segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Uma Nação em Marcha

Título no Brasil: Uma Nação em Marcha
Título Original: Wells Fargo
Ano de Produção: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Frank Lloyd
Roteiro: Paul Schofield, Gerald Geraghty
Elenco: Joel McCrea, Bob Burns, Frances Dee
  
Sinopse:
Ramsay MacKay (Joel McCrea) é um empregado da empresa Wells Fargo Express cuja principal atividade econômica é levar correspondência e cargas entre as duas costas americanas. Seu trabalho não é tão fácil como parece pois ele precisa vencer longas distâncias, viagens e jornadas penosas, tudo para entregar as encomendas na hora certa, no momento exato. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som (baseado no sistema sonoro inovador da época, chamado de Paramount SSD).

Comentários:
Faroeste muito antigo que conta uma história que sinceramente falando será pouco atrativo para os dias atuais. O personagem principal interpretado pelo ator Joel McCrea é basicamente um empregado de uma empresa privada que fatura levando encomendas e correspondências entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos. Então o McCrea basicamente interpreta um carteiro? Tirando as devidas proporções é justamente isso. Hoje em dia enviar uma mensagem é a coisa mais banal do mundo, está a distância de um click no computador, mas no século XIX era praticamente uma aventura pois as cartas físicas tinham que atravessar grandes distâncias, geralmente passando por regiões hostis. O roteiro porém não se leva completamente à sério, longe disso, há todo um clima bem humorado que vai de ponta a ponta do filme. 

Para suavizar ainda mais Joel McCrea se apaixona por uma donzela, se declarando em galanteios românticos (nem todos muito convincentes). Como ainda era jovem (e tinha uma belo penteado, ou seja, bem antes de ficar careca) até que consegue convencer um pouquinho como galã sentimental, mas no geral nada é muito bem desenvolvido. O filme só se destaca mesmo por alguns aspectos da produção como uma bem detalhada réplica da San Francisco daqueles tempos, um vilarejo ainda, antes da chegada de milhares de imigrantes que iriam mudar a imagem da cidade, a transformando numa das metrópoles mais desenvolvidas da América. Outro fato que ajuda a manter o interesse é o fato de que o enredo explora praticamente toda a vida do protagonista, desde os primeiros tempos até sua velhice. Nesse meio termo explode a guerra civil, ele se casa e depois se separa da esposa (ela supostamente estaria apoiando os sulistas por causa da morte do próprio irmão no campo de batalha) tudo caminhando para o final quando ocorre a grande redenção entre eles. Poderia ser bem melhor, porém os roteiristas só estavam dispostos a ir até um certo limite. Mesmo assim, sendo menos do que poderia ser, ainda é um western que vale a pena ser ao menos conhecido.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Bone Tomahawk

Obviamente que o maior atrativo para assistir a esse filme vem justamente da presença de Kurt Russell no elenco. O ator não fazia um faroeste desde 1993 quando interpretou o lendário xerife Wyatt Earp em "Tombstone - A Justiça Está Chegando", ou seja, fazia mais de vinte anos que ele não estrelava um filme de velho oeste. Kurt nunca foi uma presença constante em filmes do gênero, o que sempre me deixou surpreso, já que definitivamente ele tem os atributos para estar em filmes como esses. Talvez o fato dele ter tido o auge de sua carreira no boom de filmes de ação tenha contribuído para que ele nunca se tornasse uma figurinha fácil em filmes de western. Ao invés disso Kurt colecionou atuações em filmes de pancadaria ao estilo anos 80.

Não há nada de errado nisso. Apenas podemos lamentar ele não ter realizado mais incursões no velho oeste. Dito isso temos que dar os devidos créditos para essa nova produção. Ela foi escrita e dirigida por S. Craig Zahler, um novato, que apenas agora assina sua primeira direção. Mais ligado ao cinema independente ele foi de tudo um pouco, desde roteirista até diretor de fotografia de alguns filmes menores. Aqui ele pretendeu em parte realizar um filme ao velho estilo, mas que fosse também atraente para o público mais jovem. A receita que encontrou para unir essas duas coisas foi escrever um enredo que embora fosse um western tradicional, também explorasse elementos de filmes de terror.

