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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Alice no País das Maravilhas

Eu gostaria de dizer algo melhor sobre "Alice" de Tim Burton, até porque o filme reúne três personalidades de que gosto bastante. A começar pelo próprio Tim Burton que com seu estilo único já deu aos cinéfilos grandes alegrias nas salas de cinema mundo afora. O ator Johnny Depp também está aqui. Acompanho Depp desde o comecinho de sua carreira quando ele ainda era um jovem interpretando um policial na série "Anjos da Lei". Sempre o achei um ator muito corajoso que recusou se tornar um ídolo adolescente para realizar uma série de filmes ousados e fora do comum. Por fim temos a obra de Lewis Carroll, um autor realmente maravilhoso que conseguiu com "Alice" algo bem raro no mundo da literatura pois uniu uma escrita elegante e sofisticada, inteligente acima de tudo, com o universo infantil. Não é por menos que seu livro se tornou um verdadeiro clássico. Infelizmente mesmo com todos os ingredientes presentes algo deu muito errado nessa mistura. O que era para ser uma fusão de pequenas pitadas de talento desandou completamente. O que sobrou foi nada mais, nada menos do que um tempero ardente, exagerado, completamente kitsch.

Claro que expor os problemas e defeitos de "Alice no País das Maravilhas" na visão de Tim Burton soa hoje como algo sem maior importância. Isso porque o filme foi um tremendo, enorme e espetacular sucesso de bilheteria em seu lançamento. A produção arrecadou mais de um bilhão de dólares! É um número realmente fantástico que muito provavelmente jamais será repetido na carreira de todos os envolvidos. É muito curioso que artistas que tinham a fama de serem tão cults como Depp e Burton tenham se tornado o símbolo máximo do cinema comercial com esse "Alice". O que antes era considerado estranho, bizarro nos filmes de Burton virou algo queridinho pelas grandes massas! É uma metamorfose complicada de explicar pois basta assistir ao filme para perceber que no fundo Tim Burton continua o mesmo esquisitão de sempre, só que agora ele virou um chiclete de consumo popular. Em minha visão o filme não é nada bom, nem como produto cinematográfico e nem muito menos como adaptação da obra de Lewis Carroll. O livro original aliás parece tão distante do que vemos na tela como os delírios da Alice do mundo real. Pouca coisa funciona, já que Johnny Depp interpreta o chapeleiro maluco e por essa razão sua participação é ampliada ao máximo no enredo, em detrimento do que tínhamos no livro original. "Alice" não convence e não agrada mas seu sucesso fora do comum certamente faz com que seus defeitos sejam certamente completamente ignorados.

Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, Estados Unidos, 2010) Direção: Tim Burton / Roteiro: Linda Woolverton, na obra de Lewis Carroll / Elenco: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter / Sinopse: Alice é uma garota de 19 anos que retorna para o mundo onde viveu as grandes aventuras de sua infância.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador

Lasse Hallström, talentoso cineasta sueco que realizou o brilhante "Minha Vida de Cachorro ", teve o melhor momento em sua carreira no cinema americano nesse muito terno e comovente "What's Eating Gilbert Grape" em 1993. O filme que agora completa 20 anos merece passar por uma revisão por parte dos cinéfilos. A trama gira em torno da família de Gilbert Grape (Johnny Depp). Ele é um jovem normal que pretende seguir em frente com sua vida mas que não consegue criar um caminho próprio por causa de problemas familiares. Seu irmão, Arnie Grape (Leonardo DiCaprio), é deficiente mental e precisa de cuidados especiais. Sua mãe tem problemas emocionais e sofre de uma obesidade sem controle. Suas irmãs não são menos problemáticas. Uma é solitária e triste e a outra rebelde e bem agressiva. No meio de tantos conflitos Gilbert tenta levar uma vida normal.

"Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador" tem vários méritos cinematográficos. Em termos de elenco temos uma interpretação brilhante de Leonardo DiCaprio que lhe valeu inclusive indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro. Foi o primeiro filme que chamou a atenção do grande público para seu trabalho. Muitos consideram até hoje seu melhor trabalho de atuação física no cinema. Johnny Depp também está muito bem, curiosamente fazendo um papel bem atípico de sua carreira, a de um jovem comum. Sem maquiagem pesada e sem interpretar um personagem bizarro (tão comum em seus filmes posteriores) Depp mostra seu talento natural. O roteiro também se revela muito delicado, colocando as várias questões humanas envolvidas na trama com rara sensibilidade. O filme fez bastante sucesso no mercado de vídeo na época e hoje, como já foi escrito, merece uma revisão. Um excelente drama mostrando a vida de uma família americana tipicamente interiorana que certamente vai agradar aos mais sensíveis. Se ainda não viu não deixe passar em branco, principalmente se você for um fã dos atores Leonardo DiCaprio e Johnny Depp. Esse é um filme que vale a pena conhecer.

Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador (What's Eating Gilbert Grape, Estados Unidos, 1993) Direção: Lasse Hallström / Roteiro: Peter Hedges / Elenco: Johnny Depp, Leonardo DiCaprio, Juliette Lewis, Mary Steenburgen, John C. Reilly, Darlene Cates, Laura Harrington, Mary Kate Schellhardt / Sinopse: O filme narra a conturbada vida familiar de Gilbert Grape (Depp) que tenta levar uma vida normal em meio a inúmeros problemas familiares.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Anjos da Lei

Talvez seja o momento de Hollywood parar de adaptar antigas séries de sucesso da TV para o cinema. Esse “Anjos da Lei” é um exemplo disso. Eles não conseguem acertar nem uma vez, a imensa maioria das adaptações é de uma mediocridade sem fim. O seriado original fez muito sucesso e chegou a ser exibido por longos anos na Rede Globo. Nunca fui muito ligado e acompanhei poucos episódios mas é inegável que foi muito bem sucedida, ganhando muitos fãs. Também revelou para a popularidade o ator Johnny Depp, que fazia um dos policiais infiltrados no meio dos jovens de uma escola de ensino médio. Não tinha esse timing de comédia pastelão que vemos aqui, muito pelo contrário, os roteiros tendiam para o drama mais adolescente, embora sem se descuidar das boas cenas de ação e perseguição.

Depois de vários anos de seu cancelamento o ator Jonah Hill resolveu produzir e estrelar essa nova versão de “Anjos da Lei”. A premissa é a mesma da série antiga, ou seja, dois tiras se infiltram entre os estudantes para prender traficantes de drogas da pesada. O problema é que nessa adaptação pouca coisa funciona – o roteiro é primário, estúpido, histérico, com todas aquelas explosões para disfarçar a falta de um texto minimamente bem escrito. Para piorar as piadas não funcionam e tudo vira uma bobagem sem graça. A única coisa boa no final das contas é uma participação nonsense de Johnny Depp, revivendo seu antigo personagem. O ator que abandonou a série no seu auge por não suportar o fato de estar virando um ídolo teen se mostra muito galhofeiro em sua pequena participação. Não é grande coisa mas pelo menos deixa um sorriso amarelo para o espectador. Em suma, comédia das mais bobocas que não diz a que veio e não convence como filme policial. Um desperdício completo. Corra para as colinas.

Anjos da Lei (21 Jump Street, Estados Unidos, 2012) Direção: Phil Lord, Chris Miller / Roteiro: Michael Bacall / Elenco: Jonah Hill, Channing Tatum, Brie Larson, Johnny Depp / Sinopse: Dois policiais se disfarçam de estudantes de ensino médio para prender um grupo de traficantes que está vendendo uma nova droga para a garotada.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Don Juan DeMarco

Por falar em Johnny Depp não há como esquecer de um de seus filmes mais curiosos, “Don Juan DeMarco”. Na trama ele interpreta um sujeito que está convencido que é o próprio Don Juan dos livros ultra românticos de Lord Byron. Levado ao consultório de um analista (interpretado pelo mito Marlon Brando) ele começa a contar as estórias de sua vida, o que acaba mudando os rumos e o modo de pensar do próprio psiquiatra que começa a ter arroubos de romantismo e sedução com sua companheira. Eu credito a esse “Don Juan deMarco” o título de ser um dos últimos filmes realmente bons da carreira de Marlon Brando. O ator interpreta seu personagem com doce frescor, muita suavidade e carinho, fruto obviamente da longa experiência que ele próprio teve em sua vida com esse tipo de profissional. Em sua autobiografia Brando narra várias experiências com analistas com quem se tratou por décadas. Alguns, como ele mesmo brinca, “eram mais malucos que seus próprios pacientes” mas de maneira em geral o ator prezava por esse tipo de tratamento.
   
