quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Elvis Presley - On Stage - February 1970

Todo cantor ou grupo musical acaba desenvolvendo dois lados diversos em suas carreiras, as gravações em estúdio e a vida na estrada, nos concertos ao vivo. Alguns são melhores dentro dos estúdios do que em apresentações ao vivo enquanto que outros são exatamente o contrário. Veja o caso dos Beatles. Eles eram verdadeiros monstros dentro dos estúdios, criando, inovando e revolucionando como ninguém. Ao lado de seu produtor George Martin eles criaram dentro dos estúdios Abbey Road o som definitivo dos anos 60. Porém nas apresentações ao vivo percebemos bem que eles não eram assim tão bons: geralmente apareciam trocando as notas, atravessando o acompanhamento e muitas vezes errando até mesmo as letras. Claro que no meio da gritaria das fãs muitos não percebiam essas inúmeras falhas, mas se prestarmos bem a atenção, veremos que eles não eram bons tecnicamente ao vivo, além de nem sempre disponibilizarem performances memoráveis para seus admiradores. Já Elvis conseguia jogar muito bem nos dois campos, pois ele conseguia ser um grande artista tanto dentro dos estúdios como em aparições em shows e apresentações perante seu público. Quando estava empenhado e interessado em fazer belos concertos Elvis era praticamente imbatível nesse quesito. A conclusão é óbvia: Elvis Presley era um homem de palco, um artista que nasceu para fazer shows. Foi através de suas aparições ao vivo que seu mito foi criado! Todas as suas apresentações na TV americana dos anos 50 são mitológicas. Ele era um grande cantor e intérprete ao vivo e assim ele construiu sua fama e seu sucesso. Esses são fatos que todos sabemos, que todos sabemos ser a mais pura e absoluta verdade! Mas parece que o empresário de Elvis não sabia disso! Pasmem! O que Tom Parker fez nos anos 60 com esse grande entertainer? Inacreditável, ele simplesmente tirou Elvis dos palcos!

Sem cantar ao vivo por quase oito anos, fazendo filmes ruins, gravando músicas horríveis, é difícil até mesmo entender como Elvis conseguiu sobreviver aos anos 60! Sua capacidade de sobrevivência durante esses anos de obscurantismo artístico realmente impressiona qualquer um até hoje! Qualquer pessoa que assista alguns filmes de Elvis nos anos 60 acaba se perguntando: como Elvis escapou depois de fazer um trash desses?! O pior é saber que ele deixou de fazer apresentações por praticamente nada, pois sua carreira em Hollywood nada trouxe para ele em termos de engrandecimento artístico, muito pelo contrário, toda uma geração acabou associando sua imagem àquilo que era apresentado nos cinemas e em razão disso nunca o levaram à sério e nem entenderam sua real importância para a cultura musical de todos os tempos. Além de não conseguir mais fazer novos fãs, os antigos admiradores começaram a ir embora durante os anos 60, pois estavam fartos de consumir tanta mediocridade. Não tardou para que houvesse uma verdadeira debandada de fãs. Muitos deixaram o barco e os discos de Elvis começaram a fracassar para valer nas paradas, merecidamente aliás. Enfim, o que realmente aconteceu foi isso mesmo: Elvis se retirou dos palcos, onde era um verdadeiro monarca e reinava absoluto, para estrelar verdadeiras pérolas do absurdo, verdadeiros filmes B que o colocaram numa posição simplesmente deplorável durante aquela década, o fazendo virar uma espécie de artista menor e sem importância para a crítica musical da época, que nunca o perdoou por estrelar tanto material medíocre! A verdade era que ninguém mais levava Elvis e seus "disquinhos" de filmes mais à sério. Um dos maiores artistas de nosso tempo era colocado numa posição insignificante, nada digna de seu grande talento. Algo tinha que mudar. Felizmente depois do NBC Special, onde Elvis fez sua primeira apresentação ao vivo perante um público selecionado, ele finalmente tomou consciência que não poderia ficar mais longe dos holofotes. On Stage, gravado ao vivo no Showroom do International Hotel em Las Vegas, a cidade do pecado, em fevereiro de 1970, traz um instantâneo do momento em que Elvis estava se renovando, renascendo.

Esta foi a segunda temporada do Rei do Rock após sua volta aos palcos em 1969 e veio para confirmar sua condição de grande artista naquilo que sabia fazer de melhor: se apresentar perante seus fãs. O disco não deixa margem a dúvidas: Elvis ainda era o melhor quando queria e se empenhava para isso. Hoje todos concordam que as melhores temporadas de Elvis em Las Vegas são justamente as três primeiras após seu retorno. E é fácil entender o porquê! Ora, o que mais desejava Elvis nesses anos iniciais em Las Vegas? Simplesmente apagar seu passado recente, deixar para trás toda a experiência ruim dos filmes, que no final das contas serviram apenas para macular sua imagem de artista relevante e importante, e recomeçar de novo, renascer como artista novamente, ter mais uma chance, se reinventar. Elvis estava concentrado e empenhado para deixar seu recado: "Eu ainda estou aqui! Eu estou vivo! Eu ainda sou Elvis Presley!" A necessidade de apresentar material de qualidade era tão urgente que Elvis retornou muito rápido a Las Vegas para uma nova temporada, poucos meses depois de sua incrível volta aos concertos ao vivo. Voltou mais confiante e ainda mais empenhado em fazer belas apresentações. Muitos até mesmo achavam que era cedo demais para começar uma nova temporada e temiam até que o cantor não conseguisse lotar suas apresentações durante este período, pois Las Vegas nesta época do ano não apresentava um bom movimento de turistas e visitantes. Porém, se Elvis estava com extrema necessidade em cantar ao vivo, seus fãs estavam ainda mais ansiosos para um reencontro, principalmente àqueles que se mantiveram fiéis, mesmo durante a fase mais baixa de sua carreira. Foi a situação ideal para se utilizar daquele velho ditado popular: "Juntou mesmo a fome com a vontade de comer!" O que ocorreu depois foi que Elvis conseguiu alterar até mesmo a rotina da cidade, levando milhares de pessoas de todas as partes do mundo em direção a Vegas para assistir a seu show. A temporada acabou se tornando um grande sucesso e mostrou para todos que os críticos tinham mesmo todas as razões do mundo em exigir mudanças na carreira de Elvis.

Longe dos roteiros ridículos e das músicas enlatadas, Elvis adentrava no palco do International como um verdadeiro soberano da música: belas performances no palco, ótimas canções e arranjos, uma banda extremamente afinada e uma orquestra impecável, além é claro, do ótimo time de vocalistas que trouxe muita qualidade ao saldo final das interpretações do cantor. Nada mais distante do que vinha acontecendo nos estúdios de Hollywood. Finalmente Elvis Presley começava a trilhar o rumo certo mais uma vez na sua carreira. A partir desse momento Elvis iria cumprir duas temporadas anuais em Vegas, sempre no International Hotel (anos depois mudado para Hilton Hotel). Era o início dos anos setenta, década em que Elvis Presley iria dar uma nova guinada em sua carreira, se tornando um artista completo após anos de desperdício em filmes de Hollywood. Elvis iria apresentar a partir daí um repertório com o melhor da música norte-americana dando uma visão pessoal para muitas delas. Finalmente o verdadeiro Elvis Presley estava de volta. Essas são as canções do disco "On Stage / February 1970" (LSP 4362):

SEE SEE RIDER (Arr. Elvis Presley) - Algumas vezes, com a intenção de se elevar o crédito de Elvis como músico, foram cometidas injustiças. É o caso de See See Rider. A canção foi creditada de forma errada na capa do LP original na época, ignorando a autoria correta e colocando Elvis nos créditos da música. Mesmo que ele tenha contribuído muito para o arranjo da versão, essa manobra soa desconfortável, para se dizer o mínimo. Na verdade See See Rider tem uma longa história musical e não se citar os verdadeiros responsáveis por sua criação é uma grande injustiça. Apenas para deixar registrado vamos realmente dar os créditos de autoria aos verdadeiros autores, "Ma" Rainey e Chuck Willis. Como não se citar Ma Rainey como uma de suas autoras na capa do disco, logo ela que é considerada a verdadeira "Mãe do Blues"?! Tão importante como Bessie Smith, ela é considerada um dos pilares fundamentais desse gênero musical. "C.C.Rider" foi um de seus maiores êxitos e sua contribuição nunca poderia ter sido ignorada pelos produtores da RCA Victor. Chuck Willis também é outro grande injustiçado nesse caso específico. Um dos grandes cantores negros de R&B das décadas de 40 e 50, Chuck Willis hoje está praticamente esquecido, mesmo que tenha composto grandes canções como "Story", "Going To The River" e "You're Still My Baby", além da famosa "I Feel So Bad", gravada também pelo próprio Elvis Presley nos anos 60.

Ambos foram também responsáveis pela longa evolução que o Blues percorreu até servir como base para o surgimento do Rock'n'Roll e apesar de toda sua relevância musical e histórica foram completamente ignorados pelos executivos da gravadora de Elvis. Racismo ou ignorância pura e simples? Não podemos afirmar nada, apenas lamentar. De qualquer maneira varrer o nome deles para debaixo do tapete foi no mínimo vergonhoso. Enfim, aqui está o novo arranjo para essa velha canção. A música seria utilizada em praticamente todos os seus shows, se tornando parte fixa de seu repertório nos anos setenta. Sua escolha não é mistério. Além de letra simples (que facilitaria a vida de Elvis nas apresentações), a canção é animada, contagiante e tem um embalo muito bom. Além disso remete todos que a ouvem para o sul, pois ela é derivada direta das tradições sulistas, sendo adaptada e cantada por vários nomes relevantes daquela região dos EUA, como inclusive já citei antes aqui. Curiosidade: Numa homenagem a Elvis nos anos 90 o "The Killer" Jerry Lee Lewis ficou responsável por uma nova versão desta canção, o que resultou num dos mais esquisitos tributos musicais a um artista da história. A nova versão de Lewis não lembrava nem a original e muito menos a versão de Elvis resultando em mais uma extravagância do "matador".

RELEASE ME (Eddie Miller / W.S.Stevenson) - Um antigo sucesso lançado por Esther Philips em 1962 pelo selo Lenox, sendo que em 1967 esta música foi novamente gravada por Engelbert Humperdink. Essa versão de Elvis em Las Vegas tem ritmo e desenvolvimento, se tornando outro grande momento deste disco. Uma coisa logo nos chama atenção na carreira de Elvis Presley. Em estúdio ele procurava principalmente, a partir dos anos 70, se firmar como um artista que se revelava inteiramente para todos, expondo muitas vezes seus dramas pessoais. Já nos palcos Elvis tinha que ter outro posicionamento. Sua função principal aqui era a de entreter sua grande plateia e para isso Elvis não se importava em fazer concessões, como apresentar hits de outros artistas, sucessos da época ou músicas da moda! Muito provavelmente no palco o que se sobressaía era sua postura de grande artista, de grande entertainer. "On Stage" é significativo nesse ponto. Aqui temos contato com o Elvis dos palcos, o cantor que muitas vezes mudava a lista de canções de acordo com as reações que colhia de seu público. Não raro Elvis sentia que as canções não estavam empolgando muito e então mudava a ordem das músicas que apresentava! Tudo em nome da diversão e do prazer de proporcionar uma grande noite para seus fãs que iam até Las Vegas. "Release Me" é um exemplo disso. A canção é muito boa, apesar de simples, tem ritmo empolgante, boa fluência melódica e proporciona para um artista como Elvis a oportunidade de divertir seu público de forma rápida, limpa e eficaz.

