segunda-feira, 15 de julho de 2019

A Balada de Buster Scruggs

Fazia bastante tempo que não tinha assistido a um filme tão bom dos irmãos Coen. Livre das amarras comerciais dos grandes estúdios eles produziram essa pequena obra prima para o Netflix. É um faroeste, mas um do tipo nada convencional. São pequenas historietas passadas no velho oeste, com personagens e situações mais do que interessantes. É curioso porque esse tipo de roteiro, com várias histórias curtas, foi muito utilizado no gênero terror durante os anos 60 e 70. Agora os Coen trazem esse modelo de volta e com resultados excelentes. Imagine-se lendo um livro com muitos contos de faroeste. Basicamente essa é a ideia central do filme. Não vá desanimar ou torcer o nariz logo na primeira historieta. Essa é uma sátira bem exagerada em cima dos chamados cantores cowboys dos filmes antigos. Aqui temos um protagonista bom de mira e bem falastrão que entre um duelo e outro canta uma canção no velho estilo. Muita gente vai pensar que todo o filme segue esse caminho, mas não. Como eu disse os contos são independentes entre si e por isso há uma certa irregularidade entre eles. Esse primeiro, apesar de sua inegável auto paródia com o passado, é o mais fraco deles. Depois o filme só melhora.

O estrelado por Liam Neeson tem uma melancolia e um desfecho que muitos vão considerar cruel - e é cruel mesmo. O ator interpreta um empresário mambembe que chega com sua carroça nos lugares mais distantes. Sua maior atração é um ator sem braços e sem pernas que declama textos com a maior convicção. Neeson não diz uma palavra durante o filme inteiro, apenas observa, muitas vezes com olhar frio e cruel. E quando encontra uma galinha que acerta operações de matemática... bem, assista para crer - é um final terrível. Misto de humor negro com devassidão do pior que a alma humana pode fazer. Os outros contos ficam na média. Dentre eles gostei bastante da caravana, onde uma jovem mulher fica viúva no meio da jornada. Outra historieta do velho oeste com final de cortar coração. James Franco também ruge como um azarado pistoleiro que pula de forca em forca até encontrar seu destino final. Enfim, é um menu para todos os gostos. Os irmãos Coen revitalizam, homenageiam e satirizam, tudo ao mesmo tempo, o mais americano de todos os gêneros cinemaográficos, o western. O resultado ficou saboroso.

A Balada de Buster Scruggs (The Ballad of Buster Scruggs, Estados Unidos, 2018) Direção: Ethan Coen, Joel Coen / Roteiro: Joel Coen, Ethan Coen / Elenco: Liam Neeson, James Franco, Tim Blake Nelson, Willie Watson, Clancy Brown, Austin Rising, Tom Waits, Brendan Gleeson  / Sinopse: O filme apresenta vários contos passados no velho oeste intitulados "The Ballad of Buster Scruggs", "Near Algodones", "Meal Ticket", "All Gold Canyon", "The Gal Who Got Rattled" e "The Mortal Remains".

Pablo Aluísio.

Frida

Título no Brasil: Frida
Título Original: Frida
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos, Canadá, México
Estúdio: Handprint Entertainment, Lions Gate Films
Direção: Julie Taymor
Roteiro: Hayden Herrera, Clancy Sigal
Elenco: Salma Hayek, Alfred Molina, Geoffrey Rush, Antonio Banderas, Diego Luna, Edward Norton

Sinopse:
Cinebiografia da pintora mexicana Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón (1907 - 1954). Sua vida, suas lutas e o amor pela arte são mostradas nessa requintada produção. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Música Original (Elliot Goldenthal) e Melhor Maquiagem.

Comentários:
Em poucas palavras esse foi o filme da vida da atriz Salma Hayek. Em termos gerais ela nunca havia feito nada tão relevante antes e nem depois desse filme. É o seu auge, seu ápice, um pico que ela provavelmente nunca mais vai escalar. Chegou inclusive a ser indicada ao Oscar, era considerada uma das favoritas, mas não venceu. Mais uma injustiça da academia em meu ponto de vista. Ela está perfeita como Frida Kahlo, uma figura importante na história da arte e das conquistas femininas na história. Poucos poderiam inclusive dizer que Salma teria tanto talento para interpretar uma personagem histórica tão complexa, mas o fato inegável é que ela conseguiu e se consagrou no papel. Além de muito bem produzido o filme ainda contou com um elenco de apoio excepcional, contando com o melhor que Hollywood tinha em termos de atores "ibéricos" como Alfred Molina, Antonio Banderas e Diego Luna. O estúdio se deu ao luxo até de contratar Edward Norton como o milionário Nelson Rockefeller. Coisa que poucos filmes conseguiram ter em seu elenco. Enfim, ótimo filme que resgata a importante história da artista Frida. Se você gosta de história da arte não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de julho de 2019

