domingo, 14 de outubro de 2012

Forrest Gump

Forrest Gumo foi o grande vencedor do Oscar de 1995. Naquele ano ele concorreu ao Oscar de melhor filme com "Pulp Fiction", "Quatro Casamentos e um Funeral", "Quiz Show" e "Um Sonho de Liberdade". Para muitos o filme merecedor do prêmio máximo da Academia naquele ano seria mesmo "Um Sonho de Liberdade" com "Pulp Fiction" em segundo lugar, mas não foi bem assim que pensaram os membros votantes que preferiram premiar um filme mais convencional, com "cara de Oscar". "Forrest Gump" é basicamente uma comédia com pitadas de drama que coloca um sujeito comum, com QI abaixo da média, fazendo parte de eventos marcantes da história americana. Assim lá estava Forrest presenciando o surgimento de mitos como Elvis Presley ou então lado a lado dos grandes  nomes da luta pelos direitos civis, se tornando destaque em uma das manifestações mais conhecidas que foram realizadas na capital do país. Como não poderia faltar Forrest ainda participa da guerra do Vietnã e se torna herói nacional, tudo aliás da forma mais involuntária possível. Um personagem picaresco por definição. Embalado pela maravilhosa trilha sonora recheada de sucessos das décadas de 50 e 60 a produção ainda ganhou um lindo tema incidental escrito com muito talento pelo maestro Alan Silvestri.. Em um daqueles casos de completa simbiose entre ator e personagem, Tom Hanks brilha como Forrest. De fato não consigo imaginar nenhum outro ator que fosse tão adequado como ele, simplesmente perfeita sua caracterização. Não sei até que ponto sua atuação seria digna de um Oscar mas que é certamente inspirada não tenho a menor dúvida.

No fundo Forrest Gump é uma fábula em forma de conto que tenta revisionar os principais acontecimentos da história americana de uma forma bem humorada e leve. Sob os olhos ingênuos de Forrest vamos presenciando o absurdo de certos eventos históricos como o conflito do Vietnã, uma guerra sem propósito ou objetivos claros. O roteiro também satiriza a própria cultura americana que quase sempre transforma verdadeiros idiotas, como o próprio Forrest, em símbolos nacionais A cena de sua corrida mostra bem isso. Forrest decide simplesmente correr por aí, sem nenhum objetivo ou idéia por trás mas a mídia acaba transformando sua maratona em algo muito maior, em algo que ele jamais havia pensado ou planejado.  O momento em que simplesmente decide parar de correr no meio do deserto, com um bando de seguidores vindo atrás é certamente um dos mais divertidos do cinema na década de 90. Em termos de tecnologia o filme também foi um marco pois as montagens de Forrest com os antigos presidentes americanos ficaram realmente perfeitas. Seja como for, se a vida é ou não uma caixinha de chocolate o fato é que Gump caiu no gosto de público e crítica, se tornando um grande sucesso de bilheteria, logo virando queridinho da mídia, a mesma que o próprio filme satiriza. No final foi premiado com os Oscars de melhor filme, ator (Tom Hanks), Diretor (Robert Zemeckis), Roteiro Adaptado, Efeitos Especiais e Edição. Como se vê a sua consagração foi completa nas principais categorias.

Forrest Gump (Forrest Gump, Estados Unidos, 1994) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Eric Roth / Elenco: Tom Hanks, Robin Wright Penn, Gary Sinise, Mykelti Williamson, Sally Field / Sinopse: Sem querer o jovem Forrest Gump (Tom Hanks) acaba participando de grandes momentos da história norte-americana. Ao lado de mitos da música e presidentes americanos ele tenta reconquistar o amor de sua infância.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de outubro de 2012

The Gray Man

The Gray Man (em tradução literal “O homem grisalho”) é um filme terrível porque foi baseado inteiramente em fatos reais. O enredo conta a história do monstro e serial killer Albert Fish. Logo na infância perdeu seus pais se tornando órfão. Criado em instituições do governo só saiu de lá quando se casou. Vivendo em empregos medíocres Fish tinha muitas dificuldades para manter sua família com esposa e seis filhos. Tanta pressão parece ter levado Fish a uma crise histérica. Após ser abandonado pela esposa ele começou a apresentar sintomas de doença mental. Em pouco tempo largou o emprego e passou a viver a esmo. Não tardou a perder completamente a razão e começou a cometer assassinatos de crianças que encontrava perdidas de seus pais ou sozinhas pelos locais por onde passava. Tinha uma aparência de bom velhinho, que não fazia mal a ninguém e era justamente com essa imagem de “vovozinho” que ganhava a confiança das crianças. Após presenteá-las com doces e brinquedos as levava para casas abandonadas onde cometia as maiores barbaridades. Albert Fish era absurdamente cruel e promovia torturas com os pequeninos, chegando ao ponto de praticar canibalismo.

