A sombria e gelada Buffalo, N.Y, vira cenário de uma série de crimes violentos contra prostitutas. O mais curioso é que os corpos das vítimas raramente são encontrados. Sem pistas o Departamento de Polícia deixa o caso praticamente arquivado mas o policial Mike Fletcher (John Cusack) resolve ir até o fim nas investigações. Ao lado de sua parceira Kelsey (Jennifer Carpenter ) ele tenta descobrir a verdadeira identidade do assassino que ao que tudo indica é uma pessoa da comunidade, que trabalha e vive na cidade, embora incógnito. O que Mike não esperava era que sua própria filha, a adolescente Abby (Mae Whitman), se tornasse uma das vítimas do serial killer. Agora mais do que nunca ele terá que desvendar a série de crimes da forma mais rápida possível, utilizando de todos os meios legais e ilegais colocados à sua disposição. “The Factory” é mais um filme cuja trama se passa nesse universo tão americano dos assassinos em série. Esse é um tipo de criminoso diferente, que não mata por necessidade econômica ou para suprir algum problema social, na realidade o Serial Killer mata por puro e simples prazer. Insensível aos sentimentos que são normais a qualquer pessoa ele simplesmente mata pelo poder que isso lhe proporciona ou por uma necessidade psicológica de cometer o crime. O cinema obviamente não deixaria passar esse tipo de sociopata em branco e por isso sempre temos novos filmes enfocando esse tipo de homicida.
Infelizmente “The Factory” não está entre os melhores filmes já realizados sobre o tema. A trama é derivativa demais, pegando pedaços de outras produções de sucesso, jogando tudo no liquidificador para se dar a falsa impressão de se estar assistindo a algo novo. Não colou. O roteiro tem uma das reviravoltas mais absurdas e sem sentido do cinema americano nos últimos anos. Uma mudança no comportamento de um dos personagens principais que não tem a menor lógica e só está no texto para causar surpresa e espanto no público. Infelizmente o efeito passa longe de ser o desejado, só causando mesmo frustração e arrependimento de ter visto o filme. A única coisa mais interessante nessa produção é seu elenco. John Cusack faz o tira obcecado. Eu particularmente gosto do Cusack mas não há como negar que sua carreira está em baixa nos últimos anos. Ao seu lado duas estrelas da TV americana. A primeira é Jennifer Carpenter, que os fãs de séries irão conhecer imediatamente pois ela interpreta uma das principais personagens de “Dexter”. Ela é a irmã tira boca suja do psicopata mais famoso da TV. Curioso é que seu papel aqui lembra e muito o que faz no seriado. A segunda estrela é Mae Whitman, a atriz gordinha de “Parenthood”. Tal como na série ela aqui também faz uma adolescente que tenta lidar com os problemas típicos de sua idade. Enfim, “The Factory” realmente deixa a desejar. No final das contas é um policial com muitos clichês e sem idéias novas. E a tal fábrica do título original? Bom, como não estamos aqui para estragar as surpresas de ninguém que vá assistir ao filme não falaremos nada sobre ela. Você vai ter que ver para entender do que se trata. Boa sorte!
The Factory (The Factory, Estados Unidos, 2012) Direção: Morgan O'Neill / Roteiro: Morgan O'Neill, Paul Leyden / Elenco: John Cusack, Jennifer Carpenter, Mae Whitman, Dallas Roberts, Vincent Messina / Sinopse: Serial Killer mata uma série de prostitutes numa gelada cidade do estado de Nova Iorque. Em seu encalço está um tira obcecado em lhe prender. As coisas se complicam quando a filha adolescente do policial acaba caindo nas mãos do psicopata. Agora ele terá que lutar para salvar sua filha das mãos do criminoso.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Argo
Para entender a trama de Argo é necessária uma pequena explicação sobre o contexto histórico em que o enredo se desenvolve. Durante anos os Estados Unidos deu apoio a um líder fantoche no Irã chamado Mohammad Reza Pahlavi. Esse foi um dos mais brutais ditadores do Oriente Médio – uma região muito rica nesse tipo de déspota sanguinário. Com apoio americano o Xá Reza Pahlavi torturou, matou e executou centenas de milhares de opositores ao seu regime. Tamanha opressão criou uma consciência popular entre o povo do Irã que clamava por mudanças políticas em seu país. E ela veio sob a forma de uma revolução de conteúdo religioso liderada pelo carismático e popular líder islâmico Iatolá Komeini. Assim que esse tomou o poder o antigo ditador Pahlavi fugiu para os EUA em busca de asilo político. O povo revoltado então resolveu invadir a embaixada americana no Irã, fazendo todos os seus funcionários como refém até que os americanos lhe entregassem de volta o antigo ditador. Seis desses funcionários conseguiram fugir antes da tomada da embaixada e encontraram refúgio na casa do embaixador canadense na capital Iraniana. É justamente aqui que começa a trama de “Argo”, quando a CIA resolve resgatar esses diplomatas. Mas como fazer isso dentro de um clima tão instável como aquele?
Nesse ponto surge o plano do agente Tony Mendez (Ben Affleck), A CIA tinha consciência que agentes deveriam entrar no Irã para resgatar essas pessoas mas sem conflito. Deveria ser realmente um serviço limpo, sem mortes, de inteligência. Após vários planos que logo se mostravam falhos, Mendez sugeriu um no mínimo ousado e inusitado. Entrar no Irã disfarçados como membros de uma equipe de cinema. Assim eles estariam no país em busca de locações para as filmagens de uma ficção científica típica da década de 70 chamada “Argo”. Para parecer real a CIA realmente teria que armar toda uma encenação ainda nos EUA usando a imprensa para divulgar “Argo”. Dessa forma não levantariam suspeitas de que tudo não passava de um plano de resgate da agência. Um roteiro vagabundo foi adquirido, atores contratados e até mesmo uma conferência de imprensa montada. No comando dessa operação apenas Mendez (Affleck), um especialista em maquiagem chamado John Chambers (John Goodman) e um produtor veterano, Lester Siegel (Alan Arkin) sabiam da verdade, da realidade dos fatos. Embora o enredo pareça muito fantasioso o fato é que tudo aconteceu mesmo de verdade, foi uma história real. Essa operação muito criativa só foi reconhecida pela CIA muitos anos depois. Inclusive nos créditos finais surge a narração do próprio presidente americano da época, Jimmy Carter, explicando os eventos e agradecendo ao verdadeiro agente Tony Mendez pelo seu trabalho.
“Argo” é o segundo candidato ao Oscar de Melhor filme desse ano cujo enredo gira em torno de uma operação secreta da CIA. O primeiro foi o polêmico “A Hora Mais Escura”. Ambos tem semelhanças entre si, pelo próprio contexto em que se passa a estória mas “Argo” se mostra superior em vários aspectos. Curiosamente o ator Kyle Chandler está em ambos os filmes fazendo o mesmo tipo de personagem, um diretor da agência de inteligência americana. Aqui em “Argo” outro destaque do elenco é o excelente ator da série “Breaking Bad”, Bryan Cranston. Quem acompanhou a série sabe de seu inegável talento. Aqui seu personagem não é muito presente em cena mas se destaca por estar no centro de controle da operação em Washington. “Argo” é um projeto pessoal de Ben Affleck. Durante anos ele foi considerado apenas mais um canastrão em Hollywood mas depois que passou a dirigir filmes foi surpreendendo cada vez mais. Certamente o talento que lhe falta como intérprete foi compensado pela sua habilidade em dirigir bem. Recentemente inclusive levou o Globo de Ouro de melhor direção justamente por esse filme. Além disso a produção foi agraciada pelo mesmo prêmio como melhor filme (Drama) do ano. Será que desbancará “Lincoln” na noite do Oscar, levando a mais cobiçada estatueta do cinema? Há grandes possibilidades disso realmente acontecer. “Argo” certamente poderá sair consagrado na noite de premiação da Academia. Só nos restar esperar.
