sábado, 24 de novembro de 2012
Gran Torino
O enredo mostra um americano típico. Sujeito conservador, de ideais e valores tradicionais que agora tem que lidar com gangues formadas por latinos e asiáticos. Nesse processo de aumento de criminalidade ele acaba tendo seu querido carro da marca Gran Torino sendo cobiçado por meliantes provenientes de famílias imigrantes. Esse argumento analisado assim se torna até perigoso pois o roteiro poderia desbancar para a xenofobia mas Clint Eastwood evitou cair na armadilha, o que de certa forma me surpreendeu pois ele é notório membro do Partido Republicano que defende medidas restritivas contra estrangeiros nos Estados Unidos (fator aliás que fez com que fossem derrotados nas últimas eleições presidenciais, vencendo Obama o preferido justamente dos imigrantes, mulheres e negros). Ao invés de adotar uma postura de crítica contra o estrangeiro que supostamente estaria "emporcalhando" o sonho americano, Clint mostra uma faceta bem mais amistosa e tolerante com essas pessoas. Eu costumo dizer que esse é tipicamente um "filme-tese" onde Eastwood debate a atual onda de imigração desenfreada ao seu país. Recebido friamente por crítica e público o filme merecia ter melhor destino uma vez que toca em um tema delicado e atual. Afinal de contas, estaria mesmo desaparecendo os Estados Unidos dos puritanos e dos pioneiros para dar lugar a uma nova nação, mais latina, mais hispânica e asiática? Assista ao filme e tire suas próprias conclusões.
Gran Torino (Gran Torino, Estados Unidos, 2008) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Nick Schenk, Dave Johannson / Elenco: Clint Eastwood, Geraldine Hughes, John Carroll Lynch, Cory Hardrict, Dreama Walker, Brian Haley. / Sinopse: Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um americano tradicional, veterano de guerra e conservador que começa a ser ameaçado por um grupo de jovens latinos que formam uma gangue de ladrões da região onde mora. Para superar o problema terá que mudar de atitude, inclusive colocando em dúvida antigos valores que considerava primordiais em sua vida.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Flor do Deserto
No caso de Waris Dirie ela conseguiu fugir de sua região indo parar em Mogadishu, capital da Somália. Lá finalmente conseguiu se alfabetizar (a educação também é proibida para as mulheres no local onde nasceu). Após arranjar um emprego em um restaurante de fast food finalmente conseguiu chamar a atenção de um renomado fotógrafo que viu nela todas as qualidades das grandes top models. Após ir para os Estados Unidos ela iniciou uma carreira de sucesso que dura até os dias de hoje. Uma história com final feliz que ensina muito sobre a precária condição feminina em certos lugares do mundo. O livro da modelo (e o excelente filme feito a partir dele) não deve despertar pena do leitor / espectador. Pelo contrário, o sentimento é de admiração pela coragem e bravura dessa mulher que ousou expor um trauma pessoal para levar ao mundo essa denúncia sobre o que ocorre na Somália e em outros países da África. Infelizmente as mulheres ainda não alcançaram a plenitude de seus direitos mas conforme estamos acompanhando já há grandes avanços nesse aspecto. Organizações internacionais tentam erradicar essa prática monstruosa em lugarejos atrasados e arcaicos. Um dia certamente essa monstruosidade será finalmente banida da vida de todas essas mulheres.
Flor do Deserto (Desert Flower, Estados Unidos, 2009) Direção: Sherry Horman / Roteiro: Smita Bhide / Elenco: Liya Kebede, Sally Hawkins, Craig Parkinson, Meera Syal, Anthony Mackie, Juliet Stevenson, Timothy Spall, Soraya Omar-Scego / Sinopse: "Flor do Deserto" conta a história real da modelo Waris Dirie que sofreu mutilação genital feminina ainda em sua infância. A obra é um alerta e uma denúncia contra essa terrível prática que ainda persiste em certos países africanos.
Pablo Aluísio.
