sábado, 2 de janeiro de 2016
Sean Connery - Com 007 Só Se Vive Duas Vezes
Claro que uma produção tão antiga apresenta situações que hoje beiram o ridículo, porém o espectador precisa entender que isso faz parte do charme nostálgico do próprio filme. Em uma das situações mais absurdas Bond foge de um grupo de criminosos que estão atrás dele e da agente Aki (Akiko Wakabayashi). A intenção é cumprir a ordem de um importante industrial japonês que está sob as ordens da Spectre. Pois bem, Bond e sua colega escapam em alta velocidade porém como estão praticamente desarmados, Bond pede ajuda ao serviço secreto do Japão que, ora vejam só, surge no horizonte com um helicóptero equipado com um enorme imã. O carro dos criminosos é então içado pelo poder do magnetismo e depois jogado em alto mar, assim sem muito esforço. A cena, extremamente divertida, também me fez lembrar dos antigos desenhos de Hanna-Barbera. Em outro momento Bond destrói quatro helicópteros armados pilotando uma pequena aeronave que mais parece um ultraleve. É a tal coisa, vale tudo pela diversão.
Sean Connery na época em que o filme foi produzido já estava com a decisão tomada de abandonar James Bond. Afinal de contas ele tinha receios de ficar marcado para sempre por um único papel. Depois que rodou "Marnie" ao lado do mestre Alfred Hitchcock, Connery criou a consciência de que sua carreira poderia ir muito além de James Bond. E verdade seja dita, ele se esforçou muito para não ser estigmatizado para sempre. A boa notícia é que ele conseguiu pois hoje em dia o nome Sean Connery tem força suficiente para ser lembrado por inúmeros outros grandes filmes além da marca James Bond. Isso porém em nada diminui sua importância dentro da franquia, a ponto inclusive de ser muitas vezes apontado por inúmeros fãs como o melhor ator de toda a saga - uma afirmação que hoje em dia teria certo receio de expor sem parar para pensar muito antes.
Deixando tudo isso de lado temos que admitir que o filme é obviamente muito divertido e funciona muito bem ainda, mesmo após tantos anos. Um de seus maiores charmes é ser justamente politicamente incorreto. Na década de 1960 essa chatice ainda não havia invadido os roteiros e por isso James Bond poderia agir como James Bond sem se preocupar com críticas vazias. Numa das cenas Bond é apresentado por seu anfitrião no Japão, o agente Tiger Tanaka (Tetsurô Tanba), a um grupo de lindas gueixas japonesas. Elas estão ali para dar um banho em Bond. Então Tanaka lhe diz: "No Japão os homens sempre estão acima das mulheres e elas ficam felizes em lhes servir" ao qual Bond, igualmente cínico, lhe responde: "Nada mal, quando me aposentar irei morar aqui no Japão". Já pensou algo assim nos dias de hoje? Enfim, pura diversão escapista com tudo aquilo que você espera de um bom filme de James Bond.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
Batalon
No front elas enfrentam todos os tipos de problemas, inclusive a sempre preocupante ameaça relacionada a estupros coletivos (inclusive partindo de seus próprios camaradas de armas, já que o exército russo teve que enfrentar muitas denúncias sobre isso em relação às mulheres das terras conquistadas). O filme tem dois atos bem diferenciados. No primeiro vemos o recrutamento delas. Assim que a notícia da formação do batalhão feminino é divulgado várias mulheres de todos os lugares da Rússia logo se apresentam como voluntárias. Muitas delas ficaram viúvas com a guerra e nutrem um sentimento de vingança contra o exército alemão inimigo. Outras apenas querem fugir de uma vida sem maiores perspectivas. O curioso é que não apenas mulheres das camadas mais humildes da população russa se apresentam, mas também jovens da nobreza (inclusive até mesmo uma condessa se alista como voluntária nas fileiras). No segundo ato o filme explora a participação delas na guerra propriamente dita. O roteiro é bem direcionado, contando tudo de uma forma bem fluída e sem tropeços. Usando uma narrativa tradicional é quase impossível o espectador não se envolver com a história, com as personagens e com o destino que as aguarda nas infectas trincheiras de uma das guerras mais brutais da história. Excelente exemplar do melhor que o cinema russo produz atualmente. Está mais do que recomendado para os cinéfilos que estejam atrás de algo diferente, que fuja um pouco do mais convencional do cinema comercial americano.
Batalon (Idem, Rússia, 2015) Direção: Dmitriy Meskhiev / Roteiro: Writers: Ilya Avramenko, Evgeniy Ayzikovich / Elenco: Lesya Andreeva, Mariya Antonova, Mariya Aronova, Nikolay Auzin / Sinopse: O filme narra a história da formação do primeiro e único batalhão do exército russo formado exclusivamente por mulheres durante a I Guerra Mundial. Após um treinamento duro e exaustivo elas são enviadas para o front de combate, onde acabam enfrentando todos os tipos de adversidades do campo de batalha.
Pablo Aluísio.
Planeta dos Macacos: O Confronto
Todos os animais do filme são meras criações digitais. Nesse caso os efeitos não são gratuitos, muito pelo contrário, eles ajudam a contar uma história muito bem desenvolvida. Para os críticos esse filme não passaria de um remake menos talentoso de "A Batalha do Planeta dos Macacos" (1973), assim como "Planeta dos Macacos: A Origem" nada mais seria do que uma refilmagem de "A Conquista do Planeta dos Macacos" (1972), ambos da franquia original. Eu vejo esse tipo de comparação com reservas. Na verdade há elementos novos, bem originais para se falar a verdade, tudo impulsionado por descobertas e teses científicas que inexistiam quando os primeiros filmes foram realizados na década de 70. Além disso há uma bem explorada rivalidade entre o líder Caesar e aquele que deveria ser seu braço direito, Koba (Toby Kebbell). Esse teria desenvolvido uma personalidade psicopata por causa das terríveis torturas a que teria sido submetido quando não passava de uma cobaia em cativeiro, o que obviamente criou em sua mente um grande trauma em relação aos seres humanos. Já Caesar teria tido uma outra vivência, principalmente com o pesquisador interpretado por James Franco, que teria lhe ensinado que os seres humanos também poderiam ser bondosos e amigos. Essa diferença de visões acabaria levando Koba e Caeser para um confronto mortal. Então em resumo é isso. Temos aqui um bom filme que me agradou bastante. A boa notícia é que fica bem claro no desfecho que haverá uma sequência em breve, a terceira dessa nova série. Se manter o bom nível dos dois primeiros filmes teremos certamente, no mínimo, uma boa diversão pela frente.
Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, Estados Unidos, 2014) Direção: Matt Reeves / Roteiro: Mark Bomback, Rick Jaffa / Elenco: Gary Oldman, Keri Russell, Andy Serkis, Toby Kebbell, Jason Clarke / Sinopse: Após noventa por cento da humanidade morrer por causa de um vírus produzido em laborátorio, humanos e macacos entram em conflito por causa de uma usina hidrelétrica localizada nos arredores de San Francisco. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria de Melhores Efeitos Visuais (Joe Letteri, Dan Lemmon, Daniel Barrett e Erik Winquist).
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
George Harrison - Verdades e Mentiras
George Harrison foi traído por Eric Clapton?
Sim, a primeira esposa de George o traiu com Eric Clapton. George Harrison conheceu Pattie Boyd quando ela foi convidada para cortar o cabelo dos Beatles ao lado de outras modelos para a matéria de uma popular revista inglesa. Tudo fazia parte do material promocional do filme "A Hard Day´s Night". George ficou encantado com sua beleza e semelhança com a atriz Brigitte Bardot. Deixando a timidez de lado ele a convidou para jantar fora. O namoro foi breve e após um relativamente curto período de relacionamento, se casaram. Poucos meses depois do fim dos Beatles o casamento entrou em crise. George começou a se dedicar a cada vez mais em se aprofundar na sua religião e negligenciou sua esposa. Passando longos períodos fora de casa o relacionamento esfriou. Pattie viu que o casamento estava falido e começou a procurar amantes, a maioria deles músicos, entre eles o Rolling Stone Ronnie Wood. Depois conheceu pessoalmente Eric Clapton e se apaixonou por ele perdidamente. George havia se tornado apenas um farto em sua vida e ela, sem pensar muito e nem olhar para trás, trocou Harrison por Clapton. Anos depois se casaria com ele.
Como era o relacionamento entre George Harrison e John Lennon?
No começo John Lennon tratava George Harrison praticamente como um pupilo. Havia uma diferença de idade entre eles e Harrison tratava Lennon quase como a um mestre a ser seguido. No fundo o admirava tanto que quase o idolatrava. O próprio John lembrou disso quando anos depois criticou a autobiografia do colega de banda. Com o tempo George começou a se sentir deixado de lado e criou-se uma tensão entre eles, principalmente por causa dos rumos que os Beatles trilhavam na época. Harrison queria mais espaço nos discos, mas John estava sempre tirando muitas de suas composições do repertório final dos álbuns. Quando Yoko Ono entrou na vida do grupo as coisas azedaram de vez. George não gostava de Yoko e a criticava abertamente o que enfurecia John. Para George era um absurdo ter Yoko dentro dos estúdios, por exemplo. John Lennon que sempre fora muito brigão comprou a briga e ambos começaram a ter discussões furiosas durante as sessões de gravação. Chegaram ao ponto de ficarem sem se falar por meses. O ápice das brigas aconteceu justamente quando John Lennon sugeriu que Yoko se tornasse uma Beatle, algo que George considerava uma maluquice sem tamanho.
George tinha ressentimentos da dupla Lennon e McCartney?
No começo dos Beatles, George não sentia necessidade de participar mais ativamente dos discos. Ele ficava feliz e satisfeito em fazer os principais solos do grupo. Porém quando começou a fazer suas próprias composições começou a ficar muito insatisfeito quando as músicas eram tiradas dos álbuns por John Lennon. Sempre muito ácido o líder dos Beatles geralmente tinha coisas amargas ou críticas destrutivas para desqualificar as criações de George. Quando alguma música ganhava destaque, como "Taxman", John corria para a imprensa para dizer que havia composto pelo menos metade da canção o que deixava George muito chateado e muitas vezes até humilhado com esse tipo de declaração pública. Quando o grupo finalmente atingiu a maturidade musical George começou a brigar por mais espaço nos discos o que acabou se tornando mais um foco de brigas entre os membros da banda.
O que matou George Harrison?
Durante toda a vida George Harrison foi um fumante inveterado. Sua média era dois maços de cigarro por dia e isso era um hábito que o acompanhava desde os tempos da adolescência, quando era apenas um jovem colegial. O tabagismo descontrolado acabou sendo a causa do surgimento de um fulminante câncer de pulmão que George tentou de todas as formas combater, mas que em estado avançado já havia se tornado incurável. Nos momentos finais George ainda teve a intenção de participar de uma campanha nacional contra o fumo e o tabagismo, porém já não tinha saúde suficiente para isso. Ele morreu se lamentando por seu vício em cigarros, o que acabou lhe custando a própria vida.
Como era George Harrison fisicamente?
George Harrison era o mais jovem dos Beatles, porém era um dos mais altos. Ele tinha 1.77m de altura. Outra característica física que chamava a atenção era o fato de George ser também muito magro, chegando a ter no máximo 62 quilos. Harrison não cultivava uma vida muito saudável pois era fumante e usava drogas, porém geneticamente parecia predisposto a ser magro. Também não era um homem de exageros na mesa, procurando na maioria das vezes consumir apenas frutas e alimentos leves, algo que foi reforçado quando foi para a Índia nos anos 60.
George Harrison era viciado em drogas?
Como todos os demais Beatles, George também foi um usuário contumaz de drogas. No começo a maconha, que acompanhava os Beatles desde os primeiros tempos na estrada, na Alemanha, quando ainda eram desconhecidos. Depois vieram a cocaína e a LSD na fase lisérgica do grupo. A heroína entrou em sua vida após o fim dos Beatles. As drogas inclusive foram apontadas pela primeira esposa de George, Pattie Boyd, como uma das causas do fim do casamento. Ela revelou que por volta de 1970 o consumo de drogas por parte de George Harrison havia fugido do controle. Ele passava o tempo todo cheirando carreiras e mais carreiras de cocaína, algo que nem sequer a religião conseguiu colocar um freio. O vício de George se tornou bem mais notório ao público após uma apresentação desastrosa quando subiu ao palco completamente "alto" em uma de suas turnês americanas durante a década de 1970.
Como George Harrison via o movimento hippie?
George Harrison foi convidado para participar de um festival de música, com ampla participações de jovens hippies e depois que chegou lá não se conteve. George confessou que havia ficado chocado ao chegar no local e constatar que tudo o que havia lá era um bando de jovens drogados rolando pela lama. Harrison havia ido fazer um show pela paz, mas não encontrou ninguém muito interessado em sua mensagem. Ao invés disso viu um mercado aberto de vendas de drogas. A partir desse evento George Harrison, nas poucas declarações que fez, sempre se mostrou disposto a criticar o movimento hippie que havia perdido seu caminho original.
