quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 114

Elvis Country
Data: 1971 / Fonte: site EPHP (Pablo Aluísio) / Texto: Victor Alves e Pablo Aluísio / Photo: FTCD. 

Elvis Country - "Ele não vai durar". Essa foi uma frase dita por um Zé Ninguém invejoso em 1956 e dirigida na época para um tal de Elvis Presley, mais uma moda passageira. Bom, se esse cara estava vivo em 1970, certamente mordeu a língua, pois 14 anos depois Elvis Presley continuava fazendo sucesso e sendo um dos melhores e mais badalados artistas do mundo. Seu especial na NBC em 1968 foi uma marco e o maior ato de regeneração de uma carreira já visto. Procedido dele veio as sessões de gravação de Memphis em 1969, que entre outras pérolas gerou 4 hits seguidos, incluindo "Suspicious Minds", que alcançou o primeiro lugar, e é considerada por muitos como a melhor música da carreira de Elvis. Como se já não bastasse Elvis Presley bateu ainda todos os recordes em Las Vegas, a cidade mais difícil de ser conquistada por um artista. 

Esse fato ocorreu em agosto de 1969, com uma série de 57 apresentações, que mostraram um Elvis tão bom quanto em 1956, e quem sabe talvez até melhor, pois era um astro com mais maturidade. Mas isso não era tudo, pois Elvis iria ainda ter novos êxitos de bilheteria nos shows da temporada seguinte nessa mesma cidade em janeiro de 1970. E como se isso tudo não bastasse ele ainda iria realizar uma série de seis grandes concertos no Houston Astrodome. Pela segunda vez em sua carreira "Elvis Was Back!" (Elvis estava de volta!). Foi nesse espírito de renovação que Elvis entrou em estúdio em junho de 1970 para cumprir seus compromissos com a gravadora RCA Victor. De sua banda de shows só o guitarrista James Burton estava presente. Isso não tira a qualidade desse grupo que tocou com Elvis pois os outros membros da banda eram músicos experientes de estúdio, que não ficavam em nada a dever à TCB Band. 

Jerry Carrigan, Nobert Putman, David Brigs, Charlie Mc Coy eram alguns dos feras que participaram das gravações desse disco, que meses depois seria batizado de "Elvis Country". Eles eram músicos jovens de Nashville, que também iriam marcar presença nas sessões do ano seguinte, na mesma cidade. Durante esses dias os músicos foram extremamente produtivos pois em poucos dias Elvis e banda conseguiram gravar um número fantástico de novas canções; para se ter uma idéia no total foram registradas mais de 34 músicas!! Foi tanta música que, mesmo dois anos depois das gravações, no LP "Elvis Now", ainda se podia encontrar algumas delas vendo à luz do dia pela primeira vez. No total essas canções ficaram espalhadas em três álbuns, a saber: "That´s The Way It Is", "Love Letters From Elvis" e "Elvis Country", sendo esse não só o melhor álbum de estúdio de Elvis da década de 70, como também o que se deu melhor nas paradas, alcançando 12º lugar nos Estados Unidos e 6º na Inglaterra. 

A capa, contendo a primeira foto de Elvis, ainda criança, e a idéia de juntar todas as faixas com segmentos de "I Was Born About Ten Thousand Years Ago" fizeram esse álbum soar bem diferente dos demais de sua carreira. Mas tudo isso aconteceu de forma natural pois Elvis não entrou em estúdio para gravar um álbum country. As músicas simplesmente foram sendo gravadas, sem nenhum álbum temático em mente ou projeto pré determinado. Quem escuta os "Alternate Takes" dessas sessões pode inclusive notar o clima de improviso. Aqui está um breve comentário sobre as músicas desse disco, que acabou se tornando um dos mais importantes da carreira de Elvis Presley: 

Snowbird (G. Mac Lellan) - O disco começa com uma música que curiosamente não foi gravada nas sessões de junho de 1970, mas sim nas de setembro desse mesmo ano. Essa belíssima música, que ganhou algumas versões ao vivo em 1971, estava nas paradas na voz da cantora canadense Anne Murray, quando Elvis a gravou. De melodia leve e com uma letra super bonita. Vide os versos: "Então pássaro da neve me leve com você para onde for / Para as terras de brisas gentis / Onde as águas pacíficas correm". O destaque dessa música é a guitarra que não é executada por James Burton, que sequer participou das sessões de setembro e sim de outro músico talentoso, Chip Young. 

Tomorrow Never Comes (E. Tubb / J. Bond) - Caso raro em que o arranjo de orquestra fica bem em uma música de Elvis. Ela foi gravada originalmente em 1944 por Ernest Tubb (que na época era promovido pelo Coronel Tom Parker). Elvis estava com ótima voz nessas sessões e isso fica evidente nessa música. Essa maturidade vocal só foi adquirida ao longo dos anos, provavelmente Elvis não teria sucesso se a gravasse nos anos 50, por exemplo. Sua introdução é parecidíssima com a da música "Running Scared" de Roy Orbison. Elvis a cantou em um ensaio em julho de 1970, mas a master ainda é a melhor versão. 

Little Cabin On The Hill (L. Flatt / Bill Monroe) - O autor dessa música também escreveu uma das primeiros canções do rei na época da Sun Records: Blue Moon Of Kentucky. E como a anterior essa também data da década de 40. Talvez a música mais country do álbum inteiro com um ótimo trabalho de gaita por parte de Charlie Mc Coy. Tem um take mais longo disponível no CD "Essential Elvis vol 4". The Fool (N. Ford) - Uma das melhores músicas do disco, essa música de letra "auto crítica irônica", devia estar na cabeça de Elvis já há um bom tempo, visto que ele a praticou bastante na Alemanha em 1959, só que usando piano na introdução ao invés dos riffs de James Burton, que ficaram bem melhores. Não acho ela muito country, está mais para pop blues. Destaque novamente para a gaita de Charlie McCoy. 

Whole Lot-ta Shakin' Goin' On (D. Williams / S. Davis) - Não sei como essa música veio parar nesse álbum, pois de country ela não tem absolutamente nada. É sim, um dos melhores rocks que eu já ouvi na voz de Elvis! Coloca a versão de Jerry Lee Lewis no chinelo, sem dúvida. Isso graças a banda que detona com os vocais furiosos de Elvis berrando nos minutos finais da música - Claro, tudo para compensar a falta de letra. Para quem não entendeu o título de 5 palavras traduz uma só ideia: sexo. Não chega a ser uma daquelas músicas de Elvis como "Baby Let´s Play House" ou "Let Yourself Go" onde a proposta sexual é bem mais explícita, mas a malícia está lá. Uma versão mais longa se encontra no "Essential Elvis vol 4". Essa música fez parte do "Aloha From Hawaii", num medley com "Long Tall Sally". Também foi executada ao vivo em vários outros medleys até 1974. Já havia sido gravada por Elvis em shows em agosto do mesmo ano, em Las Vegas.

Textos publicados no site EPHP
Compilação: Pablo Aluísio. 

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