sexta-feira, 3 de março de 2017

Um Limite Entre Nós

Que Denzel Washington é um dos mais talentosos atores do cinema americano atual, isso todos os cinéfilos já sabem. O que não se esperava é que ele poderia ir além, subir um degrau acima. Pois nesse novo filme "Fences" ele conseguiu. Posso dizer, sem medo de me equivocar, que essa é a grande interpretação da carreira de Denzel. Nunca vi nada igual em sua filmografia antes e olha que sou fã desse ator há muitos anos. Ele está realmente magistral na pele de Troy Maxson, um trabalhador comum que tenta sobreviver dia a dia, apesar de todos os desafios que precisa enfrentar. Não se trata de um herói, Troy na verdade está mais para um daqueles personagens trágicos e humanos criados por Tennessee Williams. Ele tem muitos defeitos, inúmeros deles, mas a despeito disso se torna uma figura grandiosa, marcante, mesmo com todos os aspectos desprezíveis de sua personalidade. Troy tem um relacionamento conturbado, realmente difícil, com os filhos. Sua visão cruel do mundo, a absorção de seus fracassos pessoais, suas falhas de caráter e sobretudo seu casamento nada perfeito com a sofrida esposa Rose (em magistral interpretação da atriz Viola Davis) selam o conjunto desse excepcional personagem, um verdadeiro presente para Denzel Washington. Depois de assistir a essa sua atuação posso afirmar, sem qualquer medo de errar, que a sua não premiação na última noite do Oscar foi seguramente uma das grandes injustiças do prêmio em sua história. Um absurdo Denzel não ter sido premiado como melhor ator por esse filme! Ele incorporou Troy de uma maneira quase sobrenatural. Esqueça o Denzel que você conhece, aqui ele está quase irreconhecível pois é um trabalho ímpar em sua carreira. Fantástica atuação!

O roteiro tem claramente uma estrutura teatral, até porque foi baseado na peça escrita por August Wilson. Ele captou como poucos o cotidiano de uma família negra na América dos anos 1950. O pai, um jogador de beisebol fracassado, precisa lidar todos os dias com o que o destino lhe reservou. Nada de fama, nada de riquezas e nem sucesso, apenas o trabalho duro para sustentar sua família. O interessante é que ao lado das amarguras de sua vida ele ainda consegue criar uma áurea muito rica, até mesmo divertida, quando se mete a contar velhas histórias absurdas, mentiras deslavadas, que vão se tornando engraçadas com o passar dos anos. Tudo para escapar do tédio da vida cotidiana. Com isso Denzel acabou tendo alguns dos melhores diálogos já escritos para declamar em cena. Magistral! Todos os personagens em cena - basicamente uma família negra, com alguns amigos - são extremamente bem desenvolvidos. Desde a presença opressiva de Troy, passando por sua esposa Rose, representando todas as dificuldades da vida de uma esposa e mãe, seus filhos e até mesmo seu irmão, um homem com problemas mentais causados por ferimentos de guerra, em brilhante atuação do ator Mykelti Williamson. Tudo se encaixa excepcionalmente bem na trama. De todos os filmes que concorreram ao Oscar na categoria de Melhor Filme esse é, até o momento, o melhor que assisti. Não ter vencido em mais categorias é uma prova da politicagem rasteira que impera na academia. Se o critério fosse puramente meritório, com certeza "Fences" teria tido uma sorte melhor. Grande filme, realmente imperdível.

Um Limite Entre Nós (Fences, Estados Unidos, 2016) Direção: Denzel Washington / Roteiro: August Wilson / Elenco: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson, Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson / Sinopse: Troy (Denzel Washington) é um pai de família que trabalha como lixeiro na cidade onde vive. Além das dificuldades do trabalho duro, ele ainda precisa lidar com todos os problemas familiares que vão surgindo em sua vida, sempre com uma visão peculiar, própria, do mundo. Filme premiado no Oscar e no Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Viola Davis). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Denzel Washington), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

Mickey Olhos Azuis

Título no Brasil: Mickey Olhos Azuis
Título Original: Mickey Blue Eyes
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Kelly Makin
Roteiro: Adam Scheinman, Robert Kuhn
Elenco: Hugh Grant, James Caan, Jeanne Tripplehorn, Burt Young, James Fox, Gerry Becker
  
Sinopse:
Michael Felgate (Hugh Grant) é um pacato funcionário de uma loja de leilões que vê seu mundo ficar de ponta cabeça após se apaixonar por Gina Vitale (Jeanne Tripplehorn), a filha de um chefão da máfia italiana chamado Frank Vitale (James Caan). Agora ele terá que lidar com a delicada situação, lutando por aquela que ele pensa ser o amor de sua vida.

