sexta-feira, 5 de maio de 2006

Santa Fé

Após o fim da guerra entre o exército confederado e o exército da União, durante a guerra civil americana, um grupo de irmãos, ex-soldados da confederação, vagam pelo oeste em busca de trabalho e oportunidade. O conflito acabou, mas as rivalidades ainda permanecem vivas. Chegando em um pequena cidade do interior, o grupo acaba encontrando dois soldados ianques em um saloon. Após algumas trocas de farpas entre eles, o clima fica pesado e em legítima defesa um dos irmãos mata um dos militares. Imediatamente fogem da cidade, mas são perseguidos pelo xerife local. Encurralados, não encontram outra saída a não ser entrar no primeiro trem que encontram pela frente. A locomotiva está levando homens para trabalhar na ferrovia de Santa Fé que procura ligar as costas do Atlântico ao Pacífico dos Estados Unidos. O gerente da construção é um ex-oficial ianque, o que logo desperta as antipatias dos irmãos Canfields, menos do mais velho, Britt Canfield (Randolph Scott), que decide entrar para a ferrovia, virando uma espécie de gerente de obras. Os seus irmãos porém não entram na empresa e o pior de tudo, planejam um grande assalto contra ela quando o dinheiro dos trabalhadores chegar na construção no dia de seus pagamentos. O destino, como se pode perceber, colocará irmão contra irmão numa situação mais do que delicada.

Esse é a premissa inicial desse western "Santa Fé", mais um bom momento da filmografia do ator Randolph Scott. Aqui ele surge não apenas como ator, mas também como produtor da fita que foi realizada pela Columbia Pictures. O enredo explora a expansão rumo ao velho oeste, com a construção das estradas de ferro. Essa inovação tecnológica foi a grande responsável pelo avanço da nação americana uma vez que constituiu uma grande revolução nos meios de transporte dos Estados Unidos, a um custo relativamente baixo, com ótimos resultados comerciais aliada a muita eficiência.

Quem assistiu a série da AMC "Hell on Wheels" vai notar inúmeras semelhanças entre essa película e o enredo do seriado. Basta perceber que o tema é concentrado na construção da estrada de ferro rumo ao oeste selvagem. O gerente de obras é um ex-confederado. Até mesmo o responsável pela segurança do acampamento dos trabalhadores é um sueco! Ao meu ver são semelhanças demais para ignorar. E tanto lá como aqui temos um caso amoroso envolvendo o ex-confederado e uma bonita mulher, responsável pela administração das obras. Enfim, temos roteiros quase iguais. Fica por demais óbvio que, ou o roteiro desse western clássico ou então o texto original escrito pelo autor inglês James Vance Marshall, serviram de inspiração para a nova série. De uma maneira ou outra, fica aqui mais uma dica, "Santa Fé", um faroeste com o sabor das antigas matinês. Mais um bom western estrelado por Randolph Scott.

Santa Fé (Santa Fe, Estados Unidos, 1951) Direção: Irving Pichel / Roteiro: Kenneth Gamet baseado no livro de James Vance Marshall / Elenco: Randolph Scott, Janis Carter, Jerome Courtland / Sinopse: Um ex-soldado confederado chamado Britt Canfield (Randolph Scott) vai trabalhar na ferrovia de Santa Fé ao mesmo tempo em que seus irmãos planejam um grande assalto na empresa. A situação colocará ambos em lados opostos da lei.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de maio de 2006

A Morte Anda a Cavalo

Lee Van Cleef (1925–1989) era americano, mas se notabilizou mesmo quando começou a estrelar uma série de filmes do estilo Western Spaguetti na Itália. Enquanto esteve nos EUA conseguiu participar do elenco de grandes filmes, disso não resta a menor dúvida, mas só conseguiu mesmo se tornar protagonista de seus próprios filmes quando descobriu o segredo do sucesso, que nada mais era do que os filmes de faroeste rodados na Europa, principalmente Itália e Espanha. Um exemplo perfeito disso podemos encontrar aqui nesse muito interessante "A Morte Anda a Cavalo". Distribuído nos Estados Unidos pela United Artists, o filme foi todo rodado na península ibérica com dinheiro italiano que naquele período estava realmente no auge comercial de seus filmes de western spaguetti. Como cenário ideal essas produções geralmente usavam locações na Andalucía, Espanha, onde nem o mais observador dos espectadores conseguiria notar qualquer diferença entre o deserto espanhol e o americano, pois de fato eram extremamente parecidos. O filme já demonstrava ter uma boa produção, fruto é claro do desenvolvimento técnico do cinema italiano já naquela época. Por isso passa longe de decepcionar os fãs de faroestes. Afinal ele foi realizado também pensando no mercado americano, o que exigia uma certa qualidade cinematográfica.