Vida Selvagem

Bom drama social. Jake Gyllenhaal interpreta o pai de família que não consegue trazer estabilidade financeira para sua esposa e seu filho. Quando não está em algum péssimo subemprego, fica sem trabalho algum. A esposa (interpretada pela atriz Carey Mulligan) também não está trabalhando, o que piora ainda mais a situação deles. Em desespero Jake topa mais um trabalho mal remunerado e até perigoso, ele entra para um grupo de trabalho de homens que vão combater o fogo nas florestas da região. Pagamento irrisório, mas bem-vindo, diante da situação. Então ele parte para combater os incêndios e deixa a mulher em casa com o filho. Ela acaba indo atrás de algum trabalho também e arranja um emprego para dar aulas de natação para adultos. Lá acaba conhecendo um homem bem mais velho, porém rico, que fica interessado nela. E assim começa a traição, com ela muito provavelmente apenas atrás do dinheiro do novo namorado, procurando sair da situação de pobreza em que vive. É a situação típica onde o casamento acaba quando o dinheiro chega ao fim.

Velha história. Muitos casamentos desabam quando as dificuldades financeiras batem à porta. O marido vai perdendo a autoridade e a dignidade e a mulher solta as amarras morais. Pior para o filho de 14 anos que vai assistindo sua família desmoronar, isso em uma idade em que ele praticamente não consegue fazer nada para reverter a situação da crise familiar. É um bom filme, um pouco triste e amargo, mas coeso em sua proposta maior que é mostrar o fim de uma paixão, de um relacionamento, dentro de uma situação que não poderia ser pior. Um retrato do outro lado da América, nada utópica, bem realista, com um toque de amargura.

Vida Selvagem (Wildlife, Estados Unidos, 2018) Direção: Paul Dano / Roteiro: Paul Dano, Zoe Kazan / Elenco: Jake Gyllenhaal, Carey Mulligan, Ed Oxenbould, Bill Camp / Sinopse: O filme mostra o desmoronamento de um casamento após o marido ficar sem emprego. Ele parte para combater incêndios florestais, ganhando muito pouco por cada dia de trabalho e ela acaba se envolvendo em um caso extraconjugal com um homem bem mais velho e bem mais rico que se marido. Uma história de traição.

Pablo Aluísio.

O Último Adeus

Título no Brasil: O Último Adeus
Título Original: Last Orders
Ano de Produção: 2001
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Sony Classics
Direção: Fred Schepisi
Roteiro: Graham Swift, Fred Schepisi
Elenco: Michael Caine, Bob Hoskins, Helen Mirren, Tom Courtenay, Kelly Reilly, Ray Winstone

Sinopse:
Um grupo de pessoas se reúne para homenagear um velho amigo falecido, para jogar suas cinzas no mar. Assim acabam relembrando do passado, das lutas, das conquistas, decepções e amores de um tempo que não existe mais.

Comentários:
Michael Caine é um ator de que gosto muito. Ele tem uma longa filmografia em várias décadas de carreira e entre esses filmes estão algumas obras primas. Claro, em determinado momento, principalmente nos anos 80, ele foi ridicularizado pela crítica por parecer aceitar qualquer papel, em qualquer filme de segunda categoria. Isso porém é passado. Hoje em dia ele recuperou seu prestígio e respeito. Esse filme aqui, uma produção inglesa muito boa, é uma espécie de homenagem ao veterano. É um roteiro de nostalgia, que olha para o passado. O elenco tem além da sempre interessante presença de Caine, a atuação maravilhosa de Helen Mirren, uma dama da arte da atuação. Outro nome que compensa qualquer sessão de cinema. Então é isso. O filme tem aquele toque de sofisticação e classe que apenas o cinema europeu consegue reproduzir na tela com brilhantismo. Se não chega a ser uma obra-prima cinematográfica inequescível, pelo menos teve o mérito de reunir esse elenco muito acima da média.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de julho de 2019

A Rebelião

Título no Brasil: A Rebelião
Título Original: Captive State
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks, Amblin Partners
Direção: Rupert Wyatt
Roteiro: Erica Beeney, Rupert Wyatt
Elenco: John Goodman, Vera Farmiga, Ashton Sanders, Jonathan Majors, Kevin Dunn, Alan Ruck

Sinopse:
O planeta Terra passa a ser dominado por uma raça de extraterrestres que impõe um regime autoritário sobre os humanos. Tudo com o objetivo de explorar os recursos naturais do planeta. Isso acaba criando um clima de revolta, culminando na organização de um grupo rebelde de resistência à dominação alien.