Argo (Argo, Estados Unidos, 2012) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Chris Terrio / Elenco: Ben Affleck, Bryan Cranston, John Goodman, Kyle Chandler, Alan Arkin, Victor Garber / Sinopse: Um agente da CIA elabora um plano ousado para resgatar um pequeno grupo de diplomatas americanos que precisam sair do Irã o mais rapidamente possível. Ele se disfarça de produtor de cinema, fingindo estar procurando locações para seu novo filme de ficção chamado “Argo”, para assim retirar os americanos do país. Vencedor do SAG Award de Melhor Elenco.
Pablo Aluísio.
Nesse ponto surge o plano do agente Tony Mendez (Ben Affleck), A CIA tinha consciência que agentes deveriam entrar no Irã para resgatar essas pessoas mas sem conflito. Deveria ser realmente um serviço limpo, sem mortes, de inteligência. Após vários planos que logo se mostravam falhos, Mendez sugeriu um no mínimo ousado e inusitado. Entrar no Irã disfarçados como membros de uma equipe de cinema. Assim eles estariam no país em busca de locações para as filmagens de uma ficção científica típica da década de 70 chamada “Argo”. Para parecer real a CIA realmente teria que armar toda uma encenação ainda nos EUA usando a imprensa para divulgar “Argo”. Dessa forma não levantariam suspeitas de que tudo não passava de um plano de resgate da agência. Um roteiro vagabundo foi adquirido, atores contratados e até mesmo uma conferência de imprensa montada. No comando dessa operação apenas Mendez (Affleck), um especialista em maquiagem chamado John Chambers (John Goodman) e um produtor veterano, Lester Siegel (Alan Arkin) sabiam da verdade, da realidade dos fatos. Embora o enredo pareça muito fantasioso o fato é que tudo aconteceu mesmo de verdade, foi uma história real. Essa operação muito criativa só foi reconhecida pela CIA muitos anos depois. Inclusive nos créditos finais surge a narração do próprio presidente americano da época, Jimmy Carter, explicando os eventos e agradecendo ao verdadeiro agente Tony Mendez pelo seu trabalho.
“Argo” é o segundo candidato ao Oscar de Melhor filme desse ano cujo enredo gira em torno de uma operação secreta da CIA. O primeiro foi o polêmico “A Hora Mais Escura”. Ambos tem semelhanças entre si, pelo próprio contexto em que se passa a estória mas “Argo” se mostra superior em vários aspectos. Curiosamente o ator Kyle Chandler está em ambos os filmes fazendo o mesmo tipo de personagem, um diretor da agência de inteligência americana. Aqui em “Argo” outro destaque do elenco é o excelente ator da série “Breaking Bad”, Bryan Cranston. Quem acompanhou a série sabe de seu inegável talento. Aqui seu personagem não é muito presente em cena mas se destaca por estar no centro de controle da operação em Washington. “Argo” é um projeto pessoal de Ben Affleck. Durante anos ele foi considerado apenas mais um canastrão em Hollywood mas depois que passou a dirigir filmes foi surpreendendo cada vez mais. Certamente o talento que lhe falta como intérprete foi compensado pela sua habilidade em dirigir bem. Recentemente inclusive levou o Globo de Ouro de melhor direção justamente por esse filme. Além disso a produção foi agraciada pelo mesmo prêmio como melhor filme (Drama) do ano. Será que desbancará “Lincoln” na noite do Oscar, levando a mais cobiçada estatueta do cinema? Há grandes possibilidades disso realmente acontecer. “Argo” certamente poderá sair consagrado na noite de premiação da Academia. Só nos restar esperar.
Argo (Argo, Estados Unidos, 2012) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Chris Terrio / Elenco: Ben Affleck, Bryan Cranston, John Goodman, Kyle Chandler, Alan Arkin, Victor Garber / Sinopse: Um agente da CIA elabora um plano ousado para resgatar um pequeno grupo de diplomatas americanos que precisam sair do Irã o mais rapidamente possível. Ele se disfarça de produtor de cinema, fingindo estar procurando locações para seu novo filme de ficção chamado “Argo”, para assim retirar os americanos do país. Vencedor do SAG Award de Melhor Elenco.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
A Hora Mais Escura
Recentemente comentei aqui no blog o livro “Não Há Dia Fácil”, escrito por um dos membros da equipe especial SEAL das forças militares americanas que foi ao Paquistão e lá matou o terrorista Osama Bin Laden. “A Hora Mais Escura” conta a mesma história só que bem mais detalhada e sob o ponto de vista de uma agente da CIA que participou de toda a operação que foi criada para capturar e matar o líder da Al-Qaeda. “Zero Dark Thirty” foi indicado a vários Oscars, inclusive o de melhor filme mas tem sido alvo de polêmicas os EUA. Isso porque grande parte do começo da produção se concentra em mostrar os métodos de tortura da CIA para a obtenção de informações dos terroristas presos. Nesse campo os agentes norte-americanos não ficam em nada a dever aos torturadores de porão dos regimes de ditadura das chamadas repúblicas bananeiras (como alguns ianques se referem aos países latino-americanos abaixo da linha do Equador). Assim como aconteceu com Brasil, Argentina e Chile no auge de suas ditaduras militares, as prisões controladas pelo governo americano usaram e abusaram de métodos de tortura para se chegar ao mais famoso terrorista da história. Para alguns analistas o filme de certa forma louvaria esses métodos, mostrando, mesmo que indiretamente, sua eficácia – até porque foi assim que se conseguiu chegar até a casa de Bin Laden no Paquistão.
Estaria a diretora Kathryn Bigelow (a mesma de “Guerra ao Terror” e ex-esposa de James Cameron) dando aval a esse tipo de prática? Sinceramente não consegui ver dessa forma. Na realidade o filme adota uma postura neutra em relação a isso, nem condenando abertamente e nem avalizando esse tipo de prática. O roteiro na verdade apenas mostra o que aconteceu e tenta não passar nenhum juízo de valor sobre isso. Talvez essa falta de condenação com o que ocorre na tela tenha sido o fator que incomodou tanto. A verdade pura e simples é que após 11 de setembro de 2001 a pressa e o desespero de se colocar as garras em Bin Laden passaram a ser justificativas para várias práticas ilegais e criminosas. A pressão da opinião pública fez com que o governo dos EUA partisse para o vale tudo. Nisso se jogou pela janela anos e anos de tradição liberal e de defesa dos direitos individuais das leis e da constituição daquele país. A impressão que passa é que no calor dos acontecimentos simplesmente se ignorou vários fundamentos que formam os ideais mais caros da democracia americana. Para se ter uma idéia todos os presos acusados de terrorismo sequer tiveram direito a julgamentos judiciais. Devido processo legal, contraditório, direito de defesa e vários outros preceitos foram totalmente desprezados. A única “lei” que imperou nessa busca foi a da tortura e da violência sem freios.
O filme adota um tom quase documental. Os personagens são membros da CIA com um único objetivo. Curiosamente o filme mostra dois aspectos bem interessantes: o primeiro mostra bem que a CIA não colocou as mãos em Bin Laden antes, não por falta de informações, mas por excesso delas – no meio de tantos dados ficou realmente complicado entender bem a organização que Bin Laden liderava e quais eram as ligações que poderiam levar até ele. Também mostra que mesmo os mais ferrenhos defensores do terrorismo sucumbiam à força do suborno, do dinheiro vivo. Numa das cenas mais emblemáticas, um membro da CIA consegue uma informação preciosa simplesmente jogando um carro de alto luxo nas mãos do informante. No final das contas a cena que melhor resume “A Hora Mais Escura” é aquela quando o presidente Obama surge na TV negando com veemência que haja tortura promovida contra prisioneiros em Guantanamo. Ao ver aquilo uma agente da CIA dá um sorrisinho irônico, obviamente pensando consigo mesmo sobre a lorota presidencial. “A Hora Mais Escura” é um bom espelho para que os americanos se vejam como realmente são. Talvez por isso tenha sido tão polêmico pois nem sempre se olhar no espelho é uma atitude confortável ou agradável, principalmente para quem viola as leis de seu próprio país.