O enredo gira em torno de uma vingança. Quando garoto o pistoleiro errante Bill Meceita (John Phillip Law) viu toda a sua família ser morta por bandoleiros liderados pelo psicótico Burt Cavanaugh (Anthony Dawson). Nesse meio tempo, um outro às do gatilho, Ryan (Lee Van Cleef), finalmente deixa a prisão após cumprir 15 anos de pena em um buraco sujo e poeirento do velho oeste. Seu caminho cruzará com Bill, uma vez que ambos tem contas a acertar com Cavanaugh e seu bando de facínoras sanguinários. A partir do momento em que se unem para dar fim aos bandidos, tudo passa a se resumir em encontrar o local e a hora certa para o acerto de contas final com todos eles.

Em termos de roteiro e argumento o filme "A Morte Anda a Cavalo" realmente não traz nada de novo. É a velha saga de justiça pelas próprias mãos, lavando a honra e o sangue da família morta pelos malfeitores. É um tema de vingança. O que de fato salva o filme é a boa participação de Lee Van Cleef que adota uma posição dúbia em relação ao seu jovem parceiro, ora o traindo, ora sentindo-se próximo a ele. No final haverá uma pequena reviravolta sobre essa amizade que dará uma pequena sobrevida ao filme, mas isso de certa forma não tem tanta importância. O que vale aqui é realmente a pura diversão, com cenas ao estilo spaguetti que certamente deixaria Tarantino louco de inveja após assistir.

A Morte Anda a Cavalo (Da uomo a uomo, Itália, Espanha, 1967) Direção: Giulio Petroni / Roteiro: Luciano Vincenzoni / Elenco: Lee Van Cleef, John Phillip Law, Mario Brega / Sinopse: Jovem pistoleiro (Law) se une a veterano (Cleef) para liquidar um bando de bandidos que matou sua família no passado. Unidos, terão que matar homem a homem, da forma mais rápida possível.

Pablo Aluísio.

Justified

Título no Brasil: Justified
Título Original: Justified
Ano de Produção:
País: Estados Unidos
Estúdio: 2010 - 2015
Direção: Adam Arkin, Jon Avnet, entre outros
Roteiro: Elmore Leonard, Graham Yost, entre outros
Elenco: Timothy Olyphant, Nick Searcy, Joelle Carter, Jacob Pitts, Erica Tazel, Walton Goggins

Sinopse:
Série de TV, que durou seis temporadas, contando a história do agente especial Raylan Givens (Timothy Olyphant). Atuando em sua terra natal, bem no interior dos Estados Unidos, ele precisa lidar com os mais diferentes tipos de criminosos, alguns deles bem conhecidos de seu próprio passado.

Comentários:
Bom, se você procura por uma série passada nos dias atuais, com aquele antigo clima dos velhos filmes de faroeste, uma dica interessante é essa série do FX (canal a cabo do grupo Fox). O clima country impera porque o protagonista, um agente da lei, age em uma cidadezinha do Kentucky e redondezas. Por lá existem todos os tipos de criminosos, desde os mais inofensivos que vendem bebida ilegal, até os mais perigosos, terroristas que usam bananas de dinamites para alcançar seus objetivos. Durante a série o ator Timothy Olyphant mostrou ter muito carisma. Isso porque nem todos os episódios eram de primeira linha, com excelentes roteiros. Alguns, para falar a verdade, eram bem fracos, mas ele conseguia com seu personagem segurar as pontas e o interesse do espectador. Essa série tem história sequencial, então não vá assistir os episódios sem seguir sua linha cronológica. Eles até podem funcionar um pouco assim, mas o ideal é mesmo ir acompanhando um a um, em sequência, para não perder o fio da meada. As três primeiras temporadas são muito boas, depois decai um pouquinho, mas nem isso prejudica o conjunto da obra. Se você curte western pode ser seguramente uma boa opção.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Blefando a Morte