The Gray Man se foca no caso mais escabroso da violenta série de mortes de Albert Fish. No auge da grande depressão Fish se fingiu de rico comerciante e ofereceu emprego a dois jovens de uma pobre família. Logo ganhou a confiança dos pais dos rapazes e ficou particularmente interessado na pequena caçula da família, uma garotinha de apenas oito anos de idade. Após afirmar para os pais da menina que ia a uma festa de aniversário naquela tarde sugeriu que levasse também a menina para se divertir na festinha. O problema é que não havia festa nenhuma e Albert Fish estava mentindo, tudo com o objetivo de seqüestrar e matar a pobre criança. A partir desse ponto não convém contar mais nada para não estragar as surpresas para quem ainda não viu o filme. A crueldade e o sadismo de Fish ficaram conhecidas entre os criminalistas da época e até hoje Fish é considerado um dos serials killers mais sanguinários e violentos da história dos EUA só perdendo em demência e degeneração talvez para Ed Gein (que inspirou inúmeros assassinos de ficção no cinema). De qualquer modo fica a indicação para quem estiver interessado em conhecer a história desse assassino cruel que certamente fez o Hannibal Lecter parecer amador. Assista e tente chegar até o fim do filme sem passar mal com o que você irá presenciar em cena. Por fim fica o aviso: The Gray Man é forte e não indicado para pessoas sensíveis ou impressionáveis.

The Gray Man (Estados Unidos, 2007) Direção: Scott L. Flynn / Roteiro: Lee Fontanella, Colleen Cochran / Elenco: Patrick Bauchau, Jack Conley, John Aylward / Sinopse: Albert Fish (Patrick Bauchau) aparenta ser um velhinho cordial, educado e inofensivo. Dando doces e presentes acaba ganhando a confiança de crianças pequenas. O problema é que Fish é um terrível serial killer e canibal que deixa um rastro de mortes terríveis por onde passa. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Agarra-me Se Puderes

Hoje em dia Burt Reynolds é uma sombra do que foi. Na década de 70 ele era o rei das bilheterias. Estrelando filmes de consumo popular o ator era o sonho de todas as mulheres e para completar a inveja de todos os homens. Usando um visual macho man, com bigode e jeito de caipirão o ator logo foi elevado ao patamar de ídolo das multidões. Seu auge de popularidade ocorreu justamente nesse "Agarra-me Se Puderes" uma das maiores bilheterias da década de 70. A produção caiu no gosto dos americanos e fez tanto sucesso que daria origem a mais dois filmes, com enredo praticamente igual, e que no Brasil receberam os inacreditáveis títulos de "Desta Vez Te Agarro" (1980) e "Agora Você Não Escapa" (1983). Mas qual foi o segredo do sucesso desses filmes? Em essência a trilogia nada mais é do que uma série de filmes que misturam humor e ação, tudo embalado com muitas perseguições, fugas espetaculares e policiais estúpidos.

O filme sendo sincero não tem muito pé, nem cabeça. Tudo se resume na tentativa de um caminhoneiro chamado Bandit (Burt Reynolds) em levar cervejas para uma festa red neck no leste do Texas! O problema é que isso seria proibido por um xerife casca grossa local. Em cima desse argumento simplório toda a trama do filme é construída. Pela estrada afora Bandit enfrenta uma centena de tiras que sempre estão em seu encalço. Nem precisa dizer que os tiras retratados no filme são todos palermas e incompetentes, incluindo o interpretado pelo ator Mike Henry, o mesmo sujeito que não deu certo como Tarzan na década anterior. É a velha fórmula de rir da autoridade sendo passada para trás por um esperto caipira, às do volante. De resto tem a Sally Field, novinha, fazendo uma noiva em fuga de seu casamento. Mas nem se preocupe, isso não tem a menor importância. O que importa mesmo em "Agarra-me Se Puderes" é a ação sem trégua e as risadas de Bandit quando a polícia come sua poeira pelas estradas americanas. Se você entrar no clima certamente vai se divertir também.