Quantos filhos teve George Harrison?
George Harrison teve apenas um filho, Dhani Harrison, fruto de seu casamento com Olivia Harrison. Ele nasceu em 1978, durante o segundo casamento do cantor. O interessante é que essa segunda união acabou trazendo uma certa calmaria na vida de Harrison. Ao contrário de seu complicado casamento com Pattie Boyd, aqui George parecia finalmente ter encontrado uma mulher que tinha uma personalidade mais calma e discreta, tal como ele. Esse acabou sendo talvez o grande segredo de seu matrimônio feliz e estável ao lado da segunda esposa.
George Harrison foi processado por plágio?
Sim, várias vezes e perdeu vários dos processos. Em sua defesa Harrison alegava que era muito complicado determinar o que seria um plágio ou não, já que a música, formada de notas musicais, tinha a natural tendência de seguir uma certa linha, uma certa tradição. Assim as semelhanças que por acaso surgiam em suas composições nada mais eram do que coincidências vindas desse tipo de memória musical. Sua defesa porém não foi acolhida no tribunal. O caso mais prejudicial aconteceu com a canção "My Sweet Lord" do álbum "All Things Must Pass" onde George precisou pagar uma pesada indenização por plágio aos autores originais.
George Harrison foi esfaqueado por um fã?
Não exatamente... Em 1999 um drogado invadiu sua casa para roubar objetos da mansão. George que não tinha qualquer tipo de segurança em sua casa (apesar da morte brutal de John Lennon) ouviu barulhos na parte de baixo da casa. Ao ir até a sala encontrou o assaltante (um homem de 33 anos, viciado em drogas, chamado Michael Abram). George e o criminoso começaram a lutar e esse deferiu uma facada em George. Desesperada a mulher de Harrison, Olivia, jogou um pesado objeto na cabeça de Abram que foi imediatamente ao chão. Aquela tinha sido uma péssima semana para o casal pois George havia sido informado poucos dias antes que seu câncer havia se espalhado em seu organismo, tornando seu tratamento praticamente inútil. O agressor não era fã dos Beatles (ao contrário do assassino de John Lennon).
Qual era o principal hobby de George Harrison?
George adorava passar horas e horas em seu jardim. Era um apaixonado por flores e jardinagem em geral. Também sentia enorme prazer em participar de eventos que reuniam admiradores de jardins como ele. Chegou a registrar em várias filmagens amadoras esse hobby que tanto adorava. Passava dias e dias preocupado com as novas e raras orquídeas que plantara em seu quintal.
Como era a relação entre George Harrison e Paul McCartney?
Foi Paul quem trouxe George para os Beatles. Eles se conheceram ainda bem adolescentes pois pegavam o mesmo ônibus quando retornavam da escola. A música foi o interesse em comum que os uniu. Paul logo foi convidado por George para ir até sua casa onde ele queria mostrar alguns acordes que tinha criado. Depois de ver o colega tocar Paul percebeu que ele poderia fazer parte de sua nova bandinha que estava montando com um cara mais velho, John Lennon. Quando Paul levou George para conhecer John esse não ficou muito impressionado. Achou George jovem demais para ser levado à sério, mesmo assim concordou com sua entrada nos Beatles. O resto é história. Os Beatles se tornaram o grupo de rock mais popular da história. Com o tempo o sempre presente perfeccionismo de Paul começou a irritar George. A velha amizade também foi abalada por processos judiciais após o fim da banda. Quando surgiu a ideia do projeto "Anthology" o maior problema era realmente reconciliar Paul e George já que eles passaram anos e anos sem se falarem. A amizade nunca mais foi a mesma.
Qual era a música preferida de George em sua fase Beatles?
George Harrison considerava "Something" sua maior obra prima, seguida de "Here Comes The Sun", ambos do disco "Abbey Road". É interessante que o auge da criatividade de Harrison tenha se dado justamente na fase final do grupo quando os Beatles já estavam prestes a se separar. Durante seus anos nos Beatles, George Harrison compôs centenas e centenas de músicas que não conseguiam encontrar espaço nos discos do conjunto. Assim quando os Beatles finalmente chegaram ao fim George juntou todo esse material e acabou gravando o disco de sua vida, "All Things Must Pass", considerado o grande trabalho de sua carreira solo.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 29 de dezembro de 2015
George Harrison – All Things Must Pass
As coisas mudaram quando os Beatles deixaram de existir. Com o fim do conjunto George Harrison teve finalmente toda a liberdade que queria. Ele juntou todas as músicas que tinham sido rejeitadas pelos Beatles por anos a fio e jogou aqui nesse excelente álbum. Afinal se todas as coisas passavam, os Beatles também passariam. Mesmo após tantos anos essa é ainda hoje considerada a obra prima de George Harrison. O disco em que ele colocou tudo o que havia sido reprimido em tantos anos ao lado dos Beatles. Há de tudo na seleção musical, rock da melhor estirpe, músicas instrumentais, letras religiosas e espirituais (não poderia ser diferente em se tratando do mais espiritual Beatle) e uma série de boas canções, algumas brilhantes, outras inofensivas. De brinde algumas composições que George havia criado ao lado de Bob Dylan e que jamais poderiam entrar nos discos dos Beatles por questões contratuais. Para dar uma mão na parte instrumental o cantor trouxe o mágico guitarrista Eric Clapton, que abrilhantou ainda mais o resultado final. “All Things Must Pass” é isso, um belo retrato de um artista ciente de seu talento, seguro de sua musicalidade, mesmo após anos vivendo à sombra da dupla Lennon e McCartney.
George Harrison – All Things Must Pass (1970)
I'd Have You Anytime
My Sweet Lord
Wah-Wah
Isn't It a Pity (Version One)
What Is Life
If Not for You
Behind That Locked Door
Let It Down
Run of the Mill
Beware of Darkness
Apple Scruffs
Ballad of Sir Frankie Crisp (Let It Roll)
Awaiting on You All
All Things Must Pass
I Dig Love
Art of Dying
Isn't it a Pity (Version Two)
Hear Me Lord
Out of the Blue
It's Johnny's Birthday
Plug Me In
I Remember Jeep
Thanks for the Pepperoni
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Jeff Bridges - Jeff Bridges (2011)
Tudo embalado por ótimos arranjos de fundo, com destaque até mesmo para orquestrações ricas e detalhistas em seus menores aspectos (palmas para o produtor T-Bone Burnett, que trouxe muita riqueza para as composições de Bridges dentro dos estúdios). Dando uma ajuda a Bridges nos vocais temos a presença dos ótimos Ryan Bingham, Rosanne Cash, Sam Phillips e Benji Hughes, numa contribuição essencial para dar a estrutura melódica ideal ao trabalho como um todo. Um disco que supera todas as expectativas, mostrando acima de tudo que qualquer tipo de preconceito pelo fato de ser um álbum gravado por um ator de cinema deve ser deixado de lado. Boa música, arranjos elegantes e qualidade musical garantem uma excelente audição. Realmente acima da média. Que venham outros discos do Bridges.