Clássico do faroeste estrelado por Anthony Quinn, um ator que sempre foi muito querido pelo público brasileiro. Do que trata a história? Dave Robles (Anthony Quinn) chega numa cidadezinha do velho oeste para ter um acerto de contas final com um famoso pistoleiro. Ao encontrá-lo na porta de um Saloon nem pensa duas vezes e passa fogo no famoso bandoleiro. O assassinato acaba lhe trazendo bastante fama no pequeno povoado que sempre sofreu nas mãos do impiedoso bandido. Depois de uma reunião da assembleia de moradores eles decidem em conjunto oferecer o posto de xerife para Robles. De pistoleiro ele passaria a ser o homem da lei do lugar. Após pensar por alguns momentos ele finalmente decide aceitar o cargo, mesmo sabendo das dificuldades que terá ao tentar impor lei e ordem no local. Na verdade Robles não leva muito jeito para a função, uma vez que é um sujeito bastante rústico, sem estudo algum (nem sabe ler) e pouco atento aos costumes sociais do local. No fundo só aceitou a estrela de bronze para tentar conquistar o coração de Estella (Katy Jurado), a bonita assistente do médico local. Ele a conheceu quando foi se tratar dos ferimentos de seu confronto a bala com o famigerado pistoleiro e assim que a viu pela primeira vez se apaixonou perdidamente por ela.

"Blefando a Morte" tem uma das melhores interpretações da carreira de Anthony Quinn. O ator se sai maravilhosamente bem ao dar vida a um sujeito sem qualquer sofisticação que vira xerife meio que por acaso num lugar esquecido por Deus. O curioso aqui vem da complicada relação do novo xerife com a população local. As pessoas da cidade sabem que precisam dele por causa de sua habilidade com armas, mas ao mesmo tempo não o aceitam completamente por causa de sua rudeza.

Isso fica bem claro quando os moradores resolvem fazer um grande baile. Obviamente para ocasião tão festiva precisam convidar o xerife para participar, mas sua presença ali no meio da elite da comunidade acaba causando um grande mal-estar mostrando claramente que ele de fato não é aceito socialmente na cidade que jurou proteger. A cena final, com um duelo no meio da rua principal, vai mostrar para todos o verdadeiro valor do novo xerife. "Blefando a Morte" se torna assim mais um bom western dos anos 1950 que merece agora ser redescoberto. Roteiro com raro aprofundamento dos personagens para aquela época. Vale a recomendação.

Blefando a Morte (Man from Del Rio, Estados Unidos, 1956) Direção: Harry Horner / Roteiro: Richard Carr / Elenco: Anthony Quinn, Katy Jurado, Peter Whitney / Sinopse: Após matar um famoso criminoso, um simples cowboy (Quinn) acaba sendo escolhido como o novo xerife da cidade. Agora ele terá que provar seu valor para os moradores que ainda não o aceitam socialmente por causa de seus modos rudes e falta de educação adequada.

Pablo Aluísio.

Johnny Guitar

François Truffaut definiu "Johnny Guitar" como "um filme onde os cowboys desmaiam e morrem como uma bailarina". Recebido friamente em seu lançamento o filme foi ao longo das décadas ganhando cada vez mais status, principalmente pela visão revisionista de críticos e grande teóricos da sétima arte como Truffaut. O enredo é de certa forma banal, mostrando a luta de duas mulheres pelo mesmo homem, ao mesmo tempo em que chega na cidadezinha um forasteiro, conhecido apenas como Johnny Guitar (Sterling Hayden). Mas o que transformou Johnny Guitar em um cult movie? Para muitos seria a presença de um elenco maravilhoso, a começar pela diva e estrela Joan Crawford. Atriz de presença forte e marcante, ela certamente roubou muito da atenção do filme para si, mostrando porque se tornou uma das grandes stars da era de ouro em Hollywood.