O resultado é bom. Há uma tensão constante, muita aridez (inclusive em termos técnicos com quase completa ausência de trilha sonora incidental, por exemplo), além de uma trama que me remeteu imediatamente a velhos clássicos com o mito John Wayne. Todo filme de western que explore a jornada de busca de um grupo de homens em salvar inocentes raptados me faz lembrar de produções como "Rastros de Ódio". Claro que digo isso levando em conta todas as devidas proporções, afinal de contas não é qualquer obra cinematográfica que pode sequer ser comparado a essa obra prima imortal. As semelhanças se restringem a parte do enredo e não ao filme em si, como um todo. Outro destaque que faz valer a pena assitir ao filme vem do elenco.

Além de Kurt Russell temos o retorno de outra estrela dos anos 80. Poucos vão perceber sua presença, mas lá no meio dos atores surge discretamente a atriz Sean Young vivendo a personagem Mrs. Porter. Sean Young foi uma das atrizes mais badaladas da década de 80. Ela trabalhou em clássicos daquela era como "Wall Street - Poder e Cobiça", "Duna", "Sem Saída" e principalmente "Blade Runner, o Caçador de Androides" onde interpretou a icônica Rachael. Sua imagem assustadora e sensual ao mesmo tempo ficou na mente dos fãs de cinema daquela época. Sua carreira entrou em decadência por causa de problemas sérios de saúde que enfrentou por longos anos. Sua presença no elenco foi uma sugestão do próprio Kurt Russell que resolveu lhe ajudar nesse retorno. Em suma, não deixe de conferir. Um western moderno, dos dias atuais, com um sabor nostálgico de um passado glorioso e distante.

Pablo Aluísio.

Domador de Motins

Mais um bom faroeste com o astro do western Randolph Scott. Aqui ele interpreta um tipo incomum em sua filmografia. Scott é Ned Britt. No passado ele fora um pistoleiro temido no velho oeste, principalmente no norte do Texas. Com o tempo ele passou a entender que seria morto mais cedo ou mais tarde pois sempre haveria alguém tentando ter a honra de ter matado o mais rápido do gatilho. Assim ele decide abandonar as armas, se dedicando a ser um jornalista. Isso mesmo. Com uma prensa mecânica em uma carruagem, Ned e sua pequena equipe se tornam jornalistas itinerantes, indo de cidade em cidade para publicar seu pequeno diário.

Depois de muito rodar ele acaba parando em sua terra natal, a pequena Fort Worth, no mesmo Texas que um dia deixou para tentar o começo de uma nova vida. Seu retorno acaba também trazendo problemas. Sua antiga namorada (e amor de sua vida) está para casar com o seu melhor amigo. Para piorar tudo, a presença de alguém disposto a publicar um jornal na cidade logo desperta ódios, principalmente dos bandidos e malfeitores da região. A liberdade de imprensa já existia nos Estados Unidos naqueles tempos pioneiros, porém não eram poucos os jornalistas que acabavam sendo mortos por aquilo que escreviam. Afinal de contas o oeste ainda era selvagem.

O interessante é que o personagem de Scott evita a todo custo em voltar a usar as armas. Ele acredita sinceramente que o poder das palavras é mais forte e imponente do que o poder das armas de fogo. Sua relutância em voltar ao velho estilo - de acertar todas as rivalidades com um cano fumegante - logo o deixa vulnerável contra os facínoras de Fort Worth. Ele só muda de ideia mesmo quando seu sócio é morto covardemente na própria sede do jornal Fort Worth Star que dirige. A partir daí não sobra outra alternativa. O velho e bom Randolph Scott então resolve acertar as contas ao velho estilo, em duelos face a face (algo que certamente fez a festa dos fãs do ator na época).

Embora seja um western bem na média do que Scott era acostumado a estrelar - ou seja, uma fita B, mas com muito bom gosto e com todos os elementos necessários presentes - o que mais me chamou a atenção nesse filme foi o bom roteiro, com inúmeras reviravoltas envolvendo todos os personagens. Ora Scott pensa contar com seu velho amigo, ora descobre que está entrando em uma verdadeira cilada, com traição à vista. E para não faltar nada mesmo, o filme ainda traz ótimas sequências de ação, como a corrida em direção a uma locomotiva em chamas e uma grande sequência de acerto de contas de Scott com todos os vilões do filme. Em suma, um faroeste para fã do gênero nenhum colocar defeito. Scott era realmente muito eficiente nesse tipo de produção. Bons tempos aqueles.

