segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Montanhas Ardentes

Título no Brasil: Montanhas Ardentes
Título Original: Red Skies of Montana
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joseph M. Newman
Roteiro: Harry Kleiner, Art Cohn
Elenco: Richard Widmark, Constance Smith, Jeffrey Hunter
  
Sinopse:
Quando um grande incêndio irrompe nas montanhas de Montana, um esquadrão de 'Smoke Jumpers' (grupo formado por pára-quedistas de elite do corpo de bombeiros do serviço florestal dos Estados Unidos) é levado para o centro do foco do desastre natural. A situação é desesperadora por causa da extensão do fogo que se alastra pela floresta com ferocidade, o que leva todos aqueles bravos homens ao limite de suas forças. Enquanto isso um dos membros é dado como morto pelo fogo, mas seu filho não se convence e tenta provar que ele foi vítima da covardia de um dos integrantes dos 'Smoke Jumpers'.

Comentários:
Uma aventura focando na vida dos bombeiros que foi muito complicada de se realizar. Nos anos 1950 a tecnologia dos efeitos especiais era ainda muito pouco sofisticada. Para se recriar um incêndio de grandes proporções no meio da floresta não havia outra maneira a não ser colocar fogo de verdade em grandes áreas florestais. Nem precisa dizer que isso era muito perigoso não apenas para a equipe como também para o meio ambiente. Mesmo assim o diretor Joseph M. Newman topou o desafio. O resultado é bem impactante na tela, com os atores literalmente exaustos pela complicada provação física a que foram submetidos. Por falar em elenco ele é de fato muito bom, valorizado pelas esforçadas presenças de Richard Widmark e Jeffrey Hunter (ainda muito jovem, em começo de carreira). O roteiro se desdobra em duas linhas narrativas básicas. Uma explorando a missão dos bombeiros na floresta em si e outra na questão envolvendo a morte de um dos membros da equipe - teria ele sido morto por omissão e covardia de seus próprios colegas de trabalho? A produção tem um estilo levemente documental, tentando recriar em detalhes a vida dos bombeiros do mundo real, mas isso não atrapalha em nada a diversão. Um filme realmente muito interessante, valorizado por um roteiro que mantém a atenção do começo ao fim. Um exemplo de aventura inteligente na era do cinema clássico americano.

Pablo Aluísio.

Mata Hari

Título no Brasil: Mata Hari
Título Original: Mata Hari
Ano de Produção: 1931
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: George Fitzmaurice
Roteiro: Benjamin Glazer, Leo Birinsky
Elenco: Greta Garbo, Ramon Novarro, Lionel Barrymore
  
Sinopse:
Durante a Primeira Guerra Mundial, a jovem cortesã holandesa Margaretha Gertruida Zelle (Greta Garbo) assume o nome artístico de Mata Hari. Divorciada e decepcionada com seu casamento anterior, ela resolve ir para Paris e cria uma identidade nova e própria para si. Usando de coreografias aprendidas enquanto morou no Oriente, Margaretha começa a encantar os homens durante suas sensuais apresentações de dança em teatros na capital francesa. Não tarda e ela acaba sendo procurada pelos principais órgãos de inteligência dos países envolvidos no conflito. Como tem livre passe tanto entre franceses, ingleses e alemães, ela logo se torna uma importante agente dupla de espionagem internacional.

Comentários:
Esse filme é historicamente importante porque traz uma lenda interpretando outra lenda. No papel principal temos uma das maiores atrizes e mitos da história de Hollywood, a imortal Greta Garbo, que interpreta uma das mulheres mais famosas (ou infames, dependendo do ponto de vista) da história da Primeira Guerra Mundial, a sensual e perigosa Mata Hari (1876 - 1917). Há duas maneiras de encarar a vida e a biografia de Hari, a primeira é abraçar a lenda, que a ajudou a ser extremamente conhecida, até mesmo nos dias de hoje. Sob esse ângulo ela era o que chamamos de mulher fatal. Em uma época em que as mulheres eram extremamente reprimidas, Mata Hari conseguia ser ao mesmo tempo independente e também perigosa, muito por causa de seu envolvimento com espionagem internacional  durante essa guerra que devastou a Europa. A outra forma de encarar sua vida é aquela do ponto de vista puramente histórico. Recentes biografias afirmam que Margaretha não foi tudo aquilo que disseram dela. Na realidade ela se aproximou mais de ser uma vítima de interesses políticos do que propriamente uma perigosa espiã que flertou perigosamente com os alemães, os inimigos. Executado por crimes de guerra em 1917, com apenas 41 anos de idade, Mata Hari virou um ícone, inclusive do movimento feminista, quem diria. Essa produção de 1931 abraça o mito e não a história. Garbo está maravilhosa em cena, esbanjando estilo e glamour. Obviamente que se trata de uma obra cinematográfica feita para o puro entretenimento, o que não o desqualifica como um dos grandes filmes da era do cinema clássico em Hollywood. Um filme que conseguiu unir duas grandes lendas do mundo das artes da primeira metade do século XX com raro brilhantismo.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de dezembro de 2017