A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, Estados Unidos, 2012) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Mark Boal / Elenco: Jessica Chastain, Kyle Chandler, James Gandolfini, Ricky Sekhon, Joel Edgerton, Scott Adkins, Mark Strong, Jennifer Ehle, Chris Pratt, Taylor Kinney / Sinopse: Agente da CIA começa a participar das investigações que tentam encontrar o paradeiro do terrorista Osama Bin Laden. Usando de métodos de tortura a agência tenta colocar as mãos no líder da Al-Qaeda. Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Atriz (Jessica Chastain), Roteiro Original, Edição e Edição de Som. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Atriz na categoria Drama para Jessica Chastain.
Pablo Aluísio.
Estaria a diretora Kathryn Bigelow (a mesma de “Guerra ao Terror” e ex-esposa de James Cameron) dando aval a esse tipo de prática? Sinceramente não consegui ver dessa forma. Na realidade o filme adota uma postura neutra em relação a isso, nem condenando abertamente e nem avalizando esse tipo de prática. O roteiro na verdade apenas mostra o que aconteceu e tenta não passar nenhum juízo de valor sobre isso. Talvez essa falta de condenação com o que ocorre na tela tenha sido o fator que incomodou tanto. A verdade pura e simples é que após 11 de setembro de 2001 a pressa e o desespero de se colocar as garras em Bin Laden passaram a ser justificativas para várias práticas ilegais e criminosas. A pressão da opinião pública fez com que o governo dos EUA partisse para o vale tudo. Nisso se jogou pela janela anos e anos de tradição liberal e de defesa dos direitos individuais das leis e da constituição daquele país. A impressão que passa é que no calor dos acontecimentos simplesmente se ignorou vários fundamentos que formam os ideais mais caros da democracia americana. Para se ter uma idéia todos os presos acusados de terrorismo sequer tiveram direito a julgamentos judiciais. Devido processo legal, contraditório, direito de defesa e vários outros preceitos foram totalmente desprezados. A única “lei” que imperou nessa busca foi a da tortura e da violência sem freios.
O filme adota um tom quase documental. Os personagens são membros da CIA com um único objetivo. Curiosamente o filme mostra dois aspectos bem interessantes: o primeiro mostra bem que a CIA não colocou as mãos em Bin Laden antes, não por falta de informações, mas por excesso delas – no meio de tantos dados ficou realmente complicado entender bem a organização que Bin Laden liderava e quais eram as ligações que poderiam levar até ele. Também mostra que mesmo os mais ferrenhos defensores do terrorismo sucumbiam à força do suborno, do dinheiro vivo. Numa das cenas mais emblemáticas, um membro da CIA consegue uma informação preciosa simplesmente jogando um carro de alto luxo nas mãos do informante. No final das contas a cena que melhor resume “A Hora Mais Escura” é aquela quando o presidente Obama surge na TV negando com veemência que haja tortura promovida contra prisioneiros em Guantanamo. Ao ver aquilo uma agente da CIA dá um sorrisinho irônico, obviamente pensando consigo mesmo sobre a lorota presidencial. “A Hora Mais Escura” é um bom espelho para que os americanos se vejam como realmente são. Talvez por isso tenha sido tão polêmico pois nem sempre se olhar no espelho é uma atitude confortável ou agradável, principalmente para quem viola as leis de seu próprio país.
A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, Estados Unidos, 2012) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Mark Boal / Elenco: Jessica Chastain, Kyle Chandler, James Gandolfini, Ricky Sekhon, Joel Edgerton, Scott Adkins, Mark Strong, Jennifer Ehle, Chris Pratt, Taylor Kinney / Sinopse: Agente da CIA começa a participar das investigações que tentam encontrar o paradeiro do terrorista Osama Bin Laden. Usando de métodos de tortura a agência tenta colocar as mãos no líder da Al-Qaeda. Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Atriz (Jessica Chastain), Roteiro Original, Edição e Edição de Som. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Atriz na categoria Drama para Jessica Chastain.
Pablo Aluísio.
sábado, 26 de janeiro de 2013
Lincoln
“Lincoln” é um belo filme. Não há outra conclusão. Steven Spielberg se supera e entrega um filme digno do grande político americano que entrou para a história por dois fatores essenciais: a abolição da escravidão e a vitória na Guerra Civil. Esses foram os pilares que fizeram de Abraham Lincoln (1809 – 1865) um dos maiores presidentes da história dos EUA. O filme começa com Lincoln conversando de modo bastante informal com dois jovens soldados negros da União em um acampamento lamacento. Já aqui podemos perceber a grandiosidade do trabalho de Daniel Day-Lewis. Ele literalmente incorpora o modo de agir, falar e pensar do político. Lincoln era um homem de fala suave, contemplativa, um sujeito que saiu da mais extrema pobreza para o cargo mais importante de sua nação. Era um intelectual que se fez praticamente sozinho, que se educou, foi em busca de conhecimento e se tornou advogado. Seu pai era um homem rústico do campo que não tinha educação formal. Lincoln foi atrás de cultura. Aprendeu a ler sem ir à escola e lendo um livro aqui e outro acolá foi trilhando o caminho da instrução. Um homem assim se conhece bastante pelo modo de ser, de se comportar. A postura contida, conciliadora foi captada com raro brilhantismo por Day-Lewis. Sua transformação é impressionante. Lincoln tinha traços fortes, que hoje soam tão bem conhecidas por todos. Day-Lewis não é fisicamente parecido com ele mas com sua inspirada atuação conseguiu absorver todos esses aspectos. É realmente um trabalho impressionante que merece todos os prêmios e reconhecimentos.
Infelizmente o filme se foca apenas em um período específico da trajetória do Presidente, quando ele tentava de todas as formas aprovar a décima terceira emenda da Constituição americana. Seu teor era abolir qualquer forma de escravidão ou servidão involuntária dentro do solo norte-americano. O curioso aqui é ver o lado mais humano de Lincoln quando ele torna concreta a frase “Os fins justificam os meios”. Sem o número de deputados necessários ele se utiliza de todos os meios possíveis para passar a emenda, libertando assim milhões de seres humanos da escravidão racial. Há todo um jogo de bastidores, com troca de favores e cargos públicos para se chegar aos votos necessários. Se lá nos EUA isso ainda é motivo de espanto aqui no Brasil é coisa comum, corriqueira, da ordem do dia. De qualquer modo o momento chave é quando ele decide promover a abolição, mesmo com todas as pressões em sentido contrário. Essa foi uma decisão baseada em seus valores morais e de caráter e o filme mostra muito bem isso, expondo a personalidade de Lincoln de forma magistral. O Jogo político que se trava no congresso vai ser especialmente apreciado por estudantes de direito e ciência política pois mostra sem rodeios os mecanismos nada sutis que fazem nascer as leis de uma nação. Muitos reclamaram desse aspecto do filme, por acharem que isso o torna chato e arrastado, mas esse tipo de argumento é um absurdo pois o protagonista era um político e seria impossível fazer um filme sem adentrar nesse tipo de relação entre o parlamento e o presidente.
A produção e a reconstituição de época são, como não poderiam deixar de ser, perfeitas. O presidente surge em cena não apenas como o grande homem da história mas também como um ser humano normal, preocupado com o destino de seus filhos, enfrentando problemas de relacionamento com sua esposa e muitas vezes em grande dilema pessoal em suas decisões. Esse lado desmistificador é o grande achado do roteiro, pois humaniza o personagem histórico, que apesar de sua grandiosidade, se aproxima assim do espectador, que se identifica com ele, com seus pequenos dramas domésticos que acabam se misturando com os assuntos de Estado. Nunca esse presidente esteve tão humano como agora. O elenco de apoio é excepcional com destaque para Tommy Lee Jones, econômico e como sempre eficiente em suas atuações. Se há algo a se criticar em tudo o que vemos em Lincoln talvez seja apenas o fraco enfoque do assassinato do líder da nação. Tudo soa apenas sugerido e não mostrado. O diretor não mostra o momento em que é baleado e nem os acontecimentos que o levaram a tão trágico destino. Provavelmente Spielberg tenha tomado essa decisão para não macular o mito. Não faz mal pois não há nenhum grande problema nisso. O diretor realmente está de parabéns por essa obra excepcional. Um filme à altura do grande homem que foi Abraham Lincoln.
