, a não ser a lei do mais forte. Excelente western, procurem assistir.

O Homem dos Olhos Frios (The Tin Star, EUA, 1957) Direção de Anthony Mann / Roteiro de Joel Kane e Dudley Nichols / Elenco: Henry Fonda, Anthony Perkins, Lee Van Cleef, John McIntire / Sinopse: Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte.

Pablo Aluísio.

Cine Western - A Cidade Maldita


Cine Western - A Cidade Maldita
Outro bom exemplo da bela arte que era usada nos posters dos filmes de faroeste nos anos 60. Bela arte, sem dúvida!

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 19 de junho de 2006

A Marca do Zorro

Terminei de conferir esse clássico "A Marca do Zorro". Para um filme que tem mais de 70 anos de idade posso dizer que fiquei impressionado com a agilidade do roteiro, com a fluidez da trama e pelas excelentes coreografias de luta de capa e espada (melhores do que muitas que vemos atualmente). Tyrone Power está muito bem no papel de Zorro. Como todos sabemos para interpretar Zorro o ator não tem que ser apenas atlético e bom de esgrima mas também atuar bem pois o alter ego do herói é o afetado Don Diego, levemente afeminado e cheio de frescuras, o que exige talento na arte de atuar - tudo obviamente com o objetivo de não despertar suspeitas de sua verdadeira identidade.

Além de Tyrone Power em grande forma o elenco ainda conta com o ator Basil Rathbone como o Esteban Pasquale. Esse ator seria imortalizado justamente por outro personagem muito famoso nas telas, Sherlock Holmes. Esbelto e também muito bom na famosa cena de duelo com Don Diego, Basil está extremamente bem na tela. Como o filme não conta com o famoso personagem Sargento Garcia, aqui o papel de vilão cabe justamente a esse Capitão. No final chegamos na conclusão de que tudo o que conhecemos de Zorro já se encontra nesse filme. O ritmo ágil, as piruetas do personagem e o leve humor daqueles que o cercam. Por isso "A Marca do Zorro" pode ser considerado o grande precursor dos filmes que viriam depois. Sem dúvida é um marco, um marco do Zorro.

A Marca do Zorro (The Mark of the Zorro, EUA, 1940) Direção de Rouben Mamoulian / Elenco: Tyrone Power, Linda Darnell, Basil Rathbone, Gale Sondergaard, Eugene Palette / Sinopse: Durante o domínio espanhol da Califórnia, o filho do governador retorna para descobrir que há outro no lugar do pai. Finge estar desinteressado enquanto assume uma identidade secreta, a de um cavaleiro mascarado que irá proteger os indefesos e inocentes.

Pablo Aluísio.

Três Sargentos

Algumas coisas não dão para entender. Como é que um filme que reúne todo o Rat Pack consegue não ter música e o pior, ser tão sem graça? O problema de "Três Sargentos" é justamente esse: a fita se leva à sério demais! Um filme que reúna Sinatra, Martin e Davis, Jr não poderia nunca ser tão convencional como esse. O filme não tem nenhuma canção, nada! Para piorar o humor é deixado de lado. Apenas uma cena investe nesse aspecto, a cena inicial com os 3 sargentos dentro do bar. Após uma briga ao estilo pastelão o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha mas que nada! - inexplicavelmente muda de tom e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas.

Sinatra apenas passeia no filme. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos. De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme não é mal feito mas a cenografia soa fake demais. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino" mas o deixou em rédeas curtas. Com o projeto sob controle Frank colocou toda a trupe no elenco (inclusive Peter Lawford, cunhado do presidente John Kennedy e péssimo ator) em um western que não deu muito certo. Seria bem melhor se fosse assumidamente cômico, com muitas canções. Não adianta muito ter grandes cantores em cena se não os utilizarem não é mesmo?

