Esse álbum duplo "Aloha From Hawaii" foi importante para Elvis por diversos motivos. Comercialmente foi o último LP de sua carreira a chegar ao topo da Billboard Hot 100. Por uma semana foi o disco mais vendido dos Estados Unidos. Também foi relevante por causa do próprio evento em si, colocando Elvis cantando numa transmissão ao vivo para vários países do mundo. Hoje em dia as transmissões ao vivo são banais, vide os grandes jogos de futebol e demais eventos esportivos. Já em 1973 isso era algo reservado para grandes momentos da TV, como a chegada do homem à Lua.
Em termos artísticos o disco também foi muito bem sucedido. Como se tratava de um concerto ao vivo importante, Elvis procurou dar o melhor de si, se empenhando na performance. Certas músicas tiveram a concentração própria de uma gravação de estúdio. Elvis que vinha sendo criticado pelo excesso de brincadeiras em Las Vegas adotou uma postura mais condizente com a importância do concerto. Em "My Way" ele demonstrou bem isso. Embora essa música seja mais associada a Frank Sinatra, que gravou a primeira versão em língua inglesa com grande sucesso, o fato é que Elvis se empenhou bastante em cantá-la corretamente, com cuidado na letra, de complicada memorização. O curioso é que Sinatra não queria gravar a música, pois tinha certos problemas pessoais com Paul Anka. Só depois de muita insistência é que topou fazer a gravação. Nancy Sinatra depois diria que era praticamente um auto retrato de seu pai. O mesmo poderia ser dito de Elvis. A letra igualmente se encaixava em sua trajetória de vida.
Com Elvis a música também ganhou grandiosidade. Por essa época ele queria ter acima de tudo o reconhecimento como grande cantor e grande artista. Por anos ele fora colocado para gravar um material de pouca qualidade, em especial suas trilhas sonoras Made in Hollywood. Depois que o advento dos filmes acabou, quando ele finalmente se viu livre dos contratos com os estúdios de cinema, ela finalmente conseguiu gravar material de qualidade novamente, músicas em que acreditava. Embora "My Way" tenha sido um marco para Sinatra, Elvis não se sentiu constrangido em gravar sua versão. Ele queria também demonstrar o que poderia fazer com a música. Para a RCA Victor a inclusão de "My Way" no disco foi excelente. Era a primeira vez que a música na voz de Elvis chegava ao mercado, era inédita em sua discografia. Algo que certamente iria ajudar na promoção do disco como um todo. Aliás é interessante notar que a RCA sempre sugeria novas músicas a ser adicionadas no repertório de seus discos ao vivo. Só assim o colecionador de discos de Elvis se sentia mais encorajado para comprar o LP. Uma jogada de marketing que se revelou certeira.
1. Also Sprach Zarathustra (Strauss) - foi uma boa ideia colocar "Also Sprach Zarathustra" de Richard Strauss como tema de abertura dos shows de Elvis nos anos 70. Ficou grandioso, épico e impactante. Quando Elvis voltou a se apresentar ao vivo foi composta uma pequena introdução orquestral para sua entrada no palco. Esse tema pode ser ouvido em discos gravados em 1969, no International Hotel. Embora breve, esse arranjo de entrada era bem produzido. Só que parecia ainda não digno da altura de um artista como Elvis. Apenas Strauss poderia estar em um nível acima. Muitos criticam, porque afinal a canção teria sido tema do clássico de ficção "2001 - Uma Odisseia no Espaço" do mestre Stanley Kubrick. Não estaria associada diretamente a Elvis. Penso de outra forma, acho que ficou muito bem encaixada. Ideal para o shows do cantor.
2. See See Rider (Arr. Elvis Presley) - Já "See See Rider" não era mais nenhuma novidade para os colecionadores de seus LPs. A música já tinha sido lançada antes no bom álbum "On Stage - February 1970". Assim era já naquela época destituída de maior interesse pelos fãs que compravam seus discos. No selo do vinil original a música foi novamente creditada a Elvis, ou pelo menos seu arranjo. Como já sabemos essa é uma música bem antiga, feita antes do nascimento de Elvis por autores cujos nomes se perderam no tempo. Mesmo assim a RCA Victor decidiu valorizar um pouco o trabalho de Elvis na elaboração de seu arranjo para o palco, o creditando como autor. Valeu pela boa intenção e reconhecimento.