SWEET CAROLINE (Neil Diamond) - Deliciosa versão de Elvis para o grande sucesso do cantor Neil Diamond. A canção era muito recente, tinha sido lançada há pouco tempo por seu autor em disco do mesmo nome e tinha chegado na incrível marca de dois milhões de singles vendidos! Depois de apresentá-la no programa de Ed Sullivan, Neil Diamond finalmente alcançava o ápice de sua carreira musical e Elvis embarcava nesse sucesso todo a apresentando em Las Vegas durante seus shows na cidade. Não escrevi aqui que nos palcos Elvis às vezes fazia concessões para que os shows fossem de agrado ao seu público? Pois então! "Sweet Caroline" aparece para confirmar o que escrevi antes. Pois bem. Em relação a Elvis o que é pertinente de se perguntar nesse momento é por quê Elvis estava agora se alinhando a cantores como Neil Diamond? Legítimo membro da primeira geração de roqueiros, Elvis agora parecia cada vez mais distante do material produzido por roqueiros da época e cada vez mais seguia essa linha pop romântica, cujo Neil Diamond era um de seus maiores representantes, assim como também Tom Jones. Muitos fãs dos anos 50 certamente se perguntariam onde havia ido parar o legado do Rock na carreira de Elvis Presley? Afinal, porque ele não gravava algo do Led Zeppelin por exemplo?

Afinal qual seria a vantagem de gravar temas como esse de Neil Diamond, que apesar das bonitas canções, não iria trazer nada de mais relevante para a carreira de Elvis? Esse é um tema interessante e daria margem para muito debate. O mais importante é ter realmente a noção de onde Elvis se apresentava (Las Vegas) e qual era seu público nesse momento (certamente não seria de fãs das bandas de rock dos anos 70). De qualquer maneira Elvis não havia deixado seu legado de grande roqueiro para trás totalmente como podemos muito bem constatar aqui mesmo nesse disco em algumas faixas que seguem. Curiosidade: No filme "That's the Way It Is" (Elvis é assim, 1970), versão que foi exibida nos cinemas na época, o cantor dá um show de interpretação ao cantá-la. A versão presente neste disco foi gravada no dia 16 de Fevereiro de 1970 contando com o ótimo acompanhamento da Orquestra de Bob Morris.

RUNAWAY (Crook / Del Shannon) - Justamente para evitar críticas de que estaria apenas gravando e apresentando "babas" românticas em Las Vegas como Sweet Caroline, foi que Elvis resolveu mostrar que não deixaria seu legado de grande roqueiro para trás. "Runaway" certamente é indicada para quem pensa que em Las Vegas Elvis esqueceu seu título de Rei do Rock e virou apenas um símbolo da maioria silenciosa. Nada mais longe da verdade. Ao lado de músicas mais, digamos, ao estilo Las Vegas, Elvis certamente procurou apresentar canções mais rockers! "Runaway" foi um dos maiores sucessos de seu autor Del Shannon em 1961. Chegou ao primeiro lugar da Billboard e se tornou muito conhecida principalmente por causa de seu arranjo considerado "estranho" na época (e que não era nada demais, apenas foi usado um sintetizador modificado tocado por Max Crook, co-autor da canção).

Talvez a grande influência que a versão de Elvis tenha sofrido venha de uma versão de 1967, gravada pelo grupo britânico The Small Faces. De qualquer forma Elvis a levou para Las Vegas em sua segunda temporada na cidade e apesar de ter apresentado uma bela versão da canção ela não foi muito longe em seus concertos, sendo deixada para trás logo depois. Como você já deve ter notado nessa altura do texto, este disco de Elvis apresenta diversos "Covers" de músicas de outros artistas interpretadas pelo Rei, sendo que esta também não foge à regra. Como escrevi antes, nos palcos Elvis sempre procurava proporcionar um belo concerto para seu público. Se fosse necessário ele realmente iria utilizar de todo esse repertório alheio para apresentar um bom show para os presentes. Destaque para o ótimo desempenho do guitarrista James Burton que seria um substituto à altura de Scotty Moore.

THE WONDER OF YOU (Baker Knight) - Sucesso do cantor Ray Peterson em 1959. Talvez o grande sucesso desse disco, a música conseguiu um grande feito para Elvis na Europa: o single acabou chegando ao primeiro lugar na Inglaterra, ficando seis semanas seguidas em primeiro lugar! Os jornais britânicos na época davam como certa uma excursão de Elvis nas ilhas britânicas, principalmente depois desse grande sucesso nas paradas da terra da rainha. Infelizmente, como todos sabemos, Elvis nunca iria realizar essa turnê! Não que ele não desejasse isso, pelo contrário, em muitas entrevistas Elvis deixou claro que adoraria fazer uma turnê europeia mas... no meio do caminho havia um Coronel... Conforme foi desvendado anos depois por Albert Goldman, Elvis não faria shows fora dos EUA enquanto Parker fosse seu empresário! A razão?! Tom Parker era um imigrante ilegal e caso deixasse o país certamente não poderia mais voltar! De qualquer forma essa versão de Elvis Presley foi título do já citado single, que foi lançado em abril de 1970 junto com "Mama Like the Roses" (esta gravada em Memphis em 1969). O single chegou ao nono lugar nas paradas americanas, o que no final resultou em mais um disco de ouro na carreira do cantor.

POLK SALAD ANNIE
(Tony Joe White) - Gravada originalmente por seu autor em 1968, "Polk Salad Annie" foi o trampolim que faltava na carreira de Tony Joe White, pois depois que a canção conseguiu chegar no Top 10 americano (um feito nada simples para uma canção com temática bem regional), ele rapidamente se viu entre os grandes nomes da música norte-americana: Elvis logo apresentou sua versão ao vivo em um disco oficial, Jerry Lee Lewis o chamou para participar de seu álbum "Southern Roots" e ele saiu em turnê com a banda Creedence Clearwater Revival e James Taylor. Quando Elvis voltou aos palcos em 1969 ele logo procurou revitalizar seu repertório e correu atrás de canções que lhe proporcionassem apresentar material de sucesso da época. Nessa segunda temporada em Las Vegas o grande momento de suas apresentações seria exatamente quando Elvis começava os primeiros acordes de "Polk Salad Annie", levando todos à loucura, pois Elvis enlouquecia a plateia durante a apresentação desta canção em decorrência de seus requebros.

Apesar de alguns colunistas se apressarem em afirmar que Elvis estava voltando aos bons tempos, aos anos 50 nesses concertos, a verdade era que pouca coisa havia sobrevivido de seu velho estilo de dançar. Os tempos eram outros e Elvis realmente iria se utilizar de uma nova coreografia baseada principalmente em uma de suas grandes paixões, as artes marciais e em especial o Karatê! Aliás a influência não iria só ser sentida na forma de dançar de Elvis mas também em seu figurino. Suas famosas roupas, chamadas de jumpsuits, nada mais eram que adaptações do quimono utilizado nesse tipo de arte corporal. Embora tenha utilizado variações na temporada de 1969, principalmente de cores escuras, foi nessa segunda temporada que Elvis acabou encontrando o que procurava em termos de roupa para suas apresentações. Com predominância em branco, as famosas jumpsuits entravam de forma definitiva nos shows de Elvis, criando a imagem definitiva do cantor durante os anos 70. Aliás o termo "definitivo" se aplica bem também no que diz respeito a canção em si no que se refere à carreira de Elvis. "Polk Salad Annie" foi o tipo de música que entrou nos concertos de Elvis e nunca mais deixou de frequentar a set list das apresentações. Ela caminhou ao seu lado até o fim de sua vida!

Elvis apresentou diferentes variações dessa canção ao longo dos anos, em versões mais completas e longas ou em versões mais simplificadas e curtas, tudo dependendo da época e da disposição do cantor. Apesar de existir centenas e centenas de registros de Elvis cantando "Polk Salad Annie", sendo alguns bem interessantes, posso afirmar sem medo de me equivocar que essa é a versão mais completa e mais correta do ponto de vista técnico. Muito bem executada e cantada por Elvis a versão se mostra à altura para sustentar o título de master definitiva. A lamentar apenas o fato de que grande parte dos shows apresentados por Elvis nessa segunda temporada não foram filmados, sendo que ótimas performances se perderam para sempre. Porém, para felicidade geral, a temporada seguinte seria muito bem documentada pois seria nela que seria realizado o filme "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) que registrou para a posteridade uma destas grandes performances de Elvis de forma magistral. Apesar daquela versão não ser melhor que essa, só o fato de terem filmado Elvis a apresentando com todos os cuidados técnicos que a canção e o concerto merecem, já justifica plenamente a existência desse maravilhoso filme.

YESTERDAY (Lennon / McCartney) - Vamos encarar a realidade: os anos 60 foram dos Beatles! Essa década, considerada uma das mais produtivas e maravilhosas na história da música mundial, se tornou símbolo de revolução artística, social e política! Durante esse período único na história os Beatles reinaram absolutos, sem nenhum concorrente à vista! Seus discos chegavam rapidamente aos primeiros lugares, vendiam milhões de cópias em poucas semanas e o quarteto era literalmente idolatrado pela juventude da época! E onde estava Elvis Presley durante os anos 60?! Infelizmente ele estava naufragando em Hollywood, participando de alguns dos mais estúpidos filmes já produzidos! Que tristeza! Aquele que sempre foi apontado como um dos maiores representantes da revolução do rock'n'roll na década de 50 agora era satirizado e ridicularizado por causa de seus filmes patéticos, de suas trilhas sonoras ridículas e de suas atuações constrangedoras! Depois que deixou Hollywood Elvis partiu para uma cruzada com o único objetivo de apagar esse verdadeiro "buraco negro" de sua carreira e voltar ao trono que sempre lhe pertenceu de direito. Em muitos aspectos ele conseguiu voltar lá, principalmente no período que vai de 1968 a 1973. Infelizmente depois daí Elvis, por problemas pessoais causados pelo uso excessivo de drogas, acabou novamente sofrendo uma série de reveses que novamente nublariam seu grande talento.

De qualquer maneira ficaram para sempre os registros desse grande cantor, como esse de "Yesterday". O maior sucesso musical de todos os tempos na opinião de muitos especialistas. A música mais gravada da história do Pop mundial. Estes são apenas alguns títulos que esta imortal canção dos Beatles ostenta. Paul McCartney pensou em chamar esta maravilhosa canção de "ovos mexidos", felizmente mudou de opinião. Ela foi lançada originalmente no LP "Help" em 1965 quando o grupo britânico estava no auge do sucesso. A versão de Elvis foi gravada em Las Vegas, no ano de 1969, naquela que foi sua verdadeira volta aos palcos, pois sua última apresentação havia sido em 1961! Uma maravilhosa interpretação que deixa registrado para a história uma pequena amostra do grande talento do Rei do Rock para essa música fenomenal.

PROUD MARY (John Forgerty) - Essa canção foi lançada originalmente pelo grupo Creedence Clearwater Revival em single no final de 1968. Chegou ao segundo lugar nas paradas e se tornou grande sucesso do conjunto quando incluída no álbum "Bayou Country" um ano depois. Esse era considerado um dos melhores conjuntos de Rock / Country daquele período, principalmente na opinião de feras como John Lennon. Aqui vemos nitidamente a tentativa de Elvis em contrabalançar sua carreira. Ao mesmo tempo em que gravava hits de cantores como Tom Jones e Neil Diamond, simplesmente para agradar o tipo de público padrão de Las Vegas, Elvis procurava também compensar tudo com temas de grupos de rock que estavam na moda como o Creedence. A versão de Elvis Presley ao vivo tem pique, embalo, ótimo arranjo e o mais importante de tudo: uma inspirada interpretação por parte do Rei do Rock. Embora essa seja uma das versões mais populares dessa música, a regravação de Tina Turner um ano depois, é considerada pela crítica especializada como a melhor. Embora não concorde com essa visão tenho que realmente dar o devido crédito a Tina Turner por sua versão, que sem dúvida é maravilhosa.