Lincoln (Lincoln, Estados Unidos, 2012) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Tony Kushner, John Logan, Paul Webb, baseados na obra “Team of Rivals” de Doris Kearns Goodwin / Elenco: Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones, Joseph Gordon-Levitt, Sally Field, James Spader, Lee Pace / Sinopse: Abraham Lincoln, Presidente dos Estados Unidos, enfrenta duas questões cruciais em seu governo: aprovar a emenda à constituição americana que libertará os escravos negros da nação e vencer a Guerra Civil contra os Estados do Sul que formam a Confederação. Além de lidar com esses temas nacionais ainda terá que contornar os problemas domésticos de sua família pois sua esposa não aceita que seu filho mais velho vá a guerra, embora ele deseje ardentemente isso. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator para Daniel Day-Lewis. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Sally Field), Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Ator (Daniel Day-Lewis), Direção (Steven Spielberg), Fotografia, Figurino, Edição, Trilha Sonora, Efeitos Sonoros, Roteiro Adaptado e Direção de Arte.
Pablo Aluísio.
Infelizmente o filme se foca apenas em um período específico da trajetória do Presidente, quando ele tentava de todas as formas aprovar a décima terceira emenda da Constituição americana. Seu teor era abolir qualquer forma de escravidão ou servidão involuntária dentro do solo norte-americano. O curioso aqui é ver o lado mais humano de Lincoln quando ele torna concreta a frase “Os fins justificam os meios”. Sem o número de deputados necessários ele se utiliza de todos os meios possíveis para passar a emenda, libertando assim milhões de seres humanos da escravidão racial. Há todo um jogo de bastidores, com troca de favores e cargos públicos para se chegar aos votos necessários. Se lá nos EUA isso ainda é motivo de espanto aqui no Brasil é coisa comum, corriqueira, da ordem do dia. De qualquer modo o momento chave é quando ele decide promover a abolição, mesmo com todas as pressões em sentido contrário. Essa foi uma decisão baseada em seus valores morais e de caráter e o filme mostra muito bem isso, expondo a personalidade de Lincoln de forma magistral. O Jogo político que se trava no congresso vai ser especialmente apreciado por estudantes de direito e ciência política pois mostra sem rodeios os mecanismos nada sutis que fazem nascer as leis de uma nação. Muitos reclamaram desse aspecto do filme, por acharem que isso o torna chato e arrastado, mas esse tipo de argumento é um absurdo pois o protagonista era um político e seria impossível fazer um filme sem adentrar nesse tipo de relação entre o parlamento e o presidente.
A produção e a reconstituição de época são, como não poderiam deixar de ser, perfeitas. O presidente surge em cena não apenas como o grande homem da história mas também como um ser humano normal, preocupado com o destino de seus filhos, enfrentando problemas de relacionamento com sua esposa e muitas vezes em grande dilema pessoal em suas decisões. Esse lado desmistificador é o grande achado do roteiro, pois humaniza o personagem histórico, que apesar de sua grandiosidade, se aproxima assim do espectador, que se identifica com ele, com seus pequenos dramas domésticos que acabam se misturando com os assuntos de Estado. Nunca esse presidente esteve tão humano como agora. O elenco de apoio é excepcional com destaque para Tommy Lee Jones, econômico e como sempre eficiente em suas atuações. Se há algo a se criticar em tudo o que vemos em Lincoln talvez seja apenas o fraco enfoque do assassinato do líder da nação. Tudo soa apenas sugerido e não mostrado. O diretor não mostra o momento em que é baleado e nem os acontecimentos que o levaram a tão trágico destino. Provavelmente Spielberg tenha tomado essa decisão para não macular o mito. Não faz mal pois não há nenhum grande problema nisso. O diretor realmente está de parabéns por essa obra excepcional. Um filme à altura do grande homem que foi Abraham Lincoln.
Lincoln (Lincoln, Estados Unidos, 2012) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Tony Kushner, John Logan, Paul Webb, baseados na obra “Team of Rivals” de Doris Kearns Goodwin / Elenco: Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones, Joseph Gordon-Levitt, Sally Field, James Spader, Lee Pace / Sinopse: Abraham Lincoln, Presidente dos Estados Unidos, enfrenta duas questões cruciais em seu governo: aprovar a emenda à constituição americana que libertará os escravos negros da nação e vencer a Guerra Civil contra os Estados do Sul que formam a Confederação. Além de lidar com esses temas nacionais ainda terá que contornar os problemas domésticos de sua família pois sua esposa não aceita que seu filho mais velho vá a guerra, embora ele deseje ardentemente isso. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator para Daniel Day-Lewis. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Sally Field), Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Ator (Daniel Day-Lewis), Direção (Steven Spielberg), Fotografia, Figurino, Edição, Trilha Sonora, Efeitos Sonoros, Roteiro Adaptado e Direção de Arte.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Proposta Indecente
Responda rápido sem pensar muito: você aceitaria que sua mulher passasse uma noite de amor ardente com um milionário bonitão com a cara do Robert Redford? Não, nem pensar? E se ele oferecesse um milhão de dólares pela noite? Você recusaria ou não? Seja sincero! São essas as perguntas feitas pelo argumento do filme “Proposta Indecente”, um dos grandes sucessos do cinema na década de 1990. O tema virou assunto de bate papo, ponto de discórdia e até mesmo piada de salão. Afinal não tardou a aparecer aqueles engraçadinhos afirmando que por um milhão de dólares não cederia a esposa pois ela na realidade valia muito menos do que isso! Deixando as piadinhas infames de lado esse filme “Proposta Indecente” forma ao lado de “Assédio Sexual” um tipo de produção que acabou se tornando recorrente naqueles anos, a dos filmes baseados em pura polêmica. A fórmula era até simples: os roteiristas pensavam em um tema polêmico e escreviam uma estória e um enredo em torno dele. Durante certo tempo a aposta deu muito certa até porque a própria polêmica ajudava a vender o filme pois era um tipo de propaganda boca a boca grátis. Afinal a pergunta ficou no ar por vários meses – quem afinal deixaria a mulher ter uma noite de amor com outro homem por uma quantia irrecusável?
Para segurar um tema desses e não cair no ridículo a atriz que faria o papel da esposa tinha que realmente ser uma beldade que valesse tanto dinheiro. Demi Moore foi a escolhida. Ainda jovem e bonita e com aquela voz rouca e sensual ela virava a cabeça de Robert Redford, que em um acesso de desejo lançava a proposta de um milhão de dólares para o maridão deixar ele se deitar com sua esposa por uma noite apenas. Já Woody Harrelson faz o sujeito que teria que aceitar ou não a traição remunerada. Para piorar seu personagem era uma pessoa que não conseguia acertar na vida e estava passando por sérias dificuldades financeiras. Pelo visto já deu para perceber que os roteiristas amarraram todas as pontas para piorar ainda mais a situação do pobre rapaz. O estúdio sabia que tinha em mãos um filme que além de polêmico tinha que ser muito sensual. Para isso contrataram Adrian Lyne de “Nove Semanas e Meia de Amor”. Ele deu um visual suave às cenas, com muitas cores sensuais pelo cenário. Tudo soava como paixão e luxúria. Demi Moore foi particularmente privilegiada pelas lentes de Lyne que usando de uma luz ideal para o tom de pele da atriz, conseguiu valorizar toda a sua sensualidade. Tirando a polêmica de lado e se concentrando apenas em seus méritos cinematográficos, “Proposta Indecente” se mostra apenas mediano. Esse tipo de argumento que fica girando apenas em torno de uma questão acaba ficando saturado no desenrolar da estória. Tudo acaba se resumindo em aceitar ou não a milionária proposta. Mesmo assim o filme não deixa de ser ainda hoje curioso. A pergunta não deixa de ser intrigante, mesmo atualmente. E aí você deixaria sua mulher nos braços de um outro homem apenas por uma noite, por um valor, esse sim, indecente?
Proposta Indecente (Indecent Proposal, Estados Unidos, 1993) Direção: Adrian Lyne / Roteiro: Jack Engelhard, Amy Holden Jones / Elenco: Robert Redford, Demi Moore, Woody Harrelson, Seymour Cassel, Oliver Platt, Billy Bob Thornton / Sinopse: Milionário maduro e enxuto (Robert Redford) fica encantado por uma jovem esposa (Demi Moore) de um pobre sujeito (Woody Harrelson) que não consegue acertar na vida e está com sérias dificuldades financeiras. Em um acesso de desejo incontido o ricaço resolve fazer uma proposta indecente, oferecendo um milhão de dólares para dormir com a esposa do pobretão por apenas uma noite. Será que a traição realmente não tem preço?