A Marca da Maldade

Título no Brasil: A Marca da Maldade
Título Original: Touch of Evil
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal International Pictures
Direção: Orson Welles
Roteiro: Orson Welles, Whit Masterson
Elenco: Charlton Heston, Orson Welles, Janet Leigh
  
Sinopse:
Mike Vargas (Charlton Heston) é um oficial do departamento de narcóticos que acaba tendo que interromper sua lua de mel na fronteira entre Estados Unidos e México, após um empreiteiro americano ser morto por uma bomba colocada em seu carro. Ao que tudo indica, embora a explosão tenha ocorrido dentro do território americano, ela foi plantada no México. As investigações do policial logo revelarão um sórdido caso envolvendo corrupção, tráfico de drogas e de influência nos altos escalões do poder. Filme vencedor do prêmio de Melhor Filme da Los Angeles Film Critics Association Awards. Também premiado pela National Society of Film Critics Awards e New York Film Critics Circle Awards.

Comentários:
"Touch of Evil" foi o último grande filme de Orson Welles para muitos especialistas em sua obra cinematográfica. Embora fosse um gênio da sétima arte, Welles era também um artista complicado de se lidar. Os estúdios não queriam mais bancar seus filmes e a simples menção de seu nome fazia com que muitos produtores fossem embora. O fato é que embora aclamado pela imprensa e pela crítica de sua época, os seus filmes geralmente se tornavam produções caras, problemáticas e mal sucedidas comercialmente. Welles também tinha fama de abandonar projetos no meio do caminho. Ele queimou sua reputação entre os grandes estúdios após entrar em vários filmes, para depois de algumas semanas os abandonarem, sem mais nem menos. Isso acabou destruindo sua carreira como cineasta em Hollywood, onde o profissionalismo exigido sempre veio em primeiro lugar. Assim Orson Welles precisou de muito jogo de cintura para realizar esse filme. Usando da boa vontade do ator Charlton Heston, que praticamente financiou o filme com seu próprio dinheiro, ele conseguiu acabar a película. É de fato uma obra prima, um de seus melhores trabalhos, só superado talvez pelo seu grande clássico "Cidadão Kane". Nele o diretor procurava mostrar toda a extensão do seu talento, uma tentativa de levantar sua reputação como realizador. Infelizmente, embora hoje seja realmente reconhecida como uma produção que marcou época, em seu lançamento não se tornou lucrativo a ponto de tornar Welles um nome novamente viável. Assim ele acabou de certa maneira se despedindo do cinema com essa jóia da sétima arte. Uma pena, pois ele de fato foi realmente um gênio incompreendido.

Pablo Aluísio.

O Beijo de Despedida

Título no Brasil: O Beijo de Despedida
Título Original: Kiss Them for Me
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Stanley Donen
Roteiro: Julius J. Epstein, Luther Davis
Elenco: Cary Grant, Jayne Mansfield, Leif Erickson, Suzy Parker
  
Sinopse:
Um grupo de pilotos da Marinha americanha consegue uma licença de quatro dias para passar em San Francisco. Em plena guerra o passe se torna um verdadeiro presente para aqueles combatentes. Uma vez na cidade o comandante Andy Crewson (Cary Grant) acaba se apaixonando pela bela Gwinneth Livingston (Suzy Parker), que infelizmente já está comprometida com Eddie Turnbill (Leif Erickson), um rico empresário, dono de estaleiros, que pretende contratar Andy para fazer uma palestra para seus trabalhadores, algo que ele definitivamente não tem a menor vontade de fazer.