Três Sargentos (Sergeants 3, EUA, 1962) / Direção de John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra contra o homem branco.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de junho de 2006

Sangue de Heróis

Baseado no livro de James Warner Bellah, "Fort Apache - Sangue de Heróis" é um ótimo faroeste. Produzido e dirigido por John Ford, ele é o primeiro de uma trilogia realizada pelo cineasta sobre a cavalaria do exército americano, pós-guerra civil. Os dois outros, igualmente ótimos, são "Legião Invencível", de 1949, e "Rio Grande", de 1950. O filme gira em torno de um arrogante coronel da cavalaria americana, disposto a tudo para ter o reconhecimento do governo dos EUA por seus relevantes serviços prestados à nação. Para tanto, despreza os conselhos de seus auxiliares mais próximos, conhecedores dos problemas vividos pelos apaches, no longínquo território do Arizona e se envolve numa guerra desnecessária e suicida contra os indígenas, que só queriam ser tratados com um pouco de respeito e justiça. E o que chama a atenção é que, após sua morte, ele consegue ser oficialmente reconhecido como herói, muito embora tenha injustificadamente sacrificado a vida de centenas de homens sob seu comando.

Além do belo trabalho realizado por Ford, o filme conta com um roteiro muito bem estruturado e com a magnífica fotografia de Archie Stout. Henry Fonda está soberbo no papel do coronel Thursday, seguido de John Wayne, como o oficial que se rebela contra suas ordens. Adicionalmente "Fort Apache - Sangue de Heróis" conta ainda com um elenco coadjuvante de primeira linha, com nomes como Ward Bond, Victor McLaglen, George O'Brien e Pedro Armendáriz, entre outros. Shirley Temple, a garota prodígio da década de 30, faz um bom trabalho como adulta, na época com 20 anos de idade. O roteiro (e obviamente o livro que lhe deu origem) são em essência uma romantização em cima da história real do General Custer. Após ser morto pelas tribos comandadas por Cavalo Louco e Touro Sentado, Custer virou um herói nacional nos EUA. Na realidade ele era um carreirista que não media esforços para subir na carreira, não importando as consequências de seus atos. O Coronel Thursday do filme nada mais é do que uma alegoria da personalidade verdadeira do Custer histórico. Por tudo isso e muito mais o filme hoje é simplesmente essencial para os fãs do grande cinema da era de ouro de Hollywood. Sem dúvida uma obra magnífica.

Sangue de Heróis (Fort Apache, Estados Unidos, 1948) / Direção: John Ford / Roteiro: Frank S. Nugent, James Warner Bellah / Elenco: John Wayne, Henry Fonda, Ward Bond, Shirley Temple e John Agar / Sinopse: Sangue de Heróis é o primeiro filme da grande trilogia western do renomado diretor John Ford. O filme é baseado na história real do famoso General Custer que na vida real era um carreirista que não media esforços para subir na hierarquia militar.

Pablo Aluísio.

Cine Western - Orgulho de Comanche

Cine Western - Orgulho de Comanche
Exemplo perfeito da bela arte que era usada nos posters dos filmes de faroeste nos anos 60. Bela arte, sem dúvida!

Pablo Aluísio. 

sábado, 17 de junho de 2006

O Homem Que Luta Só

Um dos últimos filmes de Randolph Scott também é um dos melhores. Aqui ele interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef). O roteiro de "O Homem Que Luta Só" pode até parecer simplista mas é um engano pois é primoroso. O personagem de Scott, um sujeito durão e de poucas palavras, não é exatamente o que parece ser. Na verdade ele nem tem tanta pressa assim em levar Billy John ao seu cadafalso. Suas reais intenções só são reveladas no clímax do filme e aí o espectador já está totalmente fisgado. Aliás vamos admitir que a cena final de "Ride Lonesome" é uma das mais belas que já vi em faroestes - Randolph Scott parado em frente a uma árvore de enforcamentos em chamas! Maravilhosa tomada!

O diretor de "O Homem Que Luta Só" é o cineasta Budd Boetticher que fez vários westerns ao lado de Randolph Scott. Hoje em dia a obra desse diretor tem despertado muito interesse nos EUA pois todos reconhecem que ele nunca foi reconhecido em vida. Era um diretor inteligente, que fazia maravilhas em cena, mesmo com roteiros aparentemente simples. Esse aqui seria o penúltimo filme que rodaria ao lado de Scott (a última produção que reuniria a parceria seria "Cavalgada Trágica" no ano seguinte). Em conclusão digo que "Ride Lonesome" é sem dúvida um dos melhores momentos de Randolph Scott - extremamente bem escrito e dirigido prende a atenção da primeira à última cena.