Já no que se refere a sua trajetória dentro da carreira de Elvis a música seria outra desse disco que iria se tornar parte constante dentro do repertório de shows de Elvis. Embora não a tenha gravado em estúdio de forma oficial podemos encontrar uma versão bem interessante dela durante os ensaios do filme "Elvis On Tour" (leia abaixo a crítica). Ela também está presente no melhor disco ao vivo de Elvis nos anos 70, o famoso "Madison Square Garden". Como acontece com "Polk Salad Annie", cada versão tem suas peculiaridades que variam de acordo com o gosto do freguês! Assim certamente cada um tem seu registro preferido. De minha parte escolho essa como a mais perfeita tecnicamente e a do disco "Madison Square Garden" como a de melhor pique e emoção! É fato notório a grande qualidade das versões das primeiras temporadas de Elvis em Las Vegas. Com o decorrer dos anos a qualidade iria diminuir na mesma proporção em que Elvis ia ficando entediado com a falta de desafios a cada nova temporada em Vegas. Por essa razão as três primeiras temporadas de Elvis em Las Vegas são realmente imbatíveis no quesito de profissionalismo e perfeição técnica por parte dele.

WALK A MILE IN MY SHOES (Joe South) - Alguns autores, de forma precipitada, escreveram que essa canção seria a exceção à regra desse disco, ou seja, seria a única versão original de Elvis Presley presente no On Stage. Todas as demais seriam apenas versões de Elvis para músicas conhecidas de outros artistas. Isso é um equívoco dos grandes. A canção já havia sido lançada antes por seu autor Joe South. Esse aliás não é apenas um compositor de Elvis como muitos afirmam. Pelo contrário, Joe South tem uma carreira firmada, com grandes sucessos como o single "Games People Play" de 1969. Além de grande cantor, premiado inclusive com o almejado prêmio Grammy, Joe é um dos mais gravados autores do Sul dos EUA, tendo ganhado versões de suas músicas nas vozes de artistas prestigiados como Lynn Anderson, Jerry Reed e Deep Purple. De qualquer maneira essa forte identificação entre a canção e a carreira (e a vida de Elvis também) é plenamente justificada, pois sua letra pode ser vista como um retrato perfeito dos caminhos percorridos pelo cantor na última década de sua carreira. Preste atenção no teor da canção e reflita bem se ela retrata bem ou não o tortuoso caminho percorrido pelo Rei do Rock nos anos setenta, tanto que acabou sendo utilizada como título da ótima caixa, com cinco CDs, lançada pelo grupo alemão BMG (Atual dono dos direitos autorais das canções do cantor) nos anos 90. Acompanhado por sua banda Elvis nos brinda com outro grande momento. Infelizmente a música não se firmou dentro dos concertos e também foi logo abandonada por Elvis. De qualquer maneira ela virou um símbolo dessa segunda temporada do cantor em Las Vegas, o que não deixa de ser um grande mérito para a música em si.

LET BE ME (Bécaud / Delanoe / Curtis) - Talvez um dos grandes problemas de Elvis Presley era o fato dele não escrever suas próprias músicas. Sempre dependendo das criações de outras pessoas, Elvis ficava muitas vezes de mãos atadas. Quando lançava uma nova canção dentro de sua discografia nos anos 70 era praticamente certo que seria apenas uma regravação de uma obra original de outro cantor ou grupo musical. Esse disco é um retrato fiel disso. Todas as dez músicas eram regravações de Elvis das músicas de outras pessoas. Duas coisas aconteciam quando Elvis colocava no mercado um disco desses. A primeira era a falta de novidades e de impacto nas paradas de sucesso. Embora sejam ótimas versões elas não tinham mais potencial (com raras exceções) de liderar as paradas dos EUA, pois já tinham chegado lá nas vozes de seus intérpretes originais. Outro problema era que Elvis estava agora vivendo em uma outra atmosfera musical, muito diferente da que ele viveu nos anos 50. Naquela década um cantor como Elvis, que praticamente apenas gravava material providenciado pela sua gravadora, sem criar nada de original, até poderia ser encarado como algo natural. Ele se colocava apenas como um intérprete e nada mais. Porém nos anos 60 a situação mudou de figura. Depois de toda aquela revolução musical, a originalidade se colocou em primeiro plano. Um artista era tão mais valorizado quanto mais original fosse sua obra.

Nesse ponto Elvis e suas regravações de temas de outros artistas era visto com certo desprezo por vários setores da crítica e principalmente do público jovem daqueles anos. Afinal a quem interessaria ouvir temas que já tinham sido lançados antes e que já estavam saturados nos ouvidos das pessoas daquela época? Certamente apenas os fãs de Elvis iriam apreciar com mais intensidade um disco como esse. Para o consumidor médio o interesse decaia pois afinal de contas não havia nada de novo nesse tipo de lançamento, o material já era por demais conhecido. Em vista disso os discos de Elvis, principalmente aqueles gravados ao vivo em Las Vegas, começaram a circular apenas entre seus próprios fãs. Let Be Me, a canção que fecha o disco é providencial nesse aspecto. Era uma regravação (a versão foi originalmente gravada pelo cantor francês Gilbert Bécaud com o título de "Jet'appartiens" pelo selo EMI em 1960, sendo que a primeira versão em língua inglesa foi a do grupo vocal "The Everly Brothers"), não trazia novidades para o mundo musical da época e por essa razão não conseguiria se sobressair nas paradas, mesmo sendo uma belissima versão, lindamente cantada por Elvis. Por essa e outras razões é que muitos discos de Elvis em sua última década de carreira não conseguiram atingir ótimos números em termos de cópias vendidas, mesmo sendo alguns deles o que de melhor Elvis produziu em toda sua vida artística.

Elvis Presley - On Stage - February 1970: / 2º temporada Las Vegas (Fevereiro de 1970): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Jerry Scheff (baixo)/ Bob Lanning (bateria) / Charlie Hodge (violão e voz) / Glen Hardin (piano) / The Imperials (vocais) /The Sweet Inspirations (vocais) (vocais) / John Wilkinson (guitarra) / Bobby Morris e sua Orquestra / Produzido por Felton Jarvis / arranjado por Felton Jarvis, Glen D. Hardin, Glenn Spreen, Bergen White / Ficha Técnica / 1º temporada Las Vegas (agosto de 1969) (Yesterday e Runaway): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Jerry Scheff (baixo)/ Ronnie Tutt (bateria) / Charlie Hodge (violão e voz) / Glen Hardin (piano) / The Imperials (vocais) /The Sweet Inspirations (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / John Wilkinson (guitarra)Felton Jarvis / arranjado por Felton Jarvis, Glen D. Hardin, Glenn Spreen, Bergen White / On Stage / February 1970: Gravado no Showroom do International Hotel, Las Vegas / Data de Gravação: agosto e setembro de 1969 e 15 a 19 de fevereiro de 1970 / Data de lançamento: junho de 1970 / Melhor posição nas charts:#13 (EUA) e # 2(UK)

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley

 

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Elvis Presley - FTD Made In Memphis

Ao analisarmos um CD temos que levar em conta vários fatores intrínsecos e extrínsecos. Fatores extrínsecos são aqueles inerentes a aspectos externos do disco, tais como direção de arte, critérios de seleção musical e marketing. Critérios intrínsecos dizem respeito ao conjunto da obra em si, ao valor musical das próprias faixas, das músicas enfim. Só após colocar todos esses aspectos em relevo é que podemos sintetizar nossa opinião e darmos uma análise isenta e correta do ponto de vista material. No caso desse novo lançamento da FTD (Follow That Dream) verificamos que os problemas surgem logo no começo da avaliação. A primeira grande constatação é de que falta um critério mais relevante para justificar sua confusa seleção musical. Colocar em um mesmo CD canções de épocas distintas da carreira de Elvis, mesmo que sob o fraco pretexto de que todas foram gravadas em Memphis (Made in Memphis), é no mínimo tenebroso. 

Aliás esse foi um aspecto bastante debatido e levantado entre os colecionadores mais conceituados, ou seja, a fragilidade do critério seletivo desse CD, da escolha errática, equivocada e pouco criteriosa do repertório. O fã de longa data de Elvis Presley sabe que uma coletânea sem valor é aquela que simplesmente amontoa várias canções desse artista sem nenhum laço mais relevante as unindo, com o único propósito de vender para os leigos de forma fácil, rápida e certa. Se isso vale para a discografia oficial de Elvis, vale também para os chamados discos alternativos, como esses do selo FTD. Causou-me grande admiração a falta de critério desse lançamento, principalmente porque os lançamentos anteriores, praticamente todos eles, sempre respeitaram a ordem das sessões, a organização que sempre deve se ter em vista em se tratando da obra de um artista tão complexo e multifacetado como Elvis. Misturar em um mesmo produto canções produzidas em 1969 no American Studios com faixas gravadas no Stax em meados dos anos 70 causa arrepios e perplexidade entre os especialistas. O fato de se tratar de um CD essencialmente de takes alternativos só agrava a situação de desconforto.

Partindo do que foi exposto chegamos logo à conclusão que nesse ponto o CD deixa a desejar, pois não há um bom critério de seleção que justifique sua existência. Uma das primeiras coisas que levo em conta quando um novo título de Elvis chega em minhas mãos são sem dúvida os critérios organizacionais utilizados. Se há mistura de faixas de momentos diversos da carreira de Elvis, já perde pontos logo no primeiro momento em que analiso seu valor. Isso é justamente o que ocorre aqui. Qualquer pessoa, com o mínimo conhecimento sobre Elvis, sabe muito bem que ele evoluiu nitidamente ao longo dos anos, o Elvis de 1969 no American, por exemplo, pouco se assemelha ao Elvis da fase final de sua carreira. É importante que se respeite a ordem cronológica histórica das sessões em que as canções foram gravadas ou então, pelo menos, que se respeite o disco oficial em que foram unidas pela primeira vez, fora disso, quando se misturam músicas de períodos distintos, fica sempre um inconfundível cheiro de bagunça e desorganização no ar, ou na pior das hipóteses de falta de conhecimento daquele que organizou a coletânea (o que certamente não é o caso aqui). De qualquer maneira essa união causa certamente perplexidade aos estudiosos do tema em questão. O segundo ponto negativo é a direção de arte, uma das mais fracas dessa coleção. Usando como base e fundamento fotos amadoras tiradas por fãs, que são apenas interessantes, o CD perde pontos significativos no critério visual, em sua beleza estética, que se é um fator extrínseco, e sem dúvida o é, não é menos importante se formos considerar e levar em conta a opinião dada pelos colecionadores e consumidores logo após seu lançamento. Se um livro não pode ser julgado pela capa, um CD muito menos, temos que nos curvar, infelizmente, ao mundo narcisista em que vivemos para dar a devida importância à beleza externa do produto e nesse ponto o CD Made In Memphis também perde pontos nesse aspecto. Não é mal feito ou mal elaborado, nada disso, é apenas banal e corriqueiro. Essas são apenas observações iniciais. Seguindo em frente na análise, vamos agora verificar cada faixa e julgá-la em seus valores intrínsecos, ou seja, deixemos os aspectos apenas periféricos para entrar naquilo que é mais importante, o valor artístico das faixas e sua importância dentro da discografia do artista.

