Já que o assunto filmes de ação e pancadaria da década de 80 vieram á tona me lembrei de uma das produções mais famosas daqueles anos: "Stallone Cobra". Na época em que o filme chegou nos cinemas pela primeira vez houve uma avalanche de reações extremas em relação ao seu lançamento. Os fãs de Stallone obviamente adoraram ver o ator distribuindo sua cota de sopapos nos vilões em cenas cada vez mais violentas. Já os que acusavam esses filmes de incidar a violência na sociedade foram à luta e aqui no Brasil o filme saiu em diversas versões, várias delas censuradas: uma para menores de 18 anos (com cenas cortadas), outra para maiores de 18 anos (com todas as cenas de sangue) e por fim uma versão para menores de 16 anos com cortes amenizados. Uma coisa de louco! O resultado foi que a bilheteria do filme praticamente triplicou porque o público acabou indo ao cinema várias vezes para conferir todas as versões - o que no fundo era uma bobagem pois os cortes somados não chegam nem a dois minutos. O sucesso continuou depois quando a fita chegou nas locadoras, liderando por semanas o ranking das mais alugadas. Não há como negar que se viveu uma verdadeira febre de popularidade de "Stallone Cobra" no país. Os críticos obviamente ficaram loucos e arrancaram os cabelos pois não se cansavam de criticar tudo na produção.
O público por sua vez adorou e quebrou cada novo recorde de bilheteria da semana anterior que já havia sido quebrada pelo próprio filme! "Cobra" foi sem dúvida um filme de extremos, quem odiava não perdoava nada e quem adorava Stallone simplesmente idolatrou a fita e ignorou todo o resto! E no meio desse cabo de batalha quem afinal tinha razão? Nenhuma posição extrema ou radical consegue ter razão no final das contas. Os críticos que pareciam ter uma rixa pessoal com o ator americano exageraram nas críticas ferozes e o público tampouco conseguiu ver os defeitos do filme meio que hipnotizados pela incrível popularidade que Sylvester Stallone tinha na ocasião. Na verdade "Stallone Cobra" é uma boa fita de ação policial com um personagem muito carismático, principalmente para a população que muitas vezes sente falta de um "justiceiro" como ele. A mesma coisa aconteceu recentemente com o Capitão Nascimento de "Tropa de Elite". São tiras que querem resolver o problema da criminalidade se tornando eles mesmos a cura para a situação. Cobra não se importa em pendurar um bandido em um gancho, assim como o Capitão Nascimento também não se importa em dar uns "corretivos" na malandragem do morro! O povo obviamente adora esse tipo de personagem! São duas facetas da mesma moeda. De certa forma são todos filhos de Dirty Harry, o policial politicamente incorreto feito por Clint Eastwood na década de 70 que provocava os bandidos dizendo "Faça o meu dia, punk!". Em outras palavras "reaja para que eu possa mandar você para o buraco logo!". Claro que qualquer pessoa pode ser contra esse tipo de atitude. Agora, o que não vale a pena é censurar personagens de ficção como Cobra ou Capitão Nascimento como forma de dar alguma lição de moral para a sociedade, aí sinceramente já foge do que seria razoável. Censura no Brasil nunca mais!
Stallone Cobra (Cobra, Estados Unidos, 1986) Direção: George P. Cosmatos / Roteiro: Sylvester Stallone baseado na novela de Paula Gosling / Elenco: Sylvester Stallone, Brigitte Nielsen, Reni Santoni / Sinopse: Marion 'Cobra' Cobretti (Sylvester Stallone) é um tira de métodos poucos usuais que não perdoa bandidos e meliantes em geral.
Pablo Aluísio.