Comentários:
Comédia simpática que brinca com o mundo da máfia italiana. Obviamente o roteiro foi escrito especialmente para ser estrelado por Hugh Grant. Ao longo da carreira ele se especializou em interpretar ingleses tímidos e sofisticados que eram colocados em situações embaraçosas, constrangedoras. O roteiro desse filme segue essa mesma fórmula. De um lado o estilo mais refinado de Grant, aqui como um leiloeiro bem educado, que só lida em seu dia a dia com pessoas extremamente educadas e elegantes, do outro o modo de ser rude e muitas vezes violento do mafioso Frank Vitale (James Caan), um sujeito cujo caráter foi firmado nas ruas, na violência do cotidiano de uma grande cidade americana infestada de gangsters por todos os becos. E o filme é basicamente isso. Diverte e tem cenas até bem engraçadas, como a do restaurante chinês. Especialmente indicado para o fã clube de Hugh Grant, que hoje em dia anda bem sumido das telas de cinema (pois sua última aparição digna de nota foi em "O Agente da U.N.C.L.E.").

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Crime Verdadeiro

Título no Brasil: Crime Verdadeiro
Título Original: True Crime
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Larry Gross
Elenco: Clint Eastwood, James Woods, Isaiah Washington, LisaGay Hamilton, Denis Leary, Bernard Hill
  
Sinopse:
Condenado à pena de morte pela acusação de ter matado uma mulher branca que estava grávida, o prisioneiro negro Frank Louis Beechum (Isaiah Washington) está a poucos dias de sua execução na cadeira elétrica. É justamente nesse momento que o jornalista Steve Everett (Clint Eastwood) é indicado para cobrir sua morte. A questão é que Steve desconfia que Frank Louis na verdade é um homem inocente, acusado de um crime que nunca cometeu. Ele passa então a ir mais a fundo na elucidação do assassinato, descobrindo coisas escabrosas em sua matéria investigativa.

Comentários:
Mais um bom filme lançado por Clint Eastwood que de certa maneira foi esquecido. É curioso o fato de que, embora Eastwood tenha dirigido bons filmes anos anos 90 (inclusive algumas obras primas), nada dessa época parece ter ficado marcado na mente para o público em geral. Muitos filmes caíram no esquecimento rapidamente. Esse "True Crime" é um exemplo. A trama é ótima, muito bem escrita, com toques de suspense e tensão que vão até a última cena, mas nada parece ter salvo a produção de ter caído na vala comum do esquecimento dos cinéfilos. Pouca gente lembrará, até porque Clint não interpreta um personagem marcante como Dirty Harry, por exemplo. O seu protagonista é praticamente uma pessoa comum, um jornalista que descobre haver uma conspiração envolvendo muitas pessoas importantes. Por trás de tudo uma falsa acusação envolvendo um negro, condenado à morte com um crime que não cometeu. Por causa de seu roteiro o filme chegou a ser indicado a um prêmio no Black Reel Awards, uma premiação de cinema que visa premiar e reconhecer obras cinematográficas que trazem mensagens importantes para o movimento negro americano. Aliás o filme levanta um ponto bem relevante nesse aspecto: a maioria dos condenados à morte nos Estados Unidos são negros e pobres, muitos deles não ganham um julgamento justo, geralmente sendo defendidos por advogados pagos pelo Estado. O resultado é que a maioria dos que estão presos hoje na América são desamparados pelo sistema judiciário. Os próprios operadores do direito muitas vezes os tratam como seres humanos de segunda categoria. Clint Eastwood assim chama a atenção para esse fato social completamente condenável.

Pablo Aluísio.

