sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Desafio do Destino

Título no Brasil: Desafio do Destino
Título Original: The Rookie
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: John Lee Hancock
Roteiro: Mike Rich
Elenco: Dennis Quaid, J.D. Evermore, Rachel Griffiths, Angus T. Jones, Brian Cox, Rick Gonzalez

Sinopse:
Jimmy Morris (Dennis Quaid) é um treinador de beisebol disposto a tudo para fazer sua equipe de jovens se tornar campeã pela primeira vez. Para isso ele também terá que se superar, superando velhos traumas de seu passado como jogador. 

Comentários:

OK, o público brasileiro definitivamente não gosta de filmes sobre beisebol. É um esporte praticamente desconhecido em suas regras para o nosso país. Porém sempre percebi que o esporte, apesar de ser importante nesses filmes, muitas vezes serve apenas de apoio para se contar uma boa história. É o que acontece aqui, nessa produção da Disney. O protagonista é um treinador de beisebol novato na profissão que chega para treinar sua primeira equipe. No passado ele foi jogador, mas encarou grandes frustrações pessoais. Agora ele tenta superar os traumas do passado, ao mesmo tempo em que tenta também se realizar naqueles jovens que treina. É um bonito filme, com bela fotografia e aquela lição de moral no final para levantar o ânimo das pessoas. Pense bem, um roteiro desses, trazendo uma boa mensagem, já justifica a existência do filme. Além disso tem o Dennis Quaid no elenco, um ator de que sempre gostei, desde os distantes tempos de filmes como "Viagem Insólita". Pois é, ele continua na ativa, fazendo bons filmes, mesmo que muitos deles não fiquem muito conhecidos no Brasil.

Pablo Aluísio.

Mulher Infernal

Título no Brasil: Mulher Infernal
Título Original: Saving Silverman
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Dennis Dugan
Roteiro: Hank Nelken, Greg DePaul
Elenco: Jason Biggs, Steve Zahn, Jack Black, Amanda Peet. R. Lee Ermey, Neil Diamond

Sinopse:
Dois amigos conspiram para salvar seu melhor amigo de se casar com a mulher errada, ou como eles mesmos dizem: Vamos salvar ele de cair nessa armadilha, nessa enrascada!

Comentários:
Situação clássica. Três amigos, desde os tempos de infância, acabam tendo que lidar com a namorada chata de um deles, aqui interpretada pela atriz Amanda Peet. Ela não se encaixa mesmo na amizade deles, nas brincadeiras retardadas, etc. A amizade masculina tem seus próprios comportamentos, seus próprios códigos de conduta que muitas vezes não faz sentido para uma mulher. Assim os personagens interpretados por Steve Zahn e Jack Black se unem para salvar  Jason Biggs de se casar com a mulher errada, pelo menos na visão deles. E para quem curte música dos anos 70 esse filme tem um atrativo a mais, a presença do cantor e compositor Neil Diamond. Sua participação é bem divertida. Enfim, temos aqui uma comediazinha até bem divertida. Especialmente recomendada para fãs dos exageros de Jack Black.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Promessa é Dívida

Título no Brasil: Promessa é Dívida
Título Original: Stealing Harvard
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Revolution Studios
Direção: Bruce McCulloch
Roteiro: Martin Hynes, Peter Tolan
Elenco: Jason Lee, Tom Green, Leslie Mann, Megan Mullally, Dennis Farina, Tammy Blanchard

Sinopse:
Dois caras normais, amigos de longa data, precisam honrar compromissos diferentes, mas estão completamente sem grana para isso. Assim decidem entrar no mundo do crime, mesmo que não tenham nenhum jeito para esse tipo de coisa.

