De tempos em tempos Hollywood importa alguma beldade estrangeira para transformá-la em símbolo sexual nos Estados Unidos. Aconteceu com Ursula Andress (Suíça), Anita Ekberg (Suécia) e Sophia Loren (Itália). Na década de 60 foi a vez da sueca Ann-Margret Olsson. Nascida em Valsjöbyn, ele chegou em Los Angeles com 19 anos e logo chamou a atenção dos estúdios por causa de sua beleza e simpatia. Além de muito bonita também parecia ser muito talentosa pois dançava, cantava e atuava, ou seja, tinha o pacote completo para se tornar uma grande estrela. Sua estréia no cinema americano não poderia ser melhor. Foi em "Dama por Um Dia", estrelada pelo mito Bette Davis e dirigido pelo grande cineasta Frank Capra. Sua primeira grande chance de brilhar porém só viria dois anos depois com o musical "Bye Bye Birdie" onde interpretava uma fã inconsolada por seu cantor preferido ter sido convocado pelo exército americano. Era obviamente uma paródia do que havia acontecido com o roqueiro Elvis Presley.
E por falar em Elvis o grande momento da filmografia de Ann-Margret surgiria justamente em "Amor à Toda Velocidade" (Viva Las Vegas, 1964), ótimo musical onde ela teve a oportunidade de dançar e cantar ao lado do famoso cantor. A aproximação aliás ultrapassou as telas e ela e Elvis tiveram um tórrido caso de amor no set de filmagem. Depois do sucesso desse musical da MGM a atriz procurou diversificar o máximo possível sua carreira abraçando projetos ousados e gêneros diversos nos anos seguintes. Na produção "Em Busca do Prazer" ousou interpretar um personagem forte para os anos 60, o de uma garota liberal envolvida em um triângulo amoroso fora dos padrões. Em "Matt Helm Contra o Mundo do Crime" voltou a contracenar com um cantor famoso, Dean Martin, em um filme que procurava satirizar de certa forma as fitas de James Bond. Também rodou westerns como "A Última Diligência". Ao lado do mito John Wayne apareceu em "Os Chacais do Oeste". O último grande filme da atriz foi "Tommy", musical que se tornou famoso na época. Depois disso os bons filmes foram rareando e ela se contentou em fazer personagens coadjuvantes em produções menores. Mesmo assim a sueca continuou trabalhando sem parar nos anos seguintes. A beleza obviamente já não era a mesma dos primeiros anos mas isso não a impedir de realizar ao todo quase 80 filmes, o que demonstra bem que embora não tenha se tornado uma estrela de primeira grandeza certamente marcou o mundo do cinema em sua época. Aqui estão alguns comentários de filmes da estrela que tivemos a oportunidade de assistir.
Adeus, Amor
Um cantor de rock famoso vai até uma cidadezinha perdida no Ohio para gravar seu programa de despedida antes de ir servir o exército americano. Lá é feito um concurso para escolher a fã número 1 dele que ganhará o direito de beijar seu grande ídolo. Um musical simpático, bem humorado e com uma inédita postura de sátira besteirol, algo que era bem raro no começo dos anos 60. Para o cinema em geral o filme revelou a linda Ann-Margret que chamou tanto a atenção do público que o diretor George Sidney a levou para contracenar com Elvis Presley em "Amor a Toda Velocidade". Aliás nada mais conveniente pois Ann-Margret foi chamada por um cronista de Nova Iorque como a "Elvis de saias". Curiosamente um dos satirizados dentro do enredo é o próprio Elvis pois o personagem chave da estória é um roqueiro famoso que vai servir o exército deixando suas fãs apavoradas e desesperadas! A produção é apenas mediana, há algumas coisas que não funcionam muito bem como ver Dick Van Dyke rebolando numa horrível roupa prateada que mais parece ter saído do guarda roupa de figurinos de "Perdidos no Espaço". De qualquer maneira aproveite a festa e caso tenha vivido aqueles anos distantes sinta muita saudade! / Adeus, Amor (Bye Bye Birdie, Estados Unidos, 1963) Direção: George Sidney / Roteiro: Michael Stewart, Irving Brecher / Elenco: Dick Van Dyke, Ann-Margret, Janet Leigh.