3. Burning Love (Dennis Linde) - Pode parecer absurdo, mas para quem era fã de Elvis Presley no Brasil durante a década de 1970, a oportunidade de ter o grande sucesso "Burning Love" em sua coleção era mesmo comprando o duplo "Aloha From Hawaii". Acontece que o single original foi mal lançado em nosso país, saindo logo de circulação do mercado. Com isso o fã brasileiro ouvia bastante "Burning Love" nas rádios, pois a música fez muito sucesso por aqui também, porém tinha muitas dificuldades em ter a canção em sua coleção de discos. Não se encontrava para comprar nas lojas, em lugar nenhum. Ecos de um tempo sem internet, sem nada, onde todos os fãs ficavam à mercê da boa vontade da filial da RCA em nosso país. Eu considero uma das melhores canções de Elvis em sua fase final de carreira. Tinha uma boa vibração de pop rock, não era country music (logo tinha apelo geral entre o público) e tampouco era uma baladona romântica. "Burning Love" vendeu muito porque de certa maneira trazia o bom e velho Elvis roqueiro de volta. Sua voz também estava muito parecida com a dos primeiros discos, ainda lá nos anos 50, quando ele se tornou o cantor número 1 do mundo. Era também um sinal de que o público queria que Elvis voltasse para um repertório mais alegre, mais para cima, mais vibrante. O bom cantor de baladas românticas sempre era apreciado, porém o Elvis rocker também fazia falta.
4. Something (George Harrison) - Sempre considerei o som do disco original (vinil americano de 1973) muito abafado. Depois pensei que poderia ser um problema de prensagem da época. As edições posteriores do álbum, tanto em vinil como em CD, porém confirmaram as minhas suspeitas de que na verdade a gravação original é que apresentou falhas. Acredito que a acústica do lugar onde o concerto foi realizado não contribuiu para uma sonoridade melhor. Também pode ter sido algo relacionado ao equipamento de gravação da RCA Victor. De uma forma ou outra o problema se ouve em todas as faixas, mas fica ainda mais evidente em "Something" de George Harrison. A canção, como todos sabemos, foi lançada no disco "Abbey Road" dos Beatles em 1969. A interpretação de Elvis é boa, mas poderia ter sido mais realçada se o arranjo fosse mais simples, sem tantos exageros, principalmente nos metais. O ponto positivo é que a performance por parte de Elvis demonstrava bem que ele gostava bastante do som dos Beatles, não prosperando aquela velha lenda de que ele tinha uma rixa pessoal com o quarteto inglês.
5. You Gave Me A Mountain (Marty Robbins) - Música que Elvis cantava com bastante emoção. A letra conta a estória de uma garotinha que é abandonada pela mãe e vai morar com seu pai. Lógico que Elvis estava se identificando com a canção, pois estava se divorciando de Priscilla na época. Uma vez, em Las Vegas, Elvis dedicou esta bela melodia à sua filha, Lisa Marie. Sobre o especial a revista Rolling Stone escreveu: "Elvis continua sendo o reflexo da cultura popular americana do mesmo modo que era há quinze anos atrás. Por um lado é rude, excessivo, vaidoso, narcisista e violento, mas por outro é incrivelmente competente, profissional, despretensioso, estimulante, visceral e talentoso, da maneira mais natural e pessoal que se possa imaginar. Hoje em dia Elvis é um artista completamente diferente do que foi há quinze anos, mas na minha opinião, apesar dos erros que possam ter sido cometidos em sua carreira, ele continua sendo um grande astro. Na realidade, um artista tipicamente americano e um dos que mais deveriam orgulhar o povo deste país".
6. Steamroller Blues (James Taylor) - "Steamroller Blues" de James Taylor também era novidade na discografia de Elvis na época de lançamento original desse álbum. Elvis nunca havia gravado a canção em estúdio antes e por isso quem colecionava seus discos não a conhecia ainda na voz do cantor. Foi colocada na lista de músicas do especial quase na hora final, pois Elvis não havia dito a ninguém da banda que estava disposto a cantá-la. A versão ao vivo ficou muito boa, porém ainda penso que um arranjo mais simples para esse blues contemporâneo iria melhorar ainda mais o que já era bom. Esse arranjo exagerado de metais sempre me incomodou.
7. My Way (Claude François / J. Revaux / P. Anka) - Esta sem dúvida pode ser incluída entre as cinco melhores músicas que Elvis interpretou em sua vida. O Título original desta canção Francesa é "Comme D'Habitut" e foi lançada pela primeira vez pelo autor, Claude François, em 1967, na França, pelo selo Barclay. Em 1968, Frank Sinatra lançou sua versão em língua Inglesa, adaptada por Paul Anka, que acabou conquistando o mundo. Esta versão é a primeira que aparece na discografia de Elvis. Em 1977 ela seria lançada num single de enorme sucesso, com "America" no lado B.
