Embora o single "Love Letters / Come What May" tenha deixado os fãs de Elvis cheios de esperanças o fato era que o cantor ainda estava preso aos inúmeros contratos que assinou no começo dos anos 60 e isso significava que pelo menos em curto prazo ele não deixaria os filmes em Hollywood. Assim não tardou a pintar nas lojas de discos o single "Spinout / All That I Am". Mais músicas de filmes. Mais um trilha sonora que estava por vir. Era algo que não estava nas expectativas de ninguém. Os fãs queriam basicamente que Elvis voltasse a gravar álbuns convencionais, realizar shows e deixar os filmes ruins feitos na costa oeste de lado. Afinal de contas depois de coisas como "Paradise Hawaiian Style" a paciência estava chegando ao fim. O curioso é que o Coronel Parker nesse mesmo tempo estava atarefado criando uma campanha para celebrar os "Dez Anos de Elvis Presley em Hollywood", sem entender que nos fãs clubes todo mundo já estava farto de trilhas sonoras e filmes ruins. Em outras palavras, Coronel estava preparando um aniversário que ninguém queria celebrar.
As duas canções já traziam uma ideia do que seria encontrado na trilha sonora. "Spinout" do Lado A seria a canção título do novo filme. Uma gravação com uma sonoridade um pouco diferente, valorizando os efeitos de percussão. A letra era novamente muito boba e não havia nenhum potencial para transformar aquela música em um hit nas paradas. Além disso ela não tinha uma boa qualidade técnica de gravação, com os vocais de Elvis muito à frente de sua banda, o que dava a impressão que tudo havia sido gravado separadamente. Na realidade era uma velha manobra de Tom Parker que tinha chegado na conclusão que os discos de Elvis estavam mal sonorizados, com os vocais de Elvis sendo abafados por seu grupo. Presley não pensava dessa forma, mas Parker passou por cima de sua opinião e resolveu mexer nas gravações por conta própria. Telefonou para a RCA e disse que os engenheiros de som fizessem a mudança. No lado B do single foi encaixada a música "All That I Am", que já soava um pouco melhor, com bonito arranjo, fruto do bom trabalho do novo produtor, Felton Jarvis. Os fãs logo notaram que havia algo de novo ali. A decisão de melhorar as gravações partiu do diretor musical George Stoll da MGM, que havia ouvido a última trilha sonora de Elvis e não gostou do que escutou. Assim ele indicou Jarvis para que esse em Nashville desse um bom "banho de loja" nas músicas para que não parecessem tão fracas. Com o tempo o próprio Jarvis iria se tornar o produtor de Elvis em estúdio. Infelizmente mesmo com as mudanças o single foi um tremendo fracasso comercial, não conseguindo se destacar nas vendas, encalhando vergonhosamente nas prateleiras das lojas nas semanas seguintes.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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