Mais um single sem novidades. Lançado em novembro de 1964 dentro da série Gold Standard 45 RPM era mais uma tentativa da RCA Victor em faturar algum lucro em cima de gravações já devidamente lançadas anteriormente. Obviamente "Blue Christmas" estava lá para capitalizar nas lojas durante as festas natalinas. Essa canção, como todos sabemos, fez parte do belo álbum "Elvis Christmas Album" ainda nos anos 50. Curiosamente a música conseguiu se destacar dentro das rádios das forças armadas americanas. Achou isso estranho? No documentário "Querida América: Cartas do Vietnã" entendemos bem isso. Imagine-se no front, em pleno Vietnã, na noite de natal, e de repente surge Elvis cantando "Blue Christmas" no pequeno rádio de pilha que você mantém em sua trincheira! Nesse documentário vemos justamente essa realidade. Os soldados americanos, servindo naquele distante e miserável país asiático, lutando uma guerra que não conseguiam entender e tendo que passar o natal dentro daquele lamaçal, só tinham a beleza das melodias que tocavam nas estações de rádios militares para segurarem a dureza daquela situação. A música era uma das poucas formas de conforto que aqueles combatentes tinham para aguentar as saudades e as agruras do front de batalha.
No lado B o single trazia a figurinha carimbada "Wooden Heart" do filme "Saudades de um Pracinha" (G.I. Blues, 1960). Essa música, provavelmente a única desse filme que realmente criou um vínculo emocional com o grande público, seria muitas vezes relançada dentro da carreira de Elvis, principalmente na Alemanha onde virou um dos grandes sucessos de Presley naquele país (uma espécie de "Kiss Me Quick" da Bavária). Especulando, seria uma das canções inevitáveis para Elvis caso ele fizesse alguma turnê naquele país. Simpática, com bela melodia e uma letra meramente bonitinha mas terna e uma cena muito ternura no filme, não é de se admirar que tenha cativado tantas pessoas ao longo do tempo. Por falar nela a RCA Victor na contracapa desse single cometeu um terror estético ao colocar literalmente uma imagem de um coração feito de madeira, misturado com bonecos de neve natalinos, ou seja, um atentado kitsch para qualquer pessoa de bom gosto. Era uma tentativa de trazer alguma personalidade própria a um produto que não passava de uma colcha de retalhos oportunista. Enfim, coisas de uma gravadora desesperada por ter um dos maiores nomes da música sob contrato que não conseguia mais trazer tanto lucro como antigamente.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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