Comentários:
Tudo gira em torno do velho tema, a falta de dinheiro. O protagonista do filme prometeu para sua namorada que iria pagar a hipoteca e para sua sobrinha que iria ajudar a pagar as mensalidades da universidade de Harvard, uma das mais caras dos Estados Unidos. Ora, a promessa foi feita, só não há dinheiro para cumpri-las. Então a saída é partir para o desespero, fazer um assalto, etc. Só que obviamente tudo sai errado, nada de acordo com o planejado. O filme hoje em dia é pouco lembrado. Na época de seu lançamento original a crítica não gostou, principalmente dessa coisa de fazer humor com crimes. Parece que de tempos em tempos o moralismo americano fala um pouquinho mais alto. De qualquer maneira passa longe de ser um filmão. É de mediano para fraco, sendo bem esquecível mesmo.E o Jason Lee, que fim levou? Nunca mais ouvi falar nele. Pelo visto deve ter deixado o mundo do cinema.

Pablo Aluísio.

O Coração da Justiça

Título no Brasil: O Coração da Justiça
Título Original: The Heart of Justice
Ano de Produção: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Amblin Television
Direção: Bruno Barreto
Roteiro: Keith Reddin
Elenco: Eric Stoltz, Jennifer Connelly, Dermot Mulroney, Dennis Hopper, William H. Macy, Vincent Price

Sinopse:
Investigando um caso de assassinato, o detetive David Leader (Eric Stoltz) acaba conhecendo a família Burgess, uma gente estranha, mas muito rica, que parece girar em todos os aspectos em torno de sua filha, a perigosa, mas sedutora Emma Burgess (Jennifer Connelly).

Comentários:
Filme fraquinho feito para a TV americana, com direção do brasileiro Bruno Barreto. O telefilme foi produzido pela produtora de Steven Spielberg. Tudo muito convencional, sem pretensão de ser algo a mais ou inovador. Se vale por alguma coisa, temos que admitir que a atriz Jennifer Connelly estava linda, bem na fase de sua transição de filmes adolescentes para algo mais sério. Já Eric Stoltz não ajuda muito. Sempre foi um ator por demais genérico, sem maiores atrativos. Desde que ele perdeu o papel do jovem McFly em "De Volta Para o Futuro", nunca mais acertou na carreira. De qualquer forma hoje em dia é um filme bem complicado de achar. Chegou a ser lançado no Brasil em VHS, mas depois desapareceu, inclusive da programação das TVs a cabo. No elenco, é sempre bom salientar, há a presença de dois veteranos importantes na história do cinema: Dennis Hopper e Vincent Price. Provavelmente a dupla seja a melhor razão para ver esse filme hoje em dia.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cegueira Histérica

Título no Brasil: Cegueira Histérica
Título Original: Hysterical Blindness
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO Films
Direção: Mira Nair
Roteiro: Laura Cahill
Elenco: Uma Thurman, Juliette Lewis, Gena Rowlands, Ben Gazzara, Justin Chambers, Anthony DeSando

Sinopse:
O filme conta a história de Debby Miller (Uma Thurman), uma jovem de New Jersey que sofre de uma estranha síndrome, onde perde a visão em momentos de tensão e stress. Filme premiado no Globo de Ouro na categoria de melhor atriz (Uma Thurman). Indicado na categoria de melhor atriz coadjuvante (Gena Rowlands).

Comentários:
A HBO produziu muita coisa interessante em seus primórdios. Geralmente a companhia pegava roteiros que não encontravam espaço entre os grandes estúdios de cinema de Hollywood e os produzia, com bom elenco e boa direção. O curioso é que depois de algum tempo a HBO deixou de lado a produção de filmes independentes e ousados como esse, procurando seguir por outro caminho. Hoje em dia esse setor de produção própria é mais voltada para as séries, deixando os filmes em segundo plano. Uma pena. Nesse filme até bem pouco conhecido nos dias de hoje a atriz Uma Thurman interpreta uma protagonista que sofre de cegueira histérica, uma condição médica rara, mas que realmente existe no mundo real. E isso, claro, serve de ponto de partida para esse filme que se propõe a ser um drama com pontuais momentos de suspense e tensão. É um filme que até chamou uma certa atenção em seu lançamento original, muito embora nos dias de hoje quase ninguém mais se lembre dele. Um bom motivo para redescobrir essa produção, ainda mais para quem aprecia o trabalho da alta e loira (aqui ruiva) Uma Thurman. E de quebra ainda leva boas interpretações da louquinha Juliette Lewis e da fina Gena Rowlands.