8. Love me (Claude François / J. Revaux / P. Anka) - "Love Me", por outro lado, era figurinha fácil para os fãs. Um dos destaques do segundo álbum do cantor na RCA Victor, era uma das preferidas de todos os tempos por parte de Elvis. O vocal bem country de Nashville parecia exercer uma fascinação em Elvis, pois o lembrava dos antigos cantores de country and western de sua infância e juventude em Memphis. O tempo foi saturando um pouco a música, mas sua beleza original conseguia resistir a tudo, até mesmo ao uso excessivo dela nas turnês do astro. Além disso qualquer composição da dupla Jerry Leiber e Mike Stoller era muito bem-vinda em seus LPs dos anos 70. Era um retorno nostálgico aos anos de ouro de Elvis.
9. Johnny B. Goode (Chuck Berry) - O Riff mais conhecido da história do Rock. Aqui, James Burton dá o tom da nova era na carreira de Elvis Presley. Um dos mais adorados e conhecidos hinos da nação roqueira ganha sua versão na voz do Rei. Elvis, por sua vez, não deixa por menos e protagoniza uma das melhores versões para a histórica canção de Chuck Berry. O próprio Berry já dizia: "Tudo o que eu preciso para fazer uma música de Rock é um cara, uma garota e um cadillac". Definitivo, nas palavras do mais outsider de todos os grandes nomes do surgimento do Rock.
10. It's Over (Roy Orbinson / G. Dees) - Outra música inédita dentro da discografia de Elvis em 1973 era essa "It's Over" de autoria da dupla Roy Orbison e Joe Melson, Interessante é que seria uma boa canção para ser gravada em estúdio, contando com todo aquele arranjo de metais bem típico de Felton Jarvis. Elvis porém não se deu ao trabalho, priorizando a execução da canção ao vivo mesmo. Esse tipo de música servia muito bem aos propósitos de Elvis em mostrar toda a potência de sua voz. Nos anos 70 ele inegavelmente procurou por esse tipo de canção, que tivesse um certo tipo de apoteose final. Era bem o momento propício para ele soltar seu vozeirão a plenos pulmões.
11. Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - Elvis continuou nessa levada de não levar à sério nenhum de seus grandes sucessos do passado, mesmo no "Aloha From Hawaii". A versão de "Blue Suede Shoes" de Carl Perkins que ouvimos aqui é bem fraca. Aliás nunca ouvi uma boa versão desse clássico do rock dos anos 50 ser bem executada por ele nos anos 70. Talvez a última vez que Elvis a tenha cantado bem tenha sido em Las Vegas em 1969. Ali, na temporada do retorno de Elvis aos palcos depois de muitos anos, ouvimos versões de verdade da música, onde o cantor procurava dar o melhor de si, resgatando seu legado e o título de Rei do Rock. Depois da virada dos anos 70 Elvis continuou a cantá-la, mas em versões cada vez piores, preguiçosas, desleixadas.
12. I'm so Lonesome I Could Cry (Hank Williams) - Na década de 1970 Elvis foi se voltando mesmo para o country. Seus álbuns ficaram cheios de country music e no palco ele procurou também resgatar essa música mais regional do sul dos Estados Unidos. Nesse álbum do Aloha Elvis trouxe uma novidade ao repertório, o clássico de Hank Williams, a bonita "I'm So Lonesome I Could Cry". Era a primeira vez que a canção aparecia em um disco do cantor. Ele nunca a havia gravado em estúdio antes. É uma bela aquisição so repertório do disco, o valorizando bastante, principalmente para os colecionadores da época que estavam sempre em busca de novidades na voz de Elvis. A versão original foi gravada em 1949, ou seja, era uma música nostálgica para Elvis, dos tempos em que ele menino ficava ouvindo rádio ao lado da mãe na varanda de sua pequena casa. Elvis a canta respeitosamente, concentrado. Uma bela homenagem a Hank Williams, ícone da country musica, falecido prematuramente.