O CD abre com três takes alternativos do American Studios, sendo In The Guetto a primeira delas. Essa canção tem grande importância na carreira de Elvis Presley porque foi uma resposta por parte dele às constantes críticas de que seu material dos anos 60 era infantil e bobo, apolítico e supérfluo, passando à margem de tudo o que ocorria dentro da conturbada sociedade daquela época. Realmente, se formos levar em conta as trilhas sonoras de seus últimos filmes, temos que dar razão à opinião daqueles que atacavam Elvis. O grande valor sempre dado às músicas do American provêm justamente disso, do salto qualitativo imenso que representou para a carreira do cantor. Depois do American Elvis foi novamente valorizado e colocado no patamar a que ele sempre teve direito. A faixa é praticamente idêntica à oficial, exceto pela ausência do acompanhamento vocal (que era quase sempre adicionado depois, pelo menos no que diz respeito a essa sessão em particular). Já as seguintes, You'll Think Of Me e Who I Am apresentam modificações. A primeira é, do ponto de vista de arranjos, bem próxima da versão que conhecemos, mas é nitidamente diferente, principalmente pelo deslocamento do refrão e de uma ou outra pequena modificação feita por parte de Elvis. A segunda é um dos grandes momentos de Elvis no American. Na primeira tentativa temos uma levada bem mais lenta que a do take definitivo que foi para o disco. Depois de uma pequena pausa, Elvis recomeça já em sua velocidade normal. Apesar de não ter sido a escolha de Elvis, a primeira tentativa me pareceu bem interessante (pena que dure tão pouco!). O que mais impressiona é saber que esse é apenas o take 4!!! Isso nos dá uma ideia de como Elvis conseguia ótimos resultados no menor tempo possível, pois apesar de ser um dos primeiros takes alternativos, ele é praticamente perfeito, com mínimas alterações em relação ao que foi escolhido para o material definitivo que iria fazer parte do disco oficial.

As três seguintes são do disco Raised On Rock / For Ol'Times Sake de 1973. Esse é um dos patinhos feios da discografia de Elvis. Quase nunca freqüenta a lista dos melhores álbuns de sua carreira (nem se a lista for limitada aos anos 70), suas canções não tiveram boa resposta por parte do público na época de seu lançamento, Elvis pouco usava de seu repertório durante os concertos e como não traz nenhum grande momento musical marcante ou sucesso eterno foi aos poucos sendo deixado de lado e esquecido. Particularmente gosto do álbum, principalmente por trazer o reencontro entre Elvis e a dupla Leiber e Stoller, meus compositores preferidos. Para minha felicidade as duas faixas alternativas estão aqui. O take 5 de If You Don't Come Back é praticamente idêntico à versão do LP. O solo de guitarra está bem interessante, pena que como se trata de um ensaio, bem no meio de sua execução a música acaba repentinamente. Já Three Corn Patches (take 5 e 6) traz um Elvis pouco ligado e interessado na gravação, nada empolgado e apenas passeando pelos versos. Mais uma vez o que salva a canção é um belo solo de guitarra que inexiste na versão oficial do disco. Aqui nesse registro podemos ter uma ideia de todos os problemas que Elvis vinha passando na ocasião. Quando esse disco foi gravado, em julho de 1973, Elvis estava passando por todos os problemas legais decorrentes do pedido de divórcio por parte de Priscilla. Além de muito deprimido com toda a situação, Elvis ainda tinha que cumprir uma agenda lotada de shows e providenciar material novo de estúdio para a RCA. Diante de tantas circunstâncias agravantes só nos resta constatar como Elvis estava fadigado, não é à toa que ele nem mesmo compareceu em algumas das noites programadas para as sessões desse disco, tendo que providenciar material gravado em sua casa de Palm Springs depois para completar o disco. A faixa seguinte, a última do Raised On Rock, é Find Out What's Happening (take 7). A curiosidade fica por conta do murmurinho das vocalistas de Elvis ao fundo quando a música acaba, passando a imagem de que elas realmente deveriam conversar um bocado entre si! Se era assim nos estúdios, imagine nos bastidores das excursões!

As três canções seguintes foram lançadas no mesmo disco, Promised Land. Assim como o disco anterior, esse também foi gravado nos estúdios Stax em Memphis. Porém, ao contrário do Raised On Rock, ele sempre foi considerado um disco mais coeso e de melhor qualidade técnica. It's Midnight retrata bem isso. Na 11ª tentativa, Elvis e seu grupo produzem uma belíssima versão de uma canção que por si só já é linda. Poderia muito bem entrar na versão final do disco, sem nenhum problema, sendo inclusive superior em certos aspectos e em determinados momentos à versão oficial. A mesma situação se repete depois com Thinking About You, que conta com um ótimo dedilhado e um belíssimo arranjo, um dos melhores dos anos 70. Mais um exemplo da grande capacidade de Elvis em gravar material inédito rapidamente! Em apenas três tentativas Elvis praticamente fecha e chega na versão original e definitiva. Não há praticamente nenhuma diferença entre essa versão e a que entrou no LP. Compare as duas e perceba bem o que estou afirmando. Fechando a parte de "Promised Land" do disco chegamos ao conhecido country You Asked Me To. Essa é bastante recomendada para quem gosta de sentir como foi a gravação, como estava o clima dentro dos estúdios. Aqui podemos ouvir Elvis relaxado, conversando e rindo bastante. Charlie Hodge novamente comparece também com sua conhecida risada e Elvis também se diverte muito! O que é mais interessante é que Elvis não desafinava nem mesmo quando estava dando suas conhecidas gargalhadas! Isso é o que eu chamo de brincadeira no tom certo!

As seis faixas seguintes são todas das Jungle Sessions. Muito já se escreveu sobre essas sessões. Para alguns um retrato triste de um artista na fase final de sua vida, absorto totalmente num estado tão deplorável que mal tinha ânimo para se dirigir a um estúdio de verdade e gravar seu último disco; para outros um momento precioso e raro que captou os últimos registros fonográficos da genialidade ímpar de Elvis Presley, mesmo que sob condições adversas. Qualquer posicionamento extremado aqui nessa questão é condenável. Nem podemos destituir essas faixas de sua qualidade inerente e nem podemos também celebrar a total falta de profissionalismo por parte de Elvis na gravação dessas músicas. O fato dele realmente não ter entrado em um estúdio da RCA demonstra inequivocamente seu desinteresse pela qualidade final dessas gravações. Outro fator que também pouco ajudou foi a incrível sucessão de fatos bizarros que antecederam sua descida à Jungle Room. Mas a despeito de todos os problemas que cercaram o registro dessas faixas não podemos ficar menos do que surpresos com o produto final, pois se há um ponto fora de qualquer divergência é a constatação que o material, apesar de tudo, é de excelente nível. As três primeiras faixas desse conturbado período, Solitaire, She Thinks I Still Care e Moody Blue são sintomáticas nesse sentido. A primeira traz Elvis conferindo e dando uma geral na letra e na harmonia antes das gravações e fazendo uma pequena piada com o cantor Neil Sedaka. Quando o take realmente começa podemos notar como Elvis rapidamente entra no espírito da faixa. Em poucos segundos ele sai de um estado de animação e brincadeira para assumir rapidamente o tom melancólico e pesado que a canção exige. Depois ainda afirmam que ele não era um bom ator! She Thinks I Still Care sempre foi uma das minhas preferidas, apesar de sempre ter dado preferência à versão alternativa mais ao estilo blues (que pode ser conferida na caixa "Essential Elvis 70's"). Essa versão que está presente nesse CD é ainda mais introspectiva que a do disco oficial e apesar disso não deixa de ser bem interessante, principalmente pela presença mais incisiva de teclados. A versão de Moody Blue pouco traz alterações relevantes, fato que se repete nas três últimas faixas dessas sessões, Bitter They Are, Harder They Fall, Love Coming Down e  For The Heart são praticamente idênticas ao material que já conhecemos tão bem, tirando é óbvio as devidas proporções. De todas elas destaco apenas For The Heart. É uma bela música que retrata muito bem e de forma cristalina o caminho que Elvis vinha tomando em seus últimos anos.

O antes aclamado Rei do Rock ia cada vez mais direcionando sua carreira para um tipo de música mais centrada em suas raízes, leia-se country music. Essa guinada nem sempre era bem vista por um grupo determinado de fãs, justamente àqueles que se tornaram seus admiradores nos anos 50 e eram basicamente órfãos da primeira geração do Rock'n'Roll. Essa situação de desconforto nunca foi totalmente superada. Apesar de Elvis ter realmente deixado seu velho estilo de lado, principalmente em suas sessões de estúdio dos anos 70 (com exceções como Promised Land), é inegável que o country sempre o acompanhou e fez grande parte de sua fase inicial também. Para explicar essa situação a melhor resposta mesmo tenha sido justamente àquela dada pelo próprio Elvis. Quando questionado porque não gravava mais rocks Elvis sempre respondia que não encontrava mais material de qualidade desse ritmo e que para ele nem sempre seria proveitoso trazer à tona velhas músicas dos anos 50, por exemplo. Depois de ouvir todos os takes alternativos do CD finalmente chegamos na parte realmente importante desse CD do selo FTD. O mais interessante desse lançamento talvez seja mesmo as músicas que Elvis gravou de forma caseira na casa de Sam Thompson em Memphis. Aliás se formos analisar bem, chegaremos à conclusão que a única razão da existência desse título do selo FTD se encontra justamente nesses registros. Foi a forma encontrada por Ernst Jorgensen para lançar esse material. São cinco canções, Baby, What You Want Me To Do, I'm So Lonesome I Could Cry, See See Rider, Spanish Eyes e That's All Right, todas gravadas em novembro de 1973. Ninguém aqui seria tolo o bastante para partir para uma avaliação de suas qualidades técnicas, muito longe disso, pois sua importância transcende esse tipo de atitude. O que importa é a oportunidade única de se ouvir Elvis em um momento de descontração ao lado de pessoas que desfrutavam de sua intimidade na época. Elvis vinha se recuperando de vários problemas de saúde, inclusive estivera hospitalizado vários dias e ainda se encontrava em um período de convalescença. Foi justamente nessa situação que ele e Linda Thompson resolveram visitar a casa de Sam logo na primeira semana de novembro daquele mesmo ano. Elvis, Linda e Rick Stanley (filho de Dee, a madrasta de Elvis e guarda costas de plantão) foram lá com a intenção de fazer uma visita de cortesia, conversar um pouco e se descontrair para esquecer um pouco seus problemas pessoais e de saúde. O que era para ser apenas um encontro casual e de amenidades acabou mudando de foco quando Elvis começou a promover uma animada "sessão" ao lado de seus anfitriões (estavam presentes também os pais de Sam Thompson e sua esposa, Louise). Elvis deu uma canja e nem se importou ao perceber que Sam havia ligado seu pequeno gravador para deixar registrado para a história aquela "performance" do Rei do Rock. Aliás ele chegou mesmo a brincar com o fato ao dizer de forma jovial: "Ladies and Gentleman, this is being recorded tonight live for a new album..."

O clima de descontração fica evidente até mesmo por pequenas coisas que são lembradas pelo próprio Sam em seu depoimento, como o latido de seu velho cachorro, o telefone tocando ao fundo (nada mais do que a cozinheira de Graceland avisando que o jantar estava pronto!), as piadas e as conversas triviais entre os presentes. O Tape finaliza com um poema declamado pelo próprio Elvis. Se você pensa que é algo muito profundo ou sério esqueça, Elvis dá sua pequena contribuição e todos caem na gargalhada (com destaque para Linda, que perde logo a compostura e mais me parece uma hiena histérica, para dizer a verdade!). Depois de ouvir essas faixas você pode se perguntar: teriam elas algum valor realmente? Na minha forma de ver as coisas, sim, certamente. Para um fã elas são interessantes pois trazem um Elvis totalmente à vontade, praticamente em casa, num clima familiar e ameno. Quem conhece a história de Elvis sabe que isso não é pouca coisa. Principalmente em seus últimos anos Elvis realmente quase nunca abria mão de sua privacidade. Não deixa de ser um momento raro podermos ouvir, mesmo que por um mínimo espaço de tempo, Elvis em seus momentos de descontração e privacidade. Só isso já seria um argumento bastante forte para demonstrar que essas faixas são realmente preciosas. Talvez elas teriam muito mais relevância se fossem músicas inéditas, canções que não fizessem parte de nenhum de seus álbuns. Como são muito conhecidas e sempre fizeram parte de seus shows e discos de estúdio o interesse decai para os colecionadores. Mas, em seu contexto, elas são muito bem-vindas.