Mar em Fúria
O filme obviamente usa e abusa de efeitos digitais, todos extremamente bem realizados. Como se sabe sempre houve grande desafio em recriar digitalmente com sucesso o Oceano. Aqui tudo soa muito bem feito, criando realmente a sensação de se estar vendo imagens reais do pequeno barco no meio da imensidão azul em fúria. O orçamento foi milionário (140 milhões de dólares) e a aposta ousada pois não se sabia ao certo se o público compraria a idéia de ver um grupo de marujos comerciais enfrentando uma tempestade épica no meio do mar. Depois do lançamento todos respiraram aliviados pois a produção conseguiu fazer sucesso de bilheteria. Muito do mérito do sucesso cabe ao diretor Wolfgang Petersen que já tinha conseguido grande êxito em um filme levemente semelhante,"O Barco - O Inferno no Mar". De qualquer modo ele deveria ter deixado esse tema um pouco de lado pois depois afundou de forma monumental com o remake de "Poseidon", um grande fracasso de público e crítica. Isso porém é tema para outra resenha. Aqui deixo a dica de "Mar em Fúria" uma boa aventura com o mesmo espírito dos antigos filmes do mar que tanto conhecemos. Um bom programa de entretenimento em suma.
Mar Em Fúria (The Perfect Storm, Estados Unidos, 2000) Direção: Wolfgang Petersen / Roteiro: William D. Wittliff / Elenco: George Clooney, Mark Wahlberg, Diane Lane, Mary Elizabeth Mastrantonio, Karen Allen, William Fichtner, Michael Ironside./ Sinopse: Navio comercial de pesca se vê envolvida por uma enorme tempestade em alto mar. Para sobreviver os tripulantes terão que partir para uma verdadeira luta contra as forças da natureza.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
A Aparição
Some-se a isso a sua curta duração (pouca mais de 70 minutos) e você terá algo completamente desnecessário. A entidade que surge nas sombras é sem graça e a tentativa de explicar tudo soa infantil e bobo. Logo no começo quando vi a marca da Dark Castle já fiquei com um pé atrás pois essa produtora anda deixando muito a desejar em seus últimos filmes. Sem dinheiro tudo é reciclado e o gosto de prato requentado incomoda. Não espere também ver nada de bom em termos de maquiagem ou efeitos especiais em A Aparição. Tudo é muito pobre nesse aspecto. A direção do jovem Todd Lincoln que só havia dirigido curtas antes, soa amadora e sem timing. Enfim, não adianta mais apontar os defeitos de A Aparição, eles são muitos. Procure por algo melhor para ver pois esse aqui é bem decepcionante.
A Aparição (The Apparition, Estados Unidos, 2012) Direção: Todd Lincoln / Roteiro: Todd Lincoln / Elenco: Ashley Greene, Sebastian Stan, Tom Felton / Sinopse: Jovem casal vai morar numa casa onde começa a surgir estranhos fenômenos como móveis se movendo sozinhos, mofo nas paredes e sombras que parecem observar seus moradores. Seria uma alma em busca de redenção ou uma estranha entidade que conseguiu deixar o mundo dos mortos para aterrorizar os vivos?
Pablo Aluísio.
Frankenstein de Mary Shelley
De qualquer modo as pessoas ansiavam mesmo pela produção classe A de De Niro e Branagh. O filme finalmente foi lançado em novembro de 94. A crítica se dividiu. Para muitos a produção era sem inspiração, preguiçosa e maçante. Para outros era válida a iniciativa de se revisar o texto original de Mary Shelley. Em meu conceito Frankenstein é bem irregular mas não credito todos os problemas apenas ao filme em si. De certa forma o próprio texto de Mary Shelley envelheceu terrivelmente. Escrito como uma aposta da autora que queria produzir o romance mais aterrorizante de sua época, Frankestein é uma obra que intencionalmente carrega nas tintas a todo momento. Nunca teve a sofisticação dos textos de Bram Stoker. Essa falta de sutileza assim se torna óbvio no transcorrer do filme. Além do mais a segunda parte da trama soa muito ultrapassada nos dias atuais. Com tantos problemas no texto original não é de se estranhar que o filme tenha tantos problemas. A produção de primeira linha está lá, um bom diretor e um elenco de ótimos profissionais também, mas o filme não empolga, não surpreende em nenhum momento. A nova visão do livro de Mary Shelley fez sucesso nas telas mas jamais conseguiu se tornar uma unanimidade como o filme de Francis Ford Coppola. Sem dúvida deixa a desejar em vários aspectos.
