sábado, 19 de janeiro de 2019
Cavaleiro Elétrico
Como se pode perceber o filme é uma homenagem ao espírito e estilo de vida dos cowboys americanos (os verdadeiros, não os falsos do mundo do entretenimento). O personagem interpretado por Robert Redford demonstra muito bem isso. Ele simplesmente não agüenta mais viver em um mundo completamente falso que tenta imitar de forma patética a figura mitológica do cowboy real. Vestindo um figurino absurdo e desconfortável (uma das roupas chega a ser toda enfeitada com luzinhas de natal), ele chega ao seu limite. Após dar um basta em tudo ganha o campo aberto, a natureza, ao lado do cavalo que ele deseja devolver para a liberdade em seu meio natural.
Obviamente por se tratar de um animal tão valioso ele logo se torna um procurado da justiça e da lei. Robert Redford encarna com perfeição o chamado “homem de Marlboro”. Ao seu lado também em estado de graça surge Jane Fonda, que vive uma jornalista que fica completamente intrigada pela estória toda de Sonny e o cavalo Rising Star. No fundo “Cavaleiro Elétrico” trata sobre o valor da liberdade e da impossibilidade de sermos o que não somos. Um argumento muito sensível e verdadeiro que merece ser redescoberto pelas novas gerações de cinéfilos.
Cavaleiro Elétrico (The Electric Horseman, EUA, 1979) Direção: Sydney Pollack / Roteiro: Robert Garland, Paul Gaer / Elenco: Robert Redford, Jane Fonda, Valerie Perrine, Willie Nelson, John Saxon / Sinopse: Velho cowboy (Robert Redford) sobrevive como garoto-propaganda em eventos de Las Vegas até decidir libertar um cavalo puro sangue. Perseguido pela polícia e autoridades ele ganha o campo aberto ao lado de uma jornalista (Jane Fonda) para libertar o animal.
Pablo Aluísio.
A Conquista do Oeste
Tinha tudo para ser um grande filme, mas acabou sendo prejudicado por suas próprias pretensões absurdas. Quando a Metro decidiu produzir esse faroeste resolveu que iria realizar "o filme definitivo" sobre o velho oeste. Para isso contratou três grandes diretores do gênero e um elenco milionário que contava com, entre outros astros, James Stewart, John Wayne e Gregory Peck. A promessa era de que haveria mesmo uma super produção vindo. Além disso contava com um novo sistema de exibição chamado Cinerama, que tinha como objetivo dar uma visão completa da cena para o público, com três enormes telas.
Infelizmente as coisas não foram bem. O excesso de atores, diretores e roteiristas só resultou em um filme longo, arrastado e superficial. Nenhum personagem tinha tempo de se desenvolver bem. Dizia-se na época que a Metro havia juntado três roteiros de três filmes diferentes em um só! Não poderia dar certo mesmo. Além disso o tal sistema de tela tripla cansava o espectador que em determinado momento não sabia nem em que direção deveria olhar. Mais uma experiência para atrair público que não havia dado muito certo. Revisto hoje em dia o filme não se sustenta muito. Todos os elementos estão lá, porém isso não resultou em um grande filme, mas apenas em um filme grande, longo demais, que acaba causando simples tédio.
A Conquista do Oeste (How the West Was Won, Estados Unidos, 1962) Direção: John Ford, Henry Hathaway, George Marshall, Richard Thorpe / Roteiro: James R. Webb, John Gay / Elenco: James Stewart, John Wayne, Gregory Peck, Henry Fonda, Debbie Reynolds, Karl Malden, George Peppard, Eli Wallach, Richard Widmark / Sinopse: São três histórias que se interligam e que contam a história da colonização do velho oeste americano, com seus pioneiros, cowboys, militares e fazendeiros. Todos em busca de uma vida melhor.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
A Sétima Cavalaria
Uma das coisas que mais chamam atenção nesse filme é a questão sobre quem teria sido responsável pelo massacre das tropas americanas. Durante muitos anos após o desastre em Little Big Horn houve uma glorificação do General Custer. Considerado herói pois morreu lutando, seu legado foi incontestável por anos. Depois descobriu-se que Custer cometeu muitos erros no campo de batalha. Extremamente vaidoso e egocêntrico, Custer queria alcançar os picos da glória ao acreditar que venceria toda uma nação Sioux apenas com poucos homens extremamente bem treinados. Se equivocou feio o que acabaria custando a vida de centenas de soldados e oficiais americanos. O filme não tem medo de tocar nessa ferida e o faz de forma brilhante. Para quem gosta da história do velho oeste "A Sétima Cavalaria" é essencial.