Agarra-me Se Puderes (Smokey and the Bandit, Estados Unidos, 1977) Direção: Hal Needham / Roteiro: Hal Needham, Robert L. Levy / Elenco: Burt Reynolds, Sally Field, Jerry Reed, Mike Henry, Michael Mann / Sinopse: Bandit (Burt Reynolds) é um caminhoneiro fanfarrão que tentará levar um carregamento de bebidas para o leste do Texas. Sua viagem porém não será fácil pois o zerife local quer impedir que ele chegue ao seu destino.

Pablo Aluísio.

Antes de Partir

"Antes de Partir" trata de um tema complicado - a morte - mas procura impor um ritmo de leveza e alto astral. Na trama conhecemos os dois personagens principais, Edward Cole (Jack Nicholson) e Carter Chambers (Morgan Freeman). Ambos estão com doenças terminais e conscientes de que não viverão por muito tempo. Para superar essa triste realidade decidem aproveitar o pouco de vida que lhes restam, fazendo tudo aquilo que sempre quiseram fazer mas que até aquele momento eram apenas planos. Assim o filme se desenvolve, ambos colocam os pés na estrada e vão viver experiências diferentes, realizar velhos sonhos há muito adormecidos. Não precisa nem explicar que o grande atrativo de "Antes de Partir" é seu elenco fantástico. Jack Nicholson e Morgan Freeman são atores consagrados, com extenso currículo de trabalhos maravilhosos e agora se unem nessa que parecia ser uma boa idéia, mostrar dois homens em frente à sua própria mortalidade e a forma como lidam com essa situação extrema.

Infelizmente o filme não consegue deslanchar nesse aspecto. A despeito de estarmos na presença de dois excelentes grandes atores o roteiro simplesmente não consegue lidar com o tema de forma satisfatória. Faltou profundidade, faltou ir até as últimas consequências. O texto parece temer entrar em questões mais profundas, em discutir o que pensam essas duas pessoas que estão no ocaso de suas vidas. Um exemplo disso é a postura religiosa dos personagens. É natural que em um momento delicado desses as pessoas procurem refúgio em algum tipo de crença religiosa mas no filme nada disso é tratado muito a fundo, ficando quase sempre em cima do muro, de maneira bastante artificial. O roteiro parece ter medo de adotar uma atitude adulta sobre a morte. Em vista de tudo isso a sensação final é de que certamente "Antes de Partir" poderia ser um filme bem melhor do que realmente é. Também pudera o diretor Rob Reiner não é certamente conhecido por temas profundos em seus filmes, pelo contrário, tudo parece leve e artificial no que dirige. Essa característica se repete aqui, justamente em um tema que na minha opinião não caberia esse tipo de postura. De qualquer modo ver Nicholson e Freeman se torna um paliativo. É pouco, poderia ser muito mais interessante, mas não significa que necessariamente você perderá seu tempo. Os dois juntos valem pelo menos uma conferida mesmo que o gosto ao final seja de frustração.

Antes de Partir (The Bucket List, Estados Unidos, 2007) Direção: Rob Reiner / Roteiro: John Schwartzman / Elenco: Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes, Rob Morrow, Hugh B. Holub, Alfonso Freeman, Serena Reeder, Ian Anthony Dale, Richard McGonagle, Christopher Stapleton. / Sinopse: Na trama conhecemos os dois personagens principais, Edward Cole (Jack Nicholson) e Carter Chambers (Morgan Freeman). Ambos estão com doenças terminais e conscientes de que não viverão por muito tempo. Para superar essa triste realidade decidem aproveitar o pouco de vida que lhes restam, fazendo tudo aquilo que sempre quiseram fazer mas que até aquele momento eram apenas planos.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A Coisa

Título no Brasil: A Coisa
Título Original: The Stuff
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio: Larco Productions
Direção: Larry Cohen
Roteiro: Larry Cohen
Elenco: Michael Moriarty, Andrea Marcovicci, Garrett Morris, Paul Sorvino, Scott Bloom, Danny Aiello

Sinopse:
Uma gosma deliciosa e misteriosa que escorre da terra é comercializada como a mais nova sensação de sobremesa, mas a guloseima apodrece mais do que os dentes quando lanchonetes parecidos com zumbis, que só querem consumir mais daquela estranha substância a qualquer custo, começam a infestar o mundo.