Frankenstein de Mary Shelley (Frankestein, Estados Unidos, 1994) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Steph Lady baseado na obra de Mary Shelley / Elenco: Robert De Niro, Kenneth Branagh, Tom Hulce, Helena Bonham Carter, Aidan Quinn, Ian Holm, John Cleese, Richard Briers / Sinopse: Victor Frankenstein (Kenneth Branagh) é um cientista vitoriano que decide utilizar as recentes descobertas sobre eletricidade para tentar criar vida a partir de restos humanos de pessoas falecidas. Seus experimentos acabam dando origem a uma estranha criatura (Robert De Niro) que a despeito de sua precária condição consegue expressar e desenvolver muitos dos mais nobres sentimentos humanos.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
O Homem Bicentenário
Em minha concepção O Homem Bicentenário é bem abaixo da profundidade da obra literária original. O que ameniza é saber que nem sempre há como adaptar Asimov com fidelidade (outras adaptações são mais medonhas do que essa). No final temos um produto cinematográfico que consegue trazer, mesmo que em pequenas doses, alguns dos questionamentos mais relevantes do autor. No final o que prejudicou o filme foi seu custo elevado para a época (mais de 100 milhões de dólares de orçamento) e a escalação do diretor errado, Chris Columbus, que tem mais intimidade com o universo infanto-juvenil, nunca tendo antes dirigido uma ficção desse nível. Assim o filme não conseguiu agradar ao público do universo Sci-fi e nem atraiu a garotada que forma a maior parte da platéia de Columbus. Apesar disso o filme não foi o fracasso todo que dizem - certamente teve um prejuízo mas foi relativamente pequeno diante da ousadia de se produzir algo assim. Hoje em dia é interessante ser visto, mesmo sabendo de antemão que é em essência um produto meramente pop, bem longe da expressividade da obra de Asimov.
O Homem Bicentenário (Bicentennial Man, Estados Unidos, 1999) Direção: Chris Columbus / Roteiro: Nicholas Kazan. baseado na obra de Isaac Asimov / Elenco: Robin Williams, Sam Neill, Oliver Platt, Embeth Davidtz, Wendy Crewson./ Sinopse: Um robô criado para realizar tarefas rotineiras e domésticas começa a desenvolver traços humanos.
Pablo Aluísio.
Drácula de Bram Stoker
Passados 20 anos de seu lançamento ouso dizer que Drácula foi a última grande obra prima do mestre Coppola. É uma constatação penosa, haja visto que sem dúvida ele foi um dos cineastas mais brilhantes de Hollywood. Seu grande trabalho aqui se revela na escolha do elenco ideal (Gary Oldman personifica as várias faces do vampiro de forma maravilhosa), no uso correto e pontual de ótimos efeitos especiais (todos recriando uma oportuna atmosfera Vitoriana) e na fidelidade ao texto original. O resultado de tanto talento se vê nas telas de forma grandiosa. Ao custo de 40 milhões de dólares o filme demonstra ter todas as peças perfeitamente encaixadas, resultando em um trabalho magnífico, uma obra de arte realmente. O velho Stoker certamente ficaria orgulhoso.
Drácula de Bram Stoker (Dracula, Estados Unidos, 1992) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: James V. Hart baseado na obra de Bram Stoker / Elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins, Keanu Reeves, Richard E. Grant, Billy Campbell, Sadie Frost, Tom Waits, Monica Bellucci / Sinopse: Jonathan Harker (Keanu Reeves) vai a um distante e isolado castelo com a missão de vender uma propriedade a um estranho e recluso Conde chamado Drácula (Gary Oldman). Ao ver o retrato de sua amada o monstro fica admirado com a semelhança com sua antiga paixão, uma jovem falecida há muitos séculos. Não tardará para que o Conde vá ao seu encontro.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
À Espera De Um Milagre
O comportamento de Coffey logo chama a atenção do guarda Paul Edgecomb (Tom Hanks) que percebe que ele na realidade é uma pessoa muito espiritual. Assim vamos acompanhando os acontecimentos, inclusive em flashbacks, onde os eventos que levaram Coffey à prisão são mostrados, demonstrando que nada é o que realmente aparenta ser. Além da produção primorosa e elegante, "À Espera de um Milagre" conta com elenco inspirado, a começar pelo próprio Michael Clarke Duncan que concorreu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante mas não foi premiado, de forma bem injusta aliás. Embora tenha sido também indicado a praticamente todas as categorias principais da Academia saiu de mãos abanando na noite de entrega. Como afirmei antes atribuo isso ao fato da crítica especializada ter torcido o nariz para o filme em seu lançamento. Não faz mal, o tempo fez jus a Green Mile e hoje a obra é considerada uma produção cult por excelência, vencendo o desafio do tempo. Maior prêmio do que esse não há.
À Espera De Um Milagre (The Green Mile, Estados Unidos, 1999) Direção: Frank Darabont / Roteiro: Frank Darabont baseado na obra de Stephen King / Elenco: Tom Hanks, David Morse, Bonnie Hunt, Michael Clarke Duncan, James Cromwell, Michael Jeter, Graham Greene, Doug Hutchison, Gary Sinise, Sam Rockwell / Sinopse: Prisioneiro no corredor da morte acaba demonstrando a um guarda seus grandes poderes espirituais.