A Sétima Cavalaria (7th Cavalry, EUA, 1956) Direção: Joseph H. Lewis / Roteiro: Peter Packer baseado no livro de Glendon Swarthout / Elenco: Randolph Scott, Barbara Hale, Jay C. Flippen / Sinopse: Aqui acompanhamos a volta do Capitão Tom Benson (Randolph Scott) ao Forte Lincoln após ir buscar sua noiva, a bela Martha (Barbara Hale). Ele era o braço direito de Custer na tropa e saiu de licença por motivos pessoais. O que Benson não sabe é que ao retornar não encontrará mais ninguém no forte! Toda a Sétima Cavalaria da qual fez parte acabara de ser massacrada pelos guerreiros Sioux e Cheyennes comandados por Cavalo Louco e Touro Sentado.
Pablo Aluísio.
Jake Grandão
A direção foi creditada a George Sherman, diretor dos bons e velhos tempos dos grandes filmes de western do passado. Só que ele passou por problemas de saúde durante as filmagens e assim o próprio John Wayne acabou dirigindo metade do filme, embora seu nome não constasse nos créditos oficiais da fita. No enredo ele interpretava um velho xerife aposentado, um homem da lei do passado, que agora procurava por paz, além de tentar uma reconciliação com um dos seus amores de um tempo distante. Sua tranquilidade porém seria rompida com o sequestro de seu neto. A partir daí caberia a ele pegar o velho rifle, montar seu cavalo e ir atrás dos criminosos. Bom filme, digno, da fase final da filmografia de um dos grandes mitos da história do cinema americano.
Jake Grandão (Big Jake, Estados Unidos, 1971) Direção: George Sherman, John Wayne / Roteiro: Harry Julian Fink, Rita M. Fink / Elenco: John Wayne, Richard Boone, Maureen O'Hara, Virginia Capers / Sinopse: Jacob McCandles (John Wayne) é um velho xerife aposentado que precisa voltar à ativa, após ter seu neto sequestrado por um bando de criminosos perigosos.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
Ben McKenzie
A primeira vez que vi algo com Ben foi na série adolescente "OC". Não cheguei a acompanhar direito essa série porque quando ela era exibida não me interessou muito. Séries sobre jovens riquinhos já tinha saturado em minha opinião. Mesmo assim cheguei a ver vários episódios, sem maiores compromissos. Se me recordo bem ele interpretava um cara modesto que ia morar em Los Angeles, em um bairro de jovens ricos. Era só. Tinha boa trilha sonora, mas nada além disso.
Só voltei a reencontrar o Ben em "Southland: Cidade do Crime". Sempre fui fã de séries policiais e essa era muito especial. Toda rodada em uma Los Angeles cheia de crimes, o Ben interpretava um jovem policial que ia ganhando a manha das ruas a cada dia de trabalho. Série excepcionalmente acima da média, muito boa, filmada quase como se estivéssemos assistindo a um documentário sobre a vida real. Também serviu para mostrar que a vida nas grandes cidades americanas não era o país das mil e uma maravilhas como muitos brasileiros inocentemente pensavam. Era barra pesada, selvagem, crua e violenta. Essa série recomendo a todos.
A terceira série que cheguei a acompanhar do Ben foi "Gotham". Ele interpreta o jovem comissário Gordon numa era antes do Batman, que ainda é uma criança. Porém muitos dos vilões do universo do homem morcega desfilam pela tela. É uma série extremamente bem produzida, com o melhor que a Warner Bros tem a oferecer. Mesmo acompanhando grande parte da primeira temporada não consegui curtir. É aquele tipo de série que tudo parece estar no lugar, com bons roteiros, elenco muito bom, direção de fotografia bonita, mas que ao mesmo tempo não cria empatia e nem parece ter carisma. Por isso após alguns episódios larguei a série. Não foi do meu gosto pessoal. Talvez um dia volte a acompanhar, quem sabe...
Pablo Aluísio.
Christopher Plummer
O interessante é que ele só veio mesmo a ser considerado um grande ator, de primeira grandeza, há relativamente pouco tempo. Para quem está há tantos anos na estrada não deixa de ser uma grande injustiça. Finalmente Plummer está tendo o reconhecimento que sempre mereceu, mesmo quando atuava em papéis menores, de personagens secundários, algo que ele fez com muita dignidade quando sua carreira começava a entrar numa fase morna, sem sucessos de bilheteria.
