Estava andando pela quinta avenida na última sexta feira quando me deparei com a maior, senão a melhor loja de CDs da costa leste dos Estados Unidos. Resolvi entrar, atitude que tomei não só em razão da minha profissão de crítico de música, mas também porque queria conhecer os novos lançamentos para completar minha coluna aqui no "New York Times".
Lá dentro fui atendido por uma moça muito bonita e atenciosa. Perguntei logo: "Quero o CD mais vendido da loja na semana na categoria Rock". Prontamente me atendeu e me deu um CD de Elvis Presley!!! Como assim Elvis!? Como um cantor que não está mais vivo pode liderar a parada dos mais vendidos na maior loja da grande maçã? Logo o Rock que é o gênero musical dos jovens por excelência. Ela, vendo minha surpresa me disse que o Cd era vendido não só para os antigos fãs do cantor como também para jovens na faixa de idade de 17 a 23 anos.
Fiz uma conta rápida e cheguei a conclusão que muitos destes jovens sequer tinham nascidos quando o garoto de Memphis incendiava a América. Neste dia eu senti a grandeza e o valor do velho e bom Elvis.
Acompanhei toda a sua carreira, desde os anos iniciais, quando ele se tornou o maior nome da música jovem até os seus últimos shows e discos. Elvis foi grande num tempo em que todos eram gigantes em termos musicais. A cultura jovem nasceu com James Dean e Elvis Presley nos anos 50. Ser jovem passou a ser um orgulho e como disse Timothy Leary "Foi ótimo ter vivido os anos 50 e 60".
Dean se espatifou com seu carro e morreu logo, ficou pra sempre com o rosto de 24 anos, virou mito. Elvis viveu ainda 42 anos e teve uma vida intensa com altos e baixos na sua carreira, mas sempre lá marcando presença. Como estes também Hendrix, Morrisson e Joplin viveram tudo o que tinham direito e não conseguiram suportar o peso de sua própria liberdade. Viraram martires dos jovens de todo o mundo. Viver logo e intensamente. Carpe diem. Herdeiros tardios do Lord Byron.
Mas fica a questão: Será que nada mais de relevante ocorreu no Rock'n'Roll depois da morte de Elvis? A resposta é: Só o Nirvana trouxe algo de novo, mas Kurt Cobain fez jus aos seus ídolos e estourou seus miolos muito rápido. O legado de ser o maior no mundo do Rock traz seu preço. Depois disso, nada mais aconteceu de importante no ritmo das rochas rolando. A não ser que você goste de produtos de marketing de péssima qualidade (Guns'n'Roses) ou vovôs ridículos posando de adolescentes imaturos (Rolling Stones).
Pois é. O rock acabou virando vítima de seu próprio modo de encarar a vida, ou a morte. O gênero de Elvis, Chuck Berry, Beatles e tantos outros está morrendo aos poucos. como disse Lennon no final de sua vida: "Se você ficar muito tempo neste negócio de Rock'n'Roll acaba sendo apanhado".
PS: acabei comprando o CD de Elvis e estou adorando.
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