Pablo Aluísio.
Para segurar um tema desses e não cair no ridículo a atriz que faria o papel da esposa tinha que realmente ser uma beldade que valesse tanto dinheiro. Demi Moore foi a escolhida. Ainda jovem e bonita e com aquela voz rouca e sensual ela virava a cabeça de Robert Redford, que em um acesso de desejo lançava a proposta de um milhão de dólares para o maridão deixar ele se deitar com sua esposa por uma noite apenas. Já Woody Harrelson faz o sujeito que teria que aceitar ou não a traição remunerada. Para piorar seu personagem era uma pessoa que não conseguia acertar na vida e estava passando por sérias dificuldades financeiras. Pelo visto já deu para perceber que os roteiristas amarraram todas as pontas para piorar ainda mais a situação do pobre rapaz. O estúdio sabia que tinha em mãos um filme que além de polêmico tinha que ser muito sensual. Para isso contrataram Adrian Lyne de “Nove Semanas e Meia de Amor”. Ele deu um visual suave às cenas, com muitas cores sensuais pelo cenário. Tudo soava como paixão e luxúria. Demi Moore foi particularmente privilegiada pelas lentes de Lyne que usando de uma luz ideal para o tom de pele da atriz, conseguiu valorizar toda a sua sensualidade. Tirando a polêmica de lado e se concentrando apenas em seus méritos cinematográficos, “Proposta Indecente” se mostra apenas mediano. Esse tipo de argumento que fica girando apenas em torno de uma questão acaba ficando saturado no desenrolar da estória. Tudo acaba se resumindo em aceitar ou não a milionária proposta. Mesmo assim o filme não deixa de ser ainda hoje curioso. A pergunta não deixa de ser intrigante, mesmo atualmente. E aí você deixaria sua mulher nos braços de um outro homem apenas por uma noite, por um valor, esse sim, indecente?
Proposta Indecente (Indecent Proposal, Estados Unidos, 1993) Direção: Adrian Lyne / Roteiro: Jack Engelhard, Amy Holden Jones / Elenco: Robert Redford, Demi Moore, Woody Harrelson, Seymour Cassel, Oliver Platt, Billy Bob Thornton / Sinopse: Milionário maduro e enxuto (Robert Redford) fica encantado por uma jovem esposa (Demi Moore) de um pobre sujeito (Woody Harrelson) que não consegue acertar na vida e está com sérias dificuldades financeiras. Em um acesso de desejo incontido o ricaço resolve fazer uma proposta indecente, oferecendo um milhão de dólares para dormir com a esposa do pobretão por apenas uma noite. Será que a traição realmente não tem preço?
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
O Voo
Denzel Washington tem uma regularidade impressionante em sua carreira. Enquanto outros atores derrapam mais cedo ou mais tarde, geralmente fazendo filmes ruins em busca de fartas bilheterias, Denzel segue em sua linha, sem fazer concessões de nenhum tipo. Esse tipo de postura acaba se revertendo em uma seqüência de bons filmes. De fato ver o nome no cartaz de Denzel Washington já virou um motivo para se comprar o ingresso de cinema sem receio de ir ver um produto medíocre. É um padrão de qualidade que nunca decai. Esse seu novo filme “Flight” segue pelo mesmo caminho. O enredo conta a estória de Whip Whitaker (Denzel Washington), um excelente e experiente piloto de aviação comercial que após uma noite de bebedeiras, drogas e sexo com uma aeromoça de sua tripulação segue para mais uma viagem rumo a Atlanta. O problema é que dessa vez ele não consegue se recuperar completamente da noite de farras e chega bêbado na aeronave. Para piorar antes de sair de seu quarto resolve se encher de cocaína, cheirando várias carreiras de pó em sequência. Completamente “alto” ele tenta levar seu avião em frente mas uma pane mecânica joga a situação no caos completo. Sem alternativas resolve fazer um pouso de emergência que trará sérias conseqüências para todos, inclusive para ele próprio.
Como se pode perceber o tema central do filme é o alcoolismo e o vício em drogas do protagonista. Ele não consegue parar de beber e se drogas, sempre chamando seu traficante a qualquer hora (personagem interpretado por John Goodman com aquele humor que lhe é peculiar). Por isso o órgão responsável pelo controle aéreo nos EUA começa uma série de investigações que o levará ao banco dos réus. Afinal qual foi a causa do acidente do avião que ele pilotava? Um defeito da própria aeronave ou o fato do piloto estar completamente embriagado e drogado? A trama a partir de então girará justamente em torno dessa questão. Denzel Washington está novamente muito bem em seu personagem. Sua caracterização nunca cai na caricatura ou no ridículo e ele sai ileso do filme. Por esse excelente desempenho ele foi inclusive indicado ao Oscar de Melhor Ator. Seu personagem é aquele tipo de sujeito que ainda está em fase de negação completa e não aceita que os outros imponham limites aos seus excessos envolvendo drogas e bebidas. É curioso que um drama assim sobre alcoolismo seja dirigido pelo cineasta Robert Zemeckis, uma vez que sua especialidade sempre foram os filmes de ficção para adolescentes como a franquia “De Volta Para o Futuro”. Apesar de não ser bem sua praia ele até que não se sai mal, muito embora a conclusão do filme possa vir a incomodar alguns pela falta de veracidade (sim, ter ética hoje em dia virou sinônimo de atitude pouco plausível, para espanto de todos nós). No saldo final “The Flight” mantém o bom nível dos filmes estrelados por Denzel Washington, um ator que ao contrário de seu personagem nesse filme, nunca falha!
O Voo (Flight, Estados Unidos, 2012) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: John Gatins / Elenco: Denzel Washington, James Badge Dale, Don Cheadle, John Goodman, Kelly Reilly, Bruce Greenwood, Melissa Leo / Sinopse: Depois de uma noite de bebedeiras, sexo e drogas um piloto comercial tenta pilotar um avião rumo a Atlanta, mesmo estando completamente embriagado e drogado. Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Denzel Washington) e Melhor Roteiro Original.
Pablo Aluísio.
Como se pode perceber o tema central do filme é o alcoolismo e o vício em drogas do protagonista. Ele não consegue parar de beber e se drogas, sempre chamando seu traficante a qualquer hora (personagem interpretado por John Goodman com aquele humor que lhe é peculiar). Por isso o órgão responsável pelo controle aéreo nos EUA começa uma série de investigações que o levará ao banco dos réus. Afinal qual foi a causa do acidente do avião que ele pilotava? Um defeito da própria aeronave ou o fato do piloto estar completamente embriagado e drogado? A trama a partir de então girará justamente em torno dessa questão. Denzel Washington está novamente muito bem em seu personagem. Sua caracterização nunca cai na caricatura ou no ridículo e ele sai ileso do filme. Por esse excelente desempenho ele foi inclusive indicado ao Oscar de Melhor Ator. Seu personagem é aquele tipo de sujeito que ainda está em fase de negação completa e não aceita que os outros imponham limites aos seus excessos envolvendo drogas e bebidas. É curioso que um drama assim sobre alcoolismo seja dirigido pelo cineasta Robert Zemeckis, uma vez que sua especialidade sempre foram os filmes de ficção para adolescentes como a franquia “De Volta Para o Futuro”. Apesar de não ser bem sua praia ele até que não se sai mal, muito embora a conclusão do filme possa vir a incomodar alguns pela falta de veracidade (sim, ter ética hoje em dia virou sinônimo de atitude pouco plausível, para espanto de todos nós). No saldo final “The Flight” mantém o bom nível dos filmes estrelados por Denzel Washington, um ator que ao contrário de seu personagem nesse filme, nunca falha!
