quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Persuasão

Título no Brasil: Persuasão
Título Original: Persuasion
Ano de Lançamento: 1995
País: Reino Unido
Estúdio: BBC Films
Direção: Roger Michell
Roteiro: Roger Michell
Elenco: Amanda Root, Ciarán Hinds, Susan Fleetwood, Corin Redgrave, Fiona Shaw, John Woodvine

Sinopse:
A história do filme se passa na Inglaterra do século 19, oito anos depois que Anne Elliot foi persuadida por outros a rejeitar a proposta de casamento do capitão Wentworth. A persuasão segue os dois à medida que eles se reencontram, enquanto personagens coadjuvantes ameaçam interferir em seus sentimentos.

Comentários:
Filme com muita classe e elegância, como convém ao cinema britânico desde sempre. Não fez muito sucesso na época de seu lançamento original porque temos que entender que esse tipo de filme vitoriano atinge mesmo uma pequena parcela do público, principalmente aqui no Brasil. Também não foi dos livros mais lidos da Jane Austin, embora obviamente seja bem conhecido entre seus leitores mais tradicionais. É uma história que no fundo é bem romântica, muito embora a Austin sempre colocasse pitadas de fina ironia e bom humor em todas as suas histórias, mesmo as mais romanticamente efusivas. Um fato curioso é que em 2022 foi lançado uma nova adaptação para o cinema, com uma produção bem melhor. Não é para menos, pois essa fita aqui, embora tenha sido lançado em VHS no Brasil durante os anos 90, foi realmente produzida para ser exibida originalmente no canal BBC de Londres. De qualquer maneira deixo a recomendação sem receios. 

Pablo Aluísio.

American Buffalo

Título no Brasil: American Buffalo 
Título Original: American Buffalo 
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Capitol Films
Direção: Michael Corrente
Roteiro: David Mamet
Elenco: Dustin Hoffman, Dennis Franz, Sean Nelson

Sinopse:
Sentimentos de amargura e traição há muito reprimidos explodem quando dois perdedores do centro da cidade planejam o roubo de uma moeda valiosa em uma loja de segunda mão. A chave para pegar o tal objeto valioso vem das mãos de um garoto negro de periferia que eles vão fazer de tudo para enganar. 

Comentários:
Eu pensei que iria gostar muito mais desse filme por causa dos nomes envolvidos. Tanto sou admirador do trabalho de Dustin Hoffman como ator, como também sempre gostei muito dos textos escritos por David Mamet. Só que dessa vez não deu, eu simplesmente não consegui gostar desse filme. Atribuo isso ao diretor. Veja, o roteiro foi baseado numa peça teatral do Mamet. Quando se faz a transposição desse tipo de texto para o cinema é também necessário um certo trabalho de adequação pois se sai de um palco de teatro, muitas vezes do circuito alternativo, para um filme que será exibido nos cinemas. Outro tipo de linguagem, outro tipo de público. Foi justamente o erro que cometeram aqui, o que lamento profundamente. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 3

Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 3
Fechando o Lado A do vinil temos "The Wonder of You". Esse era o tipo de música que Elvis vinha procurando para apresentar ao vivo, principalmente em palcos como o de Las Vegas, onde esse tipo de exuberância orquestral era praticamente um pré-requisito para qualquer artista se dar bem e ser aclamado por público e crítica. O curioso é que a música em si era antiga, gravada e lançada no final da década de 1950 pelo cantor pop Ray Peterson, justamente na época em que Elvis estava servindo o exército americano numa base na Alemanha. Não há maiores informações sobre se Elvis a teria conhecido na Europa ou na sua volta aos Estados Unidos em 1960, até porque naqueles tempos não havia ainda a facilidade de comunicação e divulgação que temos hoje em dia, mas o fato é que a música conquistou o cantor, tanto que ele pensou em gravá-la durante as sessões no American Studios em Memphis, no ano anterior. A canção chegou inclusive a ser selecionada, o novo arranjo elaborado e até ensaiado pela banda, mas no final passou mesmo em branco. Elvis jamais a gravaria em estúdio. 

