"Na noite da morte de Elvis Presley em agosto de 1977, seu meio irmão Rick Stanley foi um dos últimos a vê-lo com vida. Rick Stanley prestou depoimento que se segue à revista People, mostrando aspectos ternos da personalidade de Elvis, embora sem fugir à realidade das drogas e do sexo. A vida com Elvis Presley, diz ele, era realmente sexo, drogas e rock'n'roll".
"Uma tarde minha mãe chegou em um bonito continental com um cara que era um perfeito estranho para mim. Saí da escola, e minha mãe estava no banco de frente com o cara, que nos apresentou como nosso novo pai, Vernon Presley e nós três (Rick e seus dois irmãos) fomos colocados no banco traseiro". Bem deixamos a escola e nos dirigimos para a mansão, Graceland. E de repente eis uma grande, bela casa. A primeiríssima coisa que notei foi aqueles guarda-costas - aqueles camaradas andando em volta com grandes armas debaixo do braço.
Dentro, andei num corredor cheio de espelhos e achei maravilhoso que aqueles grandes discos de ouro estivessem por toda parte. Elvis estava de pé junto ao toca-discos ouvindo música. Ele atravessou a sala, e eu soube na primeira vez que eu encontrei esse sujeito que ele era diferente. Então Elvis disse: "Estes são meus pequenos irmãos. É assim mesmo que eu vou tratá-los". Aqui está este cara, tão grande quanto a vida, 19 anos mais velho que eu, e ele nos torna em sua família. Elvis era uma pessoa realmente especial.
Na manhã seguinte eu saí, e lá estava ele. E também pôneis, gatos, cachorros, motonetas, bicicletas, e calções para nadar. Ele e seus empregados tinham ido à loja para comprar todos aqueles brinquedos só para mim e meus irmãos. E Elvis quebrou o hábito de dormir o dia todo só pra ver meu rosto brilhando quando vi aquilo tudo.
Eu me senti muito em casa quando estava em Graceland. Vivemos com Vernon como vizinhos de porta, e quando Elvis estava em casa, eu ia vê-lo. Elvis adorava assistir ao futebol. Eu segui seu exemplo, e passávamos horas e horas no quintal. Um dia ele decidiu que queria consertar as cercas. Saiu e com um martelo e pregos, e enfiou dez pregos em uma tábua só, feito criança.
Quando eu tinha 17 anos, estava começando nas drogas e Elvis deu a entender que poderia ajudar a endireitar as coisas. Queria que eu fosse trabalhar com ele como seu auxiliar pessoal, mas sabia que seria difícil convencer minha mãe a me deixar pôr o pé na estrada. Então ele disse que eu teria um tutor especial, poderia estar na igreja todas as manhãs, todas aquelas coisas diferentes.
Minha primeira viagem foi a Washington. Estávamos no avião, ele à janela, e eu à sua direita. Elvis apenas olhou pra mim e disparou: "eu sou seu professor" - com aquele grande riso em sua face. "vou ensinar tudo o que você precisa aprender, e, portanto tudo o que você vir ou ouvir no caminho, não diga nada em casa ok?"
Fomos para o hotel, ficamos cinco minutos, e todas aqueles garotas estavam lá. Todos aqueles caras tinham posto garotas a nos esperar! Nenhuma das esposas teve permissão para sair em viagens conosco e aquela era um das razões. Elvis olhou para mim e disse: "Tem duas meninas que eu arranjei e estão vindo para cá. Joyce e Janice". Ele era um homem casado e não arranjou só uma garota, arranjou duas!!
Era a noite em que Elvis me iniciou naquilo que apelidava de "Máfia de Memphis". Chamou-me às quatro ou cinco da manhã e me mandou procurar um chessburguer, Washington afora. Era dezembro de 1970, tempo gelado. Quando disse que queria chessburguers, eu respondi: "Onde vou encontrá-los?" e ele disse: "Isto é com você, se vira". Liguei para o vigia noturno, ele não sabia. Então eu literalmente me lancei nas ruas da capital e encontrei um lugar. Coloquei os chessburguers dentro do casaco e corri todo o caminho de volta para o hotel. Subi as escadas, entrei no quarto, e uma das garotas estava lá. Peguei os chessburguers e estendi para Elvis, e ele disse: "Não quero. Eu estava só lhe experimentando, para ver se você é capaz de fazer coisas assim".