Durante muitas décadas ele foi considerado apenas um galâ elegante, ideal para interpretar personagens aristocráticos, sofisticados, da alta classe. O Oscar só veio em 2017, por sua atuação em "Toda Forma de Amor". Tarde demais? Não, diria que antes tarde do que nunca! Pessoalmente confesso que de certa maneira também nunca havia prestado muito atenção nele até meados dos anos 80. Uma das minhas referências mais óbvias quando ouvia falar em Christopher Plummer era seu bom desempenho como Sherlock Holmes em "Assassinato por Decreto". Ele interpretou um Sherlock bem fiel aos livros originais, bem clássico, bem de acordo com as páginas da literatura. E isso me causou uma excelente impressão.
Dizem que os galãs geralmente possuem prazo de validade. Quando a idade chega eles tendem a ser esquecidos. No caso de Plummer isso não aconteceu. Ele passou a ter um outro momento em sua vida artística. Penso que nem foi algo planejado pelo ator. Ele simplesmente aceitou bons papéis que iam surgindo, geralmente de pessoas na terceira idade. Eram bons roteiros e isso o elevou de novo ao primeiro time de Hollywood. "O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus", "A Última Estação", "Elsa e Fred - Um Amor de Paixão", "O Homem Que Inventou o Natal", "Todo o Dinheiro do Mundo", "A Exceção" "Limites" e "Não Olhe Para Trás" são filmes representativos desse seu novo momento na sua filmografia, que é sempre bom lembrar, é cheia de clássicos do passado.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
Primeiros Filmes - Steven Spielberg
Judeu, louco por cinema desde a juventude, Steven decidiu bem cedo que queria dirigir filmes. Ele nunca quis dar uma de intelectual com suas obras. Na verdade Steven Spielberg teve sua infância nos anos 1950, justamente a era de ouro da ficção no cinema americano. Essa influência ficou com ele para sempre. Os filmes do diretor jamais deixaram essa herança de lado, sempre com extraterrestres, fantasia, diversão. Exatamente por ser um fã de cultura pop é que Spielberg se tornou o que é hoje em dia. Seus filmes nunca foram tão eruditos como os de Coppola ou Scorsese. Ao invés disso o diretor direcionou sua filmografia para a diversão do jovem louco por quadrinhos, TV e cinema. E tudo começou lá atrás, quando ele dirigiu um episódio da série de sucesso "O Incrível Hulk". Spielberg ainda era um jovem, mas a emissora, confiante em seu talento, o escalou para dirigir o episódio chamado "Never Give a Trucker an Even Break". Esse foi o ponto zero da carreira de Spielberg na direção. A série era estrelada pelos atores Bill Bixby (que interpretava o cientista Dr. David Banner) e Lou Ferrigno (que dava vida ao monstro verde dos quadrinhos). Como já era tradição dentro da indústria americana, primeiro os jovens diretores ganhavam experiência em séries de TV, para só depois tentar a sorte nas telas de cinema, algo que para Spielberg veio até muito rápido, rápido demais para dizer a verdade.
Steven Spielberg mostrou sua genialidade já no seu primeiro filme pra valer em Hollywood. Encurralado (Duel, Estados Unidos, 1971) tinha um roteiro dos mais simples, para não dizer, simplórios. Era apenas a história de um motorista que passava a ser perseguido por um grande caminhão nas estradas da Califórnia. Nada mais do que isso. Spielberg entendeu que aquela seria uma ótima oportunidade para mostrar seu talento de direção. Usando de enquadramentos inovadores e uma trilha sonora impactantes ele criou um dos melhores filmes daquele ano. O filme acabou sendo exibido na TV, o que não foi algo ruim para o diretor, já que assim ele tinha chances de concorrer em algum prêmio importante que premiasse telefilmes. No Globo de Ouro o talento de Steven Spielberg foi reconhecido e pela primeira vez em sua curta filmografia ele acabou sendo indicado na categoria de Melhor Telefilme do ano, uma indicação que já valia como prêmio por ter sido lembrado.
Nessa primeira fase de sua filmografia os estúdios passaram a prestar mais atenção no jovem diretor. Muitos o apontavam como um novo talento nas produções de terror e suspense, mas esse tipo de rótulo não se enquadrava bem em Spielberg. Ele queria tentar todos os gêneros cinematográficos e pessoalmente preferia os filmes de Sci-Fi (ficção) do que de terror propriamente ditos. Spielberg foi um dos vários garotos de sua geração que cresceram assistindo a séries de ficção como "Além da Imaginação". Por isso essa inspiração jamais seria deixada de lado.