Jeff Bridges - Jeff Bridges (2011)
What a Little Bit of Love Can Do
Falling Short
Everything But Love
Tumbling Vine
Nothing Yet
Blue Car
Maybe I Missed the Point
Slow Boat
Either Way
The Quest
Pablo Aluísio.
domingo, 27 de dezembro de 2015
Ringo Starr - Sentimental Journey
Um disco solo de Ringo Starr tinha que superar dois grandes problemas: O primeiro é que ele nunca foi um compositor consolidado enquanto fez parte dos Beatles. De fato Ringo nunca conseguiu se sobressair no meio de todos aqueles gênios. Ele sabia disso e para falar a verdade nunca tentou. Ao contrário de George Harrison, que com muito esforço conseguiu colocar a cabeça por um breve momento em um ponto pouco acima da genialidade de Lennon e McCartney, Ringo nunca se destacou. O segundo problema para Ringo era mais complicado: ele também nunca foi um bom cantor. Então como segurar as pontas em um disco todo cantado por alguém que nunca foi considerado um bom cantor? Ele certamente não iria passar todo o seu disco solo tocando bateria. Para piorar ele também não era arranjador e nem produtor. Para superar tantos problemas Ringo apelou para seus amigos. Assim Paul McCartney, Quincy Jones, Les Reed, George Martin e até Maurice Gibb (do Bee Gees) ajudaram o Ringão nesse projeto. As canções foram escolhidas pelo próprio Ringo e para não errar ele escolheu apenas a nata, como Cole Porter, Johnny Mercer e Les Brown. O resultado é bom, interessante, mas também nada brilhante. No fundo tudo não passa de um esforço honesto por parte de Ringo em sobreviver musicalmente.
Ringo Starr - Sentimental Journey (1970)
1. Sentimental Journey
2. Night and Day
3. Whispering Grass (Don't Tell the Trees)
4. Bye Bye Blackbird
5. I'm a Fool to Care
6. Stardust
7. Blue, Turning Grey Over You
8. Love Is a Many Splendoured Thing
9. Dream
10. You Always Hurt the One You Love
11. Have I Told You Lately That I Love You?
12. Let the Rest of the World Go By
Pablo Aluísio.
sábado, 26 de dezembro de 2015
Paul McCartney - Give Ireland Back to the Irish
Para rebater esse tipo de ataque de John Lennon, Paul então resolveu também escrever sua própria canção de protesto, "Give Ireland Back to the Irish"! O próprio título já era uma afirmação perigosa para um inglês, pois se colocava ao lado dos irlandeses que naquela época lutavam para se livrar da dominação inglesa em seu país. Paul estava ao lado de sua causa, propondo que a Irlanda fosse devolvida aos irlandeses! Nem John Lennon havia sido tão direto antes!
Paul sabia que a música iria sofrer represálias por parte do governo inglês e assim resolveu lançar a canção em um single, pois se estivesse em um álbum as consequências comerciais poderiam ser bem ruins. O compacto chegou nas lojas em fevereiro de 1972 e causou um impacto maior do que Paul previa. A canção foi simplesmente banida da programação de certas emissoras e Paul foi chamado pelo presidente da EMI, que preocupado, tinha receios que ele e a gravadora fossem processados criminalmente por traição ao império britânico. Paul manteve-se firme e aguentou o tranco. No final das contas Paul achou a experiência de se declarar politicamente sobre algo como válida, apesar dos problemas.
Ele resumiu a questão ao afirmar: "Do nosso ponto de vista foi a primeira vez que as pessoas questionaram sobre o que estávamos fazendo na Irlanda. Era tão chocante pensar sobre isso. Fico feliz que a canção tenha trazido o assunto para dentro dos lares do povo inglês". Assim "Give Ireland Back to the Irish" acabou sendo uma das poucas experiências de Paul nesse campo político, pois ele logo se retiraria de assuntos polêmicos como esse para voltar ao seu velho (e bom) estilo romântico. O mundo já tinha John Lennon para protestar e essa nunca tinha sido mesmo a praia de Paul. Sábia decisão.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
Paul McCartney
Outro aspecto que sempre me levou a ser fã de Paul McCartney é a sua personalidade. Paul sempre foi o ponto de equilibrio dentro dos Beatles. John Lennon era explosivo demais, George Harrison muito tímido e retraído e Ringo, ora, Ringão era apenas o baterista. Paul era o ponto que manteve o quarteto unido por anos. Viciado em trabalho era sempre ele o responsável a unir a trupe para novas gravações. Por isso caro colega beatlemaníaco agradeça a ele por termos tantas gravações do grupo. Existe até mesmo uma história muito engraçada sobre John realmente abismado com a capacidade de trabalho do parceiro. Enquanto Lennon lutava para trazer duas ou três novas músicas para os discos dos Beatles, Paul já entrava em estúdio com oito ou dez canções prontas para gravação. Realmente, Macca literalmente nunca brincou em serviço. É um workaholic assumido. E o mais incrível é que ele simplesmente não abandonou essa característica nem com a chegada da idade, pois ainda atravessa o oceano para realizar concertos, como essa recente turnê que fez no Brasil. Aposentadoria? Nem pensar.
Hoje tenho orgulho em dizer que tenho toda a discografia de Sir Paul McCartney. No mundo do CD isso facilitou e muito a aquisição de antigos álbuns, até mesmo porque ele próprio relançou toda a obra alguns anos atrás, mas nos anos 80 quando coloquei na cabeça de completar a coleção de Paul era bem diferente, tinha que fuçar em sebos atrás de discos dele dos anos 70, alguns em péssimo estado de conservação. Ainda bem que a tecnologia veio e mudou completamente esse quadro. Menos mal para um apaixonado por sua música como eu. Pretendo depois ir escrevendo um pouco mais sobre seus discos, suas grandes parcerias na carreira solo (Michael Jackson, Steve Wonder, Elvis Costello, entre outros). Acredito inclusive que esse cidadão ainda vai trazer grandes alegrias aos amantes da boa música por muitos anos ainda. Vida longa ao Macca!