Uma Carta de Amor

Título no Brasil: Uma Carta de Amor
Título Original: Message in a Bottle
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Luis Mandoki
Roteiro: Gerald Di Pego
Elenco: Kevin Costner, Robin Wright, Paul Newman, John Savage, Illeana Douglas, Robbie Coltrane
  
Sinopse:
Baseado no romance de Nicholas Sparks o livro conta a história de Theresa Osborne (Robin Wright). Ela encontra na praia, por mero acaso, uma garrafa com uma carta de amor dentro dela. Curiosa com o achado ela resolve descobrir quem seria o seu autor. Após muito investigar e com a ajuda de um amigo jornalista Theresa descobre que a carta foi escrita por Garret Blake (Kevin Costner), um americano que escreveu o texto em homenagem à sua mulher, recentemente falecida. Impressionada com seu romantismo ela então resolve viajar, para conhecê-lo pessoalmente.

Comentários:
É um bom filme, bem romântico, apelando para um sentimentalismo que para algumas pessoas poderá soar até meio exagerado. De minha parte acabei gostando principalmente por causa do elenco. O casal Kevin Costner e Robin Wright funciona muito bem em cena, passando mesmo uma situação real para o espectador. Costner é aquele tipo de ator que vale a pena, mesmo quando atua em filmes fracos ou até mesmo grandes bombas (como "Waterworld" que praticamente afundou sua carreira). Depois da queda ele procurou por filmes menores e melhores, o que fez muito bem para ele e seu público. Claro que Costner passou pela humilhação de ter sido indicado ao Framboesa de Ouro, mas credito isso a uma briga pessoal dele com a imprensa, nada tendo a ver na verdade com esse filme em si. Foi mesmo uma retaliação pelas coisas que tinham acontecido durante o lançamento de "Waterworld". Outro destaque que sempre merece citação é a presença do veterano e mito da sétima arte Paul Newman. Tudo bem que o peso dos anos sempre se faz presente, mas Newman se sobressai, principalmente por fazer de um pequenino papel um chamariz a mais para se conhecer esse filme. Então é isso, romantismo no fundo de uma garrafa para românticos inveterados incuráveis. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Regras da Vida

Título no Brasil: Regras da Vida
Título Original: The Cider House Rules
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio:  Miramax
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: John Irving
Elenco: Tobey Maguire, Charlize Theron, Michael Caine, Paul Rudd, Kieran Culkin, Kathy Baker
  
Sinopse:
Homer Wells (Tobey Maguire) é um órfão, um rapaz que foi abandonado ainda nos primeiros anos de vida. Ele viveu assim toda a sua vida em um orfanato. E foi justamente lá que conheceu o Dr. Wilbur Larch (Michael Caine), um homem bem sábio em suas experiências de vida, que se torna um grande amigo próximo de Wells. Filme premiado pelo Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Caine) e Melhor Roteiro Adaptado (Irving).

Comentários:
Gostei bastante desse filme. O elenco é ótimo, com vários atores jovens trabalhando ao lado de grandes veteranos (como o sempre excelente Michael Caine). Caine aliás venceu o Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, demonstrando que apesar da idade e dos problemas que enfrentou ao longo da carreira, seu talento continuava intacto. O outro Oscar que "Regras da Vida" levou foi o de Roteiro Adaptado. O roteirista John Irving adaptou para o cinema seu próprio romance, um livro que chamou bastante atenção quando foi lançado originalmente. Em minha opinião a categoria em que ele foi premiado foi equivocada, uma vez que como ele era o autor do livro que deu origem ao roteiro, deveria ser indicado ao prêmio de Melhor roteiro original. Mas enfim, coisas de Hollywood. No mais temos no elenco ainda a linda Charlize Theron (mais bonita do que nunca) e o "Homem-Aranha" Tobey Maguire, aqui tentando se distanciar um pouco da figura do super-herói. No geral é um filme muito bom, que anda injustamente esquecido nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

A Lei da Noite

Esse é o novo filme de Ben Affleck. Aqui ele fez praticamente tudo: dirigiu, escreveu o roteiro e atuou. É um projeto bem pessoal, baseado no romance policial escrito por Dennis Lehane. A ideia de Affleck foi reviver os antigos filmes clássicos de gângsters do passado. Assim se você lembrou da trilogia "O Poderoso Chefão", "Os Bons Companheiros" ou até mesmo "Cassino", é bem por aí. Só que obviamente esse novo filme jamais poderia ser comparado a todas essas obras primas. Na realidade o que temos aqui é um filme policial muito inócuo e fraco, praticamente sem rumo e direção. Ao invés de ir fundo no tema, Affleck resolveu amenizar tudo, deixando aquela sensação de coisa falsa no espectador. Até mesmo o personagem principal perde sua principal característica, deixando de ser um gângster do mundo do crime para ter um final bizarro, com excesso de bondadismo e bom mocismo. Afinal ele é um bandido ou não?