Muitas vezes eu tomei conta dele quando estávamos na estrada. Ficou claro que precisava cuidar de toda a comida. Cuidei do guarda roupas e das jóias, escureci as janelas para o sol não entrar, arrumei o quarto e carreguei o kit que continha todos os remédios (drogas) dele. Também cuidava de seus documentos como a carteira de agente especial do FBI que lhe foi dado pelo presidente Richard Nixon. Quando estava fora do palco era minha responsabilidade pôr uma toalha em volta de seu pescoço, um copo de água na mão, um casaco nas costas. Normalmente, no carro, ficávamos ele e eu no banco de trás, com alguém dirigindo.
As garotas estavam sempre à mão. Era só apanhar a que ele queria. E ele queria uma a cada noite. Tinha de ter alguém na cama. Não penso que o sexo fosse o motivo principal o tempo todo. O fato era que odiava ficar só. Se não houvesse uma garota eu dormia ao pé da cama.
Eu sempre instruía as garotas que passavam a noite com Elvis. Dizia o que ele gostava e não gostava. Dizia que se as coisas deveriam andar do jeito correto. Dizia que Elvis gostava de comer na cama, então eu colocava um espécie de mesa sobre a cama. Dizia que Elvis sempre comia e dormia de pijama, e que eu deixava alguns de seus pijamas em cima da banheira para elas. E dizia que Elvis insistia que todas as pessoas em volta dele estivessem limpas, portanto elas deviam tomar banho antes de colocar os pijamas.
Elvis sempre pareceu solícito. Importava-se com as pessoas. Seus atos de generosidade para com gente totalmente estranha estavam em toda parte. Posso lembrar crianças em cadeiras de rodas vindo atrás do palco antes dos concertos e Elvis visivelmente comovido e estremecido. Ficávamos até preocupados, pensando se ele seria capaz de cantar em situações assim.
Na última noite de sua vida, eu acabara de desligar o telefone. Falava com minha namorada, Robyn. Através dos anos ela me encorajava a largar as drogas, e, quando estava pendurando o telefone, ia dizer que alguma coisa precisava acontecer para trazer minha vida de volta. Subi as escadas e sentei na cama com Elvis. Ele puxou os óculos sobre o nariz - tinha aquela espécie de olhar cortado ao meio - e encostou o canto dos óculos na boca. Realmente pareceu frio. Suas costeletas estavam grisalhas. Estava muito maduro. Parecia muito, muito cansado, não fisicamente cansado, mas emocionalmente gasto.
Enquanto sentávamos e conversávamos um pouco, ele me entregou um pedaço de papel, a resenha do livro "Elvis, o que aconteceu?" escrito por seus guarda-costas. Falava do abuso de drogas e de sua vida particular. Fez duas perguntas: "O que Lisa Marie vai falar disso?" e eu não tive muito a responder. Apenas disse: "Bem, ela é sua filha. Estou certo que ela te ama". E então me perguntou: "O Que os fãs vão pensar disto?", e mesmo sem pensar eu fui capaz de dizer: "Bem, eles te amam incondicionalmente".
Ele falou durante muito tempo. Uma viagem começava no dia seguinte e ele não estava excitado sobre isso tudo. Quando eu ia embora, Elvis disse: "Não quero ser perturbado, não quero ser aborrecido". Muitas vezes eu tinha visto Elvis fora de si quando ia ao banheiro, ficava sentado e caía. eu tinha de levantá-lo quando aquilo acontecia. Muitas vezes. E esta é a minha teoria sobre a morte de Elvis. Veja aquele tapete grosso. Grande, Grosso. Naquela noite, quando ele caiu pra frente, sendo tão pesado, e estando fora de si, não conseguiu levantar-se com suas próprias forças. E sufocou no tapete.
"Alguém disse uma vez que as três palavras mais ouvidas no mundo ocidental eram: Jesus, Coca-Cola e Elvis Presley. Quando você pára e pensa em usar essa fama para alguma coisa boa, bem, então eis aí um final feliz"
RICK STANLEY largou as drogas e com o apoio de sua namorada Robyn conseguiu sobreviver e retomar sua vida. Hoje Rick é pastor na Igreja Batista de Tallahasse, Filadélfia.
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