O arranjo composto porém não seria desperdiçado. Já nos primeiros ensaios de sua segunda temporada Elvis resolveu inclui-la no repertório, ainda mais agora que a RCA Victor estava em busca de músicas inéditas dentro da discografia de Elvis. O próprio Felton Jarvis diria a Elvis que o "On Stage" seria na verdade um álbum de gravações inéditas, só que nas versões live, ao vivo. Assim com tudo certo a bela faixa foi incluída. Considero essa performance impecável, tanto por parte de Elvis como por parte da TCB Band. É fato que eles sabiam que estavam gravando músicas para o novo LP de Presley e por essa razão foram perfeccionistas na execução da música. Acertaram em cheio. A gravação que foi incluída nesse disco foi a registrada pela RCA em 19 de fevereiro de 1970. Assim que desceu do palco Elvis mandou um recado para seu produtor, para que essa versão fosse a escolhida para o álbum pois ele bem sabia que ela havia ficado simplesmente maravilhosa. Uma das melhores interpretações ao vivo de Elvis em toda a sua carreira.

Virando o vinil, para o Lado B, ouvimos os primeiros acordes de "Polk Salad Annie". Essa canção é uma das mais sui generis da carreira de Elvis. O autor, Tony Joe White, foi criado nas regiões pantanosas da Louisiana e assim escreveu essa letra, meio maliciosa, sobre uma garota pobre do sul, que tinha hábitos alimentares bem regionais. Usando de gírias de sua região natal ele criou esse enredo meio nonsense, algo que no final das contas nunca fez muito sentido ou foi de fácil entendimento para os ouvintes de outras regiões dos Estados Unidos. Por essa mesma razão sua letra soava incompreensível para quem não era do sul. Assim, sempre que Elvis a cantava, usava uma pequena introdução tentando explicar do que se tratava. Na maioria das vezes não adiantava nada, mas o que valia era a boa intenção. Em uma época em que o psicodelismo imperava, com letras que não faziam nenhum sentido, até que Elvis poderia dispensar esse tipo de preciosismo, já que para falar a verdade ninguém estava muito se importando mesmo com a letra da música. 

O que salvava "Polk Salad Annie" era o seu embalo, o ritmo e as coreografias que Elvis apresentava no palco. E por falar em misturas e misturebas, Elvis também resolveu jogar em um mesmo caldeirão movimentos que tinha aprendido com mestres em artes marciais e o estilo dançante da canção, resultando tudo em algo novo. Nesses primeiros concertos Elvis ainda se esmerava em dar o melhor de si, as melhores performances, mas com o passar dos anos a execução de "Polk Salad Annie" foi se tornando mais displicente, quase uma gozação por parte de Elvis nos shows. De uma forma ou outra o que não se pode negar é que a música era ótima para concertos ao vivo! Por outro lado Elvis nunca gravou uma versão oficial com sua banda em estúdio. Era desnecessário. "Polk Salad Annie" afinal era pura festa e diversão.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Closing Night - February 1970

Quem é fã da velha geração sabe que até alguns anos atrás a única oportunidade de se ouvir Elvis ao vivo era através de seus discos oficiais que eram lançados comercialmente no Brasil. Numa época em que não havia internet o fã ficava restrito ao que era disponibilizado pela gravadora nas lojas. Muitas vezes o disco era lançado na época e nunca mais relançado deixando todos os fãs com as mãos abanando. Isso aconteceu com muitos LPs de Elvis. A grande maioria de seus títulos oficiais só foram lançados nos anos 60 e 70 e nunca mais chegaram nas lojas comuns. Esse infelizmente foi o destino de grande parte de seus discos dos anos 70. Para o fã brasileiro da era pré internet a única chance de se chegar a ouvir um disco oficial nessa situação era ter a sorte de encontrá-lo perdido em algum sebo ou então comprá-lo de outro colecionador. Além do preço exorbitante tínhamos de conviver com o mal estado desses discos, fruto natural de anos e anos de uso pelos seus antigos donos. Porém houve honrosas exceções nesse estado de coisas.