Para outros "Johnny Guitar" se tornou marcante por causa da direção brilhante e diferenciada do "maestro da sétima arte" Nicholas Ray. Nesse sentido ele imprime uma situação curiosa no filme, pois abraça certamente todos os clichês do gênero ao mesmo tempo os eleva a um patamar de pura arte, como bem definiu  François Truffaut, mostrando que de uma forma ou outra, o filme é na verdade um louvor ao western como linguagem cinematográfica. De fato o filme apresenta vários inovações tecnológicas, entre elas o uso do chamado Trucolor, um sistema de cores do estúdio Republic, que hoje em dia já não existe mais. Assim se você estiver em busca de um western realmente histórico, cultuado por críticos de sua época, fica a dica de "Johnny Guitar", uma produção que se propõe a ser diferente, embora no fundo consagre todos os grandes dogmas do estilo western.

Johnny Guitar (Johnny Guitar, Estados Unidos,1954) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Philip Yordan, Roy Chanslor / Elenco: Joan Crawford, Sterling Hayden, Mercedes McCambridge / Sinopse: Uma dona de saloon no velho oeste é acusada injustamente de roubo e assassinato ao mesmo tempo em que tenta lidar com seus sentimentos e vida amorosa. Filme indicado pelo Cahiers du Cinéma na categoria de melhor filme do ano de 1954.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de maio de 2006

Sela de Prata

Ainda garoto, Roy Blood (Giuliano Gemma) presenciou a morte de seu pai de forma covarde por um pistoleiro. Embora fosse ainda um menino não deixou barato e abriu fogo contra o assassino, tomando posse de seu cavalo e de sua sela especial, toda feita de prata. A partir desse ponto em sua vida seu destino ficou traçado. Assim ele mesmo passaria a assumir a posição do algoz de seu pai, se tornando o famoso "Sela de Prata" como passou a ser conhecido. Os anos passam e Roy acaba retornando para a pequena cidadezinha de sua infância.

As coisas pouco mudaram e o local ainda é dominado pelo clã dos Barrett que não hesitam em chantagear e ameaçar os comerciantes locais. Como seu braço armado a família conta com o famigerado facínora Garrincha (Aldo Sambrell) que através de crimes diversos como roubos e sequestros mantém a ferro e fogo sua presença na região. E por uma dessas ironias do destino o próprio "Sela de Prata" se vê de repente como guardião e protetor do pequeno Thomas Barrett, Jr (Sven Valsecchi). Logo ele que odeia a família Barrett... para complicar ainda mais as coisas bem no meio dos tiros e perseguições acaba se afeiçoando ao garotinho.

O filme "Sela de Prata" foi um dos maiores sucessos da carreira de Giuliano Gemma. No Brasil o filme foi um campeão de bilheteria mostrando toda a popularidade do ator nos anos 70 em nosso país. O Spaghetti Western já mostrava sinais de desgaste, os anos 80 estavam chegando e o gênero já não tinha mais o mesmo sabor de novidade e originalidade. Mesmo assim não há como negar que "Sela de Prata" mostra porque o estilo foi tão popular aqui e em outros países.

O roteiro é simples, de fácil entendimento, e a ação não tarda a acontecer - tiros, perseguições e violência são sempre constantes na fita. Para se ter uma ideia há também um capricho melhor na caracterização dos personagens além de certos aspectos técnicos que acabam chamando a atenção. Um deles é a trilha sonora, muito presente em todos os momentos, em todas as cenas. A música título do filme inclusive lembra uma sonoridade que fez muito sucesso nos anos 70, a do country romântico. De uma forma ou outra é impossível negar que a imagem de Giuliano Gemma levando sua sala de prata nas costas virou de fato um símbolo, um ícone de toda uma era... a era do Western Spaghetti. Quem assistiu no cinema na época certamente não esqueceu.

Sela de Prata (Sella d'argento, Itália, 1978) Direção: Lucio Fulci / Roteiro: Adriano Bolzoni / Elenco: Giuliano Gemma, Sven Valsecchi, Ettore Manni / Sinopse: Roy Blood (Giuliano Gemma), o conhecido pistoleiro "Sela de Prata", precisa se manter vivo em uma cidadezinha hostil e infestada de bandidos e facínoras no velho oeste ao mesmo tempo em que protege um garotinho daqueles que desejam matá-lo.

Pablo Aluísio.  