O Voo (Flight, Estados Unidos, 2012) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: John Gatins / Elenco: Denzel Washington, James Badge Dale, Don Cheadle, John Goodman, Kelly Reilly, Bruce Greenwood, Melissa Leo / Sinopse: Depois de uma noite de bebedeiras, sexo e drogas um piloto comercial tenta pilotar um avião rumo a Atlanta, mesmo estando completamente embriagado e drogado. Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Denzel Washington) e Melhor Roteiro Original.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
O Lado Bom da Vida
Alguns filmes são bem cativantes. O roteiro procura se apoiar em personagens carismáticos para assim conquistar o espectador. “O Lado Bom da Vida” segue bem por esse caminho. Embora já tenha sido classificado como uma comédia romântica a produção é bem mais do que isso. Seria limitar demais suas qualidades ao se enquadrar apenas nesse gênero cinematográfico, isso apesar de todo o argumento ser realmente construído em torno de um romance improvável. O casal do filme é dos mais incomuns. Ele é Pat Solatano (Bradley Cooper), um bom sujeito, que simplesmente enlouqueceu após pegar sua jovem esposa no flagra, transando com um velho professor de história no banheiro de sua casa. Para piorar o que já era ruim no momento em que estava com seu amante sua esposa ouvia justamente a música de seu casamento. Após ser internado por longos meses por ter sido diagnosticado como bipolar ele retorna finalmente para a casa dos pais. A idéia é recomeçar a vida sob uma nova perspectiva. Ela é Tiffany (Jennifer Lawrence), jovem viúva que também perde a razão após o falecimento de seu jovem marido. Perdida, sem rumo, ela também volta a morar com seus pais e tenta um recomeço. Procurando por uma válvula de escapa acaba se entregando a uma sucessão de amantes anônimos. O sexo casual porém não ameniza sua dor interna, só a piora. Ambos parecem ter suas vidas destruídas, tomam remédios controlados e sofrem de transtornos psicológicos. Tanta identificação acaba os aproximando.
O filme começa muito bem, principalmente após se conhecerem. Pat (Cooper) e Tiffany (Lawrence) são igualmente esquisitos, estranhos e fora do comum. O começo de seu romance como não poderia deixar de ser foge completamente dos padrões. Essa parte inicial de aproximação se torna a melhor coisa do filme. Porém não há como negar que o filme perde um pouco o pique após dois terços de sua duração. O que era sutil e romântico aos poucos vai perdendo espaço para uma competição de dança ao estilo daqueles programas de TV que fazem sucesso nos EUA. Pat e Tiffany se inscrevem nesse concurso e o pai de Pat, um viciado em apostas interpretado por Robert DeNiro, transforma a competição em mais uma de suas roletas da sorte. De qualquer modo mesmo perdendo um pouco de seu interesse nessa parte, o filme ainda se mantém bom por causa da excelente dupla central de protagonistas. Já tecemos vários elogios a Jennifer Lawrence. A garota já chamava atenção desde “O Inverno da Alma” e de lá para cá só disponibilizou boas atuações. Da geração jovem ela é seguramente uma das melhores profissionais surgidas nesses últimos anos. Aqui ela mostra todo o seu talento dramático, fazendo uma personagem difícil, que vive no limite que separa sanidade de loucura. Mesmo assim ainda dança graciosamente e mostra timing para o humor por causa das maluquices de Tiffany. Provavelmente esse seja o seu primeiro filme em que ela tira proveito sem pudores de seu sex appeal, pois Tiffany, sua personagem, pode até ser maluquinha mas também é um poço de sensualidade e charme. Ela inclusive está lindíssima com seus belos cabelos negros. Bradley Cooper também é outra grata surpresa. Ele já tinha se destacado no excelente “As Palavras” e aqui volta ao drama para mostrar que não é apenas mais um comediante gaiato como muitos que existem por aí. Ele consegue trazer muita alma para seu perturbado e obsessivo personagem. “O Lado Bom da Vida” é isso, um bom estudo de pessoas complicadas, com muitos problemas, mas que a despeito de tudo isso ainda conseguem seguir em frente, reencontrando inclusive o prazer da paixão e do romance. Uma bela lição de vida.
O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, Estados Unidos, 2012) Direção: David O. Russell / Roteiro: David O. Russell, baseado no romance de Matthew Quick / Elenco: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Julia Stiles, Chris Tucker / Sinopse: Um casal tenta reencontrar o lado bom da vida após passar por grandes traumas em sua vida amorosa. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor atriz para Jennifer Lawrence. Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Direção (David O. Russell), Ator (Bradley Cooper), Atriz (Jennifer Lawrence), Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Atriz Coadjuvante (Jacki Weaver), Roteiro Adaptado e Edição.
Pablo Aluísio.
O filme começa muito bem, principalmente após se conhecerem. Pat (Cooper) e Tiffany (Lawrence) são igualmente esquisitos, estranhos e fora do comum. O começo de seu romance como não poderia deixar de ser foge completamente dos padrões. Essa parte inicial de aproximação se torna a melhor coisa do filme. Porém não há como negar que o filme perde um pouco o pique após dois terços de sua duração. O que era sutil e romântico aos poucos vai perdendo espaço para uma competição de dança ao estilo daqueles programas de TV que fazem sucesso nos EUA. Pat e Tiffany se inscrevem nesse concurso e o pai de Pat, um viciado em apostas interpretado por Robert DeNiro, transforma a competição em mais uma de suas roletas da sorte. De qualquer modo mesmo perdendo um pouco de seu interesse nessa parte, o filme ainda se mantém bom por causa da excelente dupla central de protagonistas. Já tecemos vários elogios a Jennifer Lawrence. A garota já chamava atenção desde “O Inverno da Alma” e de lá para cá só disponibilizou boas atuações. Da geração jovem ela é seguramente uma das melhores profissionais surgidas nesses últimos anos. Aqui ela mostra todo o seu talento dramático, fazendo uma personagem difícil, que vive no limite que separa sanidade de loucura. Mesmo assim ainda dança graciosamente e mostra timing para o humor por causa das maluquices de Tiffany. Provavelmente esse seja o seu primeiro filme em que ela tira proveito sem pudores de seu sex appeal, pois Tiffany, sua personagem, pode até ser maluquinha mas também é um poço de sensualidade e charme. Ela inclusive está lindíssima com seus belos cabelos negros. Bradley Cooper também é outra grata surpresa. Ele já tinha se destacado no excelente “As Palavras” e aqui volta ao drama para mostrar que não é apenas mais um comediante gaiato como muitos que existem por aí. Ele consegue trazer muita alma para seu perturbado e obsessivo personagem. “O Lado Bom da Vida” é isso, um bom estudo de pessoas complicadas, com muitos problemas, mas que a despeito de tudo isso ainda conseguem seguir em frente, reencontrando inclusive o prazer da paixão e do romance. Uma bela lição de vida.
O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook, Estados Unidos, 2012) Direção: David O. Russell / Roteiro: David O. Russell, baseado no romance de Matthew Quick / Elenco: Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Bradley Cooper, Julia Stiles, Chris Tucker / Sinopse: Um casal tenta reencontrar o lado bom da vida após passar por grandes traumas em sua vida amorosa. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor atriz para Jennifer Lawrence. Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Direção (David O. Russell), Ator (Bradley Cooper), Atriz (Jennifer Lawrence), Ator Coadjuvante (Robert De Niro), Atriz Coadjuvante (Jacki Weaver), Roteiro Adaptado e Edição.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
As Palavras
Filme delicado, muito bem escrito e contando com uma ótima trama. Em tempos atuais esse tipo de produção anda bem rara de encontrar, por isso “As Palavras” se torna um programa obrigatório para os cinéfilos de fino trato. O filme abre com um escritor de sucesso, Clay Hammond (Dennis Quaid), lendo trechos de seu novo best seller para uma concorrida platéia. Conforme ele vai narrando a estória de seu romance o espectador vai acompanhando o desenrolar de tudo na tela. Nesse ponto “As Palavras” realmente se torna muito original pois há na verdade três estórias se desenvolvendo ao mesmo tempo. Confuso? Não, longe disso. Na primeira estrutura narrativa acompanhamos o escritor Clay (Quaid) lendo seu livro. Ele acaba conhecendo uma jovem leitora muito bonita e sensual e a convida para seu apartamento. Na segunda narrativa vamos acompanhando a trama de seu livro onde um jovem escritor chamado Rory Jasen (Bradley Cooper) acaba, em um ato de desespero para alcançar o sucesso, plagiando um antigo manuscrito encontrado por ele em uma velha bolsa comprada numa loja de antiguidades em Paris. Por fim, formando a terceira linha de narração, somos apresentados às memórias de um velho homem que recorda de seus tempos no exército americano no pós-guerra. Enviado a Paris ele acaba se apaixonando por uma francesa e com ela tem um inesquecível caso de amor.
