quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O Conto dos Contos

Achei bem estranha a proposta desse filme. Não estou me referindo ao roteiro que adaptou três contos baseados na obra do poeta e escritor italiano Giambattista Basile (1566 - 1632), mas sim às próprias estórias em si. O mundo dos contos infantis da Itália medieval pouco se parecia com as obras dos irmãos Grimm com as quais estamos acostumados. Nada de Branca de Neve e nem os sete anões. A coisa aqui é morbidamente bizarra, diferente, surpreendente mesmo. Todos os três contos são narrados de forma alternada. Todos eles envolvem monarcas e seus objetivos mesquinhos e rídiculos.

O primeiro conta a estória da rainha de Longtrellis (Salma Hayek). Seu maior sonho é ter um filho, um herdeiro para o trono. A gravidez porém parece nunca acontecer. Desesperada, ela resolve contratar os serviços de um bruxo. Ele então passa a receita para que ela finalmente fique grávida do Rei. Ele deve caçar uma criatura monstruosa das profundezas. Depois de morto o coração da fera deve ser preparado por uma virgem. Por último a Rainha deve comer o coração da besta. Tudo feito, o resultado se mostra desastroso. Dos três contos esse pode ser considerado até mesmo o menos bizarro, mas seu clímax, com um morcego gigante e feroz, mostra bem que nada é tão normal como se pode esperar.

O segundo conto mostra um Rei e sua filha. A princesa quer se casar. Para isso porém o Rei deve procurar em seu reino o homem mais corajoso, valente e inteligente que encontrar pela frente. Assim ele cria um desafio a ser vencido pelo pretendente à mão da jovem e bela princesa. Novamente tudo dá muito errado, transformando a vida da linda herdeira em literalmente um verdadeiro inferno na Terra. Esse segundo conto poderia até se encaixar no que estamos acostumados a ver em se tratando de literatura infantil alemã, se não fosse por detalhes sórdidos e estranhos, como o fato do Rei criar uma pulga gigante em seu quarto (é isso mesmo que você leu, algo bem nonsense realmente!).

Por fim o último conto mostra a vida de um Rei devasso, insaciável, que deseja dormir com todas as mulheres de seu reino. Certo dia, na janela de seu castelo, ele ouve uma voz feminina maravilhosa. Determinado a conquistá-la ele move o céu e a terra para levar a dona daquela linda voz para seus aposentos reais. O problema é que ele não tem a menor ideia de quem ela seja e o que faz em sua vida reclusa. Com a ajuda de uma bruxa da floresta o monarca acaba caindo em uma grande armadilha do destino. O monarca devasso desse conto é interpretado pelo ótimo ator Vincent Cassel. No geral é isso. O filme é uma coleção de contos estranhos, com elementos pouco usuais. Olhando sob um ponto de vista cultural vale bastante conhecer para ter contato com a literatura de contos de outros países, como a Itália, por exemplo. No mínimo você ficará surpreso pelas coisas e situações estranhas e bizarras que encontrará pela frente, no filme.

O Conto dos Contos (Il Racconto dei Racconti - Tale of Tales, Inglaterra, Itália, França, 2015) Direção: Matteo Garrone / Roteiro: Edoardo Albinati / Elenco: Salma Hayek, Vincent Cassel, Toby Jones, John C. Reilly, / Sinopse: O filme traz a adaptação para o cinema de três contos infantis da literatura italiana medieval. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Pablo Aluísio.

6 comentários:

  1. Avaliação:
    Direção: ★★★
    Elenco: ★★★
    Produção: ★★★
    Roteiro: ★★★
    Cotação Geral: ★★★
    Nota Geral: 7.4

    Cotações:
    ★★★★★ Excelente
    ★★★★ Muito Bom
    ★★★ Bom
    ★★ Regular
    ★ Ruim

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  2. Pablo, eu fiz um comentário no post Proud Mary mas a diagramação saiu meio estropiada na hora em que publiquei. Você pode ver o que aconteceu?

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  3. Obrigado Pablo: deve ser problema na pécinha que se senta na frente do laptop e aperta as teclas.

    Sobre as duas versão do Elvis de Proud Mary eu também prefiro a do Madison; a do On Stage parece que está com o freio de mão puxado.

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  4. Pensei nisso mesmo. A tecla de dar espaço algumas vezes fica ligada e dá aquele espaço grande que se vê na sua postagem...

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  5. Oh gentil Pablo, a pecinha com defeito, neste caso, sou eu, esse incompetente que vos escreve.

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