No texto original, na novela escrita por Lehane, ele é claramente um criminoso. O jovem irlandês Joe Coughlin (Ben Affleck) vai para a guerra e consegue sobreviver. De volta aos Estados Unidos ele decide nunca mais ser subordinado a alguém e nem tampouco seguir ordens. Ao invés disso resolve formar uma quadrilha de assaltantes de bancos. Seguindo seu modo de pensar ele não quer fazer parte nem da máfia irlandesa e nem da italiana que existem em Boston. É um freelancer que age por conta própria. Só que os mafiosos não vão deixar que ele continue assim. Dessa maneira Joe termina no meio do fogo cruzado entre os dois grupos, ora indo para um lado, ora para o outro. Nesse meio tempo ele tem duas grandes paixões, dois amores que acabam sendo prejudicados por causa de sua vida no crime.

Em termos de produção o filme é bem realizado. Tem uma ótima reconstituição de época, excelentes figurinos, carros antigos, etc. Tudo do bom e do melhor. O problema é que Ben Affleck praticamente errou em tudo. A direção não é boa, o que resultou em um filme disperso, sem muito foco. O roteiro não consegue amarrar bem a trama, nem tampouco desenvolver melhor o principal personagem. Agora pior de tudo mesmo é a atuação de Ben Affleck! Ele sempre foi criticado por ser um ator limitado em termos de dramaticidade. Aqui fica tudo muito evidente. Ben Affleck desfila uma única expressão por praticamente todo o filme e falha miseravelmente ao tentar passar alguma emoção. Muito ruim sua atuação. Assim no balanço geral esse não é um bom filme. Tirando a produção classe A tudo o mais deixa muito a desejar.

A Lei da Noite (Live by Night, Estados Unidos, 2016) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Ben Affleck, baseado na novela policial escrita por Dennis Lehane/ Elenco: Ben Affleck, Elle Fanning, Chris Cooper, Zoe Saldana, Brendan Gleeson / Sinopse: Gângster irlandês de Boston se une com a máfia italiana para dominar o mundo do crime em Tampa, na Flórida. Eles ganham muito dinheiro com o contrabando de bebidas durante a lei seca. As coisas porém começam a dar errado quando decidem construir um cassino na região. Filme indicado ao Broadcast Film Critics Association Awards na categoria Melhor Design de Produção.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Oscar 2017

O Oscar 2017 não será esquecido tão cedo e não pelos motivos certos! A festa foi certamente uma das piores dos últimos anos. Infestada por um sentimento de revanche do partido democrata (do qual vários membros da Academia são filiados),  com um discurso politiqueiro em excesso (e não político, é bom frisar), a festa foi ofuscada por uma insistência em fazer propaganda partidária no lugar errado, tudo aliado a muita, muita desorganização.

O auge do caos foi, como todos já sabemos, quando "La La Land" foi anunciado como o filme vencedor da noite. A equipe do filme subiu ao palco, os emocionados discursos de agradecimento começaram e... de repente, descobriram que o verdadeiro vencedor foi "Moonlight"! Algo assim só havia acontecido no concurso de Miss Universo! Um papelão, um vexame, de uma festa que começou errada e terminou de forma desastrosa! Como eu escrevi, a insistência de fazer piadinhas e críticas ao presidente Trump saiu pela culatra, essa não deveria ser a tônica da cerimônia, mas foi! E então aquelas pessoas que supostamente sabiam tanto sobre o mundo e a política dos Estados Unidos cometeram o erro mais básico possível numa festa como essa: trocaram os envelopes dos prêmios! Não sabem nem dar o envelope certo ao apresentador e querem ditar regras e "verdades" sobre política para todos? Ridículo demais...

E nos demais prêmios houve muita contestação. Tudo bem que Casey Affleck, esteve bem em "Manchester À Beira-Mar", mas será que merecia mesmo o Oscar de Melhor Ator? Tenho minhas dúvidas! Denzel Washington certamente está bem melhor em "Um Limite Entre Nós", mas resolveram não premiá-lo porque ele já havia ganho duas vezes antes! Mas isso nunca foi motivo para não se premiar alguém! Atitude politiqueira (novamente!). Emma Stone, merecia por La La Land - Cantando Estações? A grande dama Isabelle Huppert esteve muito superior em Elle. Injustiça, vamos dizer a verdade!