Pablo Aluísio.

Viagem Sem Destino

Título no Brasil: Viagem Sem Destino
Título Original: Interstate 60 - Episodes of the Road
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Fireworks Pictures
Direção: Bob Gale
Roteiro: Bob Gale
Elenco: Gary Oldman, Kurt Russell, Michael J. Fox, James Marsden, Christopher Lloyd, Jonathan Whittaker

Sinopse:
Neal Oliver, um jovem estranho ao seu modo, decide fazer uma viagem de uma vida na estrada desconhecida que não existe em nenhum dos mapas, indo parar em lugares que ele nunca ouviu falar, procurando uma resposta para a paixão que sente em relação à sua garota dos sonhos. E nessa jornada também acaba encontrando os mias diversos tipos de pessoas (algumas tão estranhas quanto ele mesmo).

Comentários:
Bob Gale, que dirigiu esse pequeno filme independente que quase ninguém conhece, foi o roteirista dos três filmes da franquia "De Volta Para o Futuro". Curiosamente ele aqui conseguiu reunir novamente Michael J. Fox e Christopher Lloyd (os astros daquela série) em um mesmo filme. Acredito inclusive que isso só aconteceu mesmo uma única vez e foi justamente aqui. Fruto da amizade do roteirista com esses atores, amizade essa que nasceu justamente nas filmagens dos 3 filmes da marca "Back to the Future". Já em relação a esse "Viagem sem Destino" diria que é apenas razoável. Tem alguns elementos de fantasia, um bom elenco, contando inclusive com os dois atores já citados e o sempre bom Gary Oldman, mas no geral é aquele tipo de filme que nunca decola. Você fica esperando por algo melhor acontecer, mas isso não se torna realidade. O espectador fica a ver navios, nas nuvens. De repente vem a última cena e o filme acaba, sem marcar ou impressionar. De qualquer maneira, se você curte "De Volta para o Futuro" essa produção ao menos vai servir como uma mera curiosidade cinematográfica. E isso é tudo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Risco Total

Não se sabe bem qual foi a razão mas em determinado momento de sua carreira, após grandes sucessos de bilheteria, Sylvester Stallone resolveu que queria ser um comediante. Ninguém entendeu direito mas como ele vinha de vários sucessos ninguém ousou contestar o ator. O resultado dessa má ideia foi a realização de dois péssimos filmes, “Oscar – Minha Filha Quer Casar” e “Pare, Senão Mamãe Atira!”. Desnecessário dizer que ambos os filmes foram enormes fracassos de público e crítica. Essa por sua vez se sentiu gratificada, após bater em Stallone por anos seguidos agora tinha o público ao seu lado, finalmente. De fato não há como negar que essas comédias são realmente horrendas. Enredos sem graça e Stallone tentando fazer rir de forma constrangedora. Recentemente o ator reconheceu o erro em uma entrevista explicando que seu ego o tinha cegado à realidade. De qualquer modo passada a repercussão negativa de ambos os filmes, Stallone resolveu voltar para sua zona de conforto, a dos filmes de ação e aventura. A solução foi se reunir ao cineasta Renny Harlin, na época em ótimo momento na carreira, para estrelar esse filme que usava e abusava de ótima fotografia, com tomadas maravilhosas de alpinismo e aventura. Era uma volta triunfal ao gênero que sempre o havia consagrado.