O primeiro analista que Brando procurou foi ainda na década de 50. Ele estava esgotado emocionalmente e teve uma crise nervosa. Aconselhado por um amigo entrou no ciclo de análises que jamais abandonou, nem mesmo sem seus últimos dias. A parceria com o ator Johnny Depp também chama a atenção. Brando se afeiçoou ao jovem ator e viu nele um tipo de postura ousada e independente que o fez lembrar de si próprio no começo da carreira. Johnny era inclusive um dos poucos profissionais que eram constantemente convidados a visitar a mansão do ator situada em uma colina escondida nos arredores de Los Angeles. Brando até mesmo aceitou participar de outro filme ao lado de Depp, um drama sobre as duras condições em que viviam índios pobres nos EUA. Já aqui em “Don Juan DeMarco” não há nada parecido. O filme, apesar de bem dirigido e atuado, não passa de um agradável passatempo. Com trilha sonora de sucesso, puxada pela canção de Bryan Adams (o canadense de baladas românticas e pegajosas) e muito romantismo “Don Juan de Marco” é uma boa pedida para se assistir a dois. Um filme que no final das contas cumpriu bem seu papel.

Don Juan DeMarco (Idem, Estados Unidos, 1994) Direção: Jeremy Leven / Roteiro: Jeremy Leven inspirado no personagem Don Juan de Lord Byron / Elenco: Marlon Brando, Johnny Depp, Faye Dunaway / Sinopse: Analista recebe um curioso paciente em seu consultório. Um jovem que está plenamente convencido que é o próprio Don Juan dos livros românticos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Edward Mãos de Tesoura

Essa foi a primeira parceria entre o diretor Tim Burton e o ator Johnny Depp. É curioso porque na época de seu lançamento o filme causou certa perplexidade pois não havia nada igual no mundo do cinema parecido com aquilo. Era uma fábula com toques sombrios, uma direção de arte dark e original e um enredo muito estranho e fora dos padrões. Para completar “Edward Mãos de Tesoura” era estrelado por um jovem ídolo adolescente da TV, o quase garoto Johnny Depp, que na época estampava inúmeras revistas de teens por causa de seu sucesso na série policial “Anjos da Lei”. Ninguém também conhecia Tim Burton. As únicas referências diziam que ele era um diretor de curtas de animação que havia saído da Disney após ter alguns desentendimentos com o estúdio. Esse ar de novidade e originalidade foi um dos grandes trunfos de “Edward Mãos de Tesoura”. O personagem principal se vestia todo de couro negro e tinha ao invés de mãos, tesouras em seus braços. Seu criador, um homem bondoso, interpretado pelo fascinante ídolo de filmes de terror do passado, Vincent Price, completava o clima sombrio de fantasia e magia para o filme que apesar disso não poderia ser qualificado como uma fita de terror.
   
Depois do sucesso de público e crítica de “Edward Mãos de Tesoura” a dupla formada por Depp e Burton não mais se largou – e segue junta até os dias atuais. Com altos e baixos formaram uma extensa filmografia que ia tanto para o lado mais cômico como para o lado mais assustador, passando até mesmo por musicais. Como bem esclareceu recentemente o ator eles desenvolveram uma parceria tão bem sucedida que hoje em dia nem mais precisam da palavra para se comunicarem no set de filmagem. Basta um olhar, um gesto, que Depp imediatamente entende o que Burton deseja em cada cena. Outro fato marcante digno de nota sobre esse filme foi o famoso namoro que Johnny Depp teve com sua parceira de trabalho, a atriz Winona Ryder. Muitos anos antes de Brad Pitt e Angelina Jolie ou Tom Cruise e Nicole Kidman, o casal do momento em Hollywood era Depp e Winona. Ele inclusive, em um ato impensado, mandou tatuar em seu braço a expressão “Winona Forever”, algo que iria se arrepender depois quando o romance finalmente chegou ao fim. Enfim, fica a dica desse “Edward Mãos de Tesoura”, um filme diferente que marcou época e ainda hoje segue sendo bem interessante. 

