sábado, 19 de julho de 2025

Toda Forma de Amor

Jovem cartunista (Ewan McGregor) relembra dois períodos distintos de sua vida. No primeiro recorda dos últimos momentos da vida de seu pai (Christopher Plummer). Diagnosticado com um cãncer agressivo seu velho resolve finalmente, aos 75 anos, assumir sua homossexualidade para espanto de todos. Na outra linha temporal ele recorda o começo de seu relacionamento com uma jovem francesa (Melanie Laurent). Após conhecer a charmosa garota numa festa ele finalmente sente que encontrou sua cara metade. Será mesmo? Lida assim a sinopse podemos ficar com a impressão que o filme "Toda Forma de Amor" é no fundo um dramalhão com ares de comédia romântica. Nada mais longe da realidade. O roteiro com muita inteligência e sutileza dribla essa armadilha e constrói um filme muito bem amarrado, cativante, com muito bom humor e inteligência. O fato do personagem ser cartunista ajuda muito nesse aspecto. Ao longo da estória vamos acompanhando com muito charme as intervenções do personagem principal, ao mesclar seu trabalho com os eventos que vai vivenciando em sua vida pessoal.

O elenco está excepcionalmente bem. Também pudera, essa é um produção fundada em diálogos e boas atuações. Essas eram mais do que necessárias para dar tudo certo. Após um hiato de alguns anos aparecendo em filmes apenas medianos o ator Ewan McGregor finalmente volta à boa forma. O personagem que interpreta, Oliver, sem dúvida é um presente para qualquer intérprete. Irônico, levemente deprimido, ele vê o mundo pelos olhos da arte que produz e isso faz toda a diferença no resultado final. Já Christopher Plummer parece também ter tirado a sorte grande. Interpretando o velho Hal ele simplesmente dá show em cena. Ao dar vida a uma pessoa que não precisa mais provar nada à ninguém ele brilha em cena. Não me admira em nada o fato dele ter sido o vencedor do Oscar e ter ganho vários prêmios. Merece. Enfim, "Toda Forma de Amor" é simpático, agradável e muito bem atuado. Nos tempos atuais em que o cinema cada vez mais demonstra sinais de escassez dessas qualidades o filme é mais do que recomendado.

Toda Forma de Amor (Beginners, Estados Unidos, 2011) Direção: Mike Mills /Roteiro: Mike Mills / Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer e Mélanie Laurent / Sinopse: Oliver (Ewan McGregor) conhece a irreverente e imprevisível Anna (Mélanie Laurent), alguns meses após seu pai Hal Campos (Christopher Plummer) ter falecido. Este novo amor preenche a memória de Oliver com recordações de seu pai, que saiu do armário aos 75 anos, após a morte de sua esposa de 45 anos, para viver uma vida completa.

Pablo Aluísio.

Cine Majestic

Título no Brasil: Cine Majestic
Título Original: Cine Majestic
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment, Village Roadshow
Direção: Frank Darabont
Roteiro: Michael Sloane
Elenco: Jim Carrey, Martin Landau, Bob Balaban

Sinopse:
Peter Appleton (Jim Carrey) é um roteirista americano que acaba caindo na infame lista negra do Macartismo. Acusado de ser comunista ele vê sua carreira acabar literalmente da noite para o dia. Até mesmo sua namorada, um relacionamento de longos anos do qual ele realmente acreditava, chega ao fim. Numa noite particularmente depressiva, durante a chuva, Peter sofre um acidente, perde sua memória e vai parar numa cidadezinha do interior. Lá ele acaba sendo confundido com outra pessoa, o filho do dono da única sala de cinema da região. Esse verdadeiro recomeço em sua vida o marcará para sempre. 

