Data: 25 de setembro de 1954 / Fonte: "Elvis, documento histórico" / Texto: Lu Gomes / Photo: Grand Ole Opry / Local: Nashville, Tennessee.
Desilusão em Nahsville
Na noite de 30 de julho de 1954 Elvis Presley deu o seu primeiro concerto profissional, num pequeno teatro de Memphis. Ele entrou no palco junto com Scotty Moore e Bill Black, esperou o guitarrista ligar seu instrumento e começou com "That's All Right" - dando tudo o que tinha. Mal começou a cantar, gritos surgiram na platéia. Mas Elvis e seu violão foram até o fim. Depois dos aplausos foi a vez de "Blue Moon of Kentucky" e, de novo, gritos inexplicáveis. Quando o número terminou, porém, o público queria mais. Enquanto combinavam o que tocar, Elvis perguntou aos companheiros: "O que está fazendo elas gritarem desse jeito?". Scotty e Bill responderam dando risada: "É a sua perna cara, é o jeito que você está mexendo sua perna esquerda. É isso que faz elas gritarem!" Elvis, The Pelvis, acabava de nascer.
Com seus trinta anos de história, o templo da música country, o Grand Ole Opry, em Nashville, era o reduto do conservadorismo musical americano. Seu público era de velhos e crianças, sem nenhum adolescente sequer na platéia. Sua programação era saudosista dos bons velhos tempos e havia um tabu contra o uso da bateria. Fazer Elvis se apresentar neste programa, com seu cabelo comprido, suas roupas chocantes e seu estilo R&B era a mesma coisa que atirá-lo aos leões. 25 de setembro de 1954 foi a data da primeira e única apresentação de Elvis Presley no Opry e foi escolhida por Sam Phillips para coincidir com o lançamento do segundo disco de Elvis pela Sun Records.
Na manhã desse dia, Elvis, Scotty, Bill, Sam e Marion Keisker embarcaram em dois automóveis e rodaram 350 Km até Nashville. O show foi bom, mas infelizmente provocou a ira de Jim Denny, o truculento e racista gerente da casa. Nem bem a apresentação terminou, Denny disse a Elvis: "Não gostamos dessa música de negros por aqui. Se eu fosse você voltaria a dirigir caminhão!" Elvis chorou todo o caminho de volta. Segunda feira de manhã ele foi trabalhar na Crown Eletric, dirigindo caminhão. O desastre em Nashville logo seria apagado pelo sucesso no Louisiana Hayride, um show rival do Opry. Apresentado no auditório municipal de Shreveport, Louisiana, a 700 Km de Memphis, o Hayride tinha apenas seis anos de existência e era aberto e receptivo aos novos talentos.
Tão boa foi a acolhida que Elvis e os Blue Moon Boys - como chamavam a si mesmos - receberam no programa, que foram contratados como atrações fixas. Todo o sul escutava pelo rádio o Louisiana Hayride e, dessa forma, Elvis começou sua escalada para o sucesso. Muito embora tenha se tornado famoso nacionalmente graças à televisão, foi o rádio o verdadeiro responsável pelo sucesso de Elvis Presley, quando ele tinha só uns poucos discos gravados. Através do rádio, esses discos eram ouvidos além dos limites de Memphis e Elvis ficou conhecido no Texas, Louisiana e Arkansas. Os Blue Moon Boys aumentaram com a entrada do baterista D.J. Fontana.
Por todo o outono inverno de 1954-55, Elvis continuou gravando na Sun Records aqueles que seriam os melhores discos de toda a sua carreira. Claro, não estamos falando das baladas, que mesmo assim são superiores às que gravou na RCA. Estamos falando do Rockabilly. O que fazia essa música diferente das outras era sua extrema excentricidade. Até hoje a gente fica impressionado com tanta criatividade, imaginação e alegria. Cada canção é diferente da outra e não tem nada a ver com o modelo original.
As sessões de gravação eram espontâneas e cheias de improvisação e como Elvis era criativo nesses dias! Ele se divertia e era cheio de idéias, sempre descolando alguma música antiga que não precisava ser tratada seriamente, subvertendo seu arranjo num deboche total. Isso talvez explique porque ele sempre falhava nas baladas. No palco, então, essas baladas inevitavelmente fracassavam, pois exigia uma pose e uma seriedade que Elvis absolutamente não possuía. É muito chato ser um cantor careta com a idade de 19 anos.
Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.
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