Um navio de bandeira espanhola, chamado La Amistad, chega na costa dos EUA e é imediatamente capturado. Havia acontecido uma rebelião em seu interior, promovido pelos 53 escravos aprisionados, e agora em território americano a situação jurídica do navio negreiro dá origem a uma intensa disputa de direito internacional. Para defender os escravos surge a figura do ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins) que mesmo não sendo um abolicionista declarado pretende lutar pelos direitos básicos dos negros africanos uma vez que entende que eles estão sendo violados. O caso acaba indo parar na mais alta corte dos Estados Unidos, a Suprema Corte, onde irão aflorar sentimentos nacionalistas, abolicionistas e raciais, criando dentro do tribunal um microcosmo da própria sociedade americana, que naquele momento vivia um de seus momentos mais turbulentos. Assim o filme “Amistad” pretende discutir a questão da escravidão e racismo dentro dos EUA usando como palco esse famoso caso.
Quando assisti recentemente o filme “Lincoln” me lembrei imediatamente desse filme anterior de Spielberg que tem uma estrutura muito semelhante. Spielberg se propõe a usar um fato da história americana para trazer de volta ao debate temas caros ao povo americano. No roteiro de Amistad várias questões atuais voltam ao centro de discussões, inclusive o racismo, a posição do negro dentro da sociedade e a batalha entre direito e moral. O negro africano que chegava nas colônias americanas não era sequer considerado uma pessoa, um ser humano, mas sim um objeto, que deveria ser considerado mera propriedade de seu senhor. Spielberg fez um filme correto, historicamente preciso (embora com algumas licenças históricas) e assim como aconteceu com “Lincoln” foi acusado de ter realizado uma obra muito burocrática, fria e sem emoção dramática. Não compartilho dessa visão. Acredito que “Amistad” é um momento muito interessante da filmografia de Spielberg que tem a coragem de tocar novamente em uma das feridas mais abertas da nação americana. Produção requintada, com atuações marcantes, “Amistad” é mais uma chance de ter contato com um Spielberg mais adulto e socialmente consciente.
Amistad (Amistad, Estados Unidos, 1997) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: David H. Franzoni / Elenco: Anthony Hopkins, Morgan Freeman, Matthew McConaughey, Nigel Hawthorne, Djimon Hounsou, David Paymer, Pete Postlethwaite / Sinopse: Após a captura de um navio negreiro espanhol na costa dos Estados Unidos se instala um conflito de direito internacional na Suprema Corte daquele país. Para defender os negros surge a figura do ex-presidente americano, John Quincy Adams (Anthony Hopkins). Filme indicado aos Oscars de Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins), Fotografia, Figurino e Trilha Sonora). Indicado aos Globos de Ouro de Direção, Melhor Filme Drama, Ator (Djimon Hounsou), Ator Coadjuvante (Anthony Hopkins).
Pablo Aluísio.
Avaliação:
ResponderExcluirDireção: ★★★
Elenco: ★★★
Produção: ★★★
Roteiro: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 7.8
Cotações:
★★★★★ Excelente
★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim
Amistad
ResponderExcluirPablo Aluísio.