Foco Internacional - Edição IX

Os livros de história ensinam. Quando grandes potências invadem países em que o povo se empenha em lutar contra as forças invasoras, o atoleiro se forma. E o que é um atoleiro em política internacional? Uma daquelas situações sem solução, em que os soldados dessas potências afundam em uma guerra sem fim, sem grandes avanços, apenas com o aumento maior a cada dia no número de baixas. Ainda não faz nem um mês que a Rússia invadiu a Ucrânia. O atoleiro porém já está bem delimitado.

Os serviços de inteligência ocidentais avaliam em mais de 4 mil o número de militares russos mortos em conflito. Um número extremamente alto se formos comparar o tempo de guerra. Quatro generais russos foram mortos. Centenas de oficias também. As tropas russas em geral demonstraram ter pouca mobilidade no campo. A logística é um perfeito desastre. Muitos soldados russos ficam até sem ter o que comer. Imagens de russos invadindo supermercados e pequenas mercearias estão por toda a internet. Estão com fome, em busca de algo para comer.

Os russos cercam Kiev, a capital da Ucrânia, mas ainda não conseguiram entrar na cidade. Os tanques estão sendo destruídos nas vias de entrada. E quando os militares russos estiverem dentro das ruas de Kiev a tática de guerrilha ucraniana entrará em ação. A matança vai ser generalizada. Por isso o governo Putin, pela primeira vez, tenta entrar em um acordo de paz. Os militares de alto escalão já sabem do tamanho do desastre. Procura-se urgentemente uma saída honrosa para a Rússia desse atoleiro.

Talvez nem Putin sobreviva a essa guerra. Seus erros estão por toda a parte. Basta haver uma aliança entre os magnatas russos, os militares e o serviço secreto para que Putin perca o poder, algo que ao meu ver não está longe de acontecer. Tudo vai depender do tipo de solução que seja dada para essa crise sem precedentes. A economia russa derrete, o povo russo começa a sentir de verdade o peso da guerra, com inflação, falta de mercadorias, pessoas sendo demitidas de seus empregos. O rublo já perdeu mais da metade de seu valor. A única saída é a saída da Ucrânia. Só resta esperar como será esse desfecho. 

Russos Mortos
Quantos russos já morreram na guerra da Ucrânia? Há diversas estimativas. Os ucranianos estimam que morreram 14 mil russos nos campos de batalha da Ucrânia. Os americanos acreditam que o número de baixas está entre 7 a 10 mil mortos. Um jornal independente de Moscou publicou que segundo o ministério da guerra russo o número de mortos estaria em torno de 9.800 mortos. Só que o governo russo jamais iria divulgar um número desses. Tanto é verdade que pouco tempo depois da publicação a página do jornal saiu do ar. Os jornalistas russos estão com paradeiro incerto.

O fato inegável é que a guerra é um desastre para o exército russo. As conquistas são pífias. Nenhuma grande cidade foi tomada pelos russos. O que existem são fortes bombardeios a essas cidades, que estão de fato destruindo prédios, escolas e hospitais, ou seja, a infraestrutura ucraniana. Só que homens no chão conquistando esses lugares não há. O exército russo tem enfrentado fortes baixas, fruto da inexperiência dos soldados, a maioria deles jovens na faixa dos 18 anos de idade, sem treinamento militar adequado. Enquanto isso os ucranianos lutam pela liberdade e pelo seu país. Quem você acha que sairá vencedor de um conflito desses?

E hoje (22 de março de 2022) os ucranianos divulgaram a informação que os russos só possuem mais 3 dias de provisões, alimentos e munições. Que desastre! Muito provavelmente seja verdade. Inúmeras cenas mostram os russos invadindo pequenos estabelecimentos comerciais em busca de alimentos. Estão famintos! Isso sem falar nos saques e roubos de lojas. Os militares russos não parecem ser apenas assassinos de pessoas indefesas como mulheres, idosos e crianças, mas também ladrões! Bando de criminosos fardados, isso sim!

Ucrânia contra ataca!
O exército ucraniano conseguiu vitórias importantes nessa quarta semana de guerra. Eles reconquistaram cidades ao redor de Kiev, demonstrando como é fraca e desorganizada a ofensiva russa. Uma sniper ucraniana de codinome "esquilo" disse que os russos não possuem nenhuma estratégia bem formada para tentar invadir as cidades. Eles apenas vão aparecendo - e morrendo por tiros de atiradores de elite ucranianos. "Eles surgem, são abatidos e depois outros chegam pelo mesmo caminho! E morrem do mesmo jeito!".