Edward Mãos de Tesoura (Edward Scissorhands, Estados Unidos, 1990) Direção: Tim Burton / Roteiro: Tim Burton, Caroline Thompson / Elenco: Johnny Depp, Winona Ryder, Dianne Wiest / Sinopse: Edward é um jovem que tem no lugar das mãos, tesouras, que ele usa para aparar os gramados ou cortar os cabelos das madames de sua cidade. Tudo começa a mudar em sua bucólica existência quando se apaixona por uma linda jovem.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de janeiro de 2013

A Hora do Pesadelo

É a obra prima do diretor Wes Craven. Esqueça o horrendo (no mal sentido) remake que foi lançado há pouco, prefira mesmo o original, essa pequena obra de arte do horror dos anos 80. O roteiro não foge muito à formula dos filmes de terror daqueles anos, isso é inegável, mas a produção se destaca por trazer aquele que provavelmente seja o personagem mais famoso da galeria de assassinos do cinema americano: o famigerado  Freddy Krueger. Fruto de um estupro coletivo onde participaram alguns dos maiores criminosos que se tem notícia, o velho Freddy teve seu destino traçado ao ser queimado vivo por seus crimes bárbaros. Agora povoa os pesadelos de jovens inocentes que se atrevem a cruzar seu caminho diabólico. O personagem encontrou seu ator perfeito na pele do também bastante carismático  Robert Englund. Com rosto de poucos amigos ele se tornou um ícone tão forte dentro do universo do horror que se tornou facilmente reconhecível, mesmo sem a forte maquiagem de Freddy. Muitos atores sentem bastante receio de ficarem marcados para sempre por um único personagem mas Englund jamais viu problemas nisso. Em diversas convenções de que participou sempre deixou muito claro seu prazer de ter encarnado Krueger em tantos filmes que fez ao longo da carreira.

Outro destaque do elenco nesse primeiro filme da longa franquia “A Hora do Pesadelo” é o ator Johnny Depp, na época ainda um jovem aspirante ao sucesso que topava qualquer coisa, até mesmo morrer logo nas primeiras cenas em um filme menor como esse (“A Hora do Pesadelo” foi realizado com orçamento restrito, até porque ninguém sabia se faria sucesso ou não). Wes Craven mostra aqui seu toque de Midas ao colocar todas as mortes de um jeito inventivo e diferente – algo que anos depois seria usado por outras franquias de sucesso como por exemplo “Jogos Mortais”. Com muito sangue de groselha, jovens bonitos prontos para morrer e um personagem pra lá de marcante, “A Hora do Pesadelo” só poderia ter se tornado o sucesso que foi. O psicopata dos pesadelos Freddy virou produto licenciado para bonequinhos, revistas, sabonetes e tudo mais que tinha direito. Ainda hoje é um dos mais lembrados em épocas festivas como Halloween. Enfim, “A Nightmare on Elm Street” é item obrigatório a todo fã de terror que se preze. Assista e depois sonhe com Krueger e... sobreviva se puder.

A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, Estados Unidos, 1984) Direção: Wes Craven / Roteiro: Wes Craven / Elenco: Heather Langenkamp, Johnny Depp, Robert Englund / Sinopse: Um grupo de jovens começam a ter terríveis pesadelos com um assassino que foi morto pelos moradores da cidade no passado após ele cometer terríveis crimes contra crianças. Freddy Krueger, o terrível maníaco agora resolve se vingar de seus algozes ao infernizar a noite dos descendentes daqueles que o mataram em Elm Street.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de novembro de 2012

Ed Wood

Alguns filmes soam como maravilhosas declarações de amor ao cinema. Um dos mais famosos nesse sentido é Ed Wood, uma homenagem a todos que amam a sétima arte. Ao contar a história do diretor Ed Wood (1924 - 1978) o cineasta Tim Burton realizou sua mais sincera ode à arte que todos adoramos. Ed Wood era realmente um sujeito sem o menor talento para dirigir qualquer coisa mas sua paixão pelo cinema, seu entusiasmo absoluto pelos filmes que realizava e sua visão pessoal de que era um grande filmmaker fez toda a diferença do mundo no final das contas. Atualmente considerado o "pior diretor de todos os tempos" (um título mais carinhoso do que aparenta ser) Wood acabou criando com sua filmografia uma legião de fãs que o idolatram justamente por isso, por ser ruim demais, ruim a um ponto de acabar se tornando bom, por mais absurdo que isso possa parecer. Tim Burton nesse que é um de seus momentos mais felizes na carreira acertou em cheio ao resolver contar a curiosa história de Ed e o resultado é realmente excelente. Além de ter dirigido verdadeiras pérolas, Wood ainda chamava atenção por sua personalidade um tanto diferente. Só para citar um exemplo ele adorava se vestir de mulher, fato que deu origem a uma de suas "obras primas", o estranho, para dizer o mínimo, "Glen or Glenda". De fato o sujeito não era nada comum.