Amor à Toda Velocidade
Lucky Jackson (Elvis Presley) ganha a vida cantando e divertindo os turistas hospedados em hotéis de luxo de Las Vegas, mas seu grande sonho mesmo é se tornar um grande piloto de corridas. Ele almeja vencer o primeiro Las Vegas Grand Prix que vai pagar uma pequena fortuna para o vencedor. Por acaso acaba conhecendo a linda Rusty Martin (Ann-Margret), que ele pensa erroneamente ser uma dançarina de cassinos. Indo atrás dela Lucky acaba descobrindo que não é bem isso que a apaixonante garota faz para viver. Um dos grandes sucessos no cinema da carreira de Elvis Presley. Realmente é um de seus melhores musicais. O curioso foi que a fita foi produzida meio às pressas após a MGM decidir que iria aproveitar o Grand Prix de Las Vegas para locações. O enredo, escrito pela roteirista Sally Benson (a mesma de "Sombra de uma Dúvida" e "Agora Seremos Felizes"), conseguiu mesmo capturar a essência de um encontro entre Elvis e Margret, que era considerada a "Elvis de saias" naquela época. O casal que levou o romance também para fora das telas solta faíscas em cena. A produção também tem um ótimo desenrolar, fruto da competência do experiente cineasta George Sidney que resolveu dar o mesmo destaque para ambos, o que gerou ciúmes em Elvis que começou a acreditar que Sidney estava perdidamente apaixonado por Margret. Bobagem. O diretor sabia que tinha dois grandes talentos em mãos e resolveu aproveitar tudo o que poderia. O grande sucesso de "Viva Las Vegas" deu um impulso e tanto na carreira de Ann-Margret, que saiu depois em busca de novos desafios. Já para Elvis virou uma enorme camisa de força. Seus filmes seguintes, principalmente àqueles onde ele interpretava pilotos de corrida, nada mais eram do que tentativas de repetir o sucesso dessa película. Mesmo assim não há como negar, "Amor à Toda Velocidade" é de fato um marco no cinema musical dos anos 1960. Um simpático romance que uniu uma das melhores duplas já vistas em Hollywood em todos os tempos. / Amor à Toda Velocidade (Viva Las Vegas, Estados Unidos, 1964) Direção: George Sidney / Roteiro: Sally Benson / Elvis Presley, Ann-Margret, Cesare Danova.
A Marca de um Erro*
Tendo como garantia um excelente roteiro assinado por Zequial Marko, a música de Lalo Schifrin (Operação Dragão), e um time de atores de respeito como: Alain Delon, Ann-Margret, Van Heflin e Jack Palance - o diretor Ralph Nelson (Réquiem Para um Lutador) construiu um belo filme no estilo do inconfundível policial-noir e com forte influência de clássicos do gênero, como os premiados, Rififi - Os Segredos das Jóias e O Grande Golpe. O longa, A Marca de Um Erro (Once a Thief - 1965) conta a história de Eddie Pedak (Alain Delon) um imigrante italiano de Trieste e ex-presidiário que, vivendo na cidade de San Francisco tenta seguir o caminho da regeneração. Porém, o sonho de viver em paz junto com sua linda mulher, Kristine Pedak (Ann-Margret) e sua filhinha, parece impossível. Tudo porque em seus calcanhares estão o Inspetor Mike Vido (Van Heflin), que jura que Eddie é o responsável pelo recente assalto a uma loja de conveniência que culminou com a morte da proprietária - além da presença sinistra do bandidão Walter Pedak (Jack Palance) irmão de Eddie e que deseja a todo custo o retorno de seu irmão ao mundo do crime para um último e lucrativo assalto. Porém, no caminho do sucesso deste último assalto, está o bandidão James Arthur Sargatanas (John Davis Chandler) braço direito de Walter e inimigo mortal de Eddie Pedak. Um bom filme, com um ótimo e surpreendente final. A bela dupla Delon-Margret, com diálogos precisos e com uma ótima química, consegue manter, suspenso no ar, elementos incendiários como mentira, ciúme e infidelidade, que, jogados num caldeirão em ebulição, pode deixar a história ainda mais instigante e explosiva. Nota 7 / A Marca de um Erro (Once a Thief, 1965) Direção de Ralph Nelson / Roteiro: Zekial Marko / Elenco: Alain Delon, Ann Margret e Jack Palance / Sinopse: Em San Francisco (EUA), o jovem imigrante ex-presidiário Eddie tenta mudar de vida e trabalhar para sustentar a esposa e filha pequena. Mas um policial e também seu irmão bandido não o deixam em paz, e acabam por forçá-lo a voltar ao crime. Mas, ao contrário dos outros, Eddie sabe quem são seus verdadeiros inimigos.