A Trilha da Amargura

Durante as chamadas guerras indígenas um obstinado tenente da cavalaria americana, Billings (Robert Stack), recebe uma importante missão: levar um tratado de paz até uma nação nativa distante e isolada no meio do deserto do oeste americano. Para tanto ele reúne seus homens (um pelotão do exército americano) e parte em direção a uma região hostil e praticamente desconhecida do homem branco. No meio do caminho encontram o filho do chefe Nuvem Cinzenta que lhes promete levar até seu pai. O problema é que o jovem guerreiro na verdade esconde suas reais intenções pois odeia o homem branco e sua sede de dominação. Assim leva o pelotão a uma viagem sem fim, sem rumo certo, andando em círculos, com a única finalidade de levar todos a morrerem no meio do deserto por sede e fome. Confiando demais no jovem guerreiro o tenente finalmente entende que está trilhando um caminho sem volta, que poderá levar todos os seus homens à morte certa.

"A Trilha da Amargura" é um faroeste com toques de aventura. O deserto, seco e completamente inóspito, acaba virando um dos principais personagens da trama. Os homens sedentos, desesperados e à mercê da natureza implacável precisam se virar como podem para sobreviver. Com locações no famoso Vale da Morte na Califórnia, a produção se destaca por sua escolha por um tom mais realista das vastas planícies desoladas do velho oeste americano. A própria farda azul dos soldados acaba ganhando um tom de cinza de tanta poeira e desolação.

Quando conseguem encontrar algum manancial no meio do nada logo percebem que a água não é potável. Some-se a isso a presença de serpentes venenosas e a própria exaustão da peregrinação rumo a um destino que parece nada agradável. O elenco do filme é liderado por Robert Stack, ator que hoje em dia já não é muito conhecido mas que nas décadas de 50 e 60 marcou época principalmente por interpretar o policial Eliot Ness no famoso seriado de TV "Os Intocáveis". Ficou tão marcado por esse papel que depois sentiu dificuldade em estrelar outros filmes. Felizmente conseguiu realizar produções interessantes como bem prova esse bom western "A Trilha da Amargura".

A Trilha da Amargura (War Paint, Estados Unidos,1953) Direção: Lesley Selander / Roteiro: Fred Freiberger, William Tunberg / Elenco: Robert Stack, Joan Taylor, Charles McGraw / Sinopse: Pelotão da cavalaria americana acaba sendo enganado pelo filho do chefe tribal ao qual o grupo procura para entregar um tratado de paz entre brancos e índios.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Mato em Nome da Lei

Neste excelente faroeste, com um elenco de primeira grandeza, que conta com nomes como: Robert Ryan e também com um (quase) desconhecido Robert Duvall - Burton Stephen Lancaster, ou simplesmente, Burt Lancaster, vive na pele de Jered Maddox, um agente da lei na pequena cidade de Bannock. Certa noite, com Maddox ausente, um bando de arruaceiros e assassinos entram na pequena Bannock e promovem um tremendo quebra-quebra, culminando com a morte de um senhor inocente. Passado alguns mêses, Maddox chega à pequena cidade de Sabbath e imediatamente vai ao encontro do xerife Cotton Ryan (Robert Ryan). Maddox mostra uma lista de nomes a Cotton onde estão relacionados todos os baderneiros que estiveram em Bannock, e diz que ele tem até o meio-dia do dia seguinte para prender os vaqueiros e entregá-los a ele (Maddox) para que sejam julgados pelo assassinato em Bannock.

Cotton abre o jogo com Maddox e diz a ele que os vaqueiros da lista, trabalham para o rico fazendeiro Vincente Bronson (Lee J. Cobb). Cotton explica que foi Bronson quem o nomeou xerife, e além disso grande parte das pessoas que vivem ali, também trabalham para o fazendeiro, mesmo que indiretamente. Ou seja: os habitantes daquele povoado, ou gostam realmente de Bronson, ou têm medo dele. Uma coisa é certa: ele é o dono da cidade. Sendo assim Ryan deixa claro à Maddox que não vai ajudá-lo em nada. Furioso, Maddox diz à Ryan que todos os vaqueiros serão presos. Por bem ou por mal. No dia seguinte, Ryan parte em direção à fazenda de Bronson para dar-lhe o recado de Maddox. Para surpresa, Bronson não age como um cafajeste desumano; pelo contrário: o fazendeiro mostra-se um homem equilibrado e arrependido pelo que seus homens fizeram na pequena cidade. Na verdade, Bronson não quer entregar seus homens e nem a si mesmo a Maddox, e faz uma proposta: indenizar à família do senhor que morreu na baderna, além de indenizar também o xerife Maddox para que ele esqueça as ordens de prisão. Mas Ryan adverte que Maddox não aceitará a proposta.