Outro aspecto que chama atenção no filme é a presença do ator Bela Lugosi na trama. De fato no final da vida, pobre, abandonado e viciado em drogas, o grande ator do passado estava arruinado completamente, tanto na vida como na carreira. Foi nesse momento que Ed Wood resolveu lhe ajudar, o escalando para uma série de fitas de terror trash que trouxe ao velho Lugosi um mínimo de dignidade que ainda lhe restava. Esse ponto do enredo é dos mais humanos que já vi em filmes recentes. Burton lida com carinho seu personagem, dando a Martin Landau (que interpreta Lugosi no filme) o papel de sua vida, tanto que foi vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Um reconhecimento que em minha opinião premiou não apenas Landau mas também Lugosi pois foi uma forma encontrada pela Academia de homenagear esse grande nome do passado que morreu esquecido e abandonado, infelizmente. Outra sábia decisão de Burton foi filmar tudo em uma linda fotografia preto e branco. O clima  de algo antigo nos remete de forma imediata aos grandes anos do cinema clássico quando Lugosi era ídolo dos fãs de filmes de suspense e terror. Em suma, Ed Wood é um belo poema de amor ao cinema. Um filme muito lírico que soube como poucos resgatar a "genialidade" de Ed Wood, que sendo o pior diretor de todos os tempos ou não, conseguiu entrar na história do cinema de  uma forma muito especial.

Ed Wood (Ed Wood, Estados Unidos, 1994) Direção: Tim Burton / Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski / Elenco: Johnny Depp, Martin Landau, Sarah Jessica Parker, Patricia Arquette, Jeffrey Jones, Vincent D'Onofrio / Sinopse: Ed Wood (Johnny Depp), um diretor obtuso, resolve reunir um grupo de estranhos atores e um veterano consagrado mas decadente para filmar uma nova obra prima que em sua opinião vai revolucionar para sempre a sétima arte!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Profissão de Risco

Baseado em fatos reais o filme "Profissão de Risco" capta o momento em que o tráfico de cocaína invadia o mercado americano, fazendo grande fortuna para os traficantes envolvidos. Entre eles se destaca George Jung (Johnny Depp), um sujeito que meio ao acaso começa a vender coca para amigos e conhecidos e de repente se vê envolvido numa extensa rede de narcotráfico envolvendo inclusive o envio da cocaína diretamente da fonte na distante Colômbia para os Estados Unidos. De fato Jung foi o principal elo de ligação entre o Cartel de Medelin de Pablo Escobar e os consumidores americanos, na maioria jovens, que entraram de cabeça no abuso da nova droga. George Jung foi assim durante anos o principal comerciante de cocaína no mercado americano a tal ponto que seu próprio nome acabou virando sinônimo de usuário. Depois de uma ascensão rápida e de ganhar uma verdadeira fortuna feita praticamente da noite para o dia o bandido acabou caindo nas garras dos órgãos policiais, sendo condenado a  uma pena dura que ele cumpre até os dias de hoje. 

