Filme delicado, muito bem escrito e contando com uma ótima trama. Em tempos atuais esse tipo de produção anda bem rara de encontrar, por isso “As Palavras” se torna um programa obrigatório para os cinéfilos de fino trato. O filme abre com um escritor de sucesso, Clay Hammond (Dennis Quaid), lendo trechos de seu novo best seller para uma concorrida platéia. Conforme ele vai narrando a estória de seu romance o espectador vai acompanhando o desenrolar de tudo na tela. Nesse ponto “As Palavras” realmente se torna muito original pois há na verdade três estórias se desenvolvendo ao mesmo tempo. Confuso? Não, longe disso. Na primeira estrutura narrativa acompanhamos o escritor Clay (Quaid) lendo seu livro. Ele acaba conhecendo uma jovem leitora muito bonita e sensual e a convida para seu apartamento. Na segunda narrativa vamos acompanhando a trama de seu livro onde um jovem escritor chamado Rory Jasen (Bradley Cooper) acaba, em um ato de desespero para alcançar o sucesso, plagiando um antigo manuscrito encontrado por ele em uma velha bolsa comprada numa loja de antiguidades em Paris. Por fim, formando a terceira linha de narração, somos apresentados às memórias de um velho homem que recorda de seus tempos no exército americano no pós-guerra. Enviado a Paris ele acaba se apaixonando por uma francesa e com ela tem um inesquecível caso de amor.
Esse é um roteiro muito sutil e inteligente que vai formando um mosaico de situações que no transcorrer do filme acabam se encaixando, formando uma grande ligação entre todas as estórias. O argumento é genial, se revelando particularmente inspirado nas cenas finais quando o espectador é presenteado com um evento revelador. Afinal, o que é ficção, literatura e o que é de fato real? Dennis Quaid, como o escritor que lê seu livro ao vivo, está muito bem. Ator versátil anda em um momento bom na carreira, tanto no cinema em filmes como esse como na TV, estrelando a boa série “Vegas”, onde interpreta um xerife durão na Las Vegas da década de 1960. Bradley Cooper também surpreende em um papel sério e dramático – algo que em nada lembra suas comédias mais comerciais. Agora há de se reconhecer que quem rouba mesmo a cena completamente é o sempre excepcional Jeremy Irons. Interpretando um belo personagem chamado simplesmente de “The Old Man” ele é a alma do filme! Esse é realmente um ator excepcional. Envelhecido, contemplativo, desgastado pelo tempo, seu personagem mescla momentos de solidão, saudade, tristeza e resignação. Poucas vezes vi um personagem tão humano e rico em cena. Seu trabalho é simplesmente perfeito. No fundo “As Palavras” é uma grande homenagem aos escritores de uma forma em geral, pois todos os três elos mais importantes em sua estória são formados por pessoas que exercem justamente essa nobre arte de transformar pensamentos e idéias em palavras escritas. Mais elegante do que isso impossível.
As Palavras (The Words, Estados Unidos, 2012) Direção: Brian Klugman, Lee Sternthal / Roteiro: Brian Klugman, Lee Sternthal / Elenco: Bradley Cooper, Dennis Quaid, Jeremy Irons, Zoe Saldana / Sinopse: Três estórias narradas em diversas linhas narrativas mostram aspectos das vidas profissionais e pessoais de três escritores em épocas diferentes de suas vidas.
Pablo Aluísio.
As Palavras
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