Esse é um roteiro muito sutil e inteligente que vai formando um mosaico de situações que no transcorrer do filme acabam se encaixando, formando uma grande ligação entre todas as estórias. O argumento é genial, se revelando particularmente inspirado nas cenas finais quando o espectador é presenteado com um evento revelador. Afinal, o que é ficção, literatura e o que é de fato real? Dennis Quaid, como o escritor que lê seu livro ao vivo, está muito bem. Ator versátil anda em um momento bom na carreira, tanto no cinema em filmes como esse como na TV, estrelando a boa série “Vegas”, onde interpreta um xerife durão na Las Vegas da década de 1960. Bradley Cooper também surpreende em um papel sério e dramático – algo que em nada lembra suas comédias mais comerciais. Agora há de se reconhecer que quem rouba mesmo a cena completamente é o sempre excepcional Jeremy Irons. Interpretando um belo personagem chamado simplesmente de “The Old Man” ele é a alma do filme! Esse é realmente um ator excepcional. Envelhecido, contemplativo, desgastado pelo tempo, seu personagem mescla momentos de solidão, saudade, tristeza e resignação. Poucas vezes vi um personagem tão humano e rico em cena. Seu trabalho é simplesmente perfeito. No fundo “As Palavras” é uma grande homenagem aos escritores de uma forma em geral, pois todos os três elos mais importantes em sua estória são formados por pessoas que exercem justamente essa nobre arte de transformar pensamentos e idéias em palavras escritas. Mais elegante do que isso impossível.
As Palavras (The Words, Estados Unidos, 2012) Direção: Brian Klugman, Lee Sternthal / Roteiro: Brian Klugman, Lee Sternthal / Elenco: Bradley Cooper, Dennis Quaid, Jeremy Irons, Zoe Saldana / Sinopse: Três estórias narradas em diversas linhas narrativas mostram aspectos das vidas profissionais e pessoais de três escritores em épocas diferentes de suas vidas.
Pablo Aluísio.
Esse é um roteiro muito sutil e inteligente que vai formando um mosaico de situações que no transcorrer do filme acabam se encaixando, formando uma grande ligação entre todas as estórias. O argumento é genial, se revelando particularmente inspirado nas cenas finais quando o espectador é presenteado com um evento revelador. Afinal, o que é ficção, literatura e o que é de fato real? Dennis Quaid, como o escritor que lê seu livro ao vivo, está muito bem. Ator versátil anda em um momento bom na carreira, tanto no cinema em filmes como esse como na TV, estrelando a boa série “Vegas”, onde interpreta um xerife durão na Las Vegas da década de 1960. Bradley Cooper também surpreende em um papel sério e dramático – algo que em nada lembra suas comédias mais comerciais. Agora há de se reconhecer que quem rouba mesmo a cena completamente é o sempre excepcional Jeremy Irons. Interpretando um belo personagem chamado simplesmente de “The Old Man” ele é a alma do filme! Esse é realmente um ator excepcional. Envelhecido, contemplativo, desgastado pelo tempo, seu personagem mescla momentos de solidão, saudade, tristeza e resignação. Poucas vezes vi um personagem tão humano e rico em cena. Seu trabalho é simplesmente perfeito. No fundo “As Palavras” é uma grande homenagem aos escritores de uma forma em geral, pois todos os três elos mais importantes em sua estória são formados por pessoas que exercem justamente essa nobre arte de transformar pensamentos e idéias em palavras escritas. Mais elegante do que isso impossível.
As Palavras (The Words, Estados Unidos, 2012) Direção: Brian Klugman, Lee Sternthal / Roteiro: Brian Klugman, Lee Sternthal / Elenco: Bradley Cooper, Dennis Quaid, Jeremy Irons, Zoe Saldana / Sinopse: Três estórias narradas em diversas linhas narrativas mostram aspectos das vidas profissionais e pessoais de três escritores em épocas diferentes de suas vidas.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
O Homem da Máfia
“O Homem da Máfia” é o novo filme estrelado por Brad Pitt. Filme de gangster sem firulas, com película saturada para parecer um antigo filme policial dos anos 1970 e roteiro cru, que vai direto ao ponto. Na trama dois ladrões pé de chinelo resolvem se unir a um comerciante semi-falido para assaltar um jogo de cartas no bairro onde vivem. O problema é que eles roubam uma turma barra pesada que obviamente não fica nada contente com o roubo e resolvem partir para um acerto de contas violento e sangrento. O elenco é muito bom nessa fita rápida, eficiente e muito interessante. É o que se costuma chamar informalmente de “filme para macho” – muita porrada, tiros e assassinatos. As únicas mulheres do elenco são prostitutas sem nenhuma importância nos acontecimentos centrais. Brad Pitt surge desfilando um pomposo topete em cena, imitando a moda da época. Seu personagem Jackie Cogan é um cara durão, criado nas ruas, que acaba se tornando assassino profissional. Nada pessoal, apenas é contratado para realizar um serviço e faz, sem qualquer sentimento de culpa ou peso na consciência. Um sujeito e se chamar quando as coisas começam a sair do eixo. Especializado em realizar seus objetivos da maneira mais limpa possível ele tem a péssima idéia de chamar um velho assassino de nome Mickey (James Gandolfini) cujos anos de glória há muito passaram. Velho, gordo e bêbado já não consegue mais ser um parceiro de crime de confiança. Para piorar quando chega na cidade para realizar as mortes só mostra interesse pelas garotas de programa do local, pouco se importando com as mortes que terá que fazer. Um divórcio e uma provável prisão por porte de armas também não ajudam em nada.
O alvo de ambos inicialmente é o próprio gerente dos jogos, Markie Trattman (Ray Liotta), que já havia roubado antes os próprios jogos que gerenciava, mas conforme vão apurando o que houve chegam também nos dois bandidos drogados e sem expressão que efetuaram os roubos e no cabeça da quadrilha, um comerciante à beira da falência. A partir daí “O Homem da Máfia” logo se transforma em um banho de sangue, com miolos sendo explodidos em câmera lenta em cenas tecnicamente extremamente bem realizadas. Intercalando tudo temos os discursos dos presidentes Bush e Obama louvando a pretensa superioridade da sociedade americana, enquanto as mortes vão se sucedendo na tela. O uso desses pronunciamentos precedem as matanças e os acertos de contas, numa fina e muito bem colocada ironia que atravessa todo o desenrolar dos acontecimentos. Com a economia em frangalhos os líderes americanos ainda se apegam nas velhas ladainhas do passado. Em ótimos diálogos os personagens marginais vão colocando por terra as bobagens ditas pelos políticos. Numa das mais divertidas o personagem de Brad Pitt esclarece que “A América não é uma nação mas um negócio”, em outra destrói um dos pais da nação, Thomas Jefferson, que apesar de ter escrito na constituição americana que “todos eram iguais” tinha escravos em sua fazenda e abusava sexualmente de suas escravas, ou seja, um hipócrita de marca maior. Perfeitas as colocações, os EUA são bem isso mesmo, capitalismo selvagem do pior tipo, sem nada pessoal no meio, apenas violência e grana no comando de tudo. Nesse ponto “O Homem da Máfia”, um filme violento e irascível, tem mais a dizer que muita bobagem que já foi feita por aí louvando os chamados “Pais da América” – quem diria hein?
O Homem da Máfia (Killing Them Softly, Estados Unidos, 2012) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Ray Liotta, James Gandolfini, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Vincent Curatola, Richard Jenkins, Trevor Long, Max Casella, Sam Shepard / Sinopse: Bandidos de quinta categoria resolvem assaltar uma turma barra pesada que joga cartas numa espelunca escondida da polícia gerenciada por Markie Trattman (Ray Liotta). Para acertar as contas com os ladrões pé de chinelo o grupo contrata os serviços do assassino profissional Jackie Cogan (Brad Pitt) que parte para resolver os problemas através de muita violência, sem piedade.