Comentários:
É um filme de ficção com baixo orçamento, o que talvez explique em parte a decadência dos estúdios Dreamworks. De qualquer forma o filme é realizado com competência, sempre escondendo a falta de recursos de maneira inteligente. Os extraterrestres mal aparecem e quando o fazem sempre estão encobertos pelas sombras. É uma raça de criaturas asquerosas que os seres humanos chamam de "baratas". Quando atacados eles criam uma rede de espinhos, o que dificulta muito o combate direto. O bom e velho John Goodman interpreta um policial a serviço do sistema de repressão dos aliens, mas que na verdade faz jogo duplo. O objetivo é matar, através de atos terroristas, os chamados "Legisladores", os aliens que realmente mandam no mundo. O roteiro assim vai tecendo seus detelhes, mostrando a luta dos rebeldes contra os invasores. Curiosamente o filme mais parece um piloto de série, uma vez que mostra apenas os primeiros movimentos da rebelião, não culminando em sua vitória. Poderia inclusive dar origem a uma nova franquia cinematográfica, mas em razão da modesta bilheteria que teve tenho muitas dúvidas se isso seguirá em frente.

Pablo Aluísio.

Sem Perdão

Título no Brasil: Sem Perdão
Título Original: No Mercy
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Richard Pearce
Roteiro: James Carabatsos
Elenco: Richard Gere, Kim Basinger, Jeroen Krabbé, George Dzundza, Gary Basaraba, William Atherton

Sinopse:

Policial disfarçado acaba se passando por um criminoso para prender o chefe de uma perigosa quadrilha, porém no meio do caminho acaba se apaixonando pela mulher de um dos bandidos. Filme premiado pelo Jupiter Award na categoria de melhor atriz (Kim Basinger).

Comentários:
Alguns filmes só existem por causa do elenco. Quer um exemplo? Esse "No Mercy" só foi produzido porque os produtores tiveram a "brilhante" ideia de juntar dois dos maiores símbolos sexuais dos anos 80 para contracenar juntos. Na visão do estúdio isso por si já bastava, já justificava o filme. Seria um sucesso absoluto de bilheteria. Afinal todos queriam ver Richard Gere e Kim Basinger tendo um tórrido romance nas telas de cinema. Não deu certo. primeiro porque Gere e Kim não se deram bem no set de filmagens. Provavelmente porque um queria roubar o filme do outro. Isso criou uma tensão e um clima de inimizade que acabou destruindo também o teor erótico do filme. Afinal, se ambos brigavam fora das câmeras, obviamente não iriam se dar bem na frente delas. Outro problema vinha do roteiro. Era muito fraco, o que talvez explique porque Mel Gibson desistiu dele pouco antes de começar as filmagens. Ele simplesmente tomou consciência que o enredo era fraco demais e as situações não convenciam. Assim acabou sobrando para o casal  sex symbol dos anos 80 amargar o fracasso de bilheteria. A química tão esperada entre os dois simplesmente não aconteceu.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Brightburn - Filho das Trevas

Eis um filme de terror completamente diferente. A premissa é a grande jogada dos roteiristas. Imagine se o Superman fosse um personagem do mal, com requintes de psicopatia em sua personalidade. Agora imagine ele aos 12 anos descobrindo seus poderes, se vingando de todas as pessoas (inclusive familiares) que ousassem cruzar seu caminho. Claro, os produtores desse filme não tinham os direitos autorais sobre o famoso super-herói da DC Comics e por essa razão ele nunca é citado explicitamente, porém os pequenos detalhes é que fazem toda a diferença do mundo. O protagonista é um jovem chamado Brandon Breyer. Seus pais o encontraram depois que um meteorito caiu em sua fazenda. Eles pediam por um filho e aquele bebê literalmente caiu dos céus.

Só que com o tempo as coisas foram ficando estranhas. Aos 12 anos Brandon percebeu que não era um garoto normal de sua idade. Ele apresentou força descomunal, conseguia soltar raios vermelhos pelos olhos e voava... ou seja, já deu para perceber que ele basicamente tinha os mesmos poderes do Superman. Com eles ele procurou fazer o bem? Salvar pessoas inocentes? Prender criminosos? Nada disso. Com esses poderes o garoto arrogante e raivoso partiu para a mais pura violência e brutalidade, causando a morte de qualquer um que atrapalhasse seus planos. O mais interessante de tudo é que fui assistir ao filme sem ter lido nada sobre ele. Assim quando o jovem começou a agir como um Superboy às avessas tive aquela surpresa - o que foi muito bom para gostar ainda mais desse terror completamente fora dos padrões. Enfim, o filme é seguramente uma das melhores surpresas do ano no cinema. Não deixe de assistir, seja você fã ou não do Shperman original.

Brightburn - Filho das