Na direção também houve um equívoco. Barry Jenkins (Moonlight - Sob a Luz do Luar), Dennis Villeneuve (A Chegada) e até Kenneth Lonergan (Manchester À Beira-Mar) mereciam muito mais do que Damien Chazelle, por La La Land. Além disso a premiação de melhor direção sempre deve ser seguida da de melhor filme, para haver uma lógica na premiação. Não foi o que aconteceu. Um dos poucos prêmios merecidos foi o de melhor atriz coadjuvante dado a Viola Davis, por Um Limite Entre Nós. Não tanto por seu desempenho ter sido tão brilhante, mas sim porque não havia concorrentes à altura. Acertaram também na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, com Mahershala Ali (Moonlight - Sob a Luz do Luar), muito embora eu preferisse que Jeff Bridges levasse o prêmio.

E as gafes não tiveram fim, colocaram até pessoas vivas na parte em que se homenageiam os falecidos. A figurinista Janet Patterson, mostrada como morta, está viva e reclamou do uso de sua imagem na sessão In Memorian! Que coisa absurdamente desorganizada! Um lixo! Então é isso. O Oscar que quis fazer de Donald Trump a piada da noite acabou virando ele próprio a piada. Politicagem em excesso e competência de menos marcaram a noite. Espero que melhorem para o ano que vem.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Filmes no Cinema - Edição IX

Nessa semana a maioria das salas de cinema do Brasil estão dominadas pelo filme "Guardiões da Galáxia Vol. 2". Dirigido por James Gunn essa continuação é mais uma aposta da Marvel em expandir seu império no mundo do cinema. O primeiro filme não me agradou muito. Esses personagens são de segundo escalão da editora e para quem não gosta muito desse estilo de aventuras espaciais adolescentes fica mesmo complicado gostar. Esse segundo tem sido recebido com reservas pelo público que mais interessa à própria Marvel: o dos leitores de quadrinhos. Críticas dessas pessoas estão pipocando em diversos meios pela internet. A opinião geral parece ser a de que as altas expectativas não foram satisfeitas. Como a Marvel já está em crise no mundo dos gibis, não me admira que as más notícias venham agora também para as telas.

Outra boa opção para quem estiver a fim de ir para o cinema nessa semana é o novo filme estrelado por Natalie Portman. O filme se chama "Além da Ilusão". O roteiro explora a história de duas irmãs americanas que dizem ter o poder de falar com os espíritos de pessoas mortas. Esse roteiro me lembrou bastante da história das irmãs Fox que diziam também ter poderes mediúnicos em Nova Iorque durante o século XIX. No caso real elas depois confessaram a farsa em jornais e revistas da época. Será que esse novo filme irá pelo mesmo caminho? Só conferindo para saber. De uma forma ou outra essa sinopse me chamou bastante a atenção e já coloquei em minha lista de filmes que quero assistir assim que for possível.

Essa semana é bem diferente pois existe um blockbuster americano dominando as telas (Guardiões da Galáxia 2) ao mesmo tempo em que vários filmes mais alternativos encontram espaço em determinadas cidades. Um exemplo vem com "Além das Palavras". Essa produção entre Inglaterra e Bélgica traz o melhor do cinema europeu dos dias atuais. Dirigido por Terence Davies, esse filme conta a história da poetista Emily Dickinson (Cynthia Nixon). O roteiro se propôs a ser bem abrangente, mostrando a vida da escritora desde os seus primeiros anos até seus momentos finais, quando se tornou uma mulher consagrada por sua obra, mas também reclusa por causa de sua personalidade introspectiva. O filme foi muito bem recebido pela crítica europeia e é certamente uma boa pedida para um público mais seletivo.

Para o público mais cult ainda há outras opções. Para quem gosta de cinema nacional valem as indicações de "Elon Não Acredita na Morte". Estrelado por Rômulo Braga o filme mostra a jornada desesperada de um homem em busca da mulher desaparecida. Já "Vermelho Russo" mostra duas atrizes brasileiras que vão até a gelada e distante Moscou para estudar arte dramática do famoso método Stanislavski. Um filme no mínimo curioso contando com as carismáticas e talentosas atrizes Maria Manoella e Martha Nowill.

Pablo Aluísio.