Outro single lançado em 1966 foi esse compacto gospel com duas músicas extraídas do disco "His Hand in Mine". Certamente são boas canções, diria até mesmo ótimas, gravadas em um momento na carreira de Elvis, em 1960, onde tudo parecia correr muito bem, ou seja, o extremo oposto do que Presley vinha passando seis anos depois. O curioso é que por essa época o cantor começava a afundar de cabeça em suas leituras espirituais, deixando sua carreira completamente de lado. A postura de Elvis nesses tempos era pragmática: a gravadora marcava a sessão de gravação, ele ia até lá e gravava o que lhe era pedido. Simples assim, nem mais, nem menos do que isso. Se as músicas eram boas ou ruins não cabia a Elvis opinar (pelo menos em sua estreita visão do que estava acontecendo ao seu redor). Assim Elvis fazia o que a RCA lhe ordenava, recebia seu pagamento e voltava para suas leituras esotéricas. Afinal de contas ele tinha um padrão de vida excelente, não se preocuparia tanto em escolher as músicas, suas pílulas estavam sempre à mão e Priscilla o apoiava, não importando o que fizesse.
Embora procurasse sempre por um avanço espiritual o fato era que aos poucos Elvis foi novamente caindo na real. Ele havia adotado uma postura de passividade em relação ao material de seus discos desde que voltara para Hollywood, mas devagar foi percebendo que os álbuns não conseguiam mais fazer sucesso e nem se destacar nas paradas. Os Beatles estavam dominando, havia uma nova revolução no rock e ele estava por fora de tudo isso. Leitor das publicações de música Elvis havia se acostumado a ver suas trilhas sonoras sempre entre as dez mais vendidas e quando isso não mais aconteceu começou a se aborrecer de verdade. Ele sabia que as canções não prestavam, tinha plena consciência disso e começou a implodir quando viu seu nome associado a tanta coisa medíocre. Quando também tomou consciência do relançamento da RCA Victor de antigas músicas religiosas como essas, teve a (finalmente) excelente ideia de gravar um álbum novo apenas com música gospel. Afinal de contas se havia dado tão certo com "His Hand in Mine" por que não repetir a dose? Uma coisa era certa, seria um material bem mais relevante do que seu últimos discos, com todas aquelas canções Made in Hollywood sem valor artístico algum.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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