Domador de Motins (Fort Worth, EUA, 1951) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: John Twist / Elenco: Randolph Scott, David Brian, Phyllis Thaxter / Sinopse: Após viajar numa caravana em que um garotinho morre esmagado depois do estouro incontrolável de uma manada, o cowboy e jornalista Ned Britt (Scott) decide voltar para sua terra natal, Fort Worth. Lá reencontra o grande amor de seu passado e seu antigo melhor amigo,  Blair Lunsford (David Brian), um homem que se tornou extremamente rico, com ambições políticas. O problema é que ele parece ter enriquecido através de métodos ilegais e ilícitos. Será que a amizade entre Ned e Blair sobreviverá agora que tudo parece ter mudado na velha cidade?

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Os Cowboys

John Wayne - Os Cowboys

Ontem aproveitei o fim de noite para rever o faroeste "Os Cowboys". O western foi estrelado pelo maior mito americano do gênero, o imortal John Wayne. Em uma carreira longa e produtiva o veterano ator incorporou como poucos o símbolo do pioneiro americano rumo a um velho oeste selvagem, perigoso e violento. Nesse filme em particular temos uma variação bem interessante de seu tipo habitual. Ao invés de ser um membro da cavalaria enfrentando tribos de nativos hostis, o ator interpretou um velho rancheiro que precisa levar seu gado até a Califórnia. Sem homens para contratar (pois estão todos nas montanhas na chamada busca ao ouro) ele não vê outra alternativa a não ser contratar um bando de guris, garotos de escola mesmo, para lhe ajudar a tocar a boiada durante a viagem, atravessando as longas planícies áridas do oeste americano. O roteiro, baseado na novela escrita por William Dale Jennings, parte justamente dessa premissa para construir todo o enredo do filme. De um lado temos um velho cowboy, veterano da guerra civil, já calejado pelos anos, com muita experiência de vida. Do outro um bando de meninos que acabam se espelhando nele para crescer, se tornando enfim homens de verdade.

Curioso é que se fosse lançado hoje em dia "Os Cowboys" poderia muito bem criar problemas com o politicamente correto que impera nos dias atuais. Afinal de contas o personagem de John Wayne recruta todos aqueles garotos para um trabalho duro, arriscado. Hoje algo assim seria visto com reservas certamente. No caminho os meninos tomam conhecimento de aspectos da vida adulta como bebidas (imagine a confusão que isso iria dar) e até mulheres de vida fácil!!! Numa das cenas mais interessantes dois dos adolescentes encontram uma carruagem cheia de mulheres, coristas que vão se apresentar nos saloons do velho oeste. Elas se apresentam praticamente despidas, pois estão tomando banho em um rio da região. Claro que pela pouca idade eles até se assustam com a desenvoltura das moças que acabam achando eles tão bonitinhos, montados em seus cavalos, até parecendo cowboys de verdade! Tal cena certamente iria chocar para os padrões conservadores dos dias atuais. Conheço pessoas que ficariam escandalizadas com algo desse tipo!

O roteiro porém não se limita a isso. Há a questão racial também. O cozinheiro do grupo é Jebediah Nightlinger (Roscoe Lee Browne), um senhor negro, que chegou a também lutar na guerra civil e que agora ganha a vida cozinhando em caravanas. Os meninos que agora trabalham para o personagem de Wayne jamais tinham visto um negro antes! Numa das melhores cenas eles perguntam ao velho Jebediah se ele é igual aos outros homens (no caso, os brancos). O velho que já presenciou tantos momentos movidos pelo racismo acaba virando o jogo, contando uma velha lenda envolvendo seu pai, ao qual seria um velho guerreiro mouro em um mundo das mil e uma noites - o que obviamente acaba encantando todos aqueles jovens. Roscoe era um grande ator e nesse monólogo em particular prova bem isso. No final ele acaba liderando o bando de meninos em um momento crucial da trama, mostrando que a amizade e o respeito sempre vencem qualquer tipo de barreira racial que venha a existir entre brancos e negros.

