segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 123

Elvis, o mão aberta
Data: junho de 1977 / Local: Rushmore Civic Center, Rapid City / Texto: Lu Gomes / Photo: Elvis In Concert. 

Ouro de Tolo 
Com 40 anos de idade, Elvis Presley tinha conseguido ganhar milhões de dólares - e estava duro! O motivo é simples: ele era o mais impulsivo consumidor de todos os tempos. Suas extravagâncias tornaram-se lendárias. Uma noite em Memphis, ele comprou 14 cadillacs e, quando uma velha senhora negra vinha passando pela calçada, deu de presente a ela um dos carros mais luxuosos. A sua súbita mania de comprar aviões (depois de passar a vida inteira com medo de voar) fez dele o proprietário de uma frota de quatro aviões a jato. A disposição de instalar seus camaradas em casas novas, impulso que se estendeu a Linda Thompson, que além de ganhar uma casa só para ela, ainda ganhou uma para os pais e outra para o irmão. 

Esse jeito de gastar dinheiro, apenas permitido a um xeque do petróleo, só poderia mesmo deixar Elvis Presley a um passo da pobreza! Mas ele não foi sempre assim. Quando jovem Elvis era tão pão duro quanto seu pai Vernon. Mais tarde, no ínicio dos anos 60, Elvis ficou tão impressionado com textos religiosos do tipo "será muito mais díficil para um homem rico entrar no reino dos céus do que um camelo passar pelo buraco de uma agulha" e praticamente começou a jogar dinheiro fora nos seus anos finais. Considere esses atos de desvario. No 8º aniversário de Lisa Marie em 1976, Elvis estava recebendo em Graceland dois de seus amigos policiais preferidos: o detetive Ron Pietrafeso e o capitão Jerry Kennedy, ambos da polícia de Denver, Colorado. À noitinha, Elvis começou a falar sobre um incrível sanduíche que havia saboreado em um restaurante de Denver. A delícia era feita com pão francês, geléia, pasta de amendoim e bacon e custava 50 dólares, o que era o motivo de seu nome: Fool's Gold (ouro de tolo). Enquanto Elvis falava, um dos caras ficou com água na boca e disse: "Rapaz, como eu gostaria de um desses agora!". Imediatamente uma luzinha piscou na mente de Elvis e ele não vacilou. Qualquer que fosse o desejo que se fizesse no palácio do Rei do Rock, ele seria atendido: "Então vamos lá comer um!" - ordenou Elvis. Num piscar de olhos, 19 pessoas estavam à bordo do Lisa Marie voando para o Colorado. 

Pelo telefone do avião foram encomendados 22 suculentos sanduíches (três para a tripulação), uma caixa de champanhe e uma de água mineral. À 1:40h da madrugada, quando o Lisa Marie aterrissou no aeroporto de Denver, o dono do restaurante levou a comida a bordo e todos degustaram os sanduíches, em seguida o avião decolou de volta a Memphis, a 3000 Km de distância. De acordo com o piloto Milo High, esses 22 sanduíches mais os custos operacionais de colocar a aeronave no ar custaram ao Rei uma quantia superior a 100 mil dólares. O alto custo financeiro desse simples capricho e impulso de Elvis foi gasto em menos de três horas! Conseguir seu quinhão do tesouro real tornou-se um das maiores preocupações na corte do Rei moribundo. Um dos que se deram bem foi o médico particular de Elvis, Dr George Nichopoulos. Primeiro o médico ganhou a tradicional casa nova no valor de 350 mil dólares. Depois o Dr Nichopoulos se juntou a um grupo de médicos para construírem um centro clínico no valor de 5.5 milhões de dólares e de novo ele foi buscar ajuda financeira em seu principal cliente. A grana não era muito importante para os caras da máfia de Memphis no começo. Elvis nunca pagava um salário de verdade, mas isso realmente não importava quando se era jovem, solteiro, despreocupado e se ficava circulando com o chefe em carros luxuosos e curtindo uma festa todas as noites, onde havia pelo menos dez garotas para cada um deles. 

Mas, quando os caras se casaram e tiveram filhos, as coisas mudaram e os salários passaram dos ridículos 35 dólares mensais em 1960 para 170 dólares semanais em 1970 e em 1976, 350 dólares por semana. Dessa forma Elvis estava desembolsando pessoalmente, todos os meses, cerca de 30 mil dólares apenas para manter sua guarda pessoal, sua entourage. Mas mesmo assim isso ainda era muito pouco para um serviço de dedicação exclusiva e que envolvia até mesmo risco de vida. Tá legal, de vez em quando Elvis jogava um carro luxuoso na mão de cada um deles, mas os caras eram obrigados a vendê-los porque, com o salário que ganhavam, não era possível sustentar um Cadillac ou uma Mercedes. E se algum deles caísse mesmo na graça do chefe poderia conseguir uma casa nova ou então todas as suas contas pagas. Existiam ainda as gratificações natalinas e um abono no final de cada excursão, mas os valores deles dependiam muito de quem os determinavam: se fosse Elvis, cada um dos caras recebia uns 5 mil dólares, mas se fosse Vernon (que odiava os caras da máfia) cada um ganharia apenas um salário semanal e olhe lá. 

Um dos grandes problemas dos caras era o desgaste de seus casamentos. Nenhum escapou do divórcio. Todas as esposas sabiam muito bem que, durante as excursões, seus maridos aprontavam o diabo. "Esposas não vão nas excursões", essa lei imposta por Elvis admitia apenas uma interpretação: Elvis ainda levava uma vida de solteiro mulherengo e os caras tinham que fazer o mesmo. As esposas odiavam esse esquema e o homem que o criou: Elvis Presley. E os caras ficavam entre dois fogos, como um cabo de guerra entre seu patrão e suas esposas. Também o que mais poderia se esperar? As esposas dos caras da máfia de Memphis eram todas ex showgirls, bailarinas e atrizes, e é claro que não eram do tipo que ficavam sentadas em casa, escutando todos aqueles boatos sobre as farras orgiásticas que seus maridos se metiam junto com Elvis Presley.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

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