Comentários:
Uma comédia romântica bem divertida estrelada pelo astro Cary Grant. O enredo se passa praticamente todo durante uma licença desses pilotos da marinha. Eles são considerados heróis pela imprensa, mas no fundo só querem mesmo se divertir na cidade. Conseguem se hospedar em uma luxuosa suíte de um hotel cinco estrelas e caem na farra, promovendo festas e aproveitando o máximo que podem do tempo livre de folga. O roteiro por tentar ser engraçado e leve acaba não trazendo nada de muito substancial em termos de trama. O mais importante é tentar fazer o espectador rir. No elenco o ator Cary Grant comparece com seu carisma habitual. Outro destaque vem da presença da atriz Jayne Mansfield, a mais célebre imitadora de Marilyn Monroe. Seu papel inclusive foi escrito para Marilyn que o recusou por ser mais uma tentativa de explorar o velho estigma da "loira burra". Jayne Mansfield assim tenta, sem muito sucesso, imitar nos mínimos detalhes a forma como Monroe se comportava quando interpretava esse tipo de personagem. Até a pinta perto dos lábios foi reproduzido no rosto de Jayne. O tom de voz, tudo, foi pensado para colocar uma "Marilyn Monroe genérica" no filme. Não deu muito certo. Então é isso, "Kiss Them for Me" é apenas um passatempo agradável, sem muitas novidades ou relevância cinematográfica. Sim, é divertido, mas nada muito além disso.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Funeral em Berlim

Título no Brasil: Funeral em Berlim
Título Original: Funeral in Berlin
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Guy Hamilton
Roteiro: Evan Jones
Elenco: Michael Caine, Oskar Homolka, Paul Hubschmid
  
Sinopse:
Durante a guerra fria o agente inglês Harry Palmer (Michael Caine) é enviado para Berlim com a missão de ajudar na deserção de um importante coronel da KGB que decidiu pedir asilo político para a Inglaterra. Palmer deverá assim criar todo um plano para que o importante oficial russo possa atravessar a fronteira sem maiores problemas. A missão envolve espionagem e contra-espionagem e desde o começo se mostra extremamente perigosa para todos os envolvidos. Palmar porém não consegue, em nenhum momento, se convencer das sinceras razões do ex-chefe de espionagem soviético no lado oriental de Berlim. Para ele há algo mais envolvido em tudo isso e seu instinto sugere que tudo talvez não passe de uma grande armadilha montada pela famigerada KGB.

Comentários:
Os filmes de espionagem tiveram seu auge durante os anos 1960. O mundo vivia o ponto alto da guerra fria, das tensões entre o ocidente capitalista e o oriente comunista dominado por Moscou com mãos de ferro. E nenhum lugar do mundo retratava melhor essa tensão do que a Alemanha, em especial Berlim, dividida por um muro que separava os dois lados, com as ruas cheias de espiões de todos os países envolvidos nesse verdadeiro quebra-cabeças da diplomacia internacional. O roteiro baseado no romance escrito por Len Deighton se passa justamente no meio desse cenário. Isso porém não significa que você assistirá a um filme de James Bond ou algo parecido. O tom é bem mais realista. O espião interpretado por Michael Caine não tem nada de Bond, nenhum glamour e nenhum estilo. Com cara de nerd, de homem comum (como aliás é o mundo da espionagem verdadeira), ele chega em Berlim procurando não chamar a atenção de ninguém. Com nome e passaporte falsos, ele precisa contar até mesmo com a ajuda de um ladrão profissional e um sujeito misterioso, especialista em passar pessoas entre as fronteiras. Para levar o Coronel russo para o lado ocidental eles planejam literalmente colocar o velho em um caixão, montando-se um falso funeral para atravessar os postos de fronteira, sempre muito rigorosos e bem protegidos por tropas soviéticas. Para enrolar ainda mais o quadro geral ainda há a intervenção não prevista do serviço secreto de Israel que está em busca de criminosos de guerra nazistas. Enfim, um bom filme de espionagem rodado no tempo em que esse estilo cinematográfico estava mesmo em seu auge de sucesso de crítica e público. Uma boa dica para quem aprecia esse tipo de enredo.

Pablo Aluísio.