Jung colaborou com o filme, encontrou-se pessoalmente com Depp e lhe deu dicas para interpretar bem seu papel. O filme é bem realizado do ponto de vista técnico, com excelente reconstituição de época mas toma um rumo perigoso em determinado momento. Não há como negar que o roteiro de certa forma simpatiza com a pessoa de Jung. Muitas vezes o argumento o coloca apenas como um comerciante bem sucedido, um homem de negócios que joga com a oferta e a procura por seu produto e por isso fica milionário em tempo recorde. O próprio Depp faz de tudo para transformar seu personagem em uma figura simpática, boa praça, que está envolvido com o narcotráfico meio sem querer, como se fosse possível o envolvimento em algo assim de forma meramente casual. Esse é seguramente o maior problema de "Profissão de Risco", pois a sua indisfarçável simpatia com um criminoso desse porte incomoda muito. Os realizadores passam assim uma mensagem um tanto quanto perigosa aos mais jovens, colocando o tráfico de drogas como uma forma até viável de subir na vida, na escala social. Enfim, "Profissão de Rico" é um bom filme apesar disso mas o roteiro deveria ter sido mais cauteloso e principalmente realista, mostrando o lado mais sórdido desse estilo de vida, até porque no mundo caótico em que vivemos a última coisa que se deseja é mais uma obra cinematográfica que faça, mesmo que indiretamente, algo próximo a uma apologia de traficantes.  

Profissão de Risco (Blow, Estados Unidos, 2001) Direção: Ted Demme / Roteiro: Bruce Porter, David McKenna / Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ray Liotta, Franka Potente, Rachel Griffiths, Paul Reubens, Jordi Mollà./ Sinopse: O filme enfoca a história real do mega traficante George Jung (Johnny Depp), mostrando sua ascensão e queda no mundo do crime. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sombras da Noite

Tim Burton é um cineasta de extremos. Alguns o veneram, outros o odeiam, parece até mesmo não haver meio termo quando se trata de seus filmes. Pessoalmente jamais pensei assim. Sempre vi Tim Burton como um diretor de altos e baixos. Ele já dirigiu pequenas obras primas como "Ed Wood" e "Edward Mãos de Tesoura" mas também tem sua cota de desastres e filmes medíocres como "Alice", por exemplo. Esse "Sombras da Noite" fica no meio termo. Não é uma obra prima e nem um abacaxi. Na realidade é um bom filme, um Tim Burton dos bons. A produção tem todo um charme, um clima gótico que gostei bastante. O roteiro é baseado numa antiga estória que já tinha sido apresentada na TV em forma de seriado na década de 70 (o filme mantém a ambientação pois tudo acontece no ano de 1972). A trama é bem fantasiosa mas relativamente simples: Barnabas Collins (Johnny Depp) é filho de uma rica família inglesa que é amaldiçoado por uma bruxa. Encarcerado por dois séculos dentro de um caixão consegue escapar retornando para sua antiga mansão, agora habitada por parentes distantes de sua linhagem familiar. Ele é um vampiro vitoriano que tenta entender as mudanças da sociedade - carros, televisões, aparelhos eletrônicos!. Em busca de seu antigo amor, Josette (Bella Heathcote), que foi morta pela mesma bruxa que o aprisionou, Barnabes agora parte para sua vingança pessoal. 

É curioso não ser um produto original escrito por Tim Burton pois a estória se encaixa perfeitamente na linha de seu trabalho. O gótico aqui convive com o cotidiano mais banal dos habitantes da cidadezinha - tal como acontecia em "Edward Mãos de Tesoura". O vampiro Barnabes é uma figura trágica e cômica ao mesmo tempo. O clima reinante é de absurdo fantasioso, um ambiente que os fãs de Tim Burton conhecem muito bem. O elenco de apoio é formado por bons atores como Michelle Pfeifer (ainda bonita apesar da idade), Helena Bonham Carter (que parece ter tirado seu figurino e cabelos de "Marte Ataca") e Chloë Grace Moretz (a vampirinha de "Deixe-me Entrar" e "Kick Ass", aqui interpretando uma adolescente irritante). Como se não bastasse ainda há divertidas participações especiais de Christopher Lee e Alice Cooper. O saldo final é divertido e vai agradar a quem deseja assistir um bom filme dark cômico sem maiores pretensões.  