Se há uma grande contribuição desse lançamento, ele certamente é a prova de que os responsáveis pelo catálogo de Elvis, Ernst Jorgensen e Roger Semon, estão correndo atrás, indo em busca de coisas inéditas deixadas pelo imortal cantor. Ainda não se chegou a um grande achado, a um grande tesouro perdido, mas quem sabe se no futuro não seremos brindados com um conjunto de faixas realmente inéditas, um verdadeiro registro de valor imensurável para os fãs e estudiosos em geral? Só nos resta esperar e torcer para que esse dia chegue. Enquanto ele não vem, não deixe de ouvir esse novo lançamento do selo FTD. Ele pode ser encarado muito bem como um ensaio de algo muito valioso que ainda está por vir. O saldo final do disco não deixa de ser positivo. Apesar de todas as observações que escrevi aqui, não posso retirar desse novo lançamento da FTD seus méritos. Qualquer novo material envolvendo o nome de Elvis sempre será recebido como um grande evento por todos os que se interessam pela obra e pela vida desse grande ícone cultural de nosso tempo. Que venham sempre e sempre novos lançamentos, novos registros inéditos, pois assim o interesse em torno do nome de Elvis sempre se renovará, sempre terá um inegável sabor de novidade! Que Elvis renasça em todos esses títulos, nesse e nos anos que virão pela frente e que sua chama seja sempre reacendida pelos admiradores desse fenomenal artista.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Elvis Presley - Elvis Studios Highlights 1969

Logo em janeiro de 1969 Elvis iniciou as sessões que marcariam para sempre sua carreira. O local escolhido foi o American Studios, um pequeno estúdio de gravação localizado em Memphis. Seria a primeira vez que Elvis gravaria em sua cidade desde os tempos da Sun Records. Esse fato por si só já chamava a atenção dos que acompanhavam a carreira de Elvis desde o seu início, mas as novidades não paravam por aí. O grupo que acompanharia Elvis seria completamente renovado, composto por excelentes músicos contratados especialmente para atuar ao lado do cantor. Os antigos membros como Scotty Moore e DJ Fontana, além dos Jordanaires foram deixados de lado. A direção musical também mudaria de mãos, sendo comandada por Chips Moman e Felton Jarvis, que já tinha desenvolvido material interessante ao lado de Elvis anteriormente.

Qual afinal era a razão para tantas mudanças? Simples. A palavra de ordem era renovação - e urgente! Depois do sucesso alcançado por seu especial de TV no final de 1968 Elvis queria acima de tudo se renovar em estúdio, gravando material de qualidade para se tornar novamente um artista relevante. A própria escolha do American mostrava bem a intenção de Elvis. Tecnicamente o American passava longe de ser um local adequado, suas instalações não eram das melhores - alguns participantes relataram até mesmo ratos passeando pelo ambiente durante as gravações - mas no final nada disso importava. Elvis queria acima de tudo procurar a inspiração perdida há tantos anos e obviamente seria em Memphis que ele a reencontraria. Além disso o cantor não escondia que naquele momento queria certa distância dos estúdios de Nashville e da costa oeste. Nesses lugares Elvis foi obrigado a engolir algumas das músicas mais ridículas já compostas. O simples fato do American ser em Memphis já era um alívio para ele pois certamente a pressão vinda da direção da RCA seria bem menor.

A sessão no American também foi sua primeira "maratona" de gravação. Ao contrário do que ocorria antes Elvis agora entrava em estúdio para gravar uma grande quantidade de canções, sem nenhum tema específico as ligando entre si (como acontecia nas trilhas sonoras). O farto material depois seria selecionado e lançado pela direção da RCA em títulos diversos ao longo do ano. Esse sistema era muito interessante, pois dava uma grande liberdade de escolha de repertório ao artista, além de ser muito econômico pois as sessões realizadas de forma concentrada traziam menores custos. O sistema de "maratona" deu tão certo que seria fartamente utilizado por Elvis nos anos 70 e se tornaria padrão em sua carreira dai em diante.

Elvis por sua vez aproveitou muito bem esse sistema. Livre para escolher o que lhe agradava o cantor mostrou todo o seu ecletismo, passeando livremente por praticamente todos os gêneros musicais. Do Blues, passando pelo Country, indo de baladas sentimentais a temas mais incisivos, Elvis obteve sua retenção musical durante essas sessões. Sua empolgação era latente. Além disso logo se formou um clima ameno e amigável com o grupo que o acompanhava, tudo se traduzindo em excelentes canções gravadas. O resultado não tardou a aparecer. O primeiro single lançado trazendo músicas exclusivamente gravadas no American (com Suspicious Minds / You´ll Think Of Me) logo se tornou um enorme sucesso e deu a Elvis pela primeira vez em muitos anos a primeira posição entre os mais vendidos da parada Billboard! Isso sem esquecer os clássicos álbuns lançados nesse mesmo ano, todos também extremamente bem sucedidos nas paradas de sucesso.

De fato. Embora muitos creditem o renascimento da carreira de Elvis Presley ao sucesso do especial de TV realizado em 1968 a grande verdade é que esse só se tornou completo com as gravações realizadas em Memphis, no acanhado American. As sessões foram tão completas e satisfatórias que Elvis só entraria novamente em estúdio durante esse ano para gravar sua última trilha sonora, do filme Change of Habit. Depois disso Elvis nunca mais colocaria sua voz nesse tipo de projeto. Esse tipo de coisa era realmente algo para ser deixado para trás, era passado, algo que não cabia mais depois das ótimas músicas realizadas no American Studios. Depois de ouvir o resultado das sessões todos concordaram, tanto o público quanto a crítica, que finalmente Elvis havia reencontrado seu caminho. As portas para alguns dos anos mais inspirados da carreira do cantor estavam definitivamente abertas agora.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Dissecando Mr. Presley 1969

Contexto Histórico: Dez dias depois que o primeiro homem pisou na Lua, finalmente Elvis volta aos shows em Las Vegas e pisa no palco pela primeira vez desde 1961. Elvis está novamente empolgado, o NBC TV Special representou mais do que nunca uma virada decisiva em sua carreira. As sessões de janeiro no American Studio consolida a ótima fase que é coroada definitivamente com seu retorno ao local onde sempre foi rei: diante de seu público. Para lhe acompanhar Elvis forma uma excelente banda liderada pelo guitarrista James Burton e é acompanhado por uma orquestra de primeira linha. Em ótima forma física, esbanjando humor e alto astral Elvis conquista a todos numa série de apresentações com casa lotada.

Jerry Hopkins, amigo e testemunha ocular de seu retorno triunfante relembra: "Elvis caminhou preguiçosamente até o centro do palco, agarrou o microfone do pedestal, fez uma pose dos anos 50 - pernas firmes, joelhos estalando quase imperceptivelmente - e antes que pudesse começar sua primeira música, a plateia o fez parar. Logo que ele ia começar a primeira música, levou no rosto um grande rugido. Todas aquelas milhares de pessoas estavam de pé, muitas em cima das cadeiras e gritando". Elvis então dá o melhor de si e mostra que não perdera seu toque mágico com o público e mostra que ainda é o rei do rock. O show se traduz em um enorme sucesso, tanto de público como de crítica. Elvis não contêm após a apresentação. Ao encontrar o Coronel Parker ambos se abraçam, lágrimas nos olhos, celebrando o grande momento e o grande triunfo. Elvis diz ao Coronel: "Temos que colocar o pé na estrada novamente, vamos ganhar o país!". No dia seguinte toda a imprensa falada e escrita do país está comentando e celebrando a volta de Elvis às apresentações ao vivo. O Coronel anuncia que em breve Elvis irá começar a visitar as cidades americanas. No último dia da temporada Elvis dá uma grande festa em seu apartamento no International Hotel. Elvis confidencia a Joe Esposito: "Joe, estou muito feliz, há muito tempo não sentia tanto prazer assim em cantar e me apresentar!".

Assim se manifestou a revista Rolling Stone sobre os shows de Presley: "Elvis é sobrenatural. É a sua própria ressurreição". A Revista Newsweek escreveu: "Aconteceram muitos fatos na vida de Elvis, mas o mais inacreditável foi sua permanência no mundo musical, onde carreiras meteóricas quase sempre se desvanecem, tal qual estrelas cadentes". A revista "Elvis Monthly" expressou a opinião dos fãs: "Em 20 de julho de 1969, o Homem desceu na Lua, a Águia pousou e Neil Armstrong deu um pequeno passo para o homem, um gigantesco passo para a humanidade. A Atenção do mundo voltou-se para o Mar da Tranqüilidade e fez-se a História. Em 26 de julho de 1969, Elvis Presley pisou no palco do International Hotel - O Rei retornou. Pode ter sido um pequeno passo para Elvis, mas foi um gigantesco passo para seus fãs". Parte da temporada será lançada depois no disco duplo "From Memphis to Vegas / From Vegas To Memphis". Elvis ainda era o eterno Rei do Rock.

Pablo Aluísio.

Dissecando Mr Presley em 1969
Por Erick Steve


Visual: Elvis abandona de forma definitiva o laquê que o caracterizou tanto em Hollywood e usa seu cabelo ao natural, novamente bem pintado de preto. Suas primeiras roupas no palco no International Hotel também trazem tonalidades escuras, com acessórios vermelhos. Visualmente Elvis ainda não se achou, coisa que só iria se consolidar nos anos seguintes com a chegada das jumpsuits brancas que seriam sua marca registrada para sempre. Elvis no final das contas cede às pressões da moda da época e adota o cabelo liso e longo (alguém aí lembrou dos Beatles?)

Voz: Elvis está em uma fase particularmente inspirada em suas interpretações, trazendo ainda ecos de suas sessões no American Studios no começo do ano. Apesar das ótimas faixas de estúdio ainda prefiro suas perfomances ao vivo, aonde demonstra vitalidade e força de vontade, principalmente no disco Elvis In Person (que é apenas um dos Lps do From Elvis to Vegas lançado em separado). Seu estilo no American inclusive não mais se repetiu nos discos seguintes.

Banda: Perfeita. Porém um fato chama logo a atenção: eles se saem melhor em músicas mais agitadas e viris. Nas românticas, principalmente ao vivo, nota-se certa preguiça e falta de entrosamento (vide Are You Lonesome Tonight e In The Guetto do Lp In Person). Claro que estou me referindo à TCB Band. Já os músicos do American eram melhores em estúdio, como bem demonstra os LPs de Elvis gravados ao lado deles.

Melhor show de 1969: 24 de agosto. Elvis está bastante animado e afinado. Altamente profissional e bem longe de algumas apresentações em que ele visivelmente ficaria entediado nos anos que viriam. O show de estréia não me agrada muito, pois Elvis transparece nervosismo e demora a se encontrar no palco. Compreensível já que ele estava quase dez anos sem se apresentar ao vivo – sua última apresentação tinha acontecido no Hawaii em 1961.

Vida pessoal: quando Elvis foi para Las Vegas ele não se fez de tímido. Só existem dois tipos de pessoas que moram em Las Vegas mesmo: artistas frustrados e garotas de programa (as famosas escorts girls de Vegas). Elvis não demorou muito para se sentir totalmente à vontade na presença dessas "damas" e "tietes". Uma diferente a cada noite, senão enjoa. Priscilla? Coitada só ia nas estréias e nos shows de encerramento. Nesse meio tempo Elvis aprontava e ela ficava em Memphis cuidando da casa (machismo perde hein?). Infelizmente é isso mesmo, A Priscilla começa a virar alce, de tanto chifre que começa a levar.