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Pink Floyd - Meddle
São apenas seis faixas. Eu particularmente não diria que esse é um dos meus discos preferidos do Pink Floyd, porém negar sua importância histórica seria um erro absurdo. A minha música preferida aqui é justamente a que abre o disco, "One of These Days" do David Gilmour. Ele sempre foi o meu guitarrista preferido e aqui prova que grandes clássicos muitas vezes nascem de pequenos detalhes, com poucas notas musicais. Essa música inclusive seria uma das poucas do repertório que o David Gilmour iria usar no palco, nos memoráveis concertos do Pink Floyd ao vivo nos anos 80. Já para quem aprecia o lado mais experimental do grupo, o lado B inteiro tem apenas uma faixa, "Echoes". Um grande retalho musical para o ouvinte viajar pelo universo do Pink Floyd.
Pink Floyd - Meddle (1971)
One of These Days
A Pillow of Winds
Fearless
San Tropez
Seamus
Echoes
Pablo Aluísio.
Pink Floyd - Wall in Progress
Pois então parte desse material foi resgatado nesse CD. É um material cru, sem muito trabalho de finalização, de arte final. Tudo soa quase como foi composto. Water é provavelmente o músico mais egocêntrico do universo, mas aqui vemos parte de sua incrível genialidade. Não digo que esse tipo de material vá interessar para quem não é fã do Pink Floyd, mas certamente será de extremo interesse para os fãs de carteirinha. O álbum "The Wall" segue sendo bem debatido até nos dias de hoje, já para quem deseja apenas ouvir uma semente do disco, poucos títulos podem ser tão interessantes como esse. Recomendado? Certamente sim.
Pink Floyd - Wall in Progress (1978-1979)
01. In The Flesh? 02. The Thin Ice 03. Another Brick In The Wall Part 1 04. The Happiest Days Of Our Lives 05. Another Brick In The Wall Part 2 06. Mother 07. Goodbye Blue Sky 08. Empty Spaces Part 1 09. Young Lust 10. One Of My Turns 11. Don't Leave Me Now 12. Empty Spaces Part 2 13. What Shall We Do Now? 14. Another Brick In The Wall Part 3 15. Goodbye Cruel World 16. Nobody Home 17. Vera 18. Bring The Boys Back Home 19. Is There Anybody Out There? Part 1 20. Is There Anybody Out There? Part 2 21. Comfortably Numb 22. Hey You 23. The Show Must Go On 24. In The Flesh 25. Run Like Hell 26. Wating For The Worms 27. Stop 28. The Trial 29. Outside The Wall.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Pink Floyd - The Endless River
Por falar nisso a alcunha de "novo álbum do Pink Floyd" não é muito correta, já que a maioria do material presente aqui data dos anos 1990. Não chegaria a chamar o disco de "restos do The Division Bell" como muitos andam escrevendo por aí, mas também não vou qualificar nada de "The Endless River" como novo ou novidade. Em minha forma de entender o Pink Floyd acabou definitivamente em 2008 com a morte do tecladista Rick Wright. Depois disso não há retorno, algo parecido que ocorre com os Beatles, depois da morte de Lennon e Harrison, simplesmente não há mais retorno possível. A história impôs sua força, acabando com velhos sonhos. O tempo é o senhor de tudo é ninguém pode lutar contra esse fato.
David Gilmour sabe muito bem disso e não tem sido desonesto com o público. O disco que é basicamente instrumental (como nos bons velhos tempos do grupo) foi definido por ele como uma "mera conversa musical" entre seus antigos membros em um tempo passado, perdido na memória. A faixa de abertura, "Things Left Unsaid", dá o tom desse ponto de vista. Os teclados de Wright passeiam pelo ar, enquanto a guitarra melodiosa de Gilmour preenche os espaços vazios. Pura "conversação" realmente, só que ao invés de palavras são usadas notas musicais (maravilhosas, diga-se de passagem). Nick Mason também contribui com seu talento. Hoje ele está completamente aposentado, mais preocupado com sua coleção de carros de luxo do que com música. Os registros porém mostram como ele foi um dos melhores bateras da história do rock. "O rio sem fim" do Pink Floyd é isso, um afago nos ouvidos dos ouvintes de fino trato. Em tempos de lixo pipocando nas rádios o tempo todo, o Pink Floyd prova mais uma vez que talento não se encontra em todo lugar, nem em qualquer época.
Pink Floyd - The Endless River (2014)
Things Left Unsaid
It's What We Do
Ebb and Flow
Sum
Skins
Unsung
Anisina
The Lost Art of Conversation
On Noodle Street
Night Light
Allons-y (1)
Autumn '68
Allons-y
Talkin Hawkin
Calling
Eyes to Pearls
Surfacing
Louder Than Words
TBS9
TBS14
Nervana
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
Pink Floyd - The Division Bell
Particularmente confesso, sigo a linha daqueles que nunca tiveram esse CD como referência em termos de sonoridade Floydiana. Algo não me parece bem nessas faixas. Sempre considerei "A Momentary Lapse Of Reason" um trabalho mais enxuto, com mais qualidade e melhor bem conceituado. Foi o melhor disco da banda em sua fase Gilmour. "The Division Bell" sofre por ser excessivo! Talvez por receios ou insegurança o produtor Bob Ezrin acabou criando um monstro musical, exagerado, barroco e cansativo. São onze faixas (muito em termos de Floyd), dezenas de músicos de estúdio contratados, centenas de horas de gravação e muito excesso nos arranjos finais. O que era simples e altamente eficiente em "A Momentary Lapse Of Reason" aqui se tornou pesado, exaustivo, paquidérmico! As letras também não evocam em nada os grandes momentos do Pink Floyd em seu passado glorioso. E para piorar tudo, quando se pensa que se ouvirá maravilhosos solos de guitarra do mestre David Gilmour, nada surge nos ouvidos que nos faça lembrar o grande instrumentista que ele sempre foi. "The Division Bell" foi um disco que ouvi em meus tempos de universidade, mas que pouco cativou, não deixando marcas na alma. Assim com o tempo foi sendo deixado de lado. É de surpreender agora que todos estejam fazendo louvações aos seus resquícios sonoros deixados pelo chão da sala de edição de Bob Ezrin! Vai entender a cabeça dessa gente...
Pink Floyd - The Division Bell (1994)
Cluster One
What Do You Want from Me
Poles Apart
Marooned
A Great Day for Freedom
Wearing the Inside Out
Take It Back
Coming Back to Life
Keep Talking
Lost for Words
High Hopes
Pablo Aluísio.
