segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 86

Secretamente em Graceland
Uma visita a Graceland, a mansão onde viveu, amou e morreu o maior ídolo popular do século XX

Eu percebi o problema no momento em que tirei meu carro alugado no "Elvis Presley Boulevard" e o coloquei irregularmente no complexo Graceland. Logo na entrada, na cabine do guarda, um letreiro ordenava a todos os jornalistas a se reportarem imediatamente para o escritório. Outro letreiro também dizia que o preço do estacionamento era fixado em 2 dólares.

Contudo eu odeio de ter que pagar estacionamento assim como receber ordens, como jornalista que sou, segui em frente mesmo com uma certa desconfiança. Encobri meu caderno assim como meu gravador no banco do carro e fui para a estrada economizando assim meus 2 dólares.

Eu fui à mansão Graceland não como repórter, mas como fã de longa data de Elvis Presley. Para mim ele foi realmente um Rei e um dos poucos heróis do século XX, um homem que se fez por mérito próprio e que detonou uma revolução cultural que quebrou todas as barreiras que amarravam a música popular norte americana.

Graceland é hoje uma das atrações mais visitadas dos Estados Unidos. Na verdade Graceland se localiza em um dos subúrbios de Memphis, conhecido como "Whitehaven", sem dúvida é a Disneylândia dos aficionados em Elvis, um rancho no mais puro estilo sulista onda a memória do eterno Rei do Rock é constantemente venerada. O Elvis aqui é jovem, magro, bonito e livre das drogas, em nenhum lugar aqui há qualquer indício dos seus anos finais e do seu trágico fim. "Nós ignoramos isso" disse Jack Soden, Presidente da EPE e um dos diretores executivos de Graceland à revista "Forbes" em 1999. Não se pode ignorar que esta mansão, hoje, é uma fábrica de dinheiro operada como o maior bem da família Presley.

Depois do estacionamento você dirige através da rua de Graceland denominada "Graceland Plaza" - na verdade um moderníssimo lugar com toda a comodidade de um verdadeiro Shopping Center. O Plaza consiste de vários estabelecimentos comerciais que vão desde lojas de presentes, restaurantes, um deles chamado "Heartbreak Hotel", até sorveterias e o famoso museu automobilístico com os carros do astro do rock.

A primeira parada antes de efetivamente entrar na mansão é o guichê onde você paga U$$ 15,95 para ver um filme de 20 minutos sobre a vida de Elvis e sua carreira incluído aí também um turnê pela propriedade do cantor. Você passa então pelos famosos "Portões musicais", uma bela obra de arte moderna onde estão representados a figura de Elvis e diversas notas musicais. A partir deste ponto você pode se considerar dentro do reino de Elvis. Graceland é uma bonita casa de classe média alta, na qual qualquer doutor de Nova iorque ou Beverly Hills sentiria conforto. A sua fachada principal é composta de quatro majestosas colunas Greco-romanas. A casa se parece muito com outra famosa residência, a casa branca. Eu notei com interesse que todas as janelas, inclusive às do segundo pavimento onde Elvis morreu são decoradas com grades pretas que estariam suficientemente familiares em qualquer vizinhança de Miami ou Washington, mas um tanto desconcertante e complicado na casa do querido ídolo. À frente da porta nos encontramos com o primeiro dos 12 guias que com os quais passamos através da casa. Estes guias nos passam a ortodoxa história de Elvis. Uma das mais interessantes é que Graceland é assim chamada em uma homenagem a uma tia do dentista que construiu a mansão em 1939. "Graceland" quer dizer a terra da tia Grace. O guia nos explicou ainda que a ninguém era permitido subir ao segundo pavimento, porque esta era a área privada do Rei e deveria ser mantida assim. Mas Porque? Será que aquelas histórias bobas que Elvis está vivo são verdadeiras e ele está lá em cima!?

As luzes que vinham do primeiro pavimento eram da sala de refeições, com duas gigantescas fileiras de lustres luxuosos. Na sala de estar um conjunto de sofás brancos, aliás a casa toda é decorada em azul, branco e dourado, assim como espelhos que se podem encontrar em praticamente todos os cantos da mansão. Interessante são as diversas câmeras de circuito interno suspensas por todo o teto. Uma insana história diz que Elvis gostava de espionar os seus convidados através destas câmeras. Quem sabe se isto foi verdade? De qualquer maneira você não escapa do sentimento de estar sendo vigiado por todo este lugar. Parado no saguão, não se pode escapar ao instinto de se dar uma olhada na escadaria que leva ao quarto de Presley, onde ele morreu em 1977. Quando uma criança se moveu para sentar-se na escadaria, apareceu um segurança vindo não sei de onde e a tirou de lá.

Andávamos tranqüilamente, antes que o guia nos dissesse que fossemos mais cuidadosos, pois estávamos descendo as escadas em direção ao porão da casa. Elvis colocara espelhos em cada lado das escadas, assim como também no teto. O guia então nos avisou para não olhar para os espelhos do teto pois isto iria nos deixar tontos e poderia ocorrer até um acidente. Estampadas na entrada do porão estavam as seguintes frases: "Descendo minhas escadas" e "correndo oito milhas", bem, deve ser algum tipo de piada que só Elvis e seus amigos sabiam o significado. De certo modo o porão era até confortável, mas como sou claustrófobo aquele lugar frio e sem janelas mais parecia um túmulo. Todo o lugar era coberto com papel de parede. E quando digo coberto incluo até o teto. E não era qualquer papel de parede, era um tecido oriundo de alguma tribo africana. A única coisa que faltou mencionar foi um canário o qual eu descobri após dois minutos de insistente canto no ar.

Fomos então para a chamada "Sala das Selvas". O teto aqui não era de papel de parede, mas era decorado com o mesmo carpete verde e felpudo que foi decorado o andar. Mais um ataque de claustrofobia, porém o que mais me atacou foi uma desagradável ofensa ao estilo polinésio contida nos móveis de madeira que mais pareciam fúteis imitações ao estilo original. As cadeiras eram decoradas com a mais visível pele de macaco falsificado. O guia nos disse então que Elvis comprara tudo aquilo em menos de 5 minutos numa loja de quinquilharias de Memphis. Foi aqui que Elvis gravou seus dois últimos discos "From Elvis Presley Boulevard" e "Moody Blue".

Bem, mas o que faltava a Elvis como decorador certamente lhe sobrava como cantor. Ocorre um verdadeiro impacto quando você conhece a "Sala dos Troféus". Aqui você tem uma idéia do enorme sucesso da carreira de "The Pelvis". Nesse lugar, num corredor aparentemente sem fim estão suspensos os 193 discos de ouro e platina que ele ganhou em sua maravilhosa carreira. Ninguém possui tantos discos, sendo que Elvis é o maior recordista de vendas de discos da história mundial. A morte do Rei é o fim da turnê. O último guia nos informa que Elvis morreu no dia 16 de agosto de 1977 de "arritmia cardíaca". A parada final foi no "Jardim da meditação" onde estão enterrados Elvis, sua mãe Gladys, seu pai Vernon e sua avó Minni Mae. Elvis Presley jaz sob uma lápide de bronze onde estão inscritos algumas palavras de seu pai Vernon. No texto, entre outras coisas está escrito que "...Elvis foi um precioso presente de Deus". Sem dúvida, não só para sua família, mas também para as centenas de milhares de fãs do Rei do Rock'n'Roll ao redor do mundo.

Texto publicado no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio.

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