À noite, descansando no hotel, Maddox recebe a visita da bela Laura Shelby (Sheree North) uma linda mulher que no passado foi sua amante. Ela pede ao implacável agente que poupe a vida de seu atual marido que também está na lista: Hurd Price (J.D. Cannon). Maddox não dá ouvidos à ex-amante e diz que vai prender seu marido também. Na fazenda, Vincent Bronson reúne seus vaqueiros e diz o que está acontecendo. Os homens se revoltam e pensam num meio de contornar o problema e tirar Maddox da jogada. A reunião esquenta e o braço direito e capataz de Bronson, Harvey Stenbaugh (Albert Salmi), revolta-se com a situação, diz que não vai negociar, e vai até a cidade para matar Maddox. Os dois vão para a rua e ficam frente a frente. Maddox, numa frieza impressionante, saca sua arma e, rápido como um raio, mata Stenbaugh.

Depois de saber da morte de seu amigo e braço direito, Bronson se desespera, reúne seus homens e juntos seguem para a pequena Sabbath para o enfrentamento final contra o implacável agente da lei. Apesar do título infeliz recebido no Brasil, "Mato em Nome da Lei" (Lawman - 1971) é um excelente faroeste, dirigido pelo inglês Michael Winner, que três anos depois dirigiria o explosivo "Desejo de Matar" com Charles Bronson. "Mato em Nome da Lei", destaca-se não só pelo excelente roteiro mas também pela excelente jogada de utilizar elementos de outros clássicos do western como "Matar ou Morrer". Outra qualidade do filme é a construção da história em torno da enorme categoria e carisma do grande Burt Lancaster, encarnado no papel de um impagável, obsessivo e incorruptível xerife Maddox.

Mato em Nome da Lei (Lawman, Estados Unidos,1971) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Burt Lancaster, Robert Ryan, Lee J. Cobb, Robert Duvall / Sinopse: Jered Maddox (Burt Lancaster) é um xerife que vai até outra cidade para prender um grupo de criminosos, algo que não será nada fácil para ele.

Telmo Vilela Jr.


Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz

Sartana foi um dos personagens mais populares do chamado western spaghetti. Só para se ter uma ideia, foram realizados mais de vinte filmes com esse pistoleiro. O curioso é que como era comum no cinema italiano nem sempre Sartana aparecia em cena com as mesmas características pessoais ou de personalidade. Na verdade era mais um nome comercial do que qualquer outra coisa. A mesma coisa acontecia com Django e depois com Ringo. Não se tratava necessariamente do mesmo pistoleiro, mas sim de uma marca comercial para atrair bilheteria. Nesse faroeste "Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz" ele é um caçador de recompensas que vaga pelo deserto em busca de procurados pela lei. Num gesto de pura sorte acaba encontrando todo um grupo de homens procurados trabalhando como escolta de uma carruagem carregada de ouro das minas da região. Antes que consiga colocar as mãos nos bandidos, todos eles são sumariamente mortos após um ataque. 

Para não perder a viagem e o trabalho de caçador de recompensas, Sartana então decide ir em busca do carregamento, para se vingar dos que mataram os homens que procurava e também para colocar as mãos na fortuna do rico metal. Afinal de contas ele não poderia sair no prejuízo. No seu caminho acaba surgindo outro pistoleiro lendário, Sabbath (Charles Southwood), um sujeito bem afetado. Andando todo de roupa branca, de forma elegante, com sombrinha feminina e lendo poemas ele mais parece um enrustido no meio de um oeste brutal e cheio de homens rudes. Mas por baixo de toda a delicadeza se esconde um ás do gatilho.