Pablo Aluísio.
O alvo de ambos inicialmente é o próprio gerente dos jogos, Markie Trattman (Ray Liotta), que já havia roubado antes os próprios jogos que gerenciava, mas conforme vão apurando o que houve chegam também nos dois bandidos drogados e sem expressão que efetuaram os roubos e no cabeça da quadrilha, um comerciante à beira da falência. A partir daí “O Homem da Máfia” logo se transforma em um banho de sangue, com miolos sendo explodidos em câmera lenta em cenas tecnicamente extremamente bem realizadas. Intercalando tudo temos os discursos dos presidentes Bush e Obama louvando a pretensa superioridade da sociedade americana, enquanto as mortes vão se sucedendo na tela. O uso desses pronunciamentos precedem as matanças e os acertos de contas, numa fina e muito bem colocada ironia que atravessa todo o desenrolar dos acontecimentos. Com a economia em frangalhos os líderes americanos ainda se apegam nas velhas ladainhas do passado. Em ótimos diálogos os personagens marginais vão colocando por terra as bobagens ditas pelos políticos. Numa das mais divertidas o personagem de Brad Pitt esclarece que “A América não é uma nação mas um negócio”, em outra destrói um dos pais da nação, Thomas Jefferson, que apesar de ter escrito na constituição americana que “todos eram iguais” tinha escravos em sua fazenda e abusava sexualmente de suas escravas, ou seja, um hipócrita de marca maior. Perfeitas as colocações, os EUA são bem isso mesmo, capitalismo selvagem do pior tipo, sem nada pessoal no meio, apenas violência e grana no comando de tudo. Nesse ponto “O Homem da Máfia”, um filme violento e irascível, tem mais a dizer que muita bobagem que já foi feita por aí louvando os chamados “Pais da América” – quem diria hein?
O Homem da Máfia (Killing Them Softly, Estados Unidos, 2012) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Ray Liotta, James Gandolfini, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Vincent Curatola, Richard Jenkins, Trevor Long, Max Casella, Sam Shepard / Sinopse: Bandidos de quinta categoria resolvem assaltar uma turma barra pesada que joga cartas numa espelunca escondida da polícia gerenciada por Markie Trattman (Ray Liotta). Para acertar as contas com os ladrões pé de chinelo o grupo contrata os serviços do assassino profissional Jackie Cogan (Brad Pitt) que parte para resolver os problemas através de muita violência, sem piedade.
Pablo Aluísio.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Meninas Malvadas
Para muitas pessoas o ensino médio é uma selva. Aqui no Brasil as coisas não são tão feias como nos EUA. Lá realmente o bullying é violento e selvagem, o que talvez explique a onda de violência que assola as escolas daquele país. Ao que tudo indica o jovem americano assimila muito cedo a cultura da violência e selvageria que caracteriza aquela cultura. Tratando o assunto de uma forma menos amena a atriz, roteirista e produtora Tina Fey resolveu colocar no papel algumas das experiências que viveu durante essa fase de sua vida. Não é um retrato autobiográfico mas sim uma comédia adolescente onde ela turbinou, digamos assim, alguns eventos que vivenciou enquanto era uma simples colegial. A estória narra as aventuras do high school de Cady Heron (Lindsay Lohan). Ela passou grande parte de sua vida na África, onde seus pais desenvolviam trabalhos sociais. De volta aos EUA ela é matriculada na escola North Shore, situada numa cidadezinha do Illinois. E é justamente nessa escola que ela vai aprender o que é realmente uma vida selvagem! Claro que se trata de uma metáfora sobre o que se vivencia no colegial americano. Pelo que vemos nos noticiários nada parece ser muito exagerado mesmo. A escola americana parece ser mesmo uma selva!
Tina Fey assim brinca com as semelhanças entre o mundo selvagem e a estrutura social que impera entre os jovens que estudam no ensino médio nos EUA (por lá chamado de High School). Existe é óbvio todos aqueles rótulos que todos recebem logo quando adentram na vida colegial: os populares, os nerds, as rainhas da beleza, os freaks e por aí vai. Além disso há todo um jogo de aparências e falsas amizades que dominam todo o ambiente escolar. No caso do filme entram em choque a simples e simpática Cady (Lohan) e a popular Regina (Rachel McAdams) que pensa mandar em todas as garotas da escola, classificando todas elas de acordo com seus próprios critérios pessoais. Deu para perceber que é uma comédia adolescente com um certo ar pretensioso que beira o estudo sociológico! Mas esqueça esse aspecto, “Meninas Malvadas” apesar de não ser um filme ruim deixa muito a desejar. Longe da qualidade das comédias juvenis da década de 80, em especial aquelas assinadas por John Hughes, o filme naufraga em suas pretensões. Não se torna muito divertido e nem traz muito conteúdo. Na verdade esse projeto muito pessoal de Tina Fey apenas expõe seus defeitos como escritora e observadora das relações humanas. Se vale por alguma coisa é pela presença de Lindsay Lohan, a ruivinha bonitinha que de ídolo teen passou a ser freqüentadora de páginas policiais dos jornais americanos. Rachel McAdams também ajuda a passar o tempo. No saldo final não consegue se tornar marcante e nem um retrato fiel do mundo colegial dos EUA. “Meninas Malvadas” é no final das contas uma boa idéia que ficou pelo meio do caminho.
Meninas Malvadas (Mean Girls, Estados Unidos, 2004) Direção: Mark Waters / Roteiro: Tina Fey / Elenco: Lindsay Lohan, Tina Fey, Lizzy Caplan, Rachel McAdams, Lacey Chabert, Amanda Seyfried / Sinopse: Garota que foi criada na África selvagem acaba indo morar nos EUA com seus pais. Matriculada em uma escola de High School ela logo entenderá qual é a verdadeira selva!
Pablo Aluísio.
Tina Fey assim brinca com as semelhanças entre o mundo selvagem e a estrutura social que impera entre os jovens que estudam no ensino médio nos EUA (por lá chamado de High School). Existe é óbvio todos aqueles rótulos que todos recebem logo quando adentram na vida colegial: os populares, os nerds, as rainhas da beleza, os freaks e por aí vai. Além disso há todo um jogo de aparências e falsas amizades que dominam todo o ambiente escolar. No caso do filme entram em choque a simples e simpática Cady (Lohan) e a popular Regina (Rachel McAdams) que pensa mandar em todas as garotas da escola, classificando todas elas de acordo com seus próprios critérios pessoais. Deu para perceber que é uma comédia adolescente com um certo ar pretensioso que beira o estudo sociológico! Mas esqueça esse aspecto, “Meninas Malvadas” apesar de não ser um filme ruim deixa muito a desejar. Longe da qualidade das comédias juvenis da década de 80, em especial aquelas assinadas por John Hughes, o filme naufraga em suas pretensões. Não se torna muito divertido e nem traz muito conteúdo. Na verdade esse projeto muito pessoal de Tina Fey apenas expõe seus defeitos como escritora e observadora das relações humanas. Se vale por alguma coisa é pela presença de Lindsay Lohan, a ruivinha bonitinha que de ídolo teen passou a ser freqüentadora de páginas policiais dos jornais americanos. Rachel McAdams também ajuda a passar o tempo. No saldo final não consegue se tornar marcante e nem um retrato fiel do mundo colegial dos EUA. “Meninas Malvadas” é no final das contas uma boa idéia que ficou pelo meio do caminho.
Meninas Malvadas (Mean Girls, Estados Unidos, 2004) Direção: Mark Waters / Roteiro: Tina Fey / Elenco: Lindsay Lohan, Tina Fey, Lizzy Caplan, Rachel McAdams, Lacey Chabert, Amanda Seyfried / Sinopse: Garota que foi criada na África selvagem acaba indo morar nos EUA com seus pais. Matriculada em uma escola de High School ela logo entenderá qual é a verdadeira selva!
Pablo Aluísio.
Assinar:
Postagens (Atom)