domingo, 21 de abril de 2013

A Ilha do Dr Moreau

Um aspecto que poucos cinéfilos sabem é que o ator Marlon Brando era intensamente interessado em ciência em geral. Ele estava sempre se atualizando sobre os últimos avanços científicos, lendo revistas especializadas e publicações das principais universidades americanas. Não é de se admirar então que tenha aceitado trabalhar nesse “A Ilha do Dr Moreau”, adaptação do famoso livro de autoria de H.G. Wells. Embora tenha sido escrito em 1921 o texto conseguia ser incrivelmente atual pois tratava de uma parte da ciência que era incrivelmente sedutora para Brando: a engenharia genética. A possibilidade de manipulação nas espécies e o resultado desses experimentos eram a base dessa estória clássica. Dr. Moreau (Marlon Brando) é um cientista brilhante que vive em uma ilha isolada no meio do oceano pacifico. Lá ele desenvolve uma série de testes genéticos, criando com suas experiências vários híbridos entre homens e animais. Seu objetivo é criar aquela que seria a criatura ideal, unindo a inteligência e os mais altos valores morais do ser humano com a força e a destreza das feras selvagens. Infelizmente enquanto vai tentando chegar nesse ser perfeito Moreau acaba criando uma série de pequenos monstros que passam a conviver ao seu lado na distante ilha. Não tarda porém para que as criaturas se voltem contra seu criador.

Uma das mais interessantes leituras dessa obra clássica é a questão da ética que move esse tipo de experiência. Em voga atualmente nos principais centros científicos,  dado o avanço das pesquisas genéticas, o roteiro poderia ser a base de discussão de valores envolvendo justamente essa nova postura, a bioética que deveria imperar nesse novo ramo da ciência. Assim queria Brando ao aceitar fazer o filme, levantar o debate sobre os rumos perigosos que a ciência poderia tomar. Infelizmente não era bem essa a intenção do diretor e nem do estúdio que queria em suma apenas realizar um filme de monstros que vivem numa ilha ao lado de um cientista louco. Quando as filmagens começaram Brando entendeu as reais intenções de seus realizadores e ficou obviamente decepcionado. Para não ser arruinado financeiramente por um pesado processo resolveu ir até o fim do filme, mesmo que a empolgação inicial tenha se transformado em decepção completa. Realmente “A Ilha do Dr Moreau” se revela muito fraco em seu resultado final. O único interesse nesse roteiro capenga é a presença de Brando que para aliviar o tédio de participar de algo assim tão obtuso caprichou no figurino esquisito (em determinada cena ele surge todo de branco, com forte maquiagem, tal como um Buda dos trópicos). No saldo final não há outra conclusão “A Ilha do Dr Moreau” é um equívoco, uma produção bem decepcionante apesar de contar em seu elenco com um dos maiores atores da história do cinema americano.

A Ilha do Dr. Moreau (The Island of Dr. Moreau, Estados Unidos, 1996) Direção: John Frankenheimer / Roteiro: Richard Stanley baseado na obra de H.G. Wells / Elenco: Marlon Brando, Val Kilmer, David Thewlis / Sinopse: Brilhante cientista, o Dr. Moreau (Marlon Brando) deseja criar uma criatura perfeita que uma a inteligência do ser humano com as prestezas dos animais selvagens. Vivendo em uma ilha isolada ele logo terá que lidar com a rebelião das feras que ele mesmo criou.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Assisti no cinema numa sala vazia e tive pena do Marlon Brando. Um ator desse porte fazendo uma coisa assim

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  2. Para um ator com uma carreira tão brilhante realmente o filme se torna constrangedor.. Infelizmente o declínio chega para todos um dia. Abraços, Pablo Aluísio.

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