De qualquer forma o estigma de ser um novo talento do suspense levou com que Spielberg dirigisse dois outros telefilmes, nenhum deles com grande destaque. O primeiro foi "A Força do Mal" sobre um casal que se mudava para uma velha casa isolada no meio rural e começava a ter problemas com espíritos malignos. Um filme de terror bem feito, mas ainda sob controle do estúdio, o que cortou de certa forma a criatividade do diretor. Depois dele, já em 1973, veio "Savage" sobre um jornalista investigativo que descobria fotos comprometedoras de um magistrado indicado para a Suprema Corte dos Estados Unidos. Esse filme foi interessante para Spielberg porque ele teve a oportunidade de dirigir um grande ator, Martin Landau. Só que a TV havia ficado pequena demais para ele. Em breve Spielberg queria se dedicar à grande paixão de sua vida: filmes para o cinema.
Pablo Aluísio.
Primeiros Filmes - Amy Adams
Hoje a filmografia da Amy já conta com 59 filmes! Um número de respeito, ainda mais se formos levar em conta que ela começou a atuar para valer em cinema só a partir de 1999, ou seja, ela nem completou ainda 20 anos de carreira. Como toda jovem tentando encontrar um espaço nesse mercado mais do que competitivo, a ruiva precisou ralar bastante e também fazer algumas bobagens ao longo dos anos. Normal em casos assim, de atrizes em começo de carreira. Como processo natural ela acabou atuando, logo no seu primeiro filme, numa besteira intitulada "Lindas de Morrer". O elenco pelo menos era muito bom, com atrizes que realmente faziam jus ao título do filme. Ao lado dela nessa produção estavam Kirsten Dunst, Denise Richards e Ellen Barkin; Essa última loira aliás sempre considerei uma das mulheres mais sensuais do cinema americano.
Bom, se você é jovem e bonita e anda precisando trabalhar em Hollywood no comecinho da carreira um caminho simples de arranjar papéis é descolar alguma produção de terror para participar . A Amy Adams não escapou desse caminho. Seu segundo filme foi o inacreditável (no mal sentido mesmo) "Horror na Praia Psicodélica". Depois de cinco indicações ao Oscar gostaria de saber como a Amy olha para trás e encara produções como essa em que ela atuou! Deve ser um misto de arrependimento com humor. Por falar nisso os produtores dessa fitinha a anunciavam como um "Encontro entre os filmes slasher e os psicodélicos anos 60, tudo se passando numa praia paradisíaca!" Deve ser literalmente um horror!
Pablo Aluísio.
Primeiros Filmes - Nicole Kidman
Namorar o ator mais bem pago do cinema trouxe uma espécie de fama instantânea para ela. Esse namoro iria acabar em um casamento não muito feliz, com um final que deixou a Kidman muito desapontada e decepcionada com Cruise. Quem não se recorda ele se separou dela poucos dias antes da esposa ter direito a parte de sua fortuna. Foi um fim incentivado por um materialismo meio vergonhoso.
"Dias de Trovão" é um filme pipoca por excelência. Foi vendido como um "Top Gun" com carros de corrida. No fundo é isso mesmo. O roteiro é bem vazio, com Tom Cruise brincando de piloto o tempo todo na tela, sem convencer muito bem. Claro que como cinema de ação funciona bem também, porque o diretor Tony Scott sempre foi um mestre nesse tipo de edição. Um filme com muito visual, muito pop, mas sem muito conteúdo. Faz muitos anos que revi o filme, mas mesmo na revisão pude sentir novamente o quanto é vazio essa produção sobre duas rodas.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Os Filmes de Brad Pitt
E aí é aquela coisa. O ator começa a aparecer em muitas capas de revistas (com especial atenção para as revistas teen, para os jovens), muitas matérias em jornais e revistas de cinema e por aí vai. Publicidade, acima de tudo. Em relação a "Lendas da Paixão" devo dizer que o mais atrativo para ir ao cinema, pelo menos no meu caso, foi a presença de Anthony Hopkins no elenco. Havia me tornado fã, de carteirinha mesmo, desde que vi sua maravilhosa atuação em "Vestígios do Dia", um filme belíssimo. Assim quando foi anunciado que ele estaria nesse elenco, em mais um filme de época, realmente não poderia deixar passar em branco.