Quem interpretou Sartana nessa produção foi o ator George Hilton, nome americanizado de um ator, ora vejam só, nascido no Uruguai. Seu nome real era Jorge Hill Acosta y Lara. O divertido em Jorge é que ele deixa transparecer durante todo o filme um jeito irônico, como se estivesse prestes a cair na risada, pois como todos sabemos dentro do faroeste Spaghetti o exagero estava sempre presente nos tiroteios, nas lutas e nos excessivos closes dos olhos dos atores. Infelizmente para quem gostou de ver o ator na pele de Sartana esse foi seu único filme em que interpretou o famoso pistoleiro. O roteiro não é grande coisa, diria até bastante derivativo de outras fitas semelhantes, mas não vejo isso como um defeito. Os filmes desse estilo seguiam padrões que eram esperados pelo público. Era uma fórmula certeira que sempre agradava. Sartana assim cumpre todos os requisitos, sem falhas. No geral é realmente um bom Spaghetti, divertido, exagerado, com muitos tiros e balas voando para todos os lados, o que acaba confirmando exatamente aquilo que o título nacional promete, uma vez que Sartana realmente não desperdiçava munições. Quando ele atirava era realmente morte certa!

Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz (C'è Sartana... vendi la pistola e comprati la bara, Itália, 1970) Direção: Giuliano Carnimeo / Roteiro: Tito Carpi / Elenco: George Hilton, Charles Southwood, Erika Blanc / Sinopse: Sartana (George Hilton) é um caçador de recompensas do velho oeste que planeja tomar posse de uma fortuna em ouro pertencente a um rico mas corrupto comerciante. Antes disso porém terá que enfrentar outro pistoleiro famoso, o estranho Sabbath (Charles Southwood).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de abril de 2006

O Xerife do Oeste

"O Xerife do Oeste" faz parte da última fase da carreira do ator John Wayne. É um dos últimos trabalhos do Duke. O fato é que Wayne se recusava a se aposentar pois acreditava que a aposentadoria acabaria com ele. Além disso sempre afirmava que iria trabalhar até o final de seus dias pois era a única coisa que sabia fazer na vida. Ostracismo, nem pensar. Curiosamente mesmo já envelhecido, beirando os 70 anos, o ator ainda conseguia passar carisma e prender a atenção do espectador, arrecadando boas bilheterias, isso em uma época em que o western já mostrava claros sinais de esgotamento. "O Xerife do Oeste", também conhecido como "Cahill" repete de certa forma os velhos clichês do gênero. John Wayne sabia o que o público queria dele e procurava não inventar muito. Assim ele fez questão de realizar mais um faroeste ao velho estilo, com o roteiro que poderia muito bem ter sido escrito nos anos 50. E quando digo "realizar" não é força de expressão, o filme é dele, foi produzido por seu filho, Michael Wayne, e a produção contou com dinheiro saído do próprio bolso do ator. Alguns estudiosos da carreira de John Wayne inclusive vão mais longe e afirmam que diretor apenas assinou pois foi Wayne quem realmente dirigiu as cenas.

Tanto empenho pessoal valeu a pena. "Cahill" é o que eu chamo de um produto honesto. Os fãs de John Wayne receberam justamente aquilo que esperavam, ou seja, o velho cowboy ainda liquidando seus inimigos sem fazer muita força (e sem despentear a peruca impecável), um vilão asqueroso (o ótimo George Kennedy, velho companheiro de Wayne dos filmes antigos) e um pouco de humor em pequenas pitadas aqui e ali. Só não gostei muito do final, que tem um moralismo um tanto quanto questionável. Mas isso é o de menos, "O Xerife do Oeste" vale a pena, principalmente para quem quer matar saudades do antigo astro de Hollywood. A lenda do velho oeste vive!

O Xerife do Oeste (Cahill U.S. Marshal, Estados Unidos, 1973) / Direção: Andrew V. McLaglen / Com John Wayne, George Kennedy e Gary Grimes / Sinopse: De volta a sua cidade, o xerife (John Wayne) encontra dois de seus assistentes mortos num assalto e na cadeia quatro presos, entre eles seu filho, acusados de ter participado da chacina. O obstinado agente da justiça passa a perseguir um grupo de bandidos.

Pablo Aluísio.