Pablo Aluísio.
Os Irmãos Cara de Pau
Nós éramos felizes nos anos 80 e não sabíamos. A década, que deixou muitas saudades nos tiozinhos e tiozinhas de hoje, foi extremamente rica em termos de cultura pop, embora muito lixo tenha sido produzido em abundância também. De qualquer forma sair da ultra kitsch década de 70 e da influência abrangente dos anos 60 já era um bom começo. A trilha sonora do filme The Blues Brothers (estupidamente traduzida no Brasil como "Os irmãos Cara de pau") demonstra como era rico o cenário musical e cinematográfico daqueles anos distantes. Afinal em que outra década você encontraria uma trilha sonora tão musicalmente maravilhosa em termos de sonoridade como essa? O filme é aquele negócio: comédia ultra exagerada com o comediante do Saturday Night Live, John Belushi, aqui acompanhado de seu amigo de trupe Dan Aykroyd. A dupla do filme inclusive foi criada para esse famoso programa de humor dos EUA (que ainda está no ar, mesmo depois de tantos anos).
No programa eles tinham um quadro básico, até mesmo simples, onde apresentavam números musicais vestidos de blueseiros brancos com cara de mau. Quando se decidiu levar a idéia para a tela grande um novo roteiro foi escrito e o diretor John Landis foi contratado. Novas situações foram criadas e uma estória foi bolada para os dois irmãos. O filme pode até não ter nada demais em termos de roteiro e argumento mas seu charme até hoje é inegável. Quem nunca se divertiu com as aventuras dos irmãos Elwood que atire a primeira pedra! Infelizmente um dia a festa tinha que chegar ao fim... e chegou. John Belushi, o grande mentor do The Blue Brothers, morreu de overdose de drogas em 1982, sem nem ao menos curtir todo o seu merecido sucesso como comediante. Em uma vida de excessos Belushi resolveu experimentar uma mistura de cocaína com heroína, após curtir uma semana de farras em seu apartamento. O coração não aguentou e o humorista faleceu na flor da idade, com uma imensa carreira ainda pela frente que se perdeu para sempre. Foi a primeira grande vítima do sucesso nos anos 80. Não faz mal, trabalhos como esse The Blues Brothers lhe garantiram a imortalidade.
Os Irmãos Cara de Pau (The Blues Brothers, Estados Unidos, 1980) Direção: John Landis / Roteiro: John Landis, Dan Aykroyd / Elenco: John Belushi, Dan Aykroyd, Carrie Fisher, John Candy, Ray Charles, James Brown / Sinopse: Dois imrãos, cantores de blues, decidem ajudar o orfanato onde foram criados. Para isso terão que reunir sua antiga banda, os Blues Brothers.
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Pablo Aluísio.
Pecados de Guerra
Seu relacionamento durante as filmagens não melhorou em nada. Confundindo personagem com vida real ele misturou ficção com realidade e partiu para o confronto com o pacato Michael J. Fox fora das telas. Ambos viviam em tensão constante e Fox evitava até mesmo sentar perto de Penn durante as refeições no set. Segundo foi noticiado depois por alguns membros da equipe Penn inclusive chamou Fox para a briga após uma cena particularmente intensa. Tanta dedicação e entrega ao seu personagem porém não adiantaram muito. O público parecia cansado de filmes realistas sobre o Vietnã e o tema envolvendo estupro pareceu pesado demais para a platéia que abandonou os cinemas vazios. Pior para Brian De Palma que começou aí um inferno astral em sua carreira, com sucessivos fracassos que acabaram enterrando sua até então bem sucedida filmografia. De qualquer modo, pelo tema instigante e polêmico o filme merece passar por uma revisão - caso não tenha assistido ainda procure conhecer Pecados de Guerra, um filme forte demais para a década de 80.
Pecados de Guerra (Casualties of War, Estados Unidos, 1989) Direção: Brian De Palma / Roteiro: David Rabe baseado no livro de Daniel Lang / Elenco: Michael J. Fox, Sean Penn, Don Harvey, John C. Reilly, John Leguizamo / Sinopse: Durante a guerra do Vietnã um soldado testemunha um estupro promovido por um insano sargento americano. Disposto a falar ele enfrentará todo tipo de pressão e hostilidade para ficar de boca fechada. Baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.