As filmagens foram complicadas mas Stallone estava disposto a voltar ao topo (da carreira, não das montanhas onde o filme foi realizado). A produção ficou a cargo da Carolco, a mesma que havia realizado os filmes da série Rambo. Stallone quis realizar ele próprio várias das cenas mas foi convencido a não ir em frente pois nenhuma seguradora do mundo bancaria o filme assim. Ao custo de 65 milhões de dólares as filmagens tiveram início nos famosos estúdios Cinecittà em Roma. Já as cenas externas, onde foram capturadas as melhores sequências de alpinismo, foram realizadas nas Montanhas Rochosas no Colorado e em Dolomites na Itália. O resultado foi muito bom, tanto em termos de bilheteria como de crítica. O filme rendeu mais de 250 milhões apenas no mercado externo e os jornais especializados pouparam Stallone de mais um massacre, elogiando a boa fotografia do filme e o fato dele ser um produto diferente, que fugia dos costumeiros Rambos e Rockys. Em suma, um bom momento na carreira de Sly, que recuperou assim seu prestígio e seu sucesso nos cinemas.

Risco Total (Cliffhanger, EUA, 1993) Direção: Renny Harlin / Roteiro: John Long, Michael France / Elenco: Sylvester Stallone, John Lithgow, Michael Rooker / Sinopse: Um famoso alpinista, Gabe Walker (Sylvester Stallone) é contratado para levar uma equipe de resgate que parte em busca de um grupo desaparecido nas montanhas. Durante a jornada porém Gabe acaba descobrindo que nada é o que aparentava ser.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Amor Sem Escalas

De todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar esse "Amor Sem Escalas" foi na minha opinião o mais interessante. Com um roteiro aparentemente simples o filme consegue retratar questões importantes do cotidiano do homem moderno. Temas como solidão, vida profissional, desemprego e o vazio da vida atual são colocados no centro da trama de forma muito sutil e eficaz, muitas vezes sem nem ao menos o espectador se dar conta disso. O enredo mostra o dia a dia de um profissional sui generis que cruza os EUA de costa a costa com a função de demitir funcionários das empresas. Em tempos de crise financeira o tema se torna ainda mais atual e relevante. O drama de quem perde o emprego é mostrado de uma forma realista, sem maquiagem, usando inclusive depoimentos reais de pessoas que realmente foram demitidas nessa crise que assola a economia americana. George Clooney está perfeito no papel pois esbanja cinismo, charme e insensibilidade em doses exatas. Retratando um profissional cuja frieza não é apenas bem vinda mas também necessária o ator entrega ao grande público uma de suas melhores atuações. Tanto que vem sendo reconhecido em vários prêmios com indicações mais que merecidas. A própria transformação pelo qual passa seu personagem realça ainda mais o talento do ator, que em recentes entrevistas tem demonstrado o desejo de se dedicar apenas ao trabalho de diretor em seus próximos projetos. Após assistir esse filme torço para que mude de ideia.

E é justamente essa transformação interior que traz um certo desconforto no filme. Conforme o roteiro avança vamos presenciando as mudanças na forma de pensar do personagem de Clooney, que começa a refletir sobre a solidão em que vive, a sua falta de laços emocionais e o vazio de uma vida sem objetivos a alcançar. Amor Sem Escalas é um filme curioso pois apresenta em um primeiro momento a trajetória de um homem extremamente individualista, egocêntrico e vazio que se sente plenamente à vontade com sua vida. Somente após vários eventos é que aos poucos vai se dando conta do vazio existencial em que se encontra.