Em 1986 a RCA Brasil, em um raro gesto de generosidade, lançou o LP "On Stage - February 1970" nas lojas! Nem é preciso dizer que tal lançamento foi um verdadeiro choque para os fãs brasileiros. Não era todo dia que se conseguia encontrar nas lojas de vinis um LP oficial de Elvis dos anos 70, tinindo de novo. Todos estavam acostumados apenas com a velhas e cansadas coletâneas como "Disco de Ouro" e outros derivativos, sem nada de atraente para o colecionador desse cantor. O evento foi tão marcante que até hoje me lembro da primeira vez que ouvi o On Stage. Foi um marco. Apenas dez músicas gravadas ao vivo em Las Vegas na segunda temporada do astro. Elvis demonstrava grande poder vocal, pleno domínio de palco, ótima interatividade com os fãs e um repertório novo e contagiante. Embora fosse um jovem fã dos anos 80 penso que essa também foi a sensação dos fãs que o ouviram pela primeira vez nos anos 70. Hoje com a popularização da internet e com a proliferação e divulgação sem limites de seus discos, uma sensação como essa que senti nos anos 80 soa banal e fora de contexto para o fã jovem atual, porém de certa forma me sinto privilegiado de ter vivenciado algo assim.

Sempre considerei "On Stage" um dos trabalhos mais coesos da carreira de Elvis. Tal como foi concebido o disco é redondo e flui com extrema naturalidade, embora saibamos que ele é fruto de montagem, inclusive de apresentações diferentes do cantor. Sempre o terei entre os meus preferidos, fazendo eternamente parte da minha lista dos melhores registros de Elvis ao vivo em sua carreira. Pois bem, 21 anos depois de ouvir pela primeira vez o "On Stage" chegou em minhas mãos o CD bootleg "Closing Night - February 1970". O contexto obviamente é completamente diverso. O que antes era raro e complicado de se encontrar hoje está ao alcance da mão (ou melhor dizendo, do mouse) de qualquer garoto pré-adolescente. Basta um click e o CD está disponível para ouvir por qualquer pessoa. Embora ainda hoje tenhamos colecionadores que primem pelo material original (ou seja, aquele que compra o CD pela mesma net e espera pela chegada em sua casa do produto) chegaremos em breve ao estado em que não se necessitará mais de um suporte material para a música, que simplesmente viajará pelo espaço virtual sem qualquer tipo de limitação, algo completamente fora de imaginação para um garoto dos anos 80 que tinha a audácia de tentar colecionar a discografia de Elvis naquela época.

Porém como tudo na vida temos também o lado negativo. Não existe mais a sensação de descoberta que tive ao ouvir pela primeira vez o "On Stage", embora ao ouvir o bootleg em questão tenha constatado que o brilhantismo de Elvis no palco ainda está lá, sem nenhum sinal de ofuscamento, mesmo após anos e anos de repetição. Isso era mais do que óbvio. As três primeiras temporadas de Elvis em Las Vegas (a primeira em 1969 e as duas de 1970) são fantásticas. Embora Elvis tenha feito alguns shows abaixo da média nessa última, em todos os registros das demais apresentações sempre escutei um cantor no auge, focado nos concertos, cantando de forma impecável, apresentações dignas de seu mito. Os diversos problemas de sua vida pessoal ainda não tinham adentrado no palco. Elvis esbanjava versatilidade, disposição e interesse. O repertório era novo e empolgante e o astro dava o melhor de si. São momentos majestosos. Por essa razão Closing Night - February 1970 é extremamente necessário ao fã do cantor. Não há versões medíocres aqui. O CD pode ser dividido em três partes:

A primeira traz o show do dia 23 de fevereiro de 1970. A segunda parte traz parte dos ensaios realizados por Elvis no dia 18 desse mesmo mês e por fim a terceira e última parte traz a entrevista coletiva dada por Elvis antes de seu primeiro concerto em Houston no Texas. O concerto do dia 23 é tecnicamente excelente. Três ótimas versões abrem o show: All Shook Up, I Got a Woman e Long Tall Sally. O primeiro grande destaque dessa primeira parte vem logo a seguir: Elvis apresenta uma ótima versão ao vivo de Don´t Cry Daddy. A execução é bem mais rápida que sua versão de estúdio o que acaba trazendo maior leveza ao conjunto. Não há dúvidas que tudo se traduz em um ótimo momento. Outra versão digna de nota é a de Kentucky Rain. É outra representante ao vivo de um dos melhores registros em estúdio da carreira de Elvis. Embora a música pudesse trazer problemas em sua execução ao vivo para Elvis e banda, eles se saem extremamente bem no saldo final, o que demonstrava o grande apuro técnico da TCB Band naquele momento.