Comentários:
Esse filme foi a aposta do comediante Jim Carrey em ser levado finalmente à sério como ator. A aposta foi bastante alta mas a produção, apesar de suas boas intenções, não conseguiu emplacar. O estúdio tentou vender a produção como um "Cinema Paradiso" americano mas na verdade convenceu pouca gente. Para se ter uma ideia de como foi pretensiosa a realização desse filme o ator Jim Carrey declarou em várias entrevistas que tinha muita esperança de que fosse indicado ao Oscar de Melhor Ator por seu personagem. Na verdade ele ia além, deixando sua modéstia de lado chegou a dizer que merecia o prêmio naquele ano. Hollywood não abre mão de certas tradições e uma delas é raramente premiar comediantes. Isso não é algo novo. Nem mesmo Charles Chaplin, um gênio do cinema, conseguiu ser premiado por alguns de seus filmes (só muitos anos depois, já envelhecido, recebeu um prêmio de consolação pelo "conjunto da obra"). Assim "Cine Majestic" acabou sendo vítima de suas próprias aspirações descabidas. Não é um filme ruim no final das contas, e até interessante e bem realizado, mas seu erro maior talvez tenha sido mesmo querer ir longe demais. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Sete Dias Com Marilyn

Hoje tive a grata surpresa de conferir esse "My Week With Marilyn". Quando o projeto foi anunciado eu realmente torci o nariz. Geralmente grandes ídolos do passado não ganham filmes à altura (vide as diversas bobagens feitas sobre Elvis Presley até hoje). Depois quando Michelle Williams foi anunciada fiquei ainda mais receoso. Inicialmente a achei meio inadequada, embora tenha adorado sua atuação em "Blue Valentine" (um excelente filme baseado em atuações maravilhosas sobre as dificuldades de um relacionamento adulto). Será que ela saberia lidar com a complexidade da personalidade de Marilyn Monroe?

Felizmente respirei aliviado quando "My Week With Marilyn" terminou.. Tudo é de muito bom gosto, o roteiro é bem escrito e as atuações são ótimas. Na minha forma de ver essa estrutura do argumento em que é valorizado apenas algum evento especifico da vida do biografado costuma dar muito mais certo do que quando tentam em um só filme retratar toda a história de vida da pessoa enfocada. Isso aconteceu recentemente com "A Dama de Ferro" em que tentaram dar um passo maior do que a perna e contar toda a história de Margaret Thatcher em apenas um filme - algo simplesmente impossível e que geralmente resulta em produções vazias e incompletas (apesar da ótima atuação de Meryl Streep considerei seu filme muito superficial).

Aqui acompanhamos a complicada gravação do filme "O Príncipe Encantado" que Marilyn Monroe (Michelle Williams) filmou na Inglaterra (fato único em sua carreira). Não deixa de ser cômico acompanhar o britânico Sir Laurence Olivier (Keneth Branagh) com toda sua organização e pontualidade arrancando os cabelos da cabeça com os constantes problemas de Marilyn durante as filmagens (sempre atrasada, sempre errando o texto do filme, tendo crises matrimoniais e depressivas, etc). O curioso é que o filme conseguiu retratar esse lado nada lisonjeiro do mito de forma não agressiva ou desrespeitosa. Seria muito fácil colocar uma Marilyn caindo pelo set, obviamente drogada ou bêbada. Felizmente o bom senso falou mais alto e aqui acompanhamos ela tal como realmente aconteceu - a atriz com muitos problemas pessoais, porém sem cair no sensacionalismo barato.

O foco do filme se concentra na aproximação de Marilyn com o terceiro assistente de direção, o jovem Collin Clarke (Eddie Redmayne). No meio do caos ela acaba se aproximando desse garoto que dentro da equipe não tinha nenhuma importância mas que acaba ganhado sua amizade e afeto. O curioso é que tudo que vemos na tela foi inspirado no próprio relato de Collin Clarke que por uma sorte do destino estava lá, no lugar e no tempo certos! Uma dessas coisas que só acontecem mesmo uma vez na vida de qualquer pessoa! Existe até hoje uma certa dúvida sobre a veracidade ou não de seu livro mas de certa forma isso não tem tanta importância pois não seria o primeiro livro a misturar fatos reais com toques de ficção! O texto é divertido e se for apenas uma lorota temos que reconhecer que é tudo muito bem escrito (e descrito). Infelizmente o autor faleceu em 2002 e não teve a oportunidade de ver sua obra adaptada tão bem para a tela de cinema.