A Maldição do Espelho

Título no Brasil: A Maldição do Espelho
Título Original: The Mirror Crack'd
Ano de Produção: 1980
País: Inglaterra
Estúdio: G.W. Films, EMI Films
Direção: Guy Hamilton
Roteiro: Jonathan Hales, Barry Sandler
Elenco: Angela Lansbury, Rock Hudson, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Geraldine Chaplin, Tony Curtis, Edward Fox
  
Sinopse:
Uma equipe de filmagem americana vai até a Inglaterra para produzir um filme. O diretor da produção caberá ao renomado cineasta Jason Rudd (Rock Hudson) que precisará lidar com vários problemas, entre eles duas estrelas que se odeiam (Taylor e Novak), um produtor inconsequente e irresponsável (Curtis) e um assassinato! Isso mesmo, durante a recepção para a equipe uma jovem inglesa aparece morta, ao que tudo indicado vítima de um envenenamento mortal! Mas afinal de contas, quais seriam as motivações para o crime e quem teria sido o autor da morte? Miss Marple (Lansbury) parece ter a chave para a solução do mistério.

Comentários:
Para quem aprecia cinema clássico esse filme é uma pequena preciosidade histórica. Se formos analisar o elenco perceberemos facilmente que a produção foi praticamente uma despedida de astros e estrelas que foram ícones do cinema americano nas décadas de 1950 e 1960 e que depois não voltariam a trabalhar juntos novamente. Assim temos os dois grandes galãs da era de ouro da Universal (Rock Hudson e Tony Curtis) ao lado de uma dupla de grandes estrelas do cinema americano (as maravilhosas Elizabeth Taylor e Kim Novak) que na tela representam... isso mesmo, duas grandes estrelas do passado que nutrem uma antipatia mútua! Como se trata de uma adaptação de um livro de Agatha Christie intitulado "The Mirror Crack'd from Side to Side" já podemos antever o que iremos encontrar pela frente: um mistério a ser desvendado, onde existem inúmeros suspeitos, todos com motivos suficientes fortes para cometerem um crime. Quem deverá descobrir a identidade do verdadeiro assassino é uma das personagens mais queridas do universo da escritora: a simpática velhinha Miss Marple (interpretada pela carismática Angela Lansbury, curiosamente usando maquiagem para parecer mais velha do que era na época). O resultado de tudo isso é um filme bem cuidado, bem produzido e com inegável sabor nostálgico para quem adora o cinema do passado. Rever todos esses grandes nomes sempre é um prazer renovado para o cinéfilo mais tradicionalista. A aparência de alguns desses mitos pode, em um primeiro momento, chocar o espectador. Todos, sem maiores exceções, mostram as marcas do tempo. Isso porém deve ser visto com elegância e sabedoria, afinal de contas eles envelheceram sim, mas também sobreviveram, mostrando que foram vencedores em suas respectivas carreiras. Assim temos um ótimo programa, a que eu particularmente recomendo bastante.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Chisum - O Senhor do Oeste

Pelo que eu me lembre esse foi o único filme da carreira de John Wayne que retratou a famosa guerra do condado de Lincoln, o que não deixa de ser curioso porque Wayne foi um dos maiores mitos dos filmes de western e nunca antes havia interpretado nenhum personagem desse famoso evento da mitologia do oeste americano. O projeto foi de certa forma uma escolha pessoal de Wayne justamente para sanar essa lacuna em sua extensa filmografia. Obviamente que John Wayne naquela altura de sua vida não iria mais interpretar Billy The Kid ou Pat Garrett, então a solução foi colocar o velho cowboy para fazer John Simpson Chisum. Esse era um grande latifundiário da região que no meio do caos do conflito em Lincoln se posicionou ao lado do bando de Kid, o apoiando em vários momentos. Foi justamente nas vastas terras de Chisum que Billy The Kid e seu bando se esconderam quando a coisa ficou feia para o lado dele.

Claro que o personagem real Chisum não era o pistoleiro intrépido mostrado no filme. Ele, por exemplo, nunca se envolveu naqueles tiroteios todos que vimos na fita mas de qualquer maneira não deixa de ser uma escolha inteligente para inserir o duke no meio da história de Kid. Nesse aspecto tenho que confessar que o filme fica um pouco truncado. Como realizar um filme sobre a guerra do condado de Lincoln colocando Billy The Kid e Pat Garrett como coadjuvantes? E como inserir Chisum, uma peça secundária naquele conflito como o personagem principal? Basicamente é isso o que descobrimos ao assistir "O Senhor do Oeste". De qualquer forma, apesar disso, recomendo bastante esse "Chisum", que conseguiu finalmente reunir Billy The Kid e John Wayne num mesmo filme. Só isso já basta para demonstrar a importância dessa produção.

