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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Batalon

Longe dos tempos soviéticos quando o cinema russo tinha que viver da boa vontade da burocracia socialista, muitas vezes altamente corrupta, temos agora cada vez mais bons filmes produzidos na Rússia. São produções que não estão preocupadas em levantar velhas bandeiras ideológicas, mas sim em contar boas histórias, com uma excelente qualidade técnica que em nada as diferencia das películas ocidentais. Veja o caso desse "Batalon" (ainda sem título em português). O roteiro explora um fato real histórico dos mais interessantes. Durante a I Guerra Mundial o exército russo resolveu formar um batalhão de mulheres para lutar no front. Ao contrário das funções tradicionais desempenhadas por elas em guerras (como enfermeiras, cozinheiras, etc), essas jovens recrutas iam para o combate, lutar como verdadeiras guerreiras, sem qualquer tipo de privilégio por causa de seu sexo. Agora imagine algo assim no começo do século XX, quando o preconceito ainda era muito presente dentro da sociedade.

No front elas enfrentam todos os tipos de problemas, inclusive a sempre preocupante ameaça relacionada a estupros coletivos (inclusive partindo de seus próprios camaradas de armas, já que o exército russo teve que enfrentar muitas denúncias sobre isso em relação às mulheres das terras conquistadas). O filme tem dois atos bem diferenciados. No primeiro vemos o recrutamento delas. Assim que a notícia da formação do batalhão feminino é divulgado várias mulheres de todos os lugares da Rússia logo se apresentam como voluntárias. Muitas delas ficaram viúvas com a guerra e nutrem um sentimento de vingança contra o exército alemão inimigo. Outras apenas querem fugir de uma vida sem maiores perspectivas. O curioso é que não apenas mulheres das camadas mais humildes da população russa se apresentam, mas também jovens da nobreza (inclusive até mesmo uma condessa se alista como voluntária nas fileiras). No segundo ato o filme explora a participação delas na guerra propriamente dita. O roteiro é bem direcionado, contando tudo de uma forma bem fluída e sem tropeços. Usando uma narrativa tradicional é quase impossível o espectador não se envolver com a história, com as personagens e com o destino que as aguarda nas infectas trincheiras de uma das guerras mais brutais da história. Excelente exemplar do melhor que o cinema russo produz atualmente. Está mais do que recomendado para os cinéfilos que estejam atrás de algo diferente, que fuja um pouco do mais convencional do cinema comercial americano.

Batalon (Idem, Rússia, 2015) Direção: Dmitriy Meskhiev / Roteiro: Writers: Ilya Avramenko, Evgeniy Ayzikovich / Elenco: Lesya Andreeva, Mariya Antonova, Mariya Aronova, Nikolay Auzin / Sinopse: O filme narra a história da formação do primeiro e único batalhão do exército russo formado exclusivamente por mulheres durante a I Guerra Mundial. Após um treinamento duro e exaustivo elas são enviadas para o front de combate, onde acabam enfrentando todos os tipos de adversidades do campo de batalha.

Pablo Aluísio.