Como já era esperado Michelle Williams só tinha dois caminhos ao interpretar Marilyn: ou atuar de forma convincente ou cair na caricatura! Muitos atores que interpretam mitos do passado como Elvis ou Marilyn inevitavelmente caem na caricatura pura e simples! Viram palhaços de forma inconsciente! Embora não seja muito parecida fisicamente com Monroe a atriz Michelle surpreende. Ela está doce, delicada (e complicada) em cena, tal como a Norma Jean da vida real. Concorrendo ao Oscar contra Meryl Streep por "A Dama de Honra" realmente ficarei chateado se perder pois considero seu trabalho muito superior à da colega. Sem grande uso de maquiagem pesada (como Streep), Michelle Williams conseguiu sumir dentro da personagem, o que prova seu fenomenal trabalho de atuação. O fato é que Marilyn era uma pessoa com sonhos, sentimentos e pensamentos que a distanciavam do estereotipo de "loira burra" que seus personagens acabaram criando na mente do público. Captar a essência dessa pessoa é o grande trunfo desse filme.

O diretor Simon Curtis tem uma das melhores séries da BBC no currículo, chamada Cranford (que acompanhei e fiquei maravilhado). Aqui ele repete integralmente seu bom gosto e finesse em cena. Tudo é encenado e recriado com uma delicadeza cuidadosa que foge sempre do lugar comum. A reconstituição de época também me agradou bastante, assim como os pequenos detalhes da produção (que contam muito no saldo final). A única crítica maior que teria a fazer ao filme seria a pouco relevância dada pelo roteiro a outro mito da história do cinema presente na história: Vivien Leigh, esposa de Laurence Olivier. No filme sua figura surge apagada e sem grande atrativo. Uma pena, mas tudo bem, "My Week With Marilyn" não deixa de ser brilhante por esse pequeno tropeço. Do jeito que está o filme me agradou bastante e recomendo aos fãs da eterna Marilyn Monroe, uma mulher tão linda quanto complexa, uma combinação totalmente explosiva vamos convir. Assistam sem susto, pois o filme é acima de tudo uma bela homenagem ao maior mito sexual da história do cinema.

Pablo Aluísio.

Jovens Adultos

Para algumas pessoas os anos no colégio representam o ponto alto de suas vidas. Principalmente para os populares, os bonitos, os "reis do high school". Quando os anos chegam e se vêem em dificuldades emocionais e financeiras sentem enorme saudades daquele período - incluindo aí os antigos amores do passado. É justamente essa situação que vive Mavis Gary (Charlize Theron). Rainha da beleza no colégio de sua cidade, popular ao extremo, ela chega aos 37 anos sem muito o que comemorar. Divorciada, fazendo sexo casual com desconhecidos, sem conseguir se firmar na carreira de escritora, ela acaba surtando quando recebe um Email de seu antigo namorado de escola anunciando com muita alegria o nascimento de seu filho! Sem pensar muito ela decide voltar à pequena cidade de Mercury para tentar reconquistar o namoradinho dos tempos de escola. O roteiro de "Jovens Adultos" é de Diablo Cody, ex stripper que acabou ficando famosa depois do sucesso de "Juno", uma pequena obra prima que causou impacto em seu lançamento.

Depois de se envolver com algumas bobagens como "Garota Infernal" finalmente Diablo reencontra o caminho dos bons roteiros. "Jovens Adultos" não é um filme excepcional mas dentro de sua proposta é muito bem realizado e escrito. E o mérito não cabe apenas a Diablo Cody mas também a ótima atriz Charlize Theron. Sua personagem não é nenhuma heroína romântica, pela contrário, ela mente, age mal e tenta de todas as formas roubar o antigo namorado de sua atual esposa. Em nenhum momento tem alguma crise de consciência por agir assim e nem está preocupada com os fatores morais de sua decisão. Em outras palavras é uma personagem muito próxima do que efetivamente acontece na maioria da vida das pessoas. Eu particularmente gostei bastante do resultado final justamente por isso, de sua veracidade. Enfim "Jovens Adultos" é uma boa pedida, espero que daqui em diante Diablo Cody realize mais projetos como esse e "Juno" e deixa as bobagens definitivamente de lado.

Jovens Adultos (Young Adult, Estados Unidos, 2011) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Com: Charlize Theron, Patrick Wilson e Patton Oswalt / Sinopse: Charlize Theron interpreta Mavis Gary, uma escritora de livros infantis que retorna para sua pequena cidade natal para recuperar seus dias de glória do tempo em que era a rainha da beleza em sua escola.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

O Palhaço no Milharal

O Palhaço no Milharal
Os roteiristas desse novo filme de terror foram bem espertos. Juntaram duas fobias bem comuns entre os americanos. A primeira vem daqueles imensos campos de milharal, tão grandes a serem perdidos de vista. Nessas plantações geralmente são encontrados os corpos de pessoas que foram vítimas de assassinato. No meio oeste americano essa é uma fobia muito presente entre os moradores daquelas cidadezinhas perdidas de interior. A outra fobia vem dos palhaços de circo. Eu sempre achei essas figuras seres bucólicos da infância, mas entre os americanos eles estão cada vez mais virando protagonistas de filmes de horror. A psicologia inclusive já denominou o medo irracional de palhaços como coulrofobia! Vai entender a mente dessa gente... 