Talvez esse seja o único ponto a se criticar no filme. Em certo momento o personagem de Clooney, que se mostrava feliz com sua condição no começo da estória, vai se tornando amargurado por não ter uma família estruturada ou alguém para compartilhar sua vida. Soa bastante forçado essa brusca mudança de personalidade, principalmente quando o vemos na primeira parte do filme defender de forma tão veemente o fato de ser um solteirão convicto que detesta a ideia do casamento e filhos. A súbita mudança de atitude só se justifica mesmo pelo moralismo familiar que o roteiro tenta impor ao espectador. A mensagem subliminar é a de que a felicidade só será alcançada com o casamento e filhos e que pessoas solteiras não poderiam ser felizes. Bobagem. Esse tipo de pensamento saiu de moda com a revolução sexual e nesse ponto o argumento soa ultrapassado. De qualquer forma isso é um aspecto menor que não desmerece o filme como um todo. No fundo é apenas reflexo do moralismo que reina na sociedade do Tio Sam. Enfim, "Amor Sem Escalas" é um filme a se conhecer, pois além de bom entretenimento faz refletir, coisa cada vez mais rara em tempos de filmes ocos e escapistas como Avatar. Não deixe de assistir e boa viagem.

Amor Sem Escalas (Up in the Air, EUA, 2009) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Jason Reitman e Sheldon Turner, baseados em obra de Walter Kirn / Elenco: Jason Bateman, George Clooney, Anna Kendrick, Vera Farmiga, Melanie Lynskey, Danny McBride, Chris Lowell, Tamala Jones / Sinopse: Executivo tem como função primordial em seu trabalho demitir funcionários de outras empresas. Cínico, sem laços familiares ou sociais, ele é abalado em seu modo de viver após conhecer interessante mulher.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Scarface

Al Pacino é um dos grandes atores do século. Disso tenho certeza poucas pessoas ainda tem dúvidas. Recentemente assisti um filme dele que me deixou bastante desapontado. Intitulado 88 minutos, o filme é um completo equívoco. Roteiro fraco, situações clichês e o pior: um Pacino atuando no piloto automático. Muito longe dos seus dias de glória quando apresentava atuações tão brilhantes que salvavam até mesmo filmes medianos ou com certos problemas de script e argumento. Um desses filmes que foram salvos completamente pelo talento de Pacino foi o (agora) clássico "Scarface", dirigido por Brian De Palma. Uma refilmagem atualizada de "Scarface, a Vergonha de uma Nação", filmado na década de 30 e que acabou sendo o grande precursor dos chamados filmes de Gangsters. Nessa nova versão o então roteirista Oliver Stone mudou completamente o foco do filme, tirando o cenário de uma Chicago empoeirada dos anos de ouro de Capone para uma Flórida ensolarada, atual e cheia de imigrantes provenientes de Cuba.

Entre esses cubanos que saíram da ilha de Fidel Castro está justamente Tony Montana, o personagem de Pacino. Com ficha criminal ele é praticamente banido pelo governo cubano para ir como refugiado aos EUA. Obviamente uma estratégia dos comunistas para expulsar a escória da sociedade cubana, visando justamente transferir o problema para os "irmãos" ianques. Como todo imigrante que chega na América seu grande sonho é aproveitar as oportunidades que a sociedade capitalista lhe oferece para subir na vida rapidamente. Porém como um cubano sem instrução formal e sem formação profissional tudo o que lhe resta é tentar subir no escalão das organizações criminosas, participando do submundo do tráfico de drogas.

Scarface não envelheceu muito. Seu roteiro é bem escrito e com situações bem armadas. Tem boa produção e conta com a sempre inspirada direção de Brian De Palma, aqui prestes a entrar na melhor fase de sua carreira, que iria se prolongar por toda a década de 80 e que culminaria na obra prima "Os Intocáveis", seguramente um dos melhores filmes sobre a era dos grandes gangsters já realizados. No elenco duas presenças de peso: Al Pacino e Michele Pfeiffer. Ele, ainda está esbanjando juventude, recém saído de uma década brilhante de sucessos nos anos 70 e prestes a afundar na pior fase de sua carreira, com o super fracasso "Revolução" e ela, mais bela do que nunca, esbanjando charme e sofisticação.