Pink Floyd - PULSE
Acuado, o líder do Floyd resolveu responder às acusações colocando mais um álbum na praça, que foi justamente esse, todo gravado ao vivo. Justamente para calar a boca de quem dizia não ser o Pink Floyd verdadeiro. Para isso Gilmour resolveu colocar em prática um velho sonho que tinha: gravar ao vivo todas as canções do disco "The Dark Side of the Moon"! Sinceramente, quem é fã do Pink Floyd de longa data (como eu) pode dizer que ouvir pela primeira um show com esse histórico álbum tocado da primeira à última faixa ao vivo foi realmente de arrepiar. E se engana quem pensa que foi algo fácil de reproduzir. Como todos sabemos "Dark Side" foi fruto de um longo processo de gravação, que durou meses, usando as melhores técnicas sonoras da época. Trazer aquele som único gravado em Abbey Road (o histórico estúdio inglês da EMI Odeon) para o palco foi realmente um feito digno dos maiores aplausos. É incrível inclusive notar a extrema perfeição dos músicos da banda em cada detalhe. Eu sempre digo, em termos de virtuose instrumental poucos grupos de rock da história podem rivalizar com o Pink Floyd porque eles sempre foram grandes músicos, talentosos e perfeitos ao vivo (para tirar suas dúvidas ouça qualquer registro do Floyd ao vivo para conferir). Quando PULSE foi lançado muitos esnobes torceram o nariz desmerecendo o disco, o qualificando apenas como "mais um disco ao vivo de uma banda decadente". Bom, quem pensou assim certamente reveu seus conceitos uma vez que PULSE realmente mexeu com o mundo da música. Infelizmente depois de PULSE o Pink Floyd nada mais fez de relevante. Ficaram anos hibernando até que alguns anos atrás David Gilmour finalmente decretou o fim do maior grupo de rock progressivo da história. É uma grande pena. De qualquer forma é como diz o ditado, nada dura para sempre.
Pink Floyd - PULSE (1995)
Shine On You Crazy Diamond
Astronomy Domine
What Do You Want From Me
Learning to Fly
Keep Talking
Coming Back to Life
Hey You
A Great Day for Freedom
Sorrow
High Hopes
Another Brick in the Wall (Part Two)
Speak to Me
Breathe
On the Run
Time
The Great Gig in the Sky
Money
Us and Them
Any Colour You Like
Brain Damage
Eclipse
Wish You Were Here
Comfortably Numb
Run Like Hell
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Pink Floyd – The Final Cut
Pink Floyd - The Final Cut (1983)
The Post War Dream
Your Possible Pasts
One of the Few
The Hero's Return
The Gunner's Dream
Paranoid Eyes
Get Your Filthy Hands Off My Desert
The Fletcher Memorial Home
Southampton Dock
The Final Cut
Not Now John
Two Suns in the Sunset
Pablo Aluísio.
Pink Floyd - Animals
A critica gostou de “Animals” mas quase entendeu a mensagem do Pink Floyd como um manifesto socialista! Havia toda aquela retórica que parecia sair da mente de algum esquerdista rançoso. Waters resolveu não dar maiores explicações, já que há tempos vinha percebendo uma mudança dentro do cenário musical inglês. Por essa época ganhava espaço o chamado movimento Punk. Composto basicamente por jovens desempregados ingleses o Punk surgiu com novas propostas, incentivando uma sonoridade muito básica, com poucos acordes e letras diretas e viscerais – tudo o que o Pink Floyd não era! Não tardou para que o Rock Progressivo e o próprio Pink Floyd virassem alvo de críticas por parte das bandas punks. O grupo foi tachado de chato, incompreensível e pretensioso. Os músicos punks abominavam o som extremamente bem trabalhado do Floyd e suas letras enigmáticas e abertas a inúmeras interpretações. Foi dentro desse verdadeiro cenário de guerra dentro da música britânica que “Animals” chegou nas lojas. Os membros do Pink Floyd por sua vez preferiram evitar a polemica e o bate boca desnecessários. Fizeram muito bem. Hoje em dia “Animals” é reverenciado como um dos melhores álbuns da história do rock inglês. Mais um marco de imensa qualidade e inteligência do Pink Floyd que conseguiu resistir a tudo, até mesmo aos ataques do movimento Punk que aos poucos foi se esvaziando e sumindo. Já “Animals” ficou, demonstrando toda a virtuose desse grupo de músicos fantástico que foi o Pink Floyd.
Pink Floyd – Animals (1977)
Pigs on the Wing (Part I)
Dogs
Pigs (Three Different Ones)
Sheep
Pigs on the Wing (Part II)
Pablo Aluísio.
domingo, 20 de dezembro de 2015
John Lennon - John, o músico
Na maior parte de sua vida Lennon compôs usando piano e violão. Ele explicou que suas canções no álbum branco tinham sido todas compostas ao violão pois esse era o único instrumento que ele dispunha quando estava na Índia quando os Beatles foram para lá fazer um curso com o Maharishi Mahesh Yogi. Já o álbum "Imagine", seu grande êxito na carreira solo, foi composto totalmente em piano pois Lennon mantinha um belo instrumento de calda, todo branco, em seu apartamento de Nova Iorque.
Essa sua suposta falta de habilidade se tornava mais clara nos shows dos Beatles nos EUA como ele próprio confessou. "Os shows dos Beatles eram muito ruins. Não tínhamos como ouvir o retorno por causa da gritaria e por isso na maioria das vezes tocávamos qualquer coisa... eu olhava para o George e sabíamos que estava uma merda. Era algo do tipo bleng, bleng, não dava para tocar bem". Curiosamente quando a platéia era mais calma as coisas também não iam bem para John. "Em Paris o público era bem mais calmo. A gente subia no palco e ouvíamos palmas comportadas. De vez em quando alguns caras gritavam, acho que eram bichas ao lado do palco mas as coisas também não iam bem pois o público podia notar todos os nossos erros".
Talvez por isso os Beatles decidiram cair fora das turnês. "As turnês eram horríveis. A imprensa divulgou que George gostava de jujubas (um tipo de balinha) e os fãs começaram a jogar jujubas em nós no palco. O problema é que nos EUA essas balas eram duras como pedras e nos machucavam". Para John o maior show da história dos Beatles aconteceu no Shea Stadium em Nova Iorque. "O Paul estava se cagando de medo nos bastidores. Mas foi um show para entrar na história. Não sabíamos que podíamos lotar um estádio inteiro, foi um marco". No fim da vida John tencionava voltar aos shows ao vivo. "Quero lançar mais um disco antes de contratar aqueles músicos caros para cair na estrada. Não quero subir no palco para cantar Yesterday ou outras velharias dos Beatles. Penso em me apresentar em lugares menores mesmo sabendo que os caras vão dizer que eu não tinha mais condições de lotar um grande lugar". Infelizmente nenhum desses planos foi em frente pois Lennon foi assassinado antes que isso tudo se concretizasse.