Pois bem, nesse filme temos a história se passando numa dessas pequenas cidades do meio oeste. Uma família de cidade grande se muda para lá. Conforme eles vão se adaptando vão também conhecendo as histórias daquele lugar. Entre elas temos uma sobre a sangrenta morte de adolescentes que aconteceu nos anos 90. Eles foram mortos por um assassino vestido de palhaço! Some um mais um e já entendemos que esse serial killer vai reaparecer, novamente para tocar o terror na caipirada! Bom, eu até gostei do filme, mas como cinéfilo veterano pude ir vendo cada clichê batido desfilando entre as cenas. O filme é isso, uma aposta no que já funcionou no passado. Não é original, nem surpreendente. Só que se você for um colegial como um dos jovens do filme, certamente vai apreciar esse novo filme. 

O Palhaço no Milharal (Clown in a Cornfield, Estados Unidos, 2025) Direção: Eli Craig / Roteiro: Carter Blanchard, Eli Craig, Adam Cesare / Elenco: Katie Douglas, Aaron Abrams, Carson MacCormac / Sinopse: Jovens que estão se formando no High School (nosso ensino médio) passam a ser perseguidos e mortos por um estranho assassino vestido de palhaço. É a repetição do que já aconteceu nessa mesma cidade do interior, no passado, em plenos anos 90. 

Pablo Aluísio. 

Cowboys & Aliens

Eu gosto de Cowboys. Eu gosto de Aliens. Mas esse Cowboys e Aliens não passa de uma enorme bobagem. Uma aventura infantil e juvenil com roteiro quase inexistente e muitos efeitos especiais para esconder isso. Eu como fã do gênero western achei tudo um grande desperdício de paciência, tempo e dinheiro. O filme até que começa bem - Daniel Craig surge no meio de deserto sem lembrar de onde veio ou para onde vai. Encontra alguns vilões no meio do caminho e chega numa cidade perdida no meio do nada. Analisando assim poderíamos até pensar que estamos vendo um remake de algum faroeste com Clint Eastwood ou Randolph Scott mas a esperança logo que se vai, justamente quando os tais aliens surgem em cena. Nada tenho contra a ideia em si de fundir gêneros cinematográficos tão diversos, o problema é que esse tipo de coisa exige talento e inteligência. Definitivamente duas coisas ausentes por aqui. Muitas pessoas foram atraídas justamente pela proposta nada comum de unir ficção com faroeste mas certamente se decepcionaram pois o filme é uma típica produção vazia, sem qualquer conteúdo. Provavelmente em quadrinhos funcione melhor mas até nisso parece ter naufragado uma vez que muitos leitores da graphic novel que deu origem ao filme também reclamaram bastante do resultado nas telas. Ora, se nem aos leitores desse tipo de publicação o filme agradou para que serviu então esse "Cowboys & Aliens"?

Mas afinal alguma coisa se salva? Para falar a verdade mantive a atenção por pelo menos 30 minutos. Como fã de faroestes eu realmente queria que tudo desse certo mas passado esse tempo o filme desandou de uma vez, virando uma grande besteira digital. Parece que o produtor Spielberg perdeu toda e qualquer imaginação e originalidade com filmes como esse. Nos anos 80 ele produziu grandes filmes pipocas como "De Volta Para o Futuro" mas parece que perdeu a mão, o jeito da coisa para produzir esse tipo de diversão. Tudo não passa de uma salada indigesta ora roubando ideias de filmes clássicos de faroeste (como ir atrás do parente raptado), ora roubando de filmes famosos de ficção (o plágio mais óbvio é claro vem da franquia Predador). Tecnicamente falando o filme é bem feito, temos que reconhecer, mas o excesso de Aliens gerados digitalmente logo cansam também. Enfim, tudo se resume em uma grande bobagem mesmo que mais parece um videogame vazio. Não recomendo a pessoas maiores de 14 anos pois tudo parece ter sido feito para os mais jovens, crianças e pré adolescentes. Esses talvez achem alguma graça, quem sabe.