13. I Can't Stop Loving You (Gibson) - Nas mesma linha mais country havia ainda "I Can't Stop Loving You", composição de Don Gibson. Elvis tinha encontrado essa canção por volta de 1969 quando decidiu que ela iria fazer parte de seus primeiros shows em Las Vegas. Depois disso nunca mais deixou de cantá-la ao vivo. Algumas vezes a música sumia de seus concertos, mas logo depois voltava com força total. É fácil entender porque Elvis de certa maneira se apegou a ela. Com uso excessivo de refrão, era uma boa oportunidade de sacudir o público, ainda mais no sul dos Estados Unidos. Além disso sua letra era de fácil memorização. Não é segredo para ninguém que em determinado momento Elvis começou a ter problemas de memorizar certas letras. Esse aqui porém era ideal para o palco. Quase à prova de falhas.
14. Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Já a versão de "Hound Dog" do Aloha é melhor esquecer. Apenas um bilhete, um pequeno lembrete de seus anos gloriosos como roqueiro nos anos 50. Nada memorável, executada com uma certa preguiça por parte de Elvis. A imortal criação da dupla Jerry Leiber e Mike Stoller merecia um melhor tratamento. É curioso porque na primeira temporada de Elvis em Las Vegas ele apresentou uma versão arrasadora ao vivo, só que depois inexplicavelmente a deixou de lado, só trazendo a canção para os palcos em versões fracas como essa. O que aconteceu?
15. What Now My Love (Et Maintenant) - "What Now My Love" era uma versão em língua inglesa de uma música francesa composta por Gilbert Bécaud. Elvis já vinha cantando a canção desde a temporada anterior em Las Vegas, no ano de 1972. Ele adicionou a música como uma forma de renovar um pouco seu repertório, afinal ficar cantando sempre as mesmas músicas pode ser desgastante para qualquer cantor. Novidades sempre são bem-vindas. Que o diga os fãs de Elvis nos anos 70. Para os colecionadores de seus discos essa faixa era uma completa novidade. Uma inédita para ajudar nas vendas.
16. Fever (J.Davenport / E.Cooley) - E por falar em voltar aos bons anos do rock ´n´ roll, muita gente se surpreendeu pelo fato de Elvis ter trazido para esse seu show no Havaí a canção "Fever". Um blues bem sensual, de 1960, do repertório do aclamado álbum "Elvis is Back!", o primeiro depois de seu retorno aos Estados Unidos, após cumprir seu serviço militar na Alemanha ocupada por tropas americanas. A versão de estúdio obviamente seguia imbatível, uma gravação isenta de falhas, tecnicamente perfeita. Nessa versão ao vivo que ouvimos aqui no "Aloha" tudo segue também corretamente bem. Apenas, se eu fosse criticar algo, seria a pesada orquestração, o arranjo de metais, que para falar a verdade não combinou muito bem com a proposta da canção em si. Mesmo assim passa pelo crivo. É um bom momento do show.
17. Welcome to My World (Winkler / Hatchcock) - Outra inédita era "Welcome to My World", bela melodia composta pela dupla John Hathcock e Ray Winkler. Essa faixa (essa mesma versão) acabou sendo utilizada novamente pela RCA Victor alguns anos depois no álbum de mesmo nome. Apenas capricharam numa nova capa (um belo desenho de Elvis) e intitularam o álbum de "Welcome to My World", alcançando um bom resultado comercial. Era uma coletânea, mas disfarçada, para atrair os menos avisados. Essa canção havia sido lançada originalmente em 1962, sendo gravada por diversos cantores ao longo dos anos. A versão que mais fez sucesso foi a de Jim Reeves. A versão de Elvis foi um pouco tardia, mas ainda conveniente e bem-vinda. No geral Elvis apenas pegava carona no sucesso da canção.
18. Suspicious Minds (Mark James) - O grande sucesso de 1969, "Suspicious Minds", também não poderia faltar. Composta por Mark James, foi a primeira música de Elvis a chegar ao primeiro lugar da Billboard após anos afastado do topo das paradas musicais. Uma forma de revitalizar seu estilo, mudar, ir por novos caminhos. Era uma faixa com o qual Elvis não se identificava muito pessoalmente, mas que era mais do que apreciada, principalmente por mostrar ao mercado que ele ainda estava no jogo, após seus anos de isolamento em Hollywood, onde praticamente só cantava nas trilhas sonoras, sem ser competitivo com outros grandes nomes da época, como os Beatles.
19. I'll Remember You (kui Lee) - "I'll Remember You" era outra novidade. Composta por Kui Lee, tinha tudo a ver com o caráter filantrópico do evento, que visava arrecadar fundos para um hospital especializado em câncer nas ilhas havaianas. Para fortalecer isso o próprio Elvis havia feito sua doação, para incentivar o seu público a fazer o mesmo. Esse aspecto sempre foi muito forte em sua personalidade e ele agora trazia esse ato de caridade cristã para sua carreira também, dando o exemplo, impulsionando as doações cada vez mais. Afinal esse era o principal objetivo do concerto realizado no Havaí.