Quando finalmente vi "Lendas da Paixão" pude perceber que em nenhuma hipótese poderia ser comparado com "Vestígios do Dia". Esse era um drama sensível, com roteiro muito inglês, revisitando a história de um homem que não conseguia expressar seus sentimentos. Já "Lendas da Paixão" era mesmo um novelão estrelado pelo Brad Pitt. Hopkins aqui surgia mais como um coadjuvante de luxo. O filme obviamente não me aborreceu em nenhum momento, mas de certa maneira me deixou um pouco decepcionado, já que as expectativas estavam altas. Para as novas fãs do galã Brad Pitt porém isso tinha pouca importância. Elas queriam mesmo era ver o novo ídolo do cinema, com seus longos cabelos loiros ao vento, em cenas que pareciam mais um cartão postal.
"Nada é Para Sempre" de 1992 é um dos bons filmes da carreira de Pitt. Curiosamente também é um filme ainda pouco conhecido pelo público em geral. Não fez muito sucesso na época, mas conseguiu ter a boa vontade da crítica. O enredo era bem nostálgico, mostrando uma família no começo do século XX. A pesca em rios de Montana era uma metáfora sobre a vida, mostrando que assim como as águas, tudo fluía em seu caminho natural. Pitt ainda bem jovem não era o astro principal do filme, mas sim um coadjuvante de luxo, numa caracterização muito boa, de um rapaz do interior que tinha que encarar o desafio do passar dos anos.
A direção era de Robert Redford. O filme acabou sendo indicado ao Oscar. Philippe Rousselot acabou premiado pela maravilhosa direção de fotografia. Ele captou muito bem a beleza natural dos rios de Montana, algo que trouxe um visual muito belo ao filme como um todo. Também concorreu em outras categorias valiosas, entre elas a de roteiro adaptado, trabalho desenvolvido pelo roteirista Richard Friedenberg e por fim pela música incidental (Mark Isham). Belas imagens sempre pedem por boa trilha sonora, para criar o clima certo para envolver o espectador no cinema. No meu caso tive o privilégio de curtir tudo isso em uma sala de cinema. Esse é realmente aquele tipo de filme ideal para ver no cinema, uma vez que todas as suas qualidades se destacam na tela grande.
Depois de todo esse lirismo natural, Brad Pitt atuou em um filme completamente diferente do anterior. A fita se chamava "Kalifornia" e era bem violenta. Essa produção não encontrou espaço no circuito comercial das salas de cinema no Brasil, sendo lançado diretamente em vídeo (estamos falando ainda dos tempos das locadoras VHS). Provavelmente seu tema bem fora do comum, mostrando um casal de psicopatas espalhando terror e morte pelas estradas mais desertas dos Estados Unidos, acabou gerando desconfiança nas distribuidoras nacionais. Além disso Pitt ainda não era um astro, um campeão de bilheteria. Ele aparecia barbado, usando um boné típico dos caipiras americanos e surgia nada glamoroso ao lado de uma insana Juliette Lewis, em boa atuação. Esse foi um filme pouco badalado e conhecido, mas que tinha qualidade. Quem assistiu nos anos 90 não se arrependeu.
O filme mais badalado da carreira de Brad Pitt nos anos 90 foi sem dúvida "Entrevista com o Vampiro" (Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles, 1994), a tão aguardada adaptação para o cinema do romance vampiresco escrito por Anne Rice. O estúdio investiu milhões de dólares na produção e conseguiu contratar dois astros para o elenco principal. Assim ao lado de Pitt na história tínhamos também um afetado Tom Cruise no papel do vampiro Lestat. Pitt interpretava outro ser da noite, Louis. Uma papel não menos importante dentro do roteiro.
Os dois astros de Hollywood não se deram bem no set de filmagens desde o primeiro dia. Pitt não gostou do jeito de Cruise, sempre muito preocupado em roubar todas as cenas apenas para si mesmo. Isso talvez explicasse porque ao longo de tantos anos Cruise jamais havia se dado muito bem com outro ator de seu porte em filmes anteriores. Sempre havia algum atrito, alguma notícia de problemas de relacionamento dentro das filmagens. Brad Pitt porém não facilitou a situação. Numa competição de estrelismos ele também pagou para ver, causando uma tensão no meio dos trabalhos.