Comentários:
Eu tenho lembranças desse filme desde os tempos das locadoras de vídeo VHS. Eu costumava frequentar uma locadora nos anos 80 em que esse filme sempre estava na prateleira, pegando poeira. Um dia, sem maiores opções, aluguei a fita. Olha, as minhas lembranças são de um filme divertido, com efeitos especiais meio toscos, onde os personagens humanos vão virando geleia e um roteiro simples que tentava colocar ordem naquele caos. Um filme de pura diversão mesmo. Hoje em dia, pelo que vejo, virou uma raridade de encontrar. Acho que não veria de novo, mas deixo aqui no blog o registro de que um dia no passado, lá nos distantes anos 80, eu assisti a esse "A Coisa". Bons tempos.

Pablo Aluísio.

Rock of Ages

O filme foi baseado numa pequena peça que está em cartaz na Broadway há anos. Com estrutura tradicional o enredo explora a chegada de Sherrie Christian (Julianne Hough) em Los Angeles. Ela é uma garota do interior que sonha se tornar estrela na nova cidade. A realidade porém logo bate à porta, ela é assaltada e sem dinheiro nem ter onde ficar acaba indo trabalhar de garçonete na casa de shows Bourbon, um local onde grandes grupos de rock começaram suas carreiras. Embora com passado glorioso a Boubon atualmente está praticamente falida. Além disso é alvo de protestos moralistas que querem fechá-la. Para salvar da falência um show é programado com o super astro  Stacee Jaxx (Tom Cruise) que vai realizar o último concerto ao lado de sua banda antes de partir para uma carreira solo. Rock of Ages se propõe a ser um musical ambientado no mundo do rock da década de 80. Há a tentativa de recriar toda aquela época, quando os roqueiros exageravam nas caras e bocas e enchiam seus cabelos de spray para parecerem fortes e selvagens. Quem foi jovem nos anos 80 certamente vai gostar da trilha sonora cheia de músicas daqueles tempos. O grande problema de Rock of Ages talvez seja a disparidade entre a peça original, despojada e modesta, e o filme, uma produção milionária cheia de pretensão.

Tom Cruise, o astro, deve ter adorado personificar seu personagem, um rockstar embriagado pela fama e sucesso. Embora seja complicado engolir o almofadinha Cruise como um roqueiro de uma banda de Heavy Metal, o fato é que no final das contas ele não se sai tão mal. De fato acaba virando a melhor coisa do filme uma vez que os atores que interpretam o casalzinho central é fraco e sem muito talento. A atriz Julianne Hough é inegavelmente linda e com um cabelo à la Farrah Fawcett se torna um colírio aos olhos. Mas como cantora deixa realmente a desejar. Pior se sai seu partner, o mexicano  Diego Bonetta, um ator sem qualquer carisma que não consegue criar identificação com o público em geral. Como Cruise apenas não consegue salvar todo um filme o musical fica pelo caminho no saldo geral. Vale destacar por fim a divertida atuação do sempre bom Alec Baldwin. Sua cena se assumindo gay é realmente completamente nonsense e muito engraçada. Um pequeno momento de humor em uma produção que se leva à sério demais.

Rock Of Ages - O Filme (Rock of Ages, Estados Unidos, 2012) Direção: Adam Shankman / Roteiro: Justin Theroux, Chris D'Arienzo, Allan Loeb baseado na peça de Chris D'Arienzo / Elenco: Tom Cruise, Julianne Hough, Alec Baldwin, Russel Brand, Mary J.Blige, Bryan Cranston, Diego Bonetta / Sinopse: Garota do interior vai para Los Angeles tentar se tornar uma estrela de sucesso mas tudo o que consegue é se tornar garçonete em uma famosa casa de shows.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Espetacular Homem-Aranha