20. Long Tall Sally (Johnson) / Whole Lotta Shakin Goin On (Williams / David) - E para lembrar a todos que ali no palco estava um dos principais responsáveis pela popularização e surgimento do rock, ainda nos anos 50, Elvis e banda encaixavam um medley muito significativo nesse aspecto. "Long Tall Sally" / "Whole Lotta Shakin' Goin' On" unia dois clássicos do rock em sua primeira fase. A primeira música havia sido gravada por Elvis em seu segundo disco na RCA, mas tinha se tornado célebre mesmo na voz do estridente (no bom sentido) Little Richard. Ele havia abandonado a carreira de rockstar para se dedicar a uma vida religiosa, se tornando pastor, e tinha grande gratidão em relação a Elvis por ter gravado uma de suas mais populares criações. A segunda canção tinha sido sucesso na voz do "The Killer", também conhecido como Jerry Lee Lewis. Ele havia destruído sua carreira bem no começo quando casou com uma prima menor de idade, com apenas 14 anos. Isso causou escândalo, levando seu piano incendiário para o fundo do poço do esquecimento e do ostracismo.
21. American Trilogy (Adaptado por Mickey Newbury) - Eu sempre vou identificar esse álbum com a música "An American Trilogy". Na verdade um medley triplo criado por Mickey Newbury que tencionava revitalizar músicas históricas, algumas provenientes de cultos religiosos, outras que foram populares nos campos de batalha, durante a guerra civil dos Estados Unidos. Elvis, patriota como era e um homem muito religioso, procurava assim por uma identidade musical em seus concertos realizados durante os anos 70. Como era de complexa execução, essa canção acabou sendo vital para mostrar e identificar os melhores shows de Elvis nesse período de sua carreira. Quando Elvis estava bem, costumava dar tudo de si nela, quando estava mal, isso se refletia como nunca no palco. O interessante é que era mesmo uma música de show, sendo que Elvis não teve a preocupação de gravar uma versão de estúdio para ser lançada em seus álbuns. Parecia que ela funcionava muito melhor com o calor do público, dando resposta ao cantor ali, na hora, ao vivo.
22. A Big Hunk O'Love (Schroeder / Wyche) - Bem, não poderia deixar de registrar também que nunca gostei da versão que Elvis apresentou de "A Big Hunk O' Love" nesse concerto. Acredito que os arranjos excessivos de metais a descaracterizaram demais. Um rock da primeira fase da carreira de Elvis, deveria ter sido mais fiel aos arranjos originais. Nada de trombetas ou trombones. Não deu certo! Curioso que Felton Jarvis sempre foi criticado por isso, por pesar demais a mão em certos arranjos. Aqui ele poderia ter maneirado mais, deixando a orquestra de lado, incentivando mais os instrumentos mais típicos do rock dos anos 50, a saber, violão, guitarra, baixo e bateria. Nada mais era preciso. O produtor definitivamente errou!
23. Can't Help Falling in Love (Peretti / Creatore / Weiss) - Por fim, finalizando a análise, temos que aqui tecer alguns comentários sobre "Can't Help Falling in Love". A coisa toda aconteceu meio ao acaso. De repente a música romântica do filme "Feitiço Havaiano" acabou se tornando a nota final de todos os seus shows. Funcionava bem, era uma despedida de Elvis que deixava o público querendo mais. Só penso que Jarvis novamente deveria ter trazido mais da trilha sonora original. Eu sempre gostei muito dos arranjos originais do disco de 1961. Tudo soava quase como uma canção de ninar, por mais terno que isso possa parecer. Teria ficado muito bonito em seus concertos, não tenho dúvidas sobre isso.
Elvis Presley - Aloha From Hawaii (1973): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / John Wilknson (guitarra) / Charlie Hodge (violão e vocais) / Jerry Scheff (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Glen Hardin (piano) / J.D.Summer and the Stamps (vocais) / The Sweet Inspirations (vocais) / Kathy Westmoreland (vocais) / Joe Guercio Orquestra / Produzido por Marty Pasetta, Elvis Presley e Joan Deary / Arranjado por Felton Jarvis e Elvis Presley / Gravado ao vivo no H.I.C. Arena, Honolulu, Hawaii, no dia 14 de janeiro de 1973 / Data de Lançamento: fevereiro de 1973 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #11 (UK).
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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