Putin, como sempre, continua impassível. Psicopata que é, não parece demonstrar nenhuma reação. É um ser humana sem alma, apenas o vácuo dentro de si. Já o presidente Zelensky virou um estadista mundial, discursando para parlamentos do mundo inteiro, sendo aplaudido de pé. Em seu pronunciamento no Japão tocou em um ponto importante: A ONU falhou ao evitar essa guerra. O conselho de segurança falhou miseravelmente. Segundo o presidente ucraniano é necessário repensar os mecanismos internacionais para prevenir invasões como a da Rússia na Ucrânia.

E hoje ainda a OTAN aumentou as estimativas de baixas do lado russo. Segundo a organização o número de militares russos abatidos no campo de batalha já é de mais de 15 mil mortos! Uma carnificina russa, bem de acordo com o carniceiro do Kremlin, o patife Putin. Que seja amaldiçoado seu nome e de sua família pelos séculos que virão! 

Um mês de guerra da Ucrânia
A guerra na Ucrãnia completa um mês, um mês de terror promovido pelas tropas russas. Ao invés de focar apenas em alvos militares e não civis, a estratégia das forças armadas russas parece ter mudado. Agora atacam alvos civis, prédios residenciais, igrejas, escolas, creches infantis. A intenção parece aterrorizar mesmo a população civil da Ucrânia, algo que aconteceu também nas operações militares russas na Síria e na Chechênia. Os russos não respeitam tratados e acordos internacionais sobre o tema. Eles parecem sempre adotar táticas de terror contra o povo, tal como fazia Ivã, o Terrível séculos atrás.

De qualquer forma isso apenas endurece todas as sanções por parte dos países ocidentais que levantam novos tipos de restrições à economia russa dia a dia. Putin já é um pária internacional, visto e revisto como um criminoso de guerra. Nessa semana um de seus principais assessores renunciou ao cargo mostrando claramente que há rachas dentro do Kremlin. A elite russa parece ter entendido que seria necessário se livrar de Putin o mais rapidamente possível para salvar a economia e a imagem da Rússia.

Do lado ucraniano houve boas notícias. Eles conseguiram destruir um grande navio de guerra da Rússia, provando que possuem capacidade para esse tipo de operação militar mais complexa. Além disso recuperaram cidades que tinham sido dominados pelos russos que ao que parece só conseguem mesmo destruir as cidades a longa distância como fizeram como Mariupol, destruída por mísseis. Quando se trata de luta no chão, combate corpo a corpo, o exército russo parece pífio em alcançar resultados no campo de batalha. Os russos agora adotaram basicamente a tática de terror em relação aos civis e bombardeamento massivo das cidades, transformando tudo em escombros. Táticas covardes, enfim. (25/03/22). 

Acordo de paz?
Haverá possibilidades de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia nos próximos dias? Tudo caminha nessa direção. A questão é que a campanha militar da Rússia é um desastre. Se não fossem a tecnologia de mísseis o vexame seria ainda maior para os russos. As tropas terrestres não conseguem vitórias significativas no campo de batalha. Tanques russos são capturados ou destruídos. A Ucrânia informou que já detém em seu poder 177 tanques capturados. Alguns casos foram curiosos. Soldados russos entregaram os tanques em troca de comida ou dinheiro. A moral entre o exército russo é mais do que baixa.

Diante da ineficiência das forças armadas russas o horizonte para um acordo de paz fica mais claro. Putin sabe que tomou uma decisão estúpida ao invadir a Ucrânia. Ficou isolado do resto do mundo (com exceção da China) e precisa encontrar um meio de sair desse atoleiro sem parecer que sofreu uma derrota humilhante (o que convenhamos é a mais pura verdade dos fatos!).

A Ucrânia também precisa encontrar uma saída para a guerra. A infra estrutura do país está sendo destruída. Cidades como Mariupol estão em escombros. Como eu escrevi, se não fossem os mísseis russos, não haveria nada com que Moscou negociar. Só que esses mísseis causam muita destruição. Com isso os ucranianos também precisam encontrar um acordo de paz. A crise humanitária é sem precedentes. Vai ser complicado reconstruir o país depois de tanta destruição. Enfim, uma guerra que começou muito errada e que agora todos precisam encontrar um jeito certo de sair dela. (29/03/22).

Pablo Aluísio.