Já que o Rock está mesmo morto e enterrado de uma vez por todas, nada melhor do que esse "lançamento" do Pink Floyd, que promete ser o último CD de uma das maiores bandas de rock progressivo da história. O título "The Endless River" é mais do que adequado já que se refere a um infinito fluir sonoro, algo bem de acordo com o grupo, já que o Pink Floyd, assim como os Beatles, não tem idade e nem ponto fixo na história, pois a cada geração conquista novos fãs, muitos deles nem nascidos quando o grupo inglês desfrutava de seu auge nos anos 1970. Claro que apesar de ser atemporal, o Pink Floyd hoje leva consigo as marcas do tempo. Com um membro falecido, outro aposentado e dois ex-líderes que se odeiam, o Floyd está mais para uma marca comercial do que para um efetivo grupo de amigos tocando juntos novamente.
Por falar nisso a alcunha de "novo álbum do Pink Floyd" não é muito correta, já que a maioria do material presente aqui data dos anos 1990. Não chegaria a chamar o disco de "restos do The Division Bell" como muitos andam escrevendo por aí, mas também não vou qualificar nada de "The Endless River" como novo ou novidade. Em minha forma de entender o Pink Floyd acabou definitivamente em 2008 com a morte do tecladista Rick Wright. Depois disso não há retorno, algo parecido que ocorre com os Beatles, depois da morte de Lennon e Harrison, simplesmente não há mais retorno possível. A história impôs sua força, acabando com velhos sonhos. O tempo é o senhor de tudo é ninguém pode lutar contra esse fato.
David Gilmour sabe muito bem disso e não tem sido desonesto com o público. O disco que é basicamente instrumental (como nos bons velhos tempos do grupo) foi definido por ele como uma "mera conversa musical" entre seus antigos membros em um tempo passado, perdido na memória. A faixa de abertura, "Things Left Unsaid", dá o tom desse ponto de vista. Os teclados de Wright passeiam pelo ar, enquanto a guitarra melodiosa de Gilmour preenche os espaços vazios. Pura "conversação" realmente, só que ao invés de palavras são usadas notas musicais (maravilhosas, diga-se de passagem). Nick Mason também contribui com seu talento. Hoje ele está completamente aposentado, mais preocupado com sua coleção de carros de luxo do que com música. Os registros porém mostram como ele foi um dos melhores bateras da história do rock. "O rio sem fim" do Pink Floyd é isso, um afago nos ouvidos dos ouvintes de fino trato. Em tempos de lixo pipocando nas rádios o tempo todo, o Pink Floyd prova mais uma vez que talento não se encontra em todo lugar, nem em qualquer época.
Pink Floyd - The Endless River (2014)
Things Left Unsaid
It's What We Do
Ebb and Flow
Sum
Skins
Unsung
Anisina
The Lost Art of Conversation
On Noodle Street
Night Light
Allons-y (1)
Autumn '68
Allons-y
Talkin Hawkin
Calling
Eyes to Pearls
Surfacing
Louder Than Words
TBS9
TBS14
Nervana
Pablo Aluísio.
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