Cultura pop por excelência o personagem Homem-Aranha ressurge nas telas em uma nova franquia com tudo renovado. Para quem não sabe toda a equipe técnica que realizou (muito bem por sinal) os filmes da trilogia anterior foi substituída. Sam Raimi, Tobey Maguire, todos foram embora. Um novo roteiro foi escrito - igualmente mostrando as origens dos personagens - e a Sony resolveu recomeçar praticamente do zero. Ao custo milionário de 230 milhões de dólares o novo Spiderman finalmente ganhou as telas do mundo todo. Muita gente torceu o nariz pois a trilogia original ainda era muito recente. Como vivemos em um mundo em alta velocidade, onde a força do capital fala mais alto, os executivos do estúdio nem pensaram duas vezes antes de aprovar essa que promete ser a nova franquia do cabeça de teia. A boa notícia é que O Espetacular Homem-Aranha é realmente muito bom, muito divertido e vai agradar aos espectadores (talvez apenas os mais xiitas e ranzinzas não curtirão). Como se trata de um filme de "origens" tudo recomeça. Pater Parker (Andrew Garfield, com cara de adolescente mesmo) é um jovem estudante que durante uma visita a um centro de pesquisas de um grupo industrial acaba sendo picado por uma aranha modificada geneticamente. A fusão de seu DNA com a do inseto acaba criando diversas modificações na vida do rapaz: ele fica bem mais forte, ágil, e consegue até mesmo subir paredes e prédios altos. Uma verdadeira simbiose entre um homem e uma aranha!

O sucesso do Spiderman não é complicado de entender. Stan Lee, que nunca foi bobo nem nada, criou um personagem que iria criar uma forte identificação com seu público alvo. Peter Parker era um estudante comum de High School, sem grana, passando por dificuldades na escola, sendo alvo de bullying e apaixonado pela garota mais bonita e popular do colégio. Ela obviamente não lhe dá a mínima bola. Agora responda rápido: existe algum jovem no mundo que não iria se identificar com uma estória dessas? Não me admira em nada que a mitologia do Aranha nunca  tenha perdido sua força, sempre conseguindo se comunicar com as novas gerações, mesmo após tantos anos de sua criação. Essa nova releitura nos cinemas tem tudo para agradar aos fãs. A estória continua irresistível, o casal central de atores é bem carismático e o elenco de apoio é da melhor qualidade. O vilão também é outro ponto positivo. O Dr. Curt Connors (Rhys Ifans) é a própria personificação do cientista que não consegue mais separar sua vida pessoal de suas pesquisas. O Lagarto feito digitalmente é convincente e bem elaborado. Em suma, O Espetacular Homem-Aranha certamente vai agradar aos garotos e aos marmanjos que adoravam as aventuras dos personagens dos gibis quando eram guris. Não deixe de assistir.

O Espetacular Homem-Aranha (The Amazing Spider-Man,  Estados Unidos, 2012) Direção: Marc Webb / Roteiro: Alvin Sargent, James Vanderbilt, Steve Kloves / Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Rhys Ifans, Martin Sheen, Sally Field, C. Thomas Howell, Embeth Davidtz, Chris Zylka, Denis Leary, Campbell Scott, Irrfan Khan, Kelsey Chow, Stan Lee / Sinopse: Peter Parker (Andrew Garfield) é um jovem estudante que é picado por uma aranha e se torna um super-herói com poderes especiais. Agora terá que enfrentar um monstro que aterroriza a cidade.

Pablo Aluísio.

Demônio

Título no Brasil: Demônio
Título Original: Devil
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Erick Dowdle
Roteiro: Brian Nelson, M. Night Shyamalan
Elenco: Chris Messina, Geoffrey Arend, Bojana Novakovic, Logan Marshall-Green
  
Sinopse:
Um grupo de pessoas, sem qualquer aparente ligação entre si, fica preso em um elevador de um grande prédio de uma metrópole americana. Diante dessa situação verdadeiramente claustrofóbica começam a ocorrer eventos inexplicáveis, de natureza sobrenatural. Atos de violência são cometidos dentro do elevador e todos procuram sobreviver àquele caos e desespero. 