O concerto segue sem grandes sobressaltos e surpresas. Elvis está bem em praticamente todas as faixas. Brinca um pouco na doce Sweet Caroline, apresenta uma ótima Polk Salad Annie (novidade e grande sucesso da temporada) e generosamente vai ai piano cantar um medley delicioso de Blueberry Hill / Lawdy Miss Clawdy (onde Elvis tenta de forma divertida e desastrada tocar Blueberry Hill até o fim e desiste logo, emendando para uma boa versão de Lawdy, Miss Clawdy). Como se não bastasse até traz uma homenagem ao seu grande hit do passado, It´s Now Or Never (aqui com arranjo bem mais simples e eficaz do que as posteriores que contariam com as péssimas introduções vocais de Sherril Nielsen). De quebra Elvis ainda se arrisca a tirar algumas notas de sua guitarra elétrica na faixa One Night. A parte do show se encerra com competentes versões de Suspicious Minds (muitos anos antes de cair na mesmice) e Can´t Help Falling In Love (com sua linda melodia de sempre). A segunda parte do CD traz algumas curiosidades interessantes.

A primeira delas é a versão de Walk A Mile In My Shoes do dia 18. A principal curiosidade dessa versão é o momento em que Elvis perde o fio da meada da música e passa batido na sua parte. Depois disso ele até ameaça perder o controle e cair na risada mas se recupera bem e termina a canção sem maiores imprevistos. Na parte de ensaios ouvimos duas versões da marcante The Wonder Of You. Na primeira tentativa Elvis erra a letra e se diverte. Mesmo com esse ligeiro contratempo não há como negar a grandiosidade dessa canção, uma das mais vibrantes e robustas do repertório de Presley. No segundo registro banda e vocais tentam se encontrar nos ensaios, Elvis comparece com seu tradicional talento. Embora incompleta podemos ouvir com clareza a famosa apoteose final, marca registrada da música. A terceira e última parte do CD traz partes da entrevista que Elvis concedeu momentos antes da série de seis concertos que realizou em Houston. Embora interessante fica um pouco fora do contexto, mesmo que o show tenha ocorrido em cima da temporada de Vegas. Ficaria melhor situada em um CD sobre Houston mas enfim... Elvis se mostra simpático, comenta amenidades, fala se seus anos na Sun e faz sua parte na promoção dos concertos - que seriam grandes sucessos de bilheteria, abrindo as portas para suas futuras turnês pelo país nos anos 70. Enfim, o CD Closing Night - February 1970 é extremamente recomendado. Com ele o legado do antigo vinil On Stage - February 1970 está bem preservado e representado.

Elvis Presley - Closing Night - February 1970: Selo: Madison - Músicas: All Shook Up - I Got a Woman - Long Tall Sally - Don´t Cry Daddy - Hound Dog - Love Me Tender - Kentucky Rain - Let It Be Me - I Can´t Stop Loving You - CC Rider - Sweet Caroline - Polk Salad Annie - Intrumental Intermezzo - Introductions Of Vocalists, Band Orchestra - Blueberry Hill / Lawdy Miss Clawdy - Heartbreak Hotel - One Night - It´s Now Or Never - Suspicious Minds - Can´t Help Falling in Love - 1970 Bonus Tracks: Walk a Mile In My Shoes - The Wonder Of You - The Wonder Of You - Press Conference Houston, Texas. Data de gravação: 23 de fevereiro de 1970, Las Vegas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Tyrone Power - Jesse James

Ao lado de Billy The Kid, Jesse James foi provavelmente o  personagem histórico mais romanceado e explorado pela literatura em torno da mitologia do velho oeste. Na vida real foi um bandido cruel e impiedoso, mas nas páginas dos livros e romances - e também nos roteiros para o cinema - ganhou inúmeras camadas novas em sua personalidade. Aspectos e até nuances de virtudes que o Jesse James jamais teve em sua curta vida foram colocados pelos autores desses livros.