Sombras da Noite (Drak Shadows, Estados Unidos, 2012) Direção: Tim Burton / Roteiro: Seth Grahame-Smith, John August / Elenco: Johnny Depp, Michele Pfeifer, Helena Bonham Carter, Eva Green, Chloë Grace Moretz, Christopher Lee, Alice Cooper / Sinopse: Barnabas Collins (Johnny Depp) é filho de uma rica família inglesa que é amaldiçoado por uma bruxa. Encarcerado por dois séculos dentro de um caixão consegue escapar retornando para sua antiga mansão, agora habitada pos parentes distantes de sua linhagem familiar. Ele é um vampiro vitoriano que tenta entender as mudanças da sociedade - carros, televisões, aparelhos eletrônicos!. Em busca de seu antigo amor, Josette (Bella Heathcote), que foi morta pela mesma bruxa que o aprisionou, Barnabes agora parte para sua vingança pessoal. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Platoon

Quando era apenas um jovem entusiasmado pela honra de servir ao seu país, Oliver Stone se alistou no exército norte-americano na mesma época em que se agravava a Guerra do Vietnã. Voluntário, idealista, Stone iria encontrar nas selvas asiáticas o oposto do que ansiava: tropas despreparadas, negros e pobres, oficiais sem direção, abuso de drogas e muita indisciplina. Um caos. Mergulhado no meio do inferno daquele conflito ele conseguiu sobreviver, saindo ileso do campo de batalha. De volta aos EUA resolveu exorcizar tudo o que passou escrevendo o roteiro desse "Platoon". Apesar de tudo o filme não é integralmente autobiográfico como muitos pensam. Stone certamente tirou muito de sua experiência pessoal e inseriu no texto porém ao mesmo tempo criou personagens totalmente de ficção para dar suporte dramático ao enredo. O que se vê nas telas é um choque. O cinema americano já havia mostrado o horror dessa guerra insana e inglória antes, principalmente em "Apocalypse Now", a obra prima de Francis Ford Coppola, mas "Platoon" vinha para inaugurar um novo ciclo. 

Depois de seu sucesso de público e crítica os estúdios correram atrás e produziram diversas fitas cujo tema girava em torno da intervenção americana naquele país sem importância do sudeste asiático. Depois que Stone visitou as selvas em "Platoon" outros grandes cineastas seguiram pelo mesmo caminho como Stanley Kubrick e o ótimo "Nascido Para Matar". O enredo de "Platoon" gira em torno de Chris (Charlie Sheen), jovem americano que se alistou voluntariamente no exército por puro patriotismo. Enviado para o Vietnã ele sente na própria carne a decadência das forças armadas de seu país. Lá encontra dois sargentos que são opostos entre si. Barnes (Tom Berenger) é um sujeito linha dura, beirando às raias da insanidade causada pela guerra. Do outro lado surge o bondoso Elias (Willem Dafoe), cuja força moral ainda traz um mínimo de dignidade ao seu pelotão. Tentando sobreviver um dia de cada vez Chris aos poucos começa a entender a sordidez das operações, a desumanidade e o universo caótico em que se encontra. "Platoon" foi visto na época de seu lançamento como um acerto de contas da arte cinematográfica com o conflito perdido pelos americanos. A Academia reconheceu a importância do filme e o indicou a sete Oscar, tendo vencido quatro (Melhor filme, diretor, som, montagem). Visto hoje em dia o filme ainda soa bastante relevante dando fundamento ao seu lema publicitário: "O Inferno existe e se chama Guerra".  

Platoon (Platoon, Estados Unidos, 1986) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Oliver Stone / Elenco: Charlie Sheen, Willem Dafoe, Tom Berenger, Forest Whitaker, Kevin Dillon, Johnny Depp / Sinopse: Chris (Charlie Sheen) é um jovem americano que decide se alistar no exército na época da guerra do Vietnã. O que presenciará no front irá mudá-lo pelo resto de sua vida.  Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor filme.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Rango

Rango (voz de Johnny Depp) é um réptil de estimação que após um acidente vai parar numa estrada no meio do deserto. Lutando pela sobrevivência vai parar em uma cidadezinha habitada por pequenos animais como ele. Todos são controlados por um poderoso manda chuva local que detém o bem mais precioso de lá: a água! Gostei do resultado dessa animação Rango. Tive algumas reservas mas penso que são mais tópicas. Tecnicamente, como não poderia deixar de ser, a animação é muito bem feita. Curiosamente não existem personagens "fofinhos", pois todos são, em maior ou menor grau, baseados em animais exóticos, que geralmente não aparecem com frequência no cinema americano. Um exemplo é o próprio Rango, um lagarto, camaleão ou seja lá o que ele for. O roteiro é bem bolado mas achei uma certa semelhança entre o argumento desse filme e o de "Vida de Inseto" da Pixar. Ambos trazem personagens que, com ares de teatralidade, acabam enganando uma cidade inteira os levando a pensar que eles são "protetores" ou "justiceiros", que vão lhe salvar do perigo eminente. No fundo são apenas "farsantes" bem intencionados.