Cowboys & Aliens (Cowboys & Aliens, Estados Unidos, 2011) Direção: Jon Favreau / Roteiro: Roberto Orci, Alex Kurtzman / Elenco: Daniel Craig, Harrison Ford, Olivia Wilde / Sinopse: Cowboy (Daniel Graig) surge no meio do deserto sem se lembrar de nada. Em pouco tempo chega a um pequeno vilarejo onde enfrentará diversas aventuras que jamais sonhou imaginar.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Dogma

Dois anjos caídos (Matt Damon e o canastrão Ben Affleck) tentam retornar ao paraíso indo até New Jersey onde um cardeal da cidade promete a todos que atravessarem o portal de sua catedral o perdão de Deus para todos os seus pecados. Perdoados poderão retornar finalmente ao céu, após séculos de exílio em Wisconsin. Para impedir que isso aconteça uma pequena trupe formada por dois idiotas, uma descendente de Jesus Cristo, uma musa e um apóstolo negro (não citado no novo testamento) se unem para deter os anjos revoltosos. Kevin Smith, o diretor, quis com esse Dogma fazer piada sobre tudo o que diz respeito à doutrina cristã. Logo no começo do filme ele colocou um pequeno aviso para que as pessoas não se sentissem ofendidas com o teor do roteiro pois a produção não devia em nenhuma hipótese ser levada à sério. Realmente nesse ponto Smith tem razão. "Dogma" é apenas uma divertida sessão da tarde, dessas que se assiste e depois se esquece completamente (tanto que já tinha assistido anos antes mas me recordava realmente de pouca coisa).

O roteiro é bobo e por vezes disperso. Smith tenta fazer piada com tudo, com a cor do Cristo histórico, com a chamada imaculada concepção, com os apóstolos, demônios e anjos. Algumas piadas são divertidas e outras não. No geral o roteiro exige uma certa cumplicidade do espectador pois quem é completamente leigo em teologia certamente deixará passar batidas várias ironias do argumento. O que faz com que "Dogma" não seja uma perda de tempo completa é seu bom elenco. Além da dupla Damon e Affleck (é sempre divertido ver a falta de talento desse último) o filme ainda tem um curioso Jason Lee muito jovem (e com cabelos) fazendo um personagem endiabrado. Enfim, "Dogma" é indicado para nerds que gostam de debater sobre religião, se for o seu caso, aleluia! Faça bom proveito.

Dogma (Dogma, Estados Unidos, 1999) Direção de Kevin Smith / Roteiro de Kevin Smith / Com Ben Affleck, Matt Damon, Linda Fiorentino, George Carlin, Salma Hayek, Jason Lee, Jason Mewes, Kevin Smith./ Sinopse: Dois anjos caídos (Matt Damon e o canastrão Ben Affleck) tentam retornar ao paraíso indo até New Jersey onde um cardeal da cidade promete a todos que atravessarem o portal de sua catedral o perdão de Deus para todos os seus pecados. Perdoados poderão retornar finalmente ao céu, após séculos de exílio em Wisconsin. Para impedir que isso aconteça uma pequena trupe é formada.

Pablo Aluísio.

Loucos do Alabama

Título no Brasil: Loucos do Alabama
Título Original: Crazy in Alabama
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Antonio Banderas
Roteiro: Mark Childress
Elenco: Melanie Griffith, David Morse, Lucas Black

Sinopse:
O sonho de Lucille Vinson (Melanie Griffith) é se tornar uma estrela em Hollywood. Para isso ela resolve ir dirigindo para a ensolarada Califórnia enquanto seu sobrinho tenta desvendar um assassinato envolvendo um xerife corrupto do Alabama. Filme indicado ao Framboesa de Ouro na categoria de pior atriz (Melanie Griffith).