Pablo Aluísio.
sábado, 19 de dezembro de 2015
John Lennon - (Just Like) Starting Over
Para John Lennon o que importava naquela fase de sua vida era ficar o mais distante possível desse tipo de gente louca que cultuava ídolos em geral. Ironicamente e desgraçadamente acabou sendo morto por tudo aquilo que tanto rejeitava. De uma forma ou outra o que importava era mesmo ter uma família e viver feliz. Aqui temos também outra ironia do destino. Os Beatles foram considerados por anos os símbolos de uma mudança de perspectiva, de novos tempos, da ideologia hippie e do amor livre, sem culpas e sem amarras. Era a contracultura a todo vapor. Mas os próprios membros do grupo demonstraram que havia muita bobagem nesse tipo de pensamento, uma vez que assim que se estabeleceram nas carreiras foram atrás de vidas completamente conservadoras e quadradas. John se casou ao velho estilo com Yoko e depois foi levar uma vidinha completamente comum de todo Nova Iorquino, indo em restaurantes e andando pelo Central Park de vez em quando. Nada de loucuras, nada de exageros ou maluquices, como pregava a ideologia do Flower Power. No final das contas a tia Mimi e seus conselhos conservadores prevaleceram em sua vida!
Pablo Aluísio.
John Lennon - Contradições de um Beatle
John Lennon nunca foi um cara muito amável. Ele mesmo não queria e nem tinha interesse de passar a imagem errada. Fruto de um relacionamento complicado de seus pais, John só veio a desfrutar de uma vida estável quando foi morar com sua tia. A mãe morreu jovem, vítima de um motorista embriagado. O pai sumiu, marinheiro não queria problemas e nem responsabilidades. Assim John foi meio que criado solto, sem muitos exemplos familiares positivos a seguir. Essa sua personalidade complicada acabou também sendo passada para seus filhos. Não faz muito tempo vazou na internet um longo e revelador depoimento de seu filho, Julian. Nele o filho de John resolveu falar de alguns aspectos nada lisonjeiros de seu pai. Lennon é retratado como um pai distante, insensível e nas poucas vezes que conviveu com o filho, muito áspero e até mesmo raivoso. Nada parecido com a imagem de paz e amor que tantos se acostumaram a associar a ele. Na verdade John Lennon nunca foi uma pessoa muito fácil de conviver. Segundo as próprias palavras de Paul McCartney: "John Lennon era um gênio, mas não um santo!"
Dentro dos Beatles John também não foi de convivência muito fácil. O fato é que inegavelmente a fama lhe subiu à cabeça, o que fez com que John começasse a uma competição de falar bobagem. Mal lhe colocavam um microfone em sua frente John começava a opinar sobre tudo e todos, muito embora não tivesse preparo intelectual e técnico para emitir esse tipo de opinião sobre os mais variados assuntos. Por isso também acabou ficando em maus lençóis, principalmente quando desandava a falar de religião. Sua frase mais infame nesse aspecto foi "Os Beatles são mais populares do que Jesus Cristo". Isso irritou meio mundo e causou tamanho problema que o próprio John depois teve que vir a público pedir desculpas, afirmando que havia sido mal interpretado.
Sim, John era um ser humano e como tal tinha defeitos e muitos. A despeito de tudo isso também se tornou um artista genial. Muitas vezes a personalidade contraditória e cheia de complexidades acaba dando origem a manifestações culturais e artísticas maravilhosas. Seres humanos torturados acabam se tornando artistas geniais. John tinha traumas pela morte precoce da mãe, rancor pelo abandono de seu pai e indiferença com seu filho. Isso tudo porém gerou o caldeirão de sinceridade na qual Lennon iria escrever algumas de suas melhores canções, algumas realmente imortais. Certamente John Lennon não era bem um exemplo de pessoa, gostava de brigar em bares e boates, fumava, bebia e usava drogas. Mesmo assim, com tanta coisa contra, jamais deixou de ser um artista genial. Afinal de contas como ele mesmo dizia a "genialidade é uma espécie de loucura". É mesmo John, concordo plenamente.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
John Lennon - The Collected Artwork
Desde que John Lennon morreu muitos de seus desenhos e gravuras viraram ícones da indústria de consumo. Seus rabiscos estão em cartões, camisetas, livros, discos e até mesmo brinquedos. Agora procurando levar mais a sério a produção artística visual de Lennon um livro chamado "John Lennon: The Collected Artwork" pretende reunir o melhor de sua produção em suas 204 páginas. A reunião dos esboços vai até o passado, na infância de John, e resgata alguns de seus desenhos mais antigos, vários inspirados em Ivanhoe e outras obras literárias juvenis que fizeram a cabeça do garoto de Liverpool. No começo da década de 1960 ele ousou até mesmo a tentar uma carreira como chargista, mas a ideia ficou pelo meio do caminho por causa da música e de sua banda, os Beatles. Seus desenhos porém sobreviveram ao tempo e estão na publicação. Fechando a exposição o livro ainda traz desenhos feitos por Lennon nos anos 1970, quando ele retratou seu casamento com Yoko Ono e aspectos cotidianos de seu filho Sean.
Essa insistência em pintar e desenhar vem de longe. Na juventude John Lennon foi um dos alunos do Liverpool College of Art onde ele procurou desenvolver seu gosto pelos desenhos e quadros de artes plásticas. Foi justamente lá que ele desenvolveria uma grande amizade com outro jovem entusiasta dos pincéis, Stu Sutcliffe. Ele, mais do que qualquer outra amizade que John tenha feito nessa época em sua vida, foi o mais querido amigo de seu ciclo de pessoas próximas naqueles tempos pioneiros. Os especialistas porém concordam que ao contrário de Stu, que era realmente um bom pintor, John Lennon na verdade não tinha tanto jeito assim para desenhar e pintar. Por isso a guitarra acabou sendo a grande válvula de escape. Se ele não era nenhum Picasso podia ao menos tentar seguir os passos de seus ídolos na música. O importante era viver expressando sua arte de alguma forma. Deu no que deu.
Em sua "obra" John Lennon poderia ser considerado um minimalista. Ele procurava o máximo de efeito com o mínimo de traços e linhas. Seus temas eram geralmente sentimentais, tristes ou até mesmo bobos. O importante para John era se sentir conectado com o desenho ou a pintura que acabara de produzir. Era uma forma também de aliviar o stress depois de demoradas sessões de gravações ou composições que exigiam muito dele, tanto do ponto de vista físico como emocional. Em muitas ocasiões John mandava cartas visuais para seus amigos, praticamente sem texto, apenas com figuras. Era uma forma diferente de se expressar. O livro é muito bom no geral, mas como foi financiado em parte por Yoko Ono há um certo exagero em seu texto, que tenta colocar John Lennon como algum tipo de gênio dos pincéis. Não vamos chegar a tanto, não é mesmo?