Por fim, além da garotada, outro fato marcou muito esse "Os Cowboys". Encurralados e cercados por bandidos o personagem de John Wayne acaba sendo morto de forma covarde (pelas costas) pelo vilão Long Hair (Bruce Dern). Eu me recordo que quando assisti a esse filme pela primeira vez, ainda adolescente e nos anos 80, ao lado de meu pai, ele ficou visivelmente chocado e perturbado por ver o seu herói Wayne tombar em cena! Afinal John Wayne não poderia jamais morrer em seus próprios filmes, era um absurdo! O fato porém foi que esse tipo de situação veio muito bem a calhar pois trouxe a dose de realismo que faltava em sua carreira. Afinal o típico personagem de John Wayne poderia ser um bravo, um homem íntegro e honesto, representando tudo o que de valioso havia do homem do velho oeste americano, mas certamente não poderia ser imortal também! Por essas e outras é que esse "Os Cowboys" é da fato um filme tão marcante e inesquecível. Um ótimo western que todos os cinéfilos precisam ter em sua coleção.

Os Cowboys (The Cowboys, EUA, 1972) Direção: Mark Rydell / Roteiro: William Dale Jennings, Irving Ravetch / Elenco: John Wayne, Roscoe Lee Browne, Bruce Dern / Sinopse: Em plena corrida do ouro nas montanhas, o rancheiro Wil Andersen (John Wayne) acaba ficando sem cowboys para tocar seu gado do Colorado até a Califórnia onde os animais serão vendidos. Para resolver seu problema de mão de obra Andersen acaba tomando uma decisão radical: contratar um grupo de garotos para realizar a longa jornada oeste adentro.

Pablo Aluísio.

Spirit - O Corcel Indomável

Título no Brasil: Spirit - O Corcel Indomável
Título Original: Spirit - Stallion of the Cimarron
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Animation
Direção: Kelly Asbury, Lorna Cook
Roteiro: John Fusco
Elenco: Matt Damon, James Cromwell, Daniel Studi
  
Sinopse:
Um garanhão selvagem chamado Spirit (Matt Damon) é capturado por seres humanos e levado para uma incrível aventura de muita emoção e perigos. Aos poucos ele vai perdendo a vontade de resistir ao treinamento imposto por seus novos donos, sem no entanto perder a vontade de reconquistar novamente sua tão amada liberdade. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Animação (Jeffrey Katzenberg). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção ("Here I Am" de Hans Zimmer, Bryan Adams e Gretchen Peters). Vencedor de quatro prêmios no Annie Awards, considerado o Oscar da animação.

Comentários:
Desde que criou seu próprio estúdio, a DreamWorks, Steven Spielberg determinou aos seus executivos que dessem especial atenção para o mundo da animação. Isso se deveu não apenas aos números envolvidos nesse mercado (onde giram milhões e até bilhões de dólares em bilheteria), mas também para o fator prestígio. Todo grande estúdio de Hollywood que se preze precisa ter um bem elaborado departamento de animação. Pois bem, aqui está mais uma tentativa por parte de Spielberg em fincar posições no competitivo mundo da animação do cinema americano. O filme, como era de se esperar, é tecnicamente muito bem realizado. Além disso aposta numa proposta diferente, diria até mesmo mais clássica, explorando o velho oeste americano. Os protagonistas são cavalos e os humanos meros coadjuvantes. Gostei bastante do resultado final. É de um bom gosto à toda prova. Pena que não teve muita apelação ao público jovem dos dias de hoje o que resultou em uma bilheteria meramente morna. Em termos de elenco quem se destaca no quesito dublagem é o ator Matt Damon, dando vida ao personagem Spirit. É de se surpreender sua boa caracterização pois essa foi sua primeira experiência na area. Enfim, fica a recomendação de um western diferente, uma animação com o selo de qualidade de Steven Spielberg.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Uma Mente Brilhante

Segue sendo o trabalho mais memorável tem termos de atuação da carreira do ator Russell Crowe. Ele interpreta um gênio da matemática chamado John Nash. O filme, que é baseado numa história real, mostra Nash em seus primeiros anos, quando se torna um aluno brilhante numa das melhores universidades do mundo. Como é considerado um verdadeiro talento em sua área, acaba sendo procurado pelo governo para trabalhar no deciframento de códigos criptográficos. O que começa até bem logo desanda quando Nash começa a afirmar que está sendo perseguido, se tornando alvo de um complô extremamente complexo para lhe assassinar.