Comentários:
M. Night Shyamalan acabou virando um diretor do tipo “ame ou odeie”. Embora tenha começado muito bem sua carreira com filmes intrigantes como "O Sexto Sentido" o fato inegável é que o cineasta anda meio perdido atualmente. Como se não bastassem os fracassos de público e crítica ele agora tenta inovar em um gênero que o diretor mostra não ter muito domínio. Aqui ele tentou segundo suas próprias palavras "criar um terror no ambiente urbano das grandes cidades". Embora o filme "Demônio" seja assinado pelo inexpressivo John Erick Dowdle a verdade é que essa produção tem a marca inconfundível do indiano. Além de produzir "Demônio" o texto é de sua autoria. Então nem adianta colocar um verdadeiro “laranja” como diretor pois todos sabemos que se trata na realidade de um filme de Shyamalan. A premissa é até promissora, tudo passado em apenas um ambiente. Tudo bem em tentar extrair de uma única situação todos os acontecimentos para realizar um filme, o problema é quando a monotonia e o tédio atingem o espectador. Certamente Shyamalan tenta de todas as formas evitar que isso aconteça, mas em vão. Em vários momentos a trama cai no lugar comum, isso quando não se torna puramente absurda e forçada. O argumento inclusive me lembrou de outro filme chamado "Enterrado Vivo" que acabou sendo mais bem sucedido nesse tipo de produção que explora um evento único. Shyamalan também não consegue escapar de cair na pura bobagem. O filme mais parece um episódio do antigo seriado "The Twillight Zone", "Amazing Stories" ou até mesmo "Contos da Cripta". O problema é que se naqueles seriados os episódios duravam pouco mais de meia hora, aqui o filme se estende por quase uma hora e meia... então é inevitável que haja muita enrolação (e tédio). Eu olhei bastante para o relógio durante a exibição do filme e isso definitivamente nunca é um bom sinal. O tempo passou devagar... devagar... Talvez fosse mais produtivo que o filme fosse dividido em duas pequenas estórias de terror já que não cansaria tanto o espectador. Além do mais no final se poderia ao menos gostar de um ou outro episódio do filme. Pena que não pensaram assim. Para falar a verdade Devil é um tanto previsível e chato (e quando sua identidade foi finalmente revelada eu literalmente bocejei pois já tinha perdido o interesse pelo roteiro lá pelos 45 minutos de exibição). Definitivamente não fiquei satisfeito com o desfecho... Enfim, não recomendo muito o filme. Ainda prefiro meus seriados de contos de terror de antigamente. Eram mais honestos em sua proposta. Não foi dessa vez que o indiano acertou novamente.

Pablo Aluísio.

Esquadrão Classe A

Quem é um pouco mais velho certamente se lembra da série original que era exibida pelo canal SBT no Brasil. Esquadrão Classe A era um produto diferente, com muito humor mas focado principalmente na ação desenfreada – até porque se vivia no cinema uma verdadeira febre de filmes de ação estrelados por atores como Stallone, Schwarzenegger e Chuck Norris. O tempo passou, a série sofre queda de audiência e após poucas temporadas foi definitivamente cancelada. Como em Hollywood hoje se vive uma escassez enorme de novas ideias os produtores voltaram na década de 80 em busca de algo para reciclar. A bola da vez foi justamente o Esquadrão Classe A. O que dizer de um filme como esse? Sinceramente acho que os produtores pensam que os jovens de hoje devem ter algum problema de déficit de atenção e por isso colocam uma nova explosão a cada cinco minutos de duração. Será que eles têm receio de que os jovens fiquem distraídos sobre o que se passa na tela e por isso promovem uma explosão atrás da outra para acordar todo mundo? E por que não escrevem um roteiro com o mínimo de inteligência? São questões complicadas de responder. O fato é que o remake de Esquadrão Classe A se resume a isso: uma explosão atrás da outra, uma cena inverossímil seguida de outra e quando já estamos fartos de tanta pirotecnia o filme simplesmente acaba. Nada é desenvolvido a contento, nada é minimamente explorado e a sensação de vazio impera quando o filme finalmente chega ao seu final.

Não que a série original fosse muito melhor do que isso mas a questão é que estamos falando de algo produzido há quase 30 anos, então o mínimo que se poderia esperar agora era que realizassem algo melhor, mais bem feito, mais caprichado. O pior desse filme é seu argumento bobo demais. Tudo gira em torno da busca por placas matrizes usadas para a fabricação de dinheiro que foram roubadas do governo americano. Até aí tudo bem. O que me deixou perplexo é entender porque tanto alvoroço por isso? Será que os roteiristas não sabiam que essas placas são numeradas e basta o Banco Central cancelar seus números de série para tudo se resolver? Acho que não pois no filme o governo dos EUA faz de tudo para recuperar elas. E tome explosão. No cinema então o filme se torna um tormento tremendo, tamanha a barulheira sem fim. Como o roteiro é previsível temos também uma pequena reviravolta envolvendo os vilões do enredo mas nada de muito surpreendente. E é só. Fui com as expectativas bem baixas, esperando um filme assim e realmente ele conseguiu ser pior do que eu esperava. Melhor rever o Mr T fazendo cara de mau no seriado antigo. Era mais divertido.