Bolinhas: Ora, se Elvis já estava bem dependente em casa, imagine na loucura de Vegas. Pressionado e com a adrenalina a mil por causa dos shows e sua volta, Elvis se esbalta nos coquetéis químicos. O consumo aumenta mas tudo é cirurgicamente abafado para não gerar escândalos na imprensa. Porém, nessa época, as drogas ainda não começam a prejudicar seus shows e poucos percebem que Elvis está de cuca alta na maioria dos concertos.

Melhor single: Suspicious Minds – Pelo sucesso e pelo valor artístico. Nota 10.

Pior single: complicado escolher, pois Elvis só lançou material relevante. Na dúvida fico com His Hand In Mine, por ser apenas reprise. Mas isso não quer dizer que a música é ruim, na verdade é excelente, só que é velha.

Melhor música: In The Guetto – por seu valor social e político.

Pior Música: Charro – que porcaria é essa?! Fantasma do passado negro de Elvis no cinema!

Melhor disco: Sem dúvida, From Memphis to Vegas / From Vegas To Memphis, principalmente por causa da parte "Elvis in Person" do disco.

Pior disco: Não tem. Elvis só lançou dois LPs de ótima qualidade. Como não saiu nenhuma trilha sonora, não temos como dar o troféu Abacaxi do Ano.

Saldo final: Altamente positivo. Elvis recomeçava a andar, depois de ficar uma década estagnado e morto artisticamente em Hollywood.

Dissecando Mr Presley em 1969
Por Pablo Aluísio


Visual: Elvis ficou na dúvida quando resolveu voltar a se apresentar. Claro que não dava nem para vestir suas roupas dos anos 50, com ternos folgados e nem muito menos usar o smoking típico da turma de Sinatra. Se fizesse isso seria prontamente satirizado pelo Old Blue Eyes. Afinal Las Vegas era o lar desses cantores, Elvis estava pisando em terreno desconhecido e tinha que se precaver. Então ele se lembrou de sua velha roupa Gold Leaf e mandou confeccionar algo novo, próprio, com muito estilo e que lhe desse a liberdade de suas vestimentas de lutas marciais. Nasceu assim a primeira jumpsuit, meio sem identidade própria sem dúvida, um pouco diferente e que acabou não se fixando, mas que serviu para inspirar todas as que lhe sucederam. Pelo menos a idéia básica estava ali.

Voz: encorpada e altamente profissional, sem dúvida. Principalmente nas faixas dos discos gravados no American notamos uma maturidade e um cuidado todo especial por parte de Elvis, demonstrando que ele tinha plena consciência que aquelas músicas seriam lembradas para a posteridade como um de seus momentos mais marcantes. Talento e profissionalismo, aliado a um material de qualidade riquíssimo só poderia dar no que deu: no renascimento de Elvis como artista de relevância e importância dentro do contexto musical da época. Logo a nova geração iria tomar consciência do talento do cantor, que vinha sistematicamente sendo sufocada pela mediocridade imperante das trilhas sonoras pós 65.

Banda: O grupo que acompanhou Elvis no American era mais bem estruturado, tinha músicos mais profissionais, uma ótima bagagem teórica e leva o prêmio como melhor banda. Claro que todos temos a tendência de gostar da TCB Band, até mesmo porque eles nos são mais próximos, mas não há como evitar e negar se formos compará-los em termos de talento e segurança na execução das faixas. Até mesmo Elvis tinha essa percepção, pois resolveu formar uma banda com mais pulso para tocar com ele ao vivo, o que não significa em nenhum momento que eles eram mais talentosos ou profissionais. A coisa se resume assim: A TCB Band leva o prêmio de banda com mais pegada e coração, mas os caras do American levam o prêmio por melhor técnica e profissionalismo.

Melhor Show de 1969: Pode nem ser o melhor tecnicamente falando, mas é o mais importante do ponto de vista histórico dentro da carreira de Elvis Presley. Estou claro me referindo ao show de abertura de sua temporada em Vegas. É uma questão até mesmo clara que seu nervosismo é facilmente percebido em vários momentos, mas acho que isso não é demérito e muito pelo contrário, a impressão que se dá é a de que Elvis se revela muito mais como pessoa do que como artista e isso engrandece todo o espetáculo. Não há muito o que discutir, mas sempre frisando que minha escolha não é embasada em critérios estritamente técnicos, mas sim em critérios de relevância e importância histórica para todo o contexto da carreira de Elvis.

Vida Pessoal: a infidelidade de Elvis era algo notório não só em Vegas, mas em Hollywood também. Claro que em Vegas Elvis encontrou muito mais garotas dispostas a tudo, vamos assim dizer, mas não acho que aumentou significativamente o número de mulheres em sua vida. Só mudou o cenário, para dizer a verdade. A pior parte para Priscilla nem era muito o fato de Elvis a trair, mas sim a de a trair ostensivamente, levando algumas dessas mulheres para jantar com ele ou assistir shows de outros artistas. Claro que agindo assim Elvis estava humilhando publicamente sua esposa e dando um show para quem quisesse ver. Elvis provavelmente achava que não haveria pecado na cidade do pecado. Quem pode afirmar o contrário, não é mesmo?

Bolinhas: No começo de sua vida na estrada o consumo de drogas estava de certa forma sob controle. Elvis ainda não estava utilizando drogas injetáveis que causam uma dependência brutal no organismo como aconteceu a partir de 1973. Mas as pílulas estavam em toda parte e Elvis as utilizava para praticamente tudo: se animar para a apresentação, se acalmar nos finais dos shows e finalmente mais algumas para que pudesse dormir de forma tranqüila. Também as utilizava para perder apetite e peso e se mostrar em boa forma física. E realmente olhando as fotos dessas suas apresentações notamos que ele estava em ótima forma, bronzeado e com visual acima da média. Pena que o uso o levou a dependência rapidamente e a partir do ano seguinte ele se veria envolvido numa teia de vicio bem acentuado.

Melhor Single: Suspicious Minds – Não há muito o que comentar, a escolha chega a ser óbvia.

Pior Single: Clean Up Your Own Back Yard – Não escolheria His Hand In Mine porque essa música não pode ser considerada de 1969. De todos os singles verdadeiramente lançados em 69, esse que traz essa música do filme The Trouble With Girls é o menos relevante mesmo, não há muito o que comentar. Mas quero deixar claro que não estou condenando essa canção, na verdade até mesmo gosto dela, apenas ela perde em termos comparativos com as demais.

Melhor Musica: Novamente Suspicious Minds leva o prêmio. É a primeira canção de Elvis a liderar as paradas desde 1962, precisa dizer mais alguma coisa?

Pior Música: Charro realmente é péssima, mas o que dizer das trilhas de seus últimos filmes? Elas levam o prêmio em conjunto.

Melhor Disco: Um ano com apenas dois discos e os dois ótimos, como bem frisou o Lord Erick, concordo, porém fico com From Elvis in Memphis por trazer as músicas mais importantes das sessões do American. O From Vegas to Memphis, apesar de monumental, traz uma certa identidade de Ter sido lançado para aproveitar o que ficou de fora do primeiro disco. Restos de ouro, entenda-se bem.

Pior disco: Não tem mesmo. Mas como são apenas dois discos, um necessariamente vai ser o melhor e o outro o pior, Não é mesmo? Questão de lógica, pensando assim infelizmente o título vai para o From Vegas to Memphis.

Saldo Final: Não há muito o que acrescentar. Foi o melhor ano da carreira de Elvis desde 1960 quando ele voltou para retomar sua carreira artística. Aliás ele fez em 1969 mais do que em todos os anos anteriores dos anos 60 em termos de material de qualidade.

Pablo Aluísio e Erick Steve.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Elvis Presley - From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis (1969)

As duas melhores coisas que Elvis poderia ter feito por sua carreira eram: a) voltar a gravar músicas de qualidade e b) retornar aos palcos. Em 1969 para o bem de todos os fãs ele fez exatamente isso. O resultado de tudo pode ser encontrado em um álbum duplo que o cantor lançou no final desse mesmo ano. Denominado inteligentemente de From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis o disco era o trabalho definitivo que colocaria Elvis Presley de volta ao Olimpo dos grandes astros dos anos 1960. Como não poderia deixar de ser, nele o fã encontraria pela primeira vez na discografia de Elvis um LP inteiramente gravado ao vivo pelo cantor em Las Vegas (a cidade que seu empresário escolheu para sua volta) e um segundo disco com mais uma rodada de canções inéditas retiradas das ótimas sessões do American Studios. O disco ao vivo dava uma boa idéia de como eram os shows ao vivo do cantor em sua volta aos palcos na sua primeira temporada em Las Vegas. Elvis aparecia esbanjando um grande talento vocal, animação e boa vontade nas apresentações, tudo aliado a um fantástico repertório que louvava não só seu passado de glórias nos anos 50 como também seu material mais recente, representado aqui pelo seu grande hit do momento: Suspicious Minds. Acompanhado de uma nova banda, diferente de tudo o que os fãs do cantor estavam acostumados a ouvir até aquele momento, Elvis vinha para provar que o título de Rei do Rock ainda lhe pertencia e era mais do que merecido. Os fãs mais tradicionais certamente levaram um susto ao ouvir as primeiras notas de canções como I Got a Woman, velha música de seu primeiro disco, completamente atualizada e remodelada. O nível dos arranjos também eram bem superiores ao que se ouviu no disco do NBC Special, pois se lá a orquestra soava um pouco antiquada aqui tudo se encontrava no lugar e no timing perfeito. O resultado foi tão bom que a RCA Victor depois o relançaria, apenas alguns meses à frente, o denominando de Elvis In Person at The International Hotel.

O segundo LP vinha com uma excelente seleção musical retirada diretamente das sessões do American Studios. Pela primeira vez os fãs ouviriam belas baladas como Inherit The Wind e This Is The Story, extremamente bem arranjadas e gravadas. Mas não era só, como no disco anterior, From Elvis in Memphis, o cantor passearia novamente por diversos estilos e gêneros musicais. Um exemplo clássico era o blues Stranger In My Own Home Town e para quem gostava de um sabor mais country havia muitas opções como a sempre lembrada From A Jack to a King (uma das preferidas de seu esposa Priscilla Presley). Até o lado B do vitorioso single Suspicious Minds, You´ll Think Of Me, foi incluído, para não deixar mais margens de dúvidas sobre o alto nível das músicas presentes no disco. Esse segundo LP também seria lançado separadamente depois com o título de Back In Memphis. O álbum foi lançado no final do ano e pegou a febre das vendas de final de ano, conseguindo obter mais êxito nas paradas que seu antecessor. Na realidade esse trabalho marca a despedida de Elvis aos anos 1960. Uma década que começou muito bem para o cantor, com ele colecionando um sucesso atrás do outro após seu retorno do exército mas que nitidamente caiu de qualidade com o passar dos anos. Os chamados anos de Hollywood trouxeram o desgaste e a saturação que só foram recuperados plenamente com seu especial de TV na NBC em 1968 e que só se completaram definitivamente com o seu retorno aos palcos e aos estúdios em 1969. Uma nova década nascia e nela Elvis iria aprofundar ainda mais as mudanças que havia promovido em sua carreira, tanto para o bem como para o mal. Mas isso é uma outra história...

DISCO I "FROM MEMPHIS TO VEGAS" (Elvis in Person at International Hotel):

BLUE SUEDE SHOES (Carl Perkins) - Nada melhor que abrir o show com esta música símbolo do Rock mundial. Quando a RCA comprou o passe de Elvis da Sun Records, um executivo da gravadora perguntou a Sam Phillips, o dono da Sun, se não teria sido melhor contratar Carl Perkins ao invés de Elvis, pois Perkins estava estourando em nível nacional com "Blue Suede Shoes". Sam Phillips respondeu: "vocês não contrataram o cara errado porque Elvis não está ficando careca, não possui filhos e ao contrário de Perkins é boa pinta". Brincadeiras à parte, Sam tinha razão. O destino iria pregar uma peça em Perkins, pois logo após seu sucesso inicial, Carl sofreu um sério acidente que o tirou de circulação por um longo tempo e que acabou enterrando sua carreira de vez. Apesar de tudo isso, Carl Perkins deu a volta por cima e hoje é reconhecido como um dos pais do verdadeiro Rock 'n' Roll.