Embora seja excessivamente longo, pois a estória poderia muito bem ser contada em duas horas, o filme resistiu bem ao tempo e deixou várias referências aos filmes que viriam. Basta assistir "Cassino", por exemplo, de Scorsese para verificar como "Scarface" fez escola (A personagem de Sharon Stone em Cassino é praticamente a mesma de Pfeiffer em Scarface, só mudando levemente de enfoque). Embora para muitos o final de "Scarface" soe hoje demasiadamente exagerado e kitsch, a mais pura verdade é que tudo aquilo que acontece condiz certamente com a personalidade e a trajetória do personagem de Tony. Quem viveu de excessos só poderia encontrar seu final daquela forma. Em suma, se por acaso você gosta do gênero ao estilo "Os Bons Companheiros", "Cassino" ou até mesmo "Os Intocáveis", "Scarface" é mais do que bem recomendado.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Onda

Hoje em dia está tão complicado assistir bons filmes que quando encontramos algo realmente interessante logo nos empolgamos. Ultimamente tenho me dedicado a assistir muitos clássicos do passado e só de vez em quando procuro me atualizar sobre os filmes atuais. Uma boa surpresa dessa nova safra que está chegando em DVD agora no Brasil é justamente "A Onda", filme alemão extremamente interessante que levanta várias questões de relevância sobre a natureza do ser humano. O roteiro parte de uma premissa interessante: tentando atrair a atenção de seus alunos um professor resolve colocar em prática as aulas sobre "autocracia" que está lecionando. Para isso impõe para a sua classe todos os princípios e diretrizes que formam esse tipo de sistema ditatorial de Estado. Conceitos como disciplina, nacionalismo e ordem saem das páginas dos livros para se tornar parte do cotidiano de cada um dos alunos.

O problema é que embora utilizasse as bases da autocracia para que todos desenvolvessem um espírito crítico sobre o tema o tiro acaba saindo pela culatra e os jovens que formam seu alunado acabam tomando gosto pela coisa toda e invertem completamente seus valores, abraçando as ideias que deveriam criticar durante o curso que frequentam. "A Onda" é interessante pois demonstra que apesar de todas as lutas e todas as batalhas travadas contra regimes ditatoriais e fascistas ainda resiste no espírito humano as sementes que fizeram germinar coisas como o Nacional Socialismo (Nazismo) e o próprio Fascismo italiano. Como é brilhantemente exposto pelo professor tudo o que se precisa para que regimes autoritários voltem à ordem do dia é uma crise, um líder carismático, palavras de ordem, símbolos e uma ideologia de intolerância para que tudo volte a tomar forma.

"A Onda" demonstra como é fácil moldar e formar a mentalidade das pessoas mais jovens, bastando para isso reforçar a identidade do grupo e o espírito de união. Como o final trágico demonstra em pouco tempo a personalidade pessoal e individual é anulada em favor do grupo, do pensamento coletivo, por mais absurdas e obtusas que sejam as ideias que dão base a todo tipo de ideologia de força. Um filme que nos faz pensar sobre a atual conjuntura mundial, pois estamos vivendo atualmente um momento de crise econômica mundial, muito próxima do contexto histórico que fez com que homens como Adolf Hitler subissem ao poder supremo em seus respectivos países.

E por falar em ditaduras históricas: um dos fatos mais relevantes desse filme em particular é que ele foi inteiramente rodado na Alemanha atual. Maior simbolismo do que esse não há. O país que levou o mundo à II Grande Guerra enfrenta seu passado de peito aberto e com extrema sinceridade em um tema extremamente melindroso e perigoso. A grande lição que temos sobre o filme a "A Onda" é justamente esse. Se para muitos os fantasmas do nazismo e do fascismo estão inteiramente soterrados para outros nunca se deve baixar a guarda, pois a qualquer momento esse tipo de ideologia pode despertar e ganhar terreno rapidamente, principalmente entre os mais jovens. A natureza do ser humano jamais pode ser subestimada, tanto para o lado do mal como para o lado do bem. Assista "A Onda" e tire suas próprias conclusões.

Pablo Aluísio.