A Última Diligência
Um grupo de viajantes decide enfrentar um longo trajeto até a cidade de Cheyenne. O problema é que a região está dominada por guerreiros Sioux comandados por um cacique conhecido por sua violência contra caravanas de homens brancos. Contando com o apoio da cavalaria até um terço da jornada, eles precisam sobreviver durante todo o restante do trajeto, algo que definitivamente não será nada fácil de alcançar. Os perigos são muitos, mas todos anseiam ir embora por um motivo ou outro, de acordo com seus próprios problemas pessoais. O objetivo é começar vida nova em um novo lugar. Gostei bastante desse western. O roteiro é muito bom e consegue desenvolver bem todos os personagens ao mesmo tempo em que não deixa o filme cair no marasmo ou no lugar comum. Basicamente temos esse grupo bem diferente de pessoas precisando se unir para sobreviver a uma perigosa viagem de diligência até a distante Cheyenne. No caminho precisam vencer o perigo da presença dos nativos e guerreiros comandados pelo infame Cachorro Louco (o mesmo cacique que chacinou a Sétima Cavalaria do General Custer). O grupo é bem diversificado, havendo desde bandidos procurados pela lei como Ringo Kid (Alex Cord), até o próprio xerife da região, Curly Wilcox (interpretado pelo veterano ator de faroestes Van Heflin), passando ainda por uma prostituta e dançarina de saloon, Dallas (Ann-Margret), até uma respeitada dama da sociedade, a senhorita Lucy Mallory (Stefanie Powers, que anos depois iria fazer muito sucesso na TV com a série "Casal 20"). Por fim, completando o grupo temos um banqueiro almofadinha (que na verdade está tentando fugir com o dinheiro da empresa onde trabalha), um jogador inveterado, um vendedor de whisks e um médico alcoólatra conhecido como "Doc" Josiah Boone (curiosamente interpretado pelo famoso cantor Bing Crosby, que se sai excepcionalmente muito bem em sua atuação). O elenco, como se pode perceber, é acima da média, mas quem se destaca mesmo é uma jovem (e linda) Ann-Margret! Dois anos após seu sucesso ao lado do roqueiro Elvis Presley em "Viva Las Vegas" ela conseguiu outra excelente atuação. Sua personagem Dallas é ao mesmo tempo uma figura doce e terna, mas também esperta, até mesmo por causa da vida que leva. Ela se apaixona pelo fugitivo Ringo Kid e pretende recomeçar vida nova ao seu lado. Se você ainda tinha alguma dúvida se ela foi mesmo uma das mais bonitas atrizes da história de Hollywood basta vê-la aqui em cena. Ann-Margret está simplesmente linda, com figurino de época, realçando ainda mais sua beleza ruiva, roubando todas as atenções do espectador. Enfim, grande faroeste que vale muito a pena conhecer. Uma das melhores produções da Fox no gênero, sem favor ou exagero algum. / A Última Diligência (Stagecoach, Estados Unidos, 1966) Direção: Gordon Douglas / Roteiro: Joseph Landon, Dudley Nichol / Elenco: Ann-Margret, Alex Cord, Bing Crosby, Stefanie Powers, Van Heflin, Red Buttons.
Os Chacais do Oeste
Realizado na última fase da carreira de John Wayne, "Os Chacais do Oeste" é um de seus westerns mais criativos e saborosos. Na trama acompanhamos Lane (John Wayne) e seu grupo de companheiros veteranos da Guerra Civil. Eles são contratados pela linda Lowe (Ann-Margret) para uma missão extremamente perigosa: recuperar meio milhão de dólares em ouro que seu marido escondeu no México antes de morrer. Assaltante de trens o bandoleiro só contou o verdadeiro lugar onde escondeu todo o ouro para sua viúva que agora conta com o apoio de Lane e seu grupo para encontrá-lo. O problema é que tanto ouro assim acaba atraindo a atenção de todos os bandoleiros e bandidos da região, o que fará com que tudo fique muito mais complicado. Liderando o grupo de renegados que saem em busca de Lane está um misterioso pistoleiro, interpretado pelo sempre marcante Ricardo Montalban. O roteiro se baseia justamente nessa caça ao tesouro onde todos tentam chegar primeiro ao prêmio máximo. Jonh Wayne, apesar da idade, aparece em grande forma. Corre, atira, monta, atravessa rios lamacentos e não deixa a desejar em absolutamente nada. Sua partner em cena é a maravilhosa Ann-Margret que tanto sucesso fez ao lado de Elvis Presley no musical "Amor a Toda Velocidade". Apesar de trintona ainda esbanja sensualidade e charme no meio das areias do deserto onde se passa quase toda a ação do filme. Inclusive temos aqui um diálogo memorável entre