Pablo Aluísio.
John Lennon - Happy Xmas (War Is Over)
Lennon oscilava entre declarações polêmicas e brigas com religiosos e sempre que era perguntado sobre qual seria sua verdadeira religião dizia que era na realidade um adepto do zen budismo (seja lá o que isso queira dizer). Quando seu single natalino chegou nas lojas muitos ficaram intrigados, pois não era comum ver uma pessoa que não se considerava um cristão colocando no mercado uma gravação natalina. Era uma contradição certamente.
Outro fato que chamou a atenção foi a campanha que Lennon levou para as ruas chamada "War Is Over" que tinha como lema a frase "A Guerra termina se você quiser!". Nem é necessário explicar que isso mexeu com muita gente poderosa. Para os republicanos Lennon deveria ficar de bico calado, afinal de contas ele não passava de um estrangeiro com visto provisório nos Estados Unidos. Por que ficava se metendo a toda hora nos assuntos internos dos americanos, já que era inglês? Essa foi uma das razões que sua barra iria pesar nos anos seguintes. Além disso John Lennon, sempre polêmico, resolveu que não precisava de estúdio nenhum para gravar o disco. Chamou o coro da comunidade negra do Harlem e mandou ver, quase de forma amadora.
E por incrível que pareça a gravação ficou realmente ótima! O produtor excêntrico Phil Spector foi contratado para embelezar ainda mais a faixa. No lado B o single trazia outra faixa natalina, "Listen, the Snow Is Falling". Depois que o compacto chegou nas lojas Lennon teve que encarar todas aquelas críticas venenosas, inclusive algumas o chamando de "tolo" e "palhaço" por promover tão singela campanha de paz. John deu de ombros e de seu modo característico declarou: "Não me importo de ser um palhaço em um mundo onde as pessoas ditas sérias estão enviando jovens para morrerem em guerras sem sentido".
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
The Beatles - Words of Love
A versão dos Beatles veio somente cinco anos depois da morte precoce de Buddy Holly. Esse fato demonstrou duas grandes qualidades do grupo inglês. O primeiro é que eles não estavam interessados apenas em apresentar músicas vocacionadas para o sucesso imediato. "Words of Love" já tinha esgotado sua capacidade de causar impacto nas rádios. Isso também demonstrava em segundo plano que os Beatles eram bem conscientes de suas influências e as respeitava muito, a tal ponto de gravar em um disco oficial uma faixa como essa. Isso jamais deixou a mentalidade do grupo. Ao longo dos anos John Lennon estava sempre se referindo aos velhos discos de rock de sua juventude, afirmando que os Beatles sempre tentaram captar aquele sentimento que havia de certa forma se perdido no tempo. Aliás basta pegar qualquer CD de Paul nos tempos atuais para perceber que isso ainda segue muito válido. Sempre que possível o ex-beatle traz de volta à vida velhas canções roqueiras dos anos 1950. Além de homenagear todos aqueles artistas também é uma maneira de apresentar esse material para as novas gerações que muitas vezes sequer sabem o nome desses pioneiros do rock ´n´ roll. Então fica aqui minha dica de uma ótima baladinha, escrita por um jovem para sua namorada de colégio, tudo tão despretensioso, mas que a despeito de tudo contra, conseguiu vencer a barreira do tempo e do espaço.
Words of Love
(Buddy Holly).
Hold me close and tell me how you feel
Tell me love is real
Words of love you whisper soft and true
Darling, I love you
Let me hear you say the words I long to hear
Darling, when you're near
Words of love you whisper soft and true
Darling, I love you
Pablo Aluísio.
The Beatles - Ed Sullivan Presents The Beatles
Título Original: Ed Sullivan Presents The Beatles
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Productions
Direção: Andrew Solt
Roteiro: Ed Sullivan, Rick Starkey
Elenco: John Lennon, Paul McCartney, Ringo Starr, George Harrison, Ed Sullivan
Sinopse:
Esse DVD reúne as quatro apresentações históricas que os Beatles realizaram no programa americano "Toast of the Town", apresentado por Ed Sullivan. Na ocasião todos os recordes de audiência da TV americana foram batidos, por causa do enorme interesse despertado no país pela turnê do famoso grupo inglês.
Comentários:
Para quem é fã dos Beatles esse é um item indispensável. O DVD traz as famosas apresentações dos Beatles no programa de Ed Sullivan nos anos de 1964 e 1965, ou seja, bem no auge da Beatlemania. É curioso notar que esse é aquele tipo de evento que foi mais comentado do que efetivamente assistido durante muitos anos, fruto da dificuldade de ter acesso aos shows por meios oficiais (na pirataria certos trechos vinham sendo comercializados há anos). Finalmente após um intenso trabalho de pesquisa na emissora os tapes originais foram encontrados e passaram por um trabalho de restauração e aprimoramento. O resultado se vê logo na tela, um dos melhores DVDs sobre a história do rock que já tive o prazer de assistir. Todo o clima e empolgação da presença dos Beatles em Nova Iorque foi captado pelas câmeras. Um registro muito importante que merece fazer parte de toda coleção dos Beatles que se preze.
Pablo Aluísio.
The Beatles - All You Need is Love
O Pink Floyd, liderado pelo enigmático (e alucinado) líder Syd Barrett, chegava aos ouvidos do grande público com um disco diferente de tudo o que havia no mercado: The Piper At The Gates of Dawn. Embora o grupo se tornasse nos anos que viriam o maior símbolo do Rock Progressivo, em 1967 ele ainda era na essência um grupo psicodélico por excelência. Outro grupo também rompeu barreiras sonoras: Os Doors. Investindo fundo em poesia, o grupo de Jim Morrison trazia em suas letras temas que jamais antes havia sido explorado pelo mundo do Rock. Para muitos críticos 1967 significou antes do que qualquer coisa uma verdadeira virada artistica do mundo da música. A lista de grandes astros que surgiu nesse ano fala por si: Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Velvet Underground, David Bowie, Jimi Hendrix, Bee Gees, Creedence Clearwater Revival e Genesis. Em poucos períodos da história tivemos a oportunidade de ver tanta gente talentosa surgindo ao mesmo tempo. Realmente 1967 foi um ano especial que jamais será esquecido pelos fãs do bom e velho rock´n´roll..
Pablo Aluísio.