JOHNNY B. GOODE (Chuck Berry) - O Riff mais conhecido da história do Rock. Aqui, James Burton dá o tom da nova era na carreira de Elvis Presley. Um dos mais adorados e conhecidos hinos da nação rocker ganha sua versão na voz do Rei. Elvis, por sua vez, não deixa por menos e protagoniza uma das melhores versões para a histórica canção de Chuck Berry. O próprio Berry já dizia: "Tudo o que eu preciso para fazer uma música de Rock é um cara, uma garota e um cadillac". Definitivo, nas palavras do mais Outsider de todos os grandes nomes do surgimento do Rock.

ALL SHOOK UP (Blackwell / Presley) - Música título de um dos singles mais vendidos da história da música pop. Elvis Presley a lançou nos anos 50 e o compacto subiu como um foguete para o primeiro lugar entre os mais vendidos. O Rei estava no auge e esta canção se tornou um verdadeiro hino para a juventude norte-americana. Depois que se tornou um sucesso estrondoso ela foi gravada por inúmeros artistas ao longo do tempo. A mais recente versão foi lançada em 1999 no CD "Run Devil Run" de Paul McCartney. O Ex-Beatle afirma no encarte do CD que esta sempre foi uma de suas preferidas, sendo que ela chegou ao primeiro lugar na Inglaterra no dia do décimo quinto aniversário do ex-Fab Four. Uma justa homenagem à uma canção eterna.

ARE YOU LONESOME TONIGHT? (Turk / Handman) - Esta canção foi lançado por Elvis no início dos anos 60, quando ele acabava de voltar do exército. É uma música sui generis na carreira do cantor, inclusive com um trecho em que Elvis declama uma declaração de amor à mulher amada. O Single com "I Gotta Know" no lado B se tornou um estrondoso sucesso quando foi lançado em novembro de 1960. Elvis assim fechava seu ano como começou: Liderando todas as paradas mundiais.

HOUND DOG (Leiber / Stoller) - Outra que foi lançada como single por Elvis em 1956 e que se tornou um de seus maiores sucessos. O single contava com "Don't Be Cruel" no lado B e Elvis ganhou cinco discos de ouro por apenas este compacto. Daqui há muitos anos quando Elvis for lembrado pelas gerações futuras, certamente esta será uma das músicas que irão servir de exemplo do som de Presley.

I CAN'T STOP LOVING YOU (Gibson) - Depois do revival representado pelas canções do nascimento da carreira do cantor, Elvis apresenta uma nova versão para uma conhecida canção da terra do tio Sam. Sem sombra de dúvida, esta é uma das preferidas de Presley, estando presente em muitos dos discos ao vivo lançado por Pelvis durante os anos 70. O tempo de "I Can't Stop Loving You" foi acelerado para dar um maior ritmo na versão ao vivo. Elvis Presley a gravou em estúdio, mas esta gravação nunca foi lançada durante sua carreira.

MEDLEY: MISTERY TRAIN (Philips / Parker) / TIGER MAN (Lewis / Burns) - Ótimo Medley reunindo "Mystery Train", canção da época da Sun Records e Tiger Man, que se tornou conhecida após Elvis a apresentar no NBC TV Special em 1968. Tudo foi perfeitamente arranjado por Felton Jarvis e Elvis, com um maravilhoso balanço e equilíbrio entre cordas e metais. Este mesmo medley foi utilizado por Elvis no começo do filme "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970). A coreografia e os efeitos de luzes do cinema completaram o magnifico show visual e sonoro desta joia do Rock.

WORDS (B.Gibb / R.Gibb / M. Gibb) - Ótimo momento do disco. Aqui se percebe toda a versatilidade de Elvis, pois esta é uma música do conjunto Bee Gees, muito popular nos anos 70, principalmente pela trilha sonora do filme "Saturday Night Fever" (os embalos de sábado à noite, 1977). Este grupo se tornou um dos símbolos dos anos em que a discoteque dominava o mundo musical americano e mundial.

IN THE GUETTO (Davis) - Canção do disco "From Elvis in Memphis". Aqui ela é apresentada so vivo e demonstra o grande talento de Elvis. A letra de "In The Guetto" é considerada uma das melhores de sua carreira. Traz um conteúdo bastante político que, de certa forma representa o conturbado período em que o mundo passava no momento em que ela foi lançada. O single "In the Guetto" com "Any Day Now" chegou às lojas em Abril de 1969.

SUSPICIOUS MINDS (Mark James) - O grande sucesso de Elvis no período em que este disco foi lançado. Quando este show foi realizado (agosto de 1969), o single "Suspicious Minds" ocupava a primeira posição no hit parade mundial. A canção em si é muito bem arranjada e faz parte das maravilhosas sessões de Elvis em Memphis no American Studios. Elvis aqui conta com ótimo material composto por Mark James, que iria se tornar um de seus principais compositores nos anos 70 ao lado de Dennis Linde, Tony Joe White, Joe South, Jerry Reed e Mac Davis.

CAN'T HELP FALLING IN LOVE (Peretti / Creatore / Weiss) - Música do álbum mais vendido da carreira de Elvis Presley: a trilha sonora do Filme "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961). Elvis iria utilizar esta música como desfecho de todos os seus shows a partir daí. Logo após sua saída do palco Al Dvorin anunciava: "Elvis has left the Building. Thank You and Good Night!" (Elvis já deixou o local, obrigado a todos e boa noite!). Esta acabou se tornando uma das frases mais conhecidas da história do Show business americano.

Elvis Presley - From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis (1969): (ao vivo): Elvis Presley (voz e violão) / James Burton (guitarra) / Jerry Scheff (baixo) / Ronnie Tutt (bateria) / Chip Young (guitarra) / Bob Lanning (bateria) / Charlie Hodge (violão e voz) / Glen Hardin (piano) / The Imperials (vocais) / The Sweet Inspirations (vocais) / Millie Kirkham (vocais) / John Wilkinson (guitarra) / Norbert Putnam (baixo) / Jerry Carrigan (bateria) / David Briggs (piano) / Charlie McCoy (orgão e harmônica) / Bobby Thompson (banjo) / Harold Bradley (guitarra) / Farrel Morris (percussão) / Bobby Morris e sua Orquestra / Gravado no International Hotel, Las Vegas

DISCO II "FROM VEGAS TO MEMPHIS" (Back in Memphis):

INHERIT THE WIND
(Rabbit) - Canção que abre o segundo disco denominado "From Vegas to Memphis". Esta segunda parte traz músicas gravadas por Elvis em estúdio em Memphis no American Studios. O Coronel Tom Parker, empresário de Elvis, resolveu em 1970 relançar este álbum duplo de Presley em dois LPs separados. Assim o disco "Back in Memphis" nada mais é que o segundo disco do álbum duplo "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis". A estratégia do coronel acabou dando certo, levando Elvis a receber mais um disco de ouro pelo LP "Elvis in Person at International Hotel".

THIS IS THE STORY (Arnold / Morrow / Martin) - Uma música bem arranjada e executada, contando com a voz de Elvis numa de suas melhores fases. Precisa dizer mais? Elvis Presley ficou particularmente orgulhoso por estas faixas a tocando para amigos e parentes. Finalmente depois de vários anos gravando o que lhe era imposto pelos estúdios de cinema, Elvis se sentia novamente livre para cantar as músicas de que gostava. Isto o levou a ter novamente orgulho por sua carreira.

STRANGER IN MY OWN HOME TOWN (Mayfield) - Mais um blues dentro da carreira de Elvis. O cantor apreciava particularmente R&B, ou seja, Rinthim and Blues, mas sempre estava à procura de um bom material para gravar blues. Aqui ele encontra um de ótimo nível, o que resulta num dos melhores momentos do disco. Na caixa "Walk a mile in my shoes" há uma versão envenenada desta música, bem melhor que a oficial.

A LITTLE BIT OF GREEN (Arnold / Morrow / Martin) - Canção que foi sucesso na voz do cantor Eddy Arnold. Elvis apreciava muito o estilo de Arnold, chegando inclusive a gravar duas vezes seguidas uma música de Eddy nos anos sessenta: "You Don't Know Me". A primeira versão foi completada para o filme "Clambake" (o barco do amor, 1967), mas Elvis não gostou e resolveu gravá-la novamente.

AND THE GRASS WON'T PAY NO MIND (Neil Diamond) - Sucesso de Neil Diamond. Elvis iria gravar outras canções de Diamond como "Sweet Caroline". Neil Diamond foi um típico cantor romântico dos anos setenta e não conseguiu ficar muito tempo entre os mais do Hit Parade mundial. Sua carreira entrou em decadência no início dos anos oitenta, mas mesmo assim ele gravou vários outros discos.

DO YOU KNOW WHO I AM? (Russel) - Uma magnifica interpretação de Elvis Presley. Mais uma vez fica evidenciado a perfeita harmonia entre o cantor e sua equipe vocal. Elvis a gravou diversas vezes para se chegar a um resultado perfeito. Nestes casos Elvis usava um modo original de gravar. Ele mandava apagar as luzes do estúdio para sentir maior inspiração. Ouvindo a canção chega-se a conclusão que a tática deu certo. Esta sem dúvida é uma das melhores canções que Elvis gravou em Memphis em 1969. Um primor.

FROM A JACK TO A KING (Miller) - Era uma das preferidas de Priscilla Presley, a esposa de Elvis. Numa versão pirata pode-se ouvir Elvis e seu Produtor Felton Jarvis discutindo o melhor modo de gravá-la. É um grande registro do que se passava dentro do estúdio, com Presley cheio de ideias para transformar o demo numa grande música.

THE FAIR'S MOVING ON (Fletcher / Flett) - Lado B de um single lançado em junho de 1969 com "Clean Up Your Own Back Yard", esta tema do filme "The Trouble With girls" (lindas encrencas, as garotas, 1969). Em 1969 Elvis terminava seu contrato de sete anos com a MGM. Estava cansado de Hollywood, de seus roteiros de baixo nível e do sistema industrial dos executivos da indústria do cinema. Queria sair novamente para a estrada e entrar em contato com seus fãs. Os seus três últimos filmes feito ao velho estilo foram: "Charro" (charro, 1969), um western com o cantor de barba! ; "The Trouble with Girls" (lindas encrencas, as garotas, 1969) o melhor dos três com a presença de Vincent Price no elenco e "Change of Habit" (ele e as três noviças, 1969), com Mary Tyler Moore, no qual o cantor interpreta um médico numa clínica pobre de um guetto de Nova York. Nesta época Elvis cunhou uma frase que resumia seus últimos filmes: "Pior que assistir um filme ruim é estar em um".

YOU'LL THINK OF ME (Shuman) - Lado B do single "Suspicious Minds". Elvis utilizou o que de melhor havia em estúdio para gravar as músicas escolhidas por ele, bem ao contrário das trilhas de filmes em que o material era determinado pelos estúdios de cinema. Elvis sabia da má qualidade destas músicas e se sentia muito mal ao gravá-las. Finalmente em 1969 ele deu um basta a esta situação e decidiu que ninguém mais iria interferir no seu trabalho. Isto representou um saldo de qualidade imenso na carreira do Rei.

