segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O Homem da Máfia

“O Homem da Máfia” é o novo filme estrelado por Brad Pitt. Filme de gangster sem firulas, com película saturada para parecer um antigo filme policial dos anos 1970 e roteiro cru, que vai direto ao ponto. Na trama dois ladrões pé de chinelo resolvem se unir a um comerciante semi-falido para assaltar um jogo de cartas no bairro onde vivem. O problema é que eles roubam uma turma barra pesada que obviamente não fica nada contente com o roubo e resolvem partir para um acerto de contas violento e sangrento. O elenco é muito bom nessa fita rápida, eficiente e muito interessante. É o que se costuma chamar informalmente de “filme para macho” – muita porrada, tiros e assassinatos. As únicas mulheres do elenco são prostitutas sem nenhuma importância nos acontecimentos centrais. Brad Pitt surge desfilando um pomposo topete em cena, imitando a moda da época. Seu personagem Jackie Cogan é um cara durão, criado nas ruas, que acaba se tornando assassino profissional. Nada pessoal, apenas é contratado para realizar um serviço e faz, sem qualquer sentimento de culpa ou peso na consciência. Um sujeito e se chamar quando as coisas começam a sair do eixo. Especializado em realizar seus objetivos da maneira mais limpa possível ele tem a péssima idéia de chamar um velho assassino de nome Mickey (James Gandolfini) cujos anos de glória há muito passaram. Velho, gordo e bêbado já não consegue mais ser um parceiro de crime de confiança. Para piorar quando chega na cidade para realizar as mortes só mostra interesse pelas garotas de programa do local, pouco se importando com as mortes que terá que fazer. Um divórcio e uma provável prisão por porte de armas também não ajudam em nada.

O alvo de ambos inicialmente é o próprio gerente dos jogos, Markie Trattman (Ray Liotta), que já havia roubado antes os próprios jogos que gerenciava, mas conforme vão apurando o que houve chegam também nos dois bandidos drogados e sem expressão que efetuaram os roubos e no cabeça da quadrilha, um comerciante à beira da falência. A partir daí “O Homem da Máfia” logo se transforma em um banho de sangue, com miolos sendo explodidos em câmera lenta em cenas tecnicamente extremamente bem realizadas. Intercalando tudo temos os discursos dos presidentes Bush e Obama louvando a pretensa superioridade da sociedade americana, enquanto as mortes vão se sucedendo na tela. O uso desses pronunciamentos precedem as matanças e os acertos de contas, numa fina e muito bem colocada ironia que atravessa todo o desenrolar dos acontecimentos. Com a economia em frangalhos os líderes americanos ainda se apegam nas velhas ladainhas do passado. Em ótimos diálogos os personagens marginais vão colocando por terra as bobagens ditas pelos políticos. Numa das mais divertidas o personagem de Brad Pitt esclarece que “A América não é uma nação mas um negócio”, em outra destrói um dos pais da nação, Thomas Jefferson, que apesar de ter escrito na constituição americana que “todos eram iguais” tinha escravos em sua fazenda e abusava sexualmente de suas escravas, ou seja, um hipócrita de marca maior. Perfeitas as colocações, os EUA são bem isso mesmo, capitalismo selvagem do pior tipo, sem nada pessoal no meio, apenas violência e grana no comando de tudo. Nesse ponto “O Homem da Máfia”, um filme violento e irascível, tem mais a dizer que muita bobagem que já foi feita por aí louvando os chamados “Pais da América” – quem diria hein?

O Homem da Máfia (Killing Them Softly, Estados Unidos, 2012) Direção: Andrew Dominik / Roteiro: Andrew Dominik / Elenco: Brad Pitt, Ray Liotta, James Gandolfini, Scoot McNairy, Ben Mendelsohn, James Gandolfini, Vincent Curatola, Richard Jenkins, Trevor Long, Max Casella, Sam Shepard / Sinopse: Bandidos de quinta categoria resolvem assaltar uma turma barra pesada que joga cartas numa espelunca escondida da polícia gerenciada por Markie Trattman (Ray Liotta). Para acertar as contas com os ladrões pé de chinelo o grupo contrata os serviços do assassino profissional Jackie Cogan (Brad Pitt) que parte para resolver os problemas através de muita violência, sem piedade.

Pablo Aluísio.

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