O bom de tudo isso é que as interpretações, tanto de Pitt como de Cruise, foram elogiadas. Competindo entre si, quem acabou ganhando foi o público que acabou assistindo duas belas atuações. O filme fez bastante sucesso batendo a casa dos 300 milhões de dólares na bilheteria. Foi um passo importante pois mostrava aos executivos de Hollywood que Brad Pitt conseguia chamar atenção, até mesmo quando dividia as telas com outro grande popstar do cinema como Cruise. Como vários foram os livros escritos por Anne Rice sempre se cogitou novas adaptações. Pitt porém recusou todos os convites para voltar a esse universo de vampiros. Em sua opinião o seu trabalho como Louis foi tão bom e satisfatório que ele simplesmente não queria estragar tudo em uma continuação inferior.
Em 1995 o ator atuou no filme "Seven: Os Sete Crimes Capitais" (Se7en). Tive também a oportunidade de assistir no cinema na época de seu lançamento original e revi não faz muito tempo. Continua sendo um excelente filme policial de suspense, com ênfase no subgênero dos psicopatas seriais, dos serial killers. Na trama Pitt interpreta um policial que ao lado de seu parceiro, em boa atuação de Morgan Freeman, tenta desvendar uma série de assassinatos.
O assassino parece seguir uma linha, um método de execução, fazendo referência aos sete pecados capitais. A direção foi do talentoso David Fincher e para fechar a linha de frente de grandes profissionais do cinema o elenco ainda trazia Kevin Spacey em seu primeiro papel de impacto no cinema. Eu me recordo bem como na época só se falava em Spacey. Ele quase roubou o filme da dupla de protagonistas.
Nesse mesmo ano Pitt surpreendeu meio mundo ao surgir na estranha ficção "Os 12 Macacos" (Twelve Monkeys). Quem estava acostumado com o ator em papéis de galã bonitão levou um tremendo susto. O filme trazia Pitt despido de qualquer vaidade pessoal, atuando em um personagem quase completamente asqueroso, maluco, com os olhos trocados! O filme em si era um delírio visual e estético assinado pelo cineasta Terry Gilliam, bem conhecido por seus excessos no cinema. Visionário e adepto de cores fortes, ele fez um filme que não passou despercebido.
Outro aspecto interessante é que Brad Pitt também deixou o orgulho de astro de lado, se tornando apenas um coadjuvante em um filme cujo ator principal era Bruce Willis, o herói dos filmes de ação. A crítica gostou do resultado, mas o público em geral torceu o nariz. Não era uma história fácil de digerir e nem tampouco um roteiro acessível a todos os públicos. A coragem de entrar de cabeça em um papel tão esquisito rendeu bons frutos para a carreira de Pitt. Ele foi indicado ao Oscar e acabou ganhando o Globo de Ouro naquele ano por causa de seu trabalho como o amalucado Jeffrey Goines; No fundo o esforço valeu a pena.
Em 1996 Pitt atuou em "Sleepers: A Vingança Adormecida", Dirigido pelo cineasta Barry Levinson, o filme contava com um grande elenco, cheio de astros, entre eles Robert De Niro, Kevin Bacon e Dustin Hoffman. No meio de tanta gente famosa ficou um pouco mesmo complicado se destacar. É um filme bem interessante, mostrando quatro amigos de infância que foram detidos ainda na juventude, por onde sofreram todos os tipos de abusos e agressões. Muitos anos depois se reúnem e decidem se vingar de quem os violentou no passado. O filme não fez tanto sucesso, apesar dos nomes envolvidos, mas é um dos melhores da filmografia do ator, principalmente pelo seu roteiro, muito bem escrito. Além disso foi por demais interessante para Pitt atuar com tantos nomes consagrados de Hollywood ao mesmo tempo. Como ele mesmo disse em entrevista foi um "verdadeiro aprendizado".
Em 1997 Brad dividiu a tela do cinema com Harrison Ford em "Inimigo Íntimo" (The Devil's Own). Ford havia sido um dos maiores campeões de bilheteria do cinema nas décadas de 1970 e 1980. Nos anos 90 porém ele já não era um nome tão forte e popular entre o público. Já Brad Pitt era o astro da década, sendo grande chamariz de bilheterias bem sucedidas. No final das contas, ao contrário do que a crítica dizia, era Pitt que estava dando uma força na carreira de Ford e não o contrário.
No enredo do filme um policial de Nova Iorque acaba descobrindo que o sujeito irlandês que é o seu hóspede e que parece ser uma boa pessoa, inofensiva, é na verdade um terrorista do IRA, atrás de armas americanas para venda. Um traficante de armas internacional. O filme tinha até boas cenas de ação, mas não era nada memorável em seu roteiro, um tanto previsível. A direção foi do veterano Alan J. Pakula, que a despeito de seu talento, não conseguiu realizar um grande filme.
Pablo Aluísio.