Chisum - O Senhor do Oeste / Chisum - Uma Lenda Americana (Chisum, EUA, 1970) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: Andrew J. Fenady / Elenco: John Wayne, Forrest Tucker, Christopher George / Sinopse: John Chisum (John Wayne) é um velho cowboy e proprietário de terras que se vê envolvido até involuntariamente na chamada Guerra do condado de Lincoln, um evento histórico que imortalizou os nomes de figuras lendárias do velho oeste como Billy The Kid e Pat Garrett. Roteiro parcialmente inspirado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

O Mundo do Circo

Título no Brasil: O Mundo do Circo
Título Original: Circus World
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos, Espanha
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Ben Hecht, Julian Zimet
Elenco: John Wayne, Rita Hayworth, Claudia Cardinale, Richard Conte
  
Sinopse:
Depois de viver anos como cowboy de rodeios o veterano Matt Masters (John Wayne) decide abrir sua própria companhia circense. Por um bom tempo o empreendimento vai muito bem até o dia em que Masters decide realizar uma turnê na Europa. Circos americanos quase sempre fracassaram no velho continente, onde aliás nasceu a cultura desse tipo de diversão, mas Masters decide arriscar. Logo na chegada em um porto da Espanha as coisas começam a dar errado, um acidente faz com que a lona de seu circo desapareça sob as águas. Agora ao lado de seus artistas, Masters terá que levantar o dinheiro necessário para reerguer seu tão amado espetáculo, até porque o show definitivamente não pode parar! Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção Original ("Circus World" de Dimitri Tiomkin e Ned Washington). Também indicado ao Laurel Awards na categoria de Melhor Ator (John Wayne). 

Comentários:
Tecnicamente ficaria até complicado catalogar "Circus World" apenas na categoria Western. O filme é muito mais, pois explora também um drama sobre relações familiares e traumas do passado. Isso porém é um mero detalhe. Lá está o maior ídolo do gênero, John Wayne, interpretando um velho cowboy que agora ganha a vida em apresentações em circo no estilo Velho Oeste Selvagem. Isso significa tentar recriar sob o picadeiro as perseguições de bandidos em diligências, as guerras entre a cavalaria e guerreiros apaches e tudo o mais que ficou imortalizado na mitologia do oeste americano. Se o filme é muito bom em recriar na tela as performances daqueles artistas circenses também se revela muito bom ao retratar os dramas de todas aquelas pessoas. Masters (Wayne) é um empresário movido por sonhos. Seu problema é que quase sempre seu desejo de levar em frente seu circo esbarra em calamidades, como naufrágios e incêndios (há inclusive uma ótima sequência quando parte da grande lona de seu circo pega fogo em um incêndio). 

Rita Hayworth, sempre uma presença forte em cena, interpreta uma trapezista marcada por um grande tragédia em seu passado, quando seu marido, também um artista do trapézio, caiu para a morte em um de seus mais ousados números. Após muitos anos perdida, vagando pela Europa, ela resolve voltar ao circo onde agora vive sua filha Toni (Claudia Cardinale), que ela abandonou quando ainda era uma criança. A jovem acabou sendo criada por Masters, que também precisa esconder uma delicada questão pessoal em seu passado. A atriz Claudia Cardinale, ainda bastante jovem, se revela muito talentosa, não apenas quando atua nas apresentações do Oeste Selvagem ou em cima do trapézio, mas também quando participa de quadros com palhaços do circo - ali ela realmente demonstra todo o seu talento, principalmente teatral, com ótimo timing para comédia. Não é de se admirar que tenha se tornado tão popular na década de 1960. Bonita e talentosa. Ela era realmente uma graça. No final de tudo ficamos com a impressão que a produção é na realidade uma grande e sincera homenagem à cultura do circo. O diretor Henry Hathaway deixa claro em cada sequência seu amor por aquela arte. O resultado é dos melhores, um excelente momento da filmografia do mito John Wayne em um dos seus filmes mais simpáticos e carismáticos.

Pablo Aluísio.