Nessa produção de 1939 o famoso pistoleiro e criminoso foi interpretado pelo galã Tyrone Power. Já na época de lançamento original do filme os críticos chamaram a atenção para o fato de que a escolha de Tyrone Power não era muito acertada. Ele era o típico galã com roupas e cabelos impecáveis, sempre muito polido e bem vestido. Pouca coisa tinha a ver com um bandoleiro violento do oeste selvagem.

Talvez por isso o roteiro tenha tentado se manter fiel aos eventos históricos. O estúdio chegou a contratar historiadores especializados em Jesse James para manter tudo numa certa coerência com os fatos reais. No começo do filme ainda se tenta justificar a entrada de Jesse James no mundo do crime, mas depois ele se assume como tal, vivendo de forma fora da lei sem maiores remorsos ou arrependimentos. O crime se torna sua vida e sua vida entra definitivamente nesse lado marginal da sociedade da época. Ele é não apenas um ladrão de trens, mas também um assaltante de crimes menores, tudo mostrado sem grande maquiagem para parecer mais bonzinho do que foi. Embora os esforços dos roteiristas tenham sido louváveis, não podemos negar também que o lado mais romântico, tirado dos livros de bolso sobre Jesse James, também seguem presentes no roteiro.

O chefão da Fox Darryl F. Zanuck cuidou pessoalmente da produção, fazendo questão que o filme tivesse tudo do bom e do melhor que Hollywood poderia oferecer naquela época. O filme é considerado um dos mais caros já feitos no gênero western, com cuidados envolvendo figurinos, cenários, objetos da época, como carruagens, etc. O resultado é excelente e tudo fica ainda mais realçado pela bonita fotografia em preto e branco.

Jesse James (Idem, EUA, 1939) Direção: Henry King / Roteiro: Nunnally Johnson, Gene Fowler, Curtis Kenyon, Hal Long / Elenco: Tyrone Power, Henry Fonda, Nancy Kelly, Randolph Scott, Donald Meek, John Carradine / Sinopse: Cinebiografia do famoso criminoso Jesse James (Tyrone Power) que ao lado de seu irmão Frank James (Henry Fonda) assaltava bancos, trens e diligências no velho oeste.

Pablo Aluísio. 

Henry Fonda - A Vingança de Frank James

Esse western é a continuação do filme anterior, "Jesse James" com Tyrone Power. Aqui a história começa exatamente onde o primeiro filme terminou, com Jesse James sendo morto pelas costas e de forma covarde por Robert Ford. Depois desse crime seu irmão, Frank James (Henry Fonda), decide que é a hora dele promover a vingança pela morte do pistoleiro.

O roteiro é muito bom, diria até excelente. O roteirista Sam Hellman fou um dos melhores escritores da era de ouro de Hollywood, só que historicamente falando praticamente nada do que se vê na tela realmente aconteceu. Na história real o assassino Robert Ford foi morto em um saloon por um desconhecido que queria ter a "honra" de ter matado aquele que matou Jesses James. Como se pode perceber nada a ver com o enredo de ficção desse filme.

Isso porém não deve desanimar o fã de faroestes. Afinal o que vale mesmo é a obra cinematográfica por si mesma. A história é importante, mas nem sempre funciona nas telas. Um pouco de romantização é necessária.  No filme o próprio Frank James toma as rédeas da vingança, elaborando um plano para liquidar Robert Ford. Para isso ele chega a contar com velhos companheiros de cavalgadas, dos tempos em que a quadrilha de Jesse James varria o oeste, roubando bancos, trens e diligências que cruzassem seu caminho. Até hoje historiadores discutem sobre a real importância de Frank James no antigo bando do irmão após sua morte, porém todos são unânimes em dizer que Frank nada teve a ver com a morte de Ford.

Claro que um bom elenco ajuda bastante. Aqui temos o maravilhoso Henry Fonda como Frank James. No filme anterior ele era apenas um coadjuvante de luxo e aqui assume o papel principal. Inegavelmente o Frank James de Fonda foi muito mais convincente do que o Jesse James de Tyrone Power, um galã ao velho estilo de Hollywood que não convencia muito como um bandido do velho oeste. Com Fonda isso não aconteceu. O ator imprimiu ao seu papel um estilo mais rústico de ser. Um homem criado no interior, com aquele senso de vingança bem peculiar. Nada soa falso ou forçado em sua atuação. Penso que foi um dos melhores trabalhos de toda a carreira do grande Henry Fonda. Um ator excepcional que realmente marcou época na história do cinema americano.