Comentários:
Primeiro filme como diretor do ator Antonio Banderas! Pois é, quem esperava por algo a mais se deu mal. O fato é que Banderas é tão ruim como cineasta como é como ator. Ele não consegue acertar uma! O filme não tem foco nenhum, não se define em ser um drama, um filme de ação ou uma comédia. Tentando atirar para todos os lados acaba não acertando em nada, nada mesmo! Ao que parece Banderas quis acima de tudo fazer uma ode cinematográfica para sua esposa, Melanie Griffith. O problema básico é que o público não tem nada a ver com isso e acabou vendo um pastel de vento de celuloide, pois tudo é muito rasteiro e irrelevante. Para não falar que nada presta, com muito esforço ainda se salva um pouco sua trilha sonora e o figurino de época. Infelizmente são detalhes menores que não conseguem salvar "Crazy in Alabama" de ser um tremendo abacaxi sulista!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de julho de 2025

O Bandoleiro Temerário

Título no Brasil: O Bandoleiro Temerário
Título Original: The Texican
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Lesley Selander
Roteiro: John C. Champion
Elenco: Audie Murphy, Broderick Crawford, Diana Lorys
  
Sinopse:
Procurado nos Estados Unidos por roubo, Jess Carlin (Audie Murphy) decide fugir para o México onde pretende viver em paz o resto de seus dias de vida. Ele consegue cruzar a fronteira, mas quando pensa que terá paz descobre que seu irmão foi morto nos Estados Unidos por um caçador de recompensas que estava atrás dele. Procurando por vingança, ele retorna para acertar contas com o assassino de seu irmão. Começa então um jogo de vida e morte entre aqueles dois homens unidos por esse destino trágico.

Comentários:
Um dos últimos filmes da carreira de Audie Murphy. Uma produção entre Estados Unidos e Espanha o que já demonstrava que se tivesse vivido mais alguns anos Murphy teria mais cedo ou mais tarde se transferido definitivamente para o Western Spaghetti. É um faroeste B razoável, que se utiliza de um argumento um pouco saturado para faturar em cinemas pelo interior da América. O orçamento é pequeno e não há nada que lembre uma grande produção classe A de western do cinema americano. A Columbia Pictures, o mais modesto estúdio americano, resolveu realmente produzir um filme sem grandes pretensões comerciais, visando apenas faturar um pouco sem gastar muito. Tirando os dois nomes principais do elenco, Audie Murphy e Broderick Crawford, todos os demais membros do elenco são espanhóis. O filme foi rodado em uma região perto de Barcelona, conhecida por ter um deserto bem parecido com o deserto americano da Califórnia. O lugar é conhecido como Catalonia e vários faroestes spaghettis foram filmados por lá. Então é isso, um western mediano que passa longe de ser considerado um dos melhores da carreira de Audie Murphy. Mesmo assim vale a pena ser conhecido e assistido, nem que seja por apenas uma vez.

Pablo Aluísio.

Balas Traiçoeiras

Título no Brasil: Balas Traiçoeiras
Título Original: Under California Stars
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Pictures
Direção: William Witney
Roteiro: Paul Gangelin, Sloan Nibley
Elenco: Roy Rogers, Trigger, Jane Frazee, Andy Devine, George Lloyd, Wade Crosby, Michael Chapin

Sinopse:
Para desafiar o cowboy Roy Rogers uma quadrilha de bandoleiros liderados por um rancheiro desonesto resolve raptar o cavalo Trigger, o grande companheiro e amigo de aventuras de Rogers.

Comentários:
Esse filme chegou a ser lançado no Brasil em VHS pelo selo VMW vídeo no começo dos anos 1990. Só que curiosamente a distribuidora mudou seu título nacional para "Roy Rogers e o Rapto de Trigger", ignorando completamente o título que originalmente foi lançado nos cinemas no final dos anos 1940 quando se chamou "Balas Traiçoeiras". De uma forma ou outra foi uma tentativa de apelar para a nostaligia e o saudosismo que o nome de Roy Rogers causava nos fãs brasileiros. Ele foi seguramente um dos mais populares astros do western americano em nosso país. Seus filmes lançados em matinês lotadas fizeram a alegria de muitos fãs juvenis em seu auge, quando era realmente um astro de cinema, sinônimo de boas bilheterias em nosso país. Revisto hoje em dia os roteiros soam inocentes e básicos, porém o charme vindo da nostalgia e o interesse histórico na figura de Roy Rogers formam o grande atrativo para se conhecer esse tipo de produção. O estúdio Republic iria falir poucos anos depois, porém seu nome se tornaria bem conhecido entre os fãs de matinês daqueles tempos. Uma era que infelizmente não volta mais.

Pablo Aluísio.