WITHOUT LOVE (Small) - Nos tempos da Sun Records, o produtor de Elvis, Sam Phillips, sugeriu que o cantor gravasse "Without Love". Elvis tentou, tentou, mas não conseguiu gravá-la. Ao longo dos anos esta música acabou virando um tabu para o cantor. Scotty Moore relembra: "Elvis sempre tentava gravar esta canção, mas nunca conseguia". Finalmente em 1969, no American Studios em Memphis, Elvis Presley conseguiu gravar sua versão de "Without Love" após 16 takes!. Esta foi uma vitória pessoal e particular do Rei. É um desfecho magistral para um trabalho fantástico.

Elvis Presley - From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis (1969): (American Studios): Elvis Presley (voz, violão, baixo e piano) / Reggie Young (guitarra) / Tommy Cogbill (baixo) / Mike Leech (baixo) / Gene Chrisman (bateria) / Bobby Wood (piano) / Ronnie Milsap (piano) / Bobby Emons (orgão) / John Hughey (steel guitar) / Ed Kollis (harmonica) / Sonja Montgomery, Mary Green, Mary Holladay, Donna Thatcher, Susan Pilikington & Sandy Bolsey (vocais) / Charlie Hodge (vocais) / The Memphis Horns (metais) / The Memphis Strings (cordas) / Orquestra Sinfônica Municipal de Memphis / Felton Jarvis (produção) / Chips Moman (produção) / Data de gravação: 13 a 22 de janeiro e 17 a 22 de fevereiro de 1969 / Gravado no American Studios, Memphis / Data de lançamento: Novembro de 1969 / Melhor posição nas charts: # 12 (Billboard) e # 3 (UK)

Pablo Aluísio - Outubro de 2001

Elvis Presley - From Elvis in Memphis (1969)

Este disco representou muito na carreira de Elvis Presley. Depois de vários anos desperdiçando seu talento em trilhas sonoras, o cantor voltava a gravar músicas de qualidade. A fórmula "trilha / filme" já havia se esgotado pois o último grande êxito de Elvis tinha sido o filme "Viva Las Vegas" (amor a toda velocidade, 1964). De 1965 em diante Elvis iria lançar trilhas cada vez piores, como "Spinout" (minhas três noivas, 1966), "Double Trouble" (canções e confusões, 1967), "Clambake" (o barco do amor, 1967) e "Speedway" (o bacana do volante, 1968), que seriam grandes fracassos de vendas. Era hora de mudar para salvar a carreira do Rei do Rock. Em 1968 o cantor iria estrelar um especial de TV pela NBC que se tornaria um grande sucesso e que recuperaria o brilho de Presley. A Partir daí Elvis voltaria aos shows ao vivo e às paradas de sucesso, conquistando novamente público e crítica. A Revista Rolling Stone resumiu tudo no artigo referente ao lançamento deste disco: "From Elvis in Memphis é mais que um LP. É a prova de que quem começou tudo isso está melhor do que nunca. Um verdadeiro astro de Rock'n'Roll. Elvis domina um repertório que derrubaria dúzias de Mick Jaggers. Sem esforço algum, ele vai da ternura à fúria, da ironia à paixão, tudo em menos de um segundo. Ele só precisava de um disco para provar que ainda é o melhor de todos e este disco chama-se From Elvis in Memphis".

WEARIN' THAT LOVED ON LOOK (Dallas Frazier/Al Owens) - Elvis abre o LP com esta ótima canção. Priscilla Presley em seu livro "Elvis e eu" (Elvis and Me, Ed.Rocco, 1985) relembra sobre estas sessões de gravação: "Pela primeira vez em 14 anos ele fora persuadido a gravar em Memphis no American Studios(...) Os músicos do estúdio eram jovens e Elvis estabeleceu um grande contato com eles. Mais importante ainda: Elvis fazia uma música sensacional com eles". Essa canção inicial já trazia uma instrumentalização muito bem elaborada, muito distante dos arranjos feitos às pressas pelas sofríveis trilhas sonoras pós 65. Era o prenúncio do que estava por vir.

ONLY THE STRONG SURVIVE (Gamble/Huff/Butler) - Grande sucesso do cantor e compositor Jerry Butler. O Estúdio escolhido para Elvis gravar este disco foi o American Studios em Memphis. Era um estúdio de gravação bem rústico localizado nos arredores de Memphis onde grandes nomes como Dione Warwick, Roy Hamilton, Neil Diamond, Aretha Franklin e Wilson Picket gravaram grandes sucessos. Era para muitos a "Volta ao lar" de Elvis.

I'LL HOLD YOUR IN MY HEART (Arnold/Horton/Dilbeck) - Um bom exemplo da dedicação de Elvis nas músicas deste disco. Aqui o cantor participa não só dos arranjos como também toca Piano. É uma bela canção bem ao estilo Blues. Mais um grande momento do disco.

LONG BLACK LIMOUSINE (George/Stavall) - Sucesso de Jody Miller. Foi a primeira música gravada por Elvis durante as sessões no American Studios. As músicas foram gravadas entre os dias 13 e 22 de Janeiro e 17 a 22 de Fevereiro de 1969. A intenção era gravar mais de trinta músicas em uma única vez, porém Elvis pegou uma infecção viral que o afastou dos estúdios durante um mês, voltando logo após para mais uma rodada de gravações. Detalhe: Elvis nunca mais gravaria com alguns desses músicos, pois ele iria montar o seu próprio grupo, a famosa TCB Band (das iniciais de "Taking Care of Business" ou em português "Tomando conta dos negócios", o lema de Elvis). A TCB iria acompanhá-lo até seus últimos shows e discos.

IT KEEPS RIGHT A HURTIN (Tilloston) - Lançada originalmente em 1962 pelo cantor e compositor Johnny Tilloston. O maior especialista sobre a história de Elvis, Peter Guralnick, escreveu sobre estas sessões: "Elvis Presley será lembrado pela posteridade por suas músicas na Sun Records e pelas maravilhosas gravações no American Studios em Memphis". Sem dúvida, o salto de qualidade foi enorme e mostrou para Elvis que ele deveria deixar Hollywood para trás. Esses caras de cinema não entendiam nada de Rock 'n' Roll.

I'M MOVIN ON (Hank Snow) - Música escrita pelo lendário Hank Snow e grande sucesso em 1950. Elvis que possuía uma incrível intuição artística sabia que estas canções iriam se transformar em grandes sucessos. Ele já tinha perdido a paciência de gravar tantas musiquinhas ruins das trilhas sonoras pós-65 e sabia que esta era a chance que ele precisava para voltar ao topo. Por essa razão deu o melhor de si nas sessões, trocando ideias com seus novos produtores Felton Jarvis e Chips Moman. Elvis sentiu durante muito tempo a falta de um bom produtor, pois passou os anos 60 produzindo praticamente sozinho seus discos. Jarvis se tornou um bom parceiro de estúdio para o cantor, tanto que dele não mais se separou. O produtor continuou trabalhando com Elvis até seu último disco, "Moody Blue".

POWER OF MY LOVE (Bill Giant / Bernie Baum / Florence Kaye) - A Melhor música do disco. Um dos músicos relembra sobre estas sessões: "O famoso cantor negro Roy Hamilton também gravava no American. Cantava nos clubes à noite e vinha de dia aos estúdios. Elvis gravava à noite, mas costumava chegar cedo aos estúdios para ouvir Roy" (Elvis adorava o sentimento e o estilo musical dos negros). E quando recebeu o Demo de "Angelica" deu para Roy gravar. A Música se tornou um grande sucesso mas infelizmente Roy Hamilton faleceu logo depois.

GENTLE ON MY MIND
(John Hartford) - Sucesso na voz de Glen Campbell. 1969 foi também o ano que Elvis voltou a fazer shows ao vivo em Las Vegas e nas demais cidades dos Estados Unidos. Assim se manifestou a revista Rolling Stone sobre os shows de Presley: "Elvis é sobrenatural. É a sua própria ressurreição". A Revista Newsweek escreveu: "Aconteceram muitos fatos na vida de Elvis, mas o mais inacreditável foi sua permanência no mundo musical, onde carreiras meteóricas quase sempre se desvanecem, tal qual estrelas cadentes". A revista "Elvis Monthly" expressou a opinião dos fãs: "Em 20 de julho de 1969, o Homem desceu na Lua, a Águia pousou e Neil Armstrong deu um pequeno passo para o homem, um gigantesco passo para a humanidade. A Atenção do mundo voltou-se para o Mar da Tranquilidade e fez-se a História. Em 26 de julho de 1969, Elvis Presley pisou no palco do International Hotel - O Rei retornou. Pode ter sido um pequeno passo para Elvis, mas foi um gigantesco passo para seus fãs".

AFTER LOVING YOU (Miller/Lantz) - Este disco se tornou um grande sucesso levando Elvis a ganhar mais um disco de Ouro. O Disco foi lançado em novembro de 1969. Foram lançados ainda vários singles com músicas destas sessões que levaram o Rei de novo ao topo da parada musical. O disco foi o primeiro de Elvis em muitos anos a vender mais de um milhão de cópias. O Rei deve ter se sentido aliviado, sem dúvida.

TRUE LOVE TRAVELLS ON A GRAVEL ROAD (Frazier/Owens) - Sucesso de Duanne Dee. Elvis e seu produtor Felton Jarvis mudaram os arranjos originais de algumas destas músicas para melhorar e adaptar as mesmas ao estilo de Presley. No final tudo saiu bem e Elvis nos legou mais alguns grandes momentos como este. Curiosidade: Depois de anos sem costeletas, Elvis resolveu voltar ao seu antigo visual, com os cabelos mais longos e as próprias costeletas maiores do que nunca! E muito bem trabalhadas também, basta dar uma conferida nestas fotos. O "Elvis Style" também estava de volta!

ANY DAY NOW (Hillard/Bacharad) - Sucesso do maestro Burt Bacharach que se tornou um grande sucesso na voz do cantor Chuck Jackson em 1962. No final dos anos 60 ainda foi gravada por Percy Sladge. Elvis escolheu o melhor para gravar durante estas sessões. Aqui se nota a marcante presença dos metais durante todo o arranjo. Foi lançada como lado B do single "In the Guetto" em Abril de 1969.

IN THE GUETTO (Mac Davis) - Em meio ao furacão que foi os anos sessenta Elvis lançaria esta música que trazia um conteúdo político em sua letra. A Guerra do Vietnã, a revolução sexual e a luta dos negros contra o preconceito racial (luta pelos direitos civis) eram alguns dos fatos que estavam na ordem do dia. Elvis Presley não poderia ficar à margem de tudo isso. Em uma entrevista coletiva o repórter perguntou a Elvis: "Está tentando mudar sua imagem com temas tipo "In The Guetto"? Elvis respondeu: "Não. 'Guetto' é uma grande música e simplesmente não poderia dispensá-la após tê-la escutado". "In The Guetto" foi lançada em abril de 69 como single alcançando o terceiro lugar das paradas dos EEUU e o segundo lugar no Reino Unido.

Elvis Presley - From Elvis in Memphis (1969): Elvis Presley (voz, piano e violão) / Reggie Young (guitarra) / Tommy Cogbill (baixo) / Mike Leech (baixo) / Gene Chrisman (bateria) / Bobby Wood (piano) / Ronnie Milsap (piano) / Bobby Emons (orgão) / John Hughey (steel guitar) / Ed Kollis (harmônica) / Sonja Montgomery, Mary Green, Mary Holladay, Donna Thatcher, Susan Pilikington & Sandy Bolsey (vocais) / Charlie Hodge (vocais) / The Memphis Horns (metais) / The Memphis Strings (cordas) / Orquestra Sinfônica Municipal de Memphis / Produzido por Felton Jarvis, Chips Moman e Elvis Presley / Data de gravação: 13 a 22 de janeiro e 17 a 22 de fevereiro de 1969 / Gravado no American Studios, Memphis / Data de lançamento: Novembro de 1969 / Melhor posição nas charts: #13 (EUA) e #1 (UK).

PABLO ALUÍSIO - Março de 2000 / revisado e atualizado em novembro de 2001.