O Homem Que Luta Só (Ride Lonesome, Estados Unidos, 1959) / Diretor: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Com Randolph Scott, Lee Van Cleef, James Coburn, Karen Steele e Pernell Roberts / Sinopse: Randolph Scott interpreta o ex xerife e atual caçador de recompensas Ben Brigade. Ele caça o criminoso Billy John no deserto e acaba o capturando. Sua missão passa então a ser levar o bandoleiro para a cidade de Santa Cruz para que ele seja julgado e enforcado pelo homicídio que lá praticou. O problema é que no caminho ele terá que enfrentar índios hostis, outros caçadores de recompensas e o bando de Billy John, liderado agora por Jack, seu irmão (interpretado pelo famoso ator de vilões de western Lee Van Cleef)

Pablo Aluísio.

Juramento de Vingança

Juramento de Vingança (Major Dundee - 1965) é a manifestação mais pura e irascível de um gênio chamado David Samuel Peckinpah ou simplesmente, Sam Peckinpah - "o poeta da violência". Para começar, um elenco absolutamente fantástico onde os astros Charlton Heston e Richard Harris roubam os holofotes por quase todo o filme. A direção, que curiosamente foi oferecida ao mestre John Ford pelo próprio Peckinpah (que assina como um dos roteiristas) mas prontamente recusada pois Ford estava envolvido em mais de dois projetos - acabou mesmo nas mãos do poeta da violência. O longa inicia exatamente durante a Guerra da Secessão (1861-1865) e gira em torno do Coronel (yankee), Amos Dundee ( Charlton Heston) que após um fracasso na Batalha de Gettysburg (o conflito que gerou mais mortes na Guerra Civil Americana) é enviado para o Forte Benlin no Novo México como forma de punição. Na verdade um campo de prisioneiros confederados.

Já no Forte, Dundee fica sabendo que um grupo de Apaches Chiricauas, liderados pelo sanguinário Sierra Charriba, acabara de massacrar todos os soldados de um campo do exército, além de sequestrar três crianças. O corneteiro da tropa foi o único sobrevivente e quem narrou o massacre para Dundee. O Coronel, então, passa a considerar a eliminação de Charriba e de seus apaches, uma questão de honra, mas também a grande chance de recuperar o prestígio de sua carreira que estava em baixa. O Coronel, inicia a reorganização de sua pequena e desmoralizada tropa tentando injetar em seus soldados um coquetel de força, bravura e confiança. No entanto, quando fica sabendo do gigantesco contingente Apache do Líder Charriba, Dundee, muito a contragosto, faz um acordo com o Capitão confederado, Tyreen (Richard Harris) um ex-amigo e companheiro, antes da Guerra ser deflagrada, mas que agora se encontra preso dentro do Forte, juntamente com sua tropa. A proposta de Dundee para o velho amigo é clara: ou Tyreen e seus soldados ajudam na captura Sierra Charriba, ou são enforcados. E Tyreen, sem saída, aceita.

Com as tropas dos confederados e yankees unidas (fato que parecia impensado naquela época) e sob o comando do Coronel Amos Dundee, os soldados perseguem, de forma implacável, os Apaches de Charriba até o México. No desenrolar da perseguição, entra em cena o talento do diretor, que como poucos, sabe criar e administrar de forma genial, conflitos pessoais e psicológicos (Dundee x Tyreen) e até uma paixão que surge subitamente.

Mas o pior ainda estava por vir: Já em território mexicano, o Major Dundee - além de lidar com uma deserção, tem que administrar seu próprio coração ao se ver apaixonado pela bela Teresa Cristina (Senta Berger) e ainda reunir forças para enfrentar um inimigo de última hora - a famosa (e brutal) Legião Estrangeira Francesa que encontrava-se no México desde março de 1863 a serviço do Imperador mexicano Maximiliano. Porém, esses enclaves emocionais e beligerantes nunca foram problemas para a incrível capacidade de direção do excelente Sam Peckinpah. Um ótimo fime com um final fantástico. Nota 9

Juramento de Vingança (Major Dundee, EUA, 1965) Direção: Sam Peckinpah / Roteiro: Harry Julian Fink, Harry Julian Fink / Elenco: Charlton Heston, Richard Harris, Jim Hutton / Sinopse: Durante a guerra civil americana o oficial da cavalaria Amos Dundee (Charlton Heston) vai até o Mèxico para enfrentar um grupo de Apaches que estão atacando bases do exército americano na região.

Telmo Vilela Jr.