Esquadrão Classe A (The A-Team, Estados Unidos, 2010) Direção: Joe Carnahan / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas, Skip Woods / Elenco: Liam Neeson, Bradley Cooper, Quinton "Rampage" Jackson, Jessica Biel, Sharlto Copley, David Richmond-Peck. / Sinopse: O filme narra as aventuras do chamado Esquadrão Classe A. Quando matrizes do governo americano são roubadas o grupo entra em ação para recupera-las.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Fera do Rock

Jerry Lee Lewis tinha vocação para piromaníaco. Ele gostava mesmo era de tocar fogo nas coisas. Quando não estava no palco colocando fogo em seu piano, estava fora dele jogando gasolina nas chamas de sua carreira. Foi o mais incendiário artista da primeira geração do Rock ´n´ Roll. Lewis surgiu na Sun Records, a mesma pequenina gravadora de Memphis que revelou Elvis Presley. Tinha talento, ótima perfomance de palco e uma postura que reunia rebeldia, arrogância e ousadia. Seu sonho era um dia se tornar maior que o próprio Elvis! Após emplacar vários sucessos partiu para uma viagem à Inglaterra naquela que seria sua turnê de consagração. O futuro parecia promissor e brilhante. Infelizmente a imprensa britânica acabou com seus sonhos. Um jornalista descobriu meio que ao acaso que ele havia se casado com sua prima de apenas 14 anos. Isso bastou para que tudo viesse abaixo em pouco tempo. Lewis foi banido das rádios, seus shows foram cancelados e em pouco tempo ele viu tudo o que restava de sua outrora carreira virar literalmente cinzas. A vida do chamado “The Killer” é certamente das mais interessantes e curiosas da música americana e por isso em 1989 virou filme sob direção de Jim McBride, com Dennis Quaid no papel principal. Embora historicamente incorreto em alguns aspectos “A Fera do Rock”  é até hoje lembrado com carinho pelos fãs de musicais em geral.

A estética que foi escolhida foi bem technicolor, exagerada, vibrante, com linguagem das comédias românticas dos anos 50. A trilha sonora é uma delícia e reúne todos os grandes sucessos de Lewis no auge de sua carreira como Great Balls Of Fire, Whole Lotta Shakin’ Goin’ On, Crazy Arms e High School Confidential. É certo que Dennis Quaid está muito afetado na pele de Jerry Lee Lewis mas isso não tira o charme da produção. Uma jovem e talentosa Winona Ryder dá brilho ao elenco ao interpretar Myra Gale Brown, a prima adolescente de Lewis que acabaria sendo sua ruína. O elenco aliás está muito bem, com todos à vontade em seus respectivos personagens. O próprio Jerry Lee Lewis resolveu participar do clipe promocional do filme, cantando e tocando piano ao lado de Dennis Quaid. Tirando esse lado mais colorido da película a verdade pura e simples é que a vida de Lewis estaria mais para um drama pesado do que para uma comédia musical como essa. Eu entendo que os produtores não quiseram fazer nada baixo astral e ao invés disso optaram por celebrar o artista. Nada há de errado nisso. Só que se deve registrar que o que fizeram a Lewis durante muitos anos foi de uma crueldade imensa. Arrasaram com um artista talentoso apenas por uma questão de falso moralismo extremo. Ainda bem que Jerry Lee Lewis é acima de tudo um grande sobrevivente. Enfrentou todas as barras e conseguiu em vida ver sua estrela renascer novamente. Palmas para ele. O que fica é a certeza que Jerry Lee Lewis foi certamente um grande nome do Rock americano que merece todo o respeito e reverência. Um verdadeiro The Killer que marcou para sempre a música do nosso tempo.


A Fera do Rock (Great Balls of Fire!, Estados Unidos, 1989) Direção: Jim McBride / Roteiro: Jack Baran, Jim McBride baseados no livro de Myra Lewis e Murray Silver Jr./ Elenco: Dennis Quaid, Winona Ryder, Stephen Tobolowsky, Trey Wilson, Alec Baldwin / Sinopse: Cinebiografia do cantor de rock dos anos 50 Jerry Lee Lewis. Revelado pela Sun Records de Sam Phillips acaba tendo sua carreira destruída por ter se casado com sua prima menor de idade.

Pablo Aluísio