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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Pinóquio

Título no Brasil: Pinóquio
Título Original: Pinocchio
Ano de Produção: 2019
País: Itália
Estúdio: Le Pacte, Rai Cinema, Canal+
Direção: Matteo Garrone
Roteiro: Matteo Garrone
Elenco:  Federico Ielapi, Roberto Benigni, Rocco Papaleo, Massimo Ceccherini, Marine Vacth. Gigi Proietti

Sinopse:
Após a chegada de um grupo de artistas que apresentam um show de fantoches em sua pequena vila, o artesão Geppetto (Roberto Benigni) decide que vai criar seu próprio boneco de madeira. E assim surge Pinóquio (Federico Ielapi), que ganha vida e se envolve em diversas aventuras.

Comentários:
Bom, uma coisa é certa: se há um povo que pode contar essa história é o povo italiano, já que a obra pertence à cultura dessa nação. E assim temos finalmente a versão do cinema italiano para a fábula do boneco de madeira que sonhava se tornar um menino de verdade. O roteiro procurou ser o mais fielmente possível próximo à literatura. Como se sabe o livro foi escrito por Carlo Collodi em 1883. É um clássico da literatura infantil em todo o mundo, sendo a versão da Disney em animação a adaptação mais conhecida no cinema. Esse filme aqui ganha tintas mais realistas, embora obviamente não se distancie do mundo de fantasia e imaginação de seu autor original. Praticamente tudo que está no livro, está também na tela. E se formos analisar bem o conto de Pinóquio tem como objetivo mesmo ensinar para as crianças o valor do estudo, o respeito aos mais velhos, nunca desobedecendo ordens dadas pelos pais e também o perigo de se mentir, correndo o risco de crescer o nariz ou então virar burrito por confiar em estranhos.

A direção de arte desse filme ficou muito bonita, com ares de vila medieval da Itália do passado. Os personagens, em geral, estão sempre tentando fugir da pobreza e da miséria. Para isso ou se usa da bondade (como o Geppetto, "pai" de Pinóquio) ou então da esperteza (como acontece com a dupla da raposa e do gato, aqui interpretados por ótimos atores italianos). Além de apresentar uma produção realmente belíssima, o filme ainda tem um elenco maravilhoso, passando pelo próprio menino que interpreta o Pinóquio, até a vasta galeria de personagens secundários. Um pouco estranho, algumas vezes até sinistro, esse novo Pinóquio é sem dúvida um filme muito bom, ficando acima inclusive das minhas melhores expectativas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O Conto dos Contos

Achei bem estranha a proposta desse filme. Não estou me referindo ao roteiro que adaptou três contos baseados na obra do poeta e escritor italiano Giambattista Basile (1566 - 1632), mas sim às próprias estórias em si. O mundo dos contos infantis da Itália medieval pouco se parecia com as obras dos irmãos Grimm com as quais estamos acostumados. Nada de Branca de Neve e nem os sete anões. A coisa aqui é morbidamente bizarra, diferente, surpreendente mesmo. Todos os três contos são narrados de forma alternada. Todos eles envolvem monarcas e seus objetivos mesquinhos e rídiculos.

O primeiro conta a estória da rainha de Longtrellis (Salma Hayek). Seu maior sonho é ter um filho, um herdeiro para o trono. A gravidez porém parece nunca acontecer. Desesperada, ela resolve contratar os serviços de um bruxo. Ele então passa a receita para que ela finalmente fique grávida do Rei. Ele deve caçar uma criatura monstruosa das profundezas. Depois de morto o coração da fera deve ser preparado por uma virgem. Por último a Rainha deve comer o coração da besta. Tudo feito, o resultado se mostra desastroso. Dos três contos esse pode ser considerado até mesmo o menos bizarro, mas seu clímax, com um morcego gigante e feroz, mostra bem que nada é tão normal como se pode esperar.

O segundo conto mostra um Rei e sua filha. A princesa quer se casar. Para isso porém o Rei deve procurar em seu reino o homem mais corajoso, valente e inteligente que encontrar pela frente. Assim ele cria um desafio a ser vencido pelo pretendente à mão da jovem e bela princesa. Novamente tudo dá muito errado, transformando a vida da linda herdeira em literalmente um verdadeiro inferno na Terra. Esse segundo conto poderia até se encaixar no que estamos acostumados a ver em se tratando de literatura infantil alemã, se não fosse por detalhes sórdidos e estranhos, como o fato do Rei criar uma pulga gigante em seu quarto (é isso mesmo que você leu, algo bem nonsense realmente!).

Por fim o último conto mostra a vida de um Rei devasso, insaciável, que deseja dormir com todas as mulheres de seu reino. Certo dia, na janela de seu castelo, ele ouve uma voz feminina maravilhosa. Determinado a conquistá-la ele move o céu e a terra para levar a dona daquela linda voz para seus aposentos reais. O problema é que ele não tem a menor ideia de quem ela seja e o que faz em sua vida reclusa. Com a ajuda de uma bruxa da floresta o monarca acaba caindo em uma grande armadilha do destino. O monarca devasso desse conto é interpretado pelo ótimo ator Vincent Cassel. No geral é isso. O filme é uma coleção de contos estranhos, com elementos pouco usuais. Olhando sob um ponto de vista cultural vale bastante conhecer para ter contato com a literatura de contos de outros países, como a Itália, por exemplo. No mínimo você ficará surpreso pelas coisas e situações estranhas e bizarras que encontrará pela frente, no filme.

O Conto dos Contos (Il Racconto dei Racconti - Tale of Tales, Inglaterra, Itália, França, 2015) Direção: Matteo Garrone / Roteiro: Edoardo Albinati / Elenco: Salma Hayek, Vincent Cassel, Toby Jones, John C. Reilly, / Sinopse: O filme traz a adaptação para o cinema de três contos infantis da literatura italiana medieval. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Pablo Aluísio.