A Vingança de Frank James / A Volta de Frank James (The Return of Frank James, EUA, 1940) Direção: Friz Lang / Roteiro: Sam Hellman / Elenco: Henry Fonda, Gene Tierney, Jackie Cooper, Henry Hull, John Carradine / Sinopse: Após o assassinato de seu irmão Jesse James (Tyrone Power) o pistoleiro Frank James (Henry Fonda) decide ir atrás de seu assassino, Robert Ford (John Carradine).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Com Lágrimas na Voz

Título no Brasil: Com Lágrimas na Voz
Título Original: The Helen Morgan Story
Ano de Lançamento: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Oscar Saul, Dean Riesner
Elenco: Ann Blyth, Paul Newman, Richard Carlson, Gene Evans, Alan King, Cara Williams

Sinopse:
O filme conta a história da cantora norte-americana Helen Morgan. De origem humilde e sofrida, ela vai aos poucos abrindo as portas para o sucesso com seu grande talento. Após muito esforço artístico finalmente chega à fama e à fortuna, apenas para perder tudo depois para o álcool e para suas péssimas escolhas pessoais.

Comentários:
No começo de sua carreira as comparações com James Dean incomodaram muito Paul Newman. Certo, eram dois atores da mesma geração, inclusive tiveram a mesma formação dramática no Actors Studio de Nova Iorque, mas no fundo, no fundo, tinham pouca coisa a ver. E Newman sabia que tentar ser o "novo James Dean" seria uma cilada. Assim colocou o ego de lado e foi atrás de bons roteiros. Queria ser bom ator e não apenas um astro jovem de Hollywood. E estava disposto a atuar em filmes com excelentes histórias, mesmo que para isso tivesse que atuar em um papel mais secundário. É o que vemos aqui. Um bom drama sobre a vida de uma artista que sucumbe ás armadilhas da fama e do sucesso. Com direção firme de Michael Curtiz e excelente atuação da atriz Ann Blyth, que foi injustamente esnobada pelo Oscar, esse é um drama envolvente e emocional, tudo na medida certa. Bons tempos eram esses em que o cinema contava histórias de dramas trágicos de pessoas amarguradas e infelizes por suas escolhas. Certamente a sétima arte era muito mais profunda e complexa nesse aspecto. Arte mesmo, de verdade. 

Pablo Aluísio.

Dois Farristas Irresistíveis

Título no Brasil: Dois Farristas Irresistíveis
Título Original: Bedtime Story
Ano de Lançamento: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Ralph Levy
Roteiro: Stanley Shapiro, Paul Henning
Elenco: Marlon Brando, David Niven, Shirley Jones, Dody Goodman, Aram Stephan, Parley Baer

Sinopse:
Dois golpistas que vivem de enganar mulheres mais velhas e ricas, solitárias, entram em conflito em uma praia badalada na costa do Mediterrâneo. Será que o vigarista mais velho, culto e de alta classe sairá vencedor ou será que o jovem golpista, de pequenos truques, sairá vitorioso nessa aposta?

Comentários:
Ao longo de sua carreira Marlon Brando tentou ir para outros gêneros cinematográficos. Principalmente nos anos 1960 ele se permitiu se arriscar em certas aventuras cinematográficas, como por exemplo, tentar atuar em comédias. Isso não foi necessariamente algo bom para ele pois esses filmes não faziam sucesso. O público não queria ver Brando tentando o humor. De qualquer maneira, como ele próprio deixou claro em sua autobiografia, embora esse filme não tenha sido um dos melhores de sua carreira (ficou muito longe disso) e nem tenha feito sucesso nas bilheterias, foi por outro lado um prazer trabalhar nele, principalmente porque Brando adorava o estilo de fina ironia do ator David Niven. Juntos, eles se deram muito bem e embora Brando não fosse um comediante, aprendeu muito com o trabalho de Niven. Revisto hoje em dia, devo confessar que o humor envelheceu muito, mas o filme, de modo em geral, ainda funciona como uma curiosidade de ver Brando tentando ser engraçado. Ele não era, mas valeu o esforço de tentar fazer algo diferente em sua filmografia. 

Pablo Aluísio.