Wayne e ela quando Margret tenta seduzir o velho cowboy. Ele se vira e diz: "Eu tenho uma cadeira que tem mais idade do que você!". Hilário. "Os Chacais do Oeste" foi produzido pelo filho de Wayne, Michael. Não é uma produção de encher os olhos mas tudo é muito bem realizado. Há ótimas cenas com muitas paisagens naturais e cenários bem elaborados - inclusive o local onde o ouro é finalmente encontrado. Há excelente uso de uma velha Maria Fumaça e uma sequência final com muitos tiros e pirotecnia - onde algumas construções voam literalmente pelos ares após Wayne se cansar de trocar tiros e decidir resolver tudo na base da dinamite! Ao seu lado velhos amigos de tantos anos como Ben Johnson e Christopher George. Na direção temos o cineasta Burt Kennedy com extensa experiência em faroestes. Anos depois ele se consagraria na TV dirigindo a extremamente bem sucedida série Magnum com Tom Selleck. Para finalizar é impossível não mencionar a saborosa cena final. É o único diálogo de Montalban com John Wayne mas é tão marcante que vale o filme inteiro. Fantástica cena que vai deixar muita gente surpresa. Enfim fica a dica de "Os Chacais do Oeste" mais um ótimo momento da filmografia do eterno Duke, John Wayne. / Os Chacais do Oeste (The Train Robbers, EUA, 1973) Direção: Burt Kennedy / Roteiro. Burt Kennedy / Elenco: John Wayne, Ann-Margret, Rod Taylor, Ben Johnson, Christopher George, Bobby Vinton, Ricardo Montalban / Sinopse: Uma jovem viúva contrata um grupo formado por veteranos da Guerra Civil para recuperar meio milhão de dólares em ouro provenientes de um grande roubo de trem cometido por seu marido morto. O problema é que o ouro também desperta a cobiça de todos os pistoleiros e renegados da região. Chegar a ele será um grande desafio.
Cactus Jack - O Vilão
Um xerife do velho oeste que mais parece uma montanha de músculos chamado Handsome Stranger (Arnold Schwarzenegger) serve como escolta para a bela Charming Jones (Ann-Margret) mas ambos correrão grande perigo pois um perigoso vilão chamado Cactus Jack (Kirk Douglas) pretende colocar as mãos no dinheiro que ela carrega na viagem. Na década de 80 essa comédia passada no velho oeste ganhou várias reprises na TV aberta brasileira. È um tipo de estilo que certamente não agradará a todos. Se você é um fã de filmes de western então tudo ficará muito mais complicado pois o roteiro brinca bastante com os clichês do gênero. Para os fãs do astro brutamontes Arnold Schwarzenegger a produção vai servir como uma grande curiosidade uma vez que ele na época ainda não era o campeão de bilheteria dos anos que viriam. Seu papel é simpático e o fortão procura não estragar o estilo cômico da produção. Kirk Douglas e Ann-Marget da era clássica de Hollywood também não parecem se importar muito. Desligue o cérebro e tente se divertir. / Cactus Jack - O Vilão (The Villain, Estados Unidos, 1979) Direção: Hal Needham / Roteiro: Robert G. Kane / Elenco: Kirk Douglas, Ann-Margret, Arnold Schwarzenegger, Footer Brooks.
Pablo Aluísio.
Filmografia Comentada - Ann-Margret
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Pablo; sobre a Ann-Margret: eu não tenho competência para julgar dançarinos, portanto o que eu posso dizer é que gostei de vê-la em Viva Las Vegas; cantando ela era razoável pra fraca, garganta curta, com tendência a certas desafinações inesperadas; era muito linda, mas confesso que e achava a Priscilla mais bonita e sensual, mas como se diz: a grama do vizinho é sempre mais verde, o Elvis foi pastar longe de casa. O tio da minha mulher, e padrinho de uma das minhas filhas, dizia: "compadre, mulher da gente é que nem chuchu na cerca, você come e não tem gosto de nada, mas se você não comer o vizinho come" e aí lembramos do Mike Stone...
ResponderExcluirA Ann-Margret e a Priscilla tinham belezas equivalentes, mas a sueca ganharia mais pontos comigo simplesmente por ter mais personalidade. A Priscilla era aquele tipo de mulher muito bonita, mas sem muita expressão (pelo menos nos anos 60). A Ann sempre pareceu ser muito mais ativa, com muita personalidade e atitude. Isso a tornava mais sensual e atraente.
ResponderExcluirPS: Essas mulheres do norte da Europa - Suecas, finlandesas, dinamarquesas e norueguesas - estão entre as mulheres mais bonitas do mundo. São lindas!
ResponderExcluirSubjetividades meu caro Pablo, subjetividades.
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