De qualquer forma o que me fez mesmo gostar de Rango são as várias citações e referências aos clássicos filmes de western. Não é segredo para ninguém que sou fã do gênero, então ver todos aqueles personagens e cenas que nada mais são do que homenagens aos grandes flmes de faroeste me fez manter ainda mais o interesse no que viria a acontecer. A estorinha obviamente é bobinha, derivativa mas mesmo assim mantive a atenção. Enfim, Rango é um ótimo passatempo para a criançada e servirá até mesmo para apresentar os pequenos aos ícones dos antigos bang bangs. Só por isso já vale a pena.

Rango (Rango, Estados Unidos, 2011) Direção: Gore Verbinski / Roteiro: John Logan, John Logan / Elenco: Johnny Depp, Isla Fisher, Timothy Olyphant / Sinopse: Rango (voz de Johnny Depp) é um réptil de estimação que após um acidente vai parar numa estrada no meio do deserto. Lutando pela sobrevivência vai parar em uma cidadezinha habitada por pequenos animais como ele. Todos são controlados por um poderoso manda chuva local que detém o bem mais precioso de lá: a água!

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Inimigos Públicos

Michael Mann volta a acertar a mão na cinebiografia do lendário criminoso John Dillinger. Talvez seu grande mérito tenha sido contar a história real do Gangster sem muitas liberdades criativas, o que certamente estragou um pouco a outra biografia que tinha dirigido antes, "Ali" com Will Smith. O roteiro do filme é simples e conta parte da vida do famoso bandido, desde o momento em que consegue fugir de um presidio de segurança máxima após cumprir dez longos anos de pena até a noite em que encontrou seu trágico fim nas mãos dos agentes do FBI. Entre esses dois pontos cruciais do filme o espectador é apresentado a vários dos arrojados assaltos feitos por Dillinger e sua gangue durante a grande depressão que arrasava a economia dos EUA naqueles anos. O filme não é tão movimentado como alguns possam pensar, só existem duas grandes cenas de ação durante as mais de duas horas de duração. Não esperem por isso uma chuva de balas em cada cena, pois o diretor foi bem sucedido em tomar outra direção ao mostrar, mesmo que de forma rápida e sem muita profundidade, aspectos da vida pessoal do personagem, dando destaque para o romance de Dillinger com Billie, o grande amor de sua vida.

No elenco dois nomes se destacam: Johnny Deep como John Dillinger está, como sempre, ótimo, mas aqui um pouco mais contido do que o normal. Não há a menor sombra de exageros como seus outros personagens mais famosos como em Piratas do Caribe ou A Fantástica Fábrica de Chocolate. Ele faz um Dillinger bem mais soturno e realista, um bandido que vive o presente pois sabe que na vida que leva não terá um futuro. Já Christian Bale no papel do principal agente na caçada de Dillinger, Melvin Purvis, não consegue empolgar em nenhum momento. Para falar a verdade o ator repete o problema de Exterminador do Futuro 4, quando sua falta de carisma atrapalha o desenvolvimento de seus personagens. Mesmo fazendo o papel do homem da lei sua atuação não empolga e é apática.De qualquer maneira esse é o tipo de filme obrigatório nesse ano para quem gosta de cinema. Provavelmente ganhará algumas indicações ao Oscar na próxima premiação, pois sem dúvida é um filme feito para brilhar na noite de entrega dos prêmios da Academia. A produção é de luxo e sua estréia nos EUA já demonstra que será um grande sucesso de bilheteria.

Inimigos Públicos (Public Enemy, EUA, 2009) / Direção: Michael Mann / Elenco: Johnny Depp, Christian Bale, Marion Cotillard, Giovanni Ribisi, Channing Tatum, Stephen Dorff, David Wenham, Stephen Graham. / Sinopse: Durante a grande depressão nos anos 30, o FBI forma uma equipe especial para caçar o bando de assaltantes liderados por John Dillinger. Eleito o inimigo número 1 dos EUA todos os esforços são concentrados para colocar o criminoso atrás das grades.

Pablo Aluísio.