Verdade ou fruto de sua cabeça? O roteirista Akiva Goldsman joga o tempo todo com as duas possibilidades, dando um verdadeiro nó na cabeça dos espectadores. O filme só não é melhor porque o cineasta Ron Howard sempre foi muito convencional, nunca indo para caminhos mais desafiantes. Ele sempre preferiu mesmo o feijão com arroz do dia a dia. Sem esse tipo de coragem o filme acaba perdendo um pouco, até porque o diretor parece nunca estar à altura do roteiro, esse realmente acima da média, muito bem escrito. Fico imaginando um material como esse nas mãos de um Stanley Kubrick, por exemplo. Seria definitivamente uma das maiores obras primas da história do cinema.

Do jeito que ficou está OK, mas como sempre gosto de dizer, poderia ser bem melhor. De uma maneira ou outra o filme acabou se consagrando no Oscar com quatro importantes prêmios: Melhor direção (para Howard, um exagero!), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Connelly, a garota de "Labirinto" que cresceu e virou uma boa atriz), Melhor Roteiro (O prêmio mais merecido da noite) e Melhor Filme (achei um pouco forçado). Russell Crowe também foi indicado ao Oscar como Melhor Ator, mas não levou, naquela que foi a chance mais desperdiçada de sua carreira. Nunca mais ele voltaria a concorrer, mostrando que foi mesmo uma chance de ouro que ele perdeu de levantar a estatueta. Em conclusão considero um bom filme, com aquele tipo de roteiro que anda cada vez mais raro nos dias atuais. Muitos vão dizer que é tudo bem inconclusivo no final das contas, porém penso diferente, sendo esse aspecto uma das qualidades mais louváveis de seu texto.

Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Ron Howard / Roteiro: Akiva Goldsman, baseado no livro escrito por Sylvia Nasar / Elenco: Russell Crowe, Ed Harris, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Paul Bettany, Josh Lucas/ Sinopse: John Nash (Russell Crowe) é um gênio da Matemática que é procurado pelo governo americano para trabalhar na decifração de códigos de países inimigos. Em pouco tempo Nash começa a temer por sua vida, pois o que parecem ser agentes do governo, começam a persegui-lo, colocando em risco sua vida. Seria verdade ou apenas fruto de sua mente perturbada? Filme indicado também ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Mike Hill, Daniel P. Hanley), Melhor Maguiagem (Greg Cannom, Colleen Callaghan) e Melhor Música (James Horner). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Russell Crowe), Melhor Atriz - Drama (Jennifer Connelly) e Melhor Roteiro (Akiva Goldsman).

Pablo Aluísio. 

A Guerra de Hart

Esse filme foi uma pausa para Bruce Willis. Ele deu um tempo nos filmes de ação ao estilo pura porrada, para estrelar algo mais sofisticado, com um roteiro melhor, mais intelectualizado. Ele interpreta um Coronel americano em um campo de prisioneiros dos alemães durante a II Guerra Mundial. Quando um militar negro é acusado de assassinato de um colega de farda ele passa a desempenhar o papel de advogado desse sujeito. Ele não é um advogado de fato, quando a guerra explodiu era apenas um estudante do 2º ano de Direito, mas acaba aceitando o encargo. Bruce Willis então deixa as interpretações fáceis de sua carreira de lado para encarar um papel mais complexo, mais bem construído. O fato de tudo se passar na guerra torna ainda mais interessante o filme como um todo.

"Hart's War" como se vê parte de uma boa premissa, um enredo interessante. Tem um bom elenco de apoio que conta, dentre outros, com um jovem Colin Farrell, ainda no começo da carreira e tentando se encontrar na profissão de ator. Dito isso também encontramos problemas. Um tribunal do jurí, mesmo feito nas circunstâncias do filme, em uma situação excepcional e fora do comum, jamais poderia ser encarado como algo que estivesse sob controle de um estudante de Direito de segundo ano. É inverossímil. Não haveria conhecimento jurídico para entrar numa situação dessas, seria mesmo um desastre. De qualquer maneira se você conseguir ignorar essa falha de lógica pode ser que ainda vá se divertir. Interessante lembrar também que não foram poucos os que acusaram o filme na época de seu lançamento de ser lento e em muitos aspectos chato. Quem diria que um dia alguém iria reclamar de lentidão em um filme estrelado por Bruce Willis, o rei da metralhadora dos filmes de ação...

A Guerra de Hart (Hart's War, Estados Unidos, 2002) Direção: Gregory Hoblit / Roteiro: Billy Ray, baseado na novela escrita por John Katzenbach / Elenco: Bruce Willis, Colin Farrell, Terrence Howard / Sinopse: O Coronel William A. McNamara (Bruce Willis), um militar de formação ainda muito restrita de Direito, acaba aceitando a incumbência de defender um jovem negro acusado de assassinato. Filme premiado no Shanghai International Film Festival na categoria de Melhor Ator (Colin Farrell).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Coco Antes de Chanel

Como não conhecia praticamente nada da vida da famosa estilista Coco Chanel acabei gostando bastante desse filme. De maneira em geral gosto de biografias. Aqui o roteiro se concentra em mostrar os primeiros anos de sua vida, antes de criar sua grife que segue sendo, até os dias de hoje, uma das mais importantes do mundo da moda. Ela nasceu Gabrielle Chanel. Criada em um orfanato mantido pela igreja católica, sempre teve que lutar por sua vida. Quando se tornou adulta começou a se apresentar em cabarés e casas noturnas. Nessas apresentações em troca de trocados ela cantava uma popular música tradicional francesa que contava a história de um cachorrinho chamado Coco. Por isso seu apelido. Ao lado de uma amiga ela desenvolvia seu lado artístico nesses números de canto e dança.

O gosto pela moda veio cedo. Coco estava sempre observando o figurino das madames e mademoiselles da classe alta. Só faltava uma oportunidade de entrar no meio dessa gente, da elite. A oportunidade surge quando ela conhece Étienne Balsan (Benoît Poelvoorde), um ricaço inconsequente de bom coração. Coco teve um caso com ele, mas era algo um tanto superficial, do tipo chove, não molha. O mais importante desse relacionamento é que ela teve a oportunidade de conhecer pessoas que iriam ser fundamentais em sua nova carreira, a de estilista de moda. O filme também aproveita para mostrar um pouco da grande paixão da vida de Chanel, um inglês chamado Boy Capel (Alessandro Nivola). Ela que sempre se orgulhou de sua racionalidade e equilíbrio, de repente se viu apaixonada e boba por esse britânico. 

É um bom filme, elegante, sofisticado, tal como Chanel. A atriz Audrey Tautou está perfeita no papel principal. Ela não é apenas muito parecida fisicamente com Coco Chanel, como também conseguiu captar aspectos da personalidade da estilista de uma maneira surpreendente. Além disso sempre é um prazer assistir a filmes franceses, muito por causa da bela sonoridade da língua nativa. O francês tem mesmo uma bela melodia em suas palavras. É uma das mais bonitas línguas clássicas da Europa (ao lado do latim, espanhol e do nosso português). 

Coco Antes de Chanel (Coco avant Chanel, França, 2009) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Anne Fontaine, baseada no livro escrito por Edmonde Charles-Roux / Elenco: Audrey Tautou, Benoît Poelvoorde, Alessandro Nivola / Sinopse: "Coco Antes de Chanel" é uma cinebiografia que conta parte da história da estilista francesa Coco Chanel. O filme explora sua infância, quando foi criada em um orfanato católico, e sua juventude, quando acaba se envolvendo com dois homens bem diferentes entre si. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Catherine Leterrier). Vencedor do César Awards nessa mesma categoria.

Pablo Aluísio.

Legalmente Loira

Esse filme é uma bobeirinha que caiu no gosto do público americano, rendendo uma ótima bilheteria em seu lançamento. Só para se inteirar nos números: o filme custou meros 18 milhões de dólares e rendeu no total quase 250 milhões dentro do mercado americano e ao redor do mundo! Nada mal não é mesmo? Com esse tipo de lucro é que entendemos porque o cinema americano é o mais rico do mundo, posição que provavelmente nunca perderá. Pois bem, deixando a chuva de dólares de lado o que sobra é uma comediazinha muito simplória que se sustenta basicamente toda no carisma da atriz Reese Witherspoon.

Ela interpreta Elle Woods, uma típica patricinha (e coloca patricinha nisso) que consegue entrar em uma das mais disputadas universidades dos Estados Unidos e logo no curso de Direito!!! Imaginem o choque de ver os demais alunos (todos sérios, estudiosos e vestidos com total sobriedade) ao lado dessa loira cor de rosa, com cachorrinho de lado, se tornando o suprassumo da futilidade. Fica óbvio que o roteiro não é lá essas coisas (é fútil igual sua personagem principal), mas os jovens adoraram e então não deu outra... caixa recheada de verdinhas para o estúdio. Uma sequência foi lançada alguns anos depois (alguém duvidaria que isso iria acontecer?), mas essa continuação conseguia ser pior do que o filme original! Sim, isso foi possível.

Legalmente Loira (Legally Blonde, Estados Unidos, 2001) Direção: Robert Luketic / Roteiro: Karen McCullah, baseada no livro escrito por Amanda Brown / Elenco: Reese Witherspoon, Luke Wilson, Selma Blair, Raquel Welch / Sinopse: Patricinha que só se veste de rosa, acaba entrando numa das melhores universidades de Direito dos Estados Unidos, causando um choque de diferenças entre ela e seus novos colegas de curso! Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Reese Witherspoon).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Amor & Tulipas

Esse filme é um folhetim. Assim se você gosta de novelas muito provavelmente vai gostar desse "Amor & Tulipas". E como todo folhetim esse roteiro também tem um enredo com romances, traições e reviravoltas. Tudo se passa no século XVII, na Holanda. O rico comerciante Cornelis Sandvoort (Christoph Waltz) ficou viúvo após a morte da esposa em trabalho de parto. Ele pretende reconstruir sua vida e para isso precisa de um herdeiro. Em suas próprias palavras: "Um homem precisa deixar seu nome e sua fortuna para um filho!". Como já é um senhor com uma certa idade ele não vai mesmo conquistar nenhuma beldade da cidade onde vive, a não ser que seja uma interesseira.

Para resolver seus problemas ele decide ir até um orfanato mantido pela Igreja Católica. Lá existem muitas moças bem educadas, mas pobres, que só esperam por um bom casamento. Acaba encontrando o que procura em Sophia (Alicia Vikander). Eles se casam e tudo corre bem, a não ser pelo fato dela não conseguir engravidar, justamente o que Cornelis mais desejava. Pior do que isso, a jovem Sophia acaba se apaixonando por outro homem, um pintor contratado pelo marido para fazer um quadro clássico do casal. E a parti daí já sabemos mais ou menos o que virá. O marido é um bom homem, muito dedicado ao seu casamento, mas ela não o ama como deveria. Seu coração pertence mesmo ao jovem pintor interpretado por Dane DeHaan.

O filme tem boa produção, com excelente reconstituição de época, inclusive reproduzindo os estranhos figurinos daquele período histórico. O melhor ator em cena é justamente Christoph Waltz interpretando o marido traído. Mais contido do que o habitual, sem exageros dramáticos, ele procura escapar um pouco dos personagens de vilões que andou fazendo ultimamente. Outro destaque, com menos espaço na história, é a presença da grande dama do teatro e cinema Judi Dench. Ela interpreta uma freira que cuida de uma plantação de tulipas no convento onde mora. O roteiro aliás mostra um estranho mercado de vendas dessas flores que viraram objetos de especulação na época, com algumas delas valendo pequenas fortunas. Por fim há também a presença do comediante Zach Galifianakis em mais um papel de porcalhão bêbado. É o alívio cômico da trama. No geral é um bom filme, nada demais, um pouco folhetinesco além da conta, mas que cumpre seu papel.

Amor & Tulipas (Tulip Fever, Estados Unidos, 2017) Direção: Justin Chadwick / Roteiro: Deborah Moggach, Tom Stoppard / Elenco: Christoph Waltz, Judi Dench, Zach Galifianakis, Alicia Vikander, Holliday Grainger, Dane DeHaan / Sinopse: Jovem mocinha, criada em um orfanato católico, é dada em casamento a um rico comerciante holandês. Ele quer um herdeiro pois se tornou viúvo no casamento anterior. A nova esposa é submissa e leal, mas não consegue engravidar. Pior do que isso, depois de algum tempo ela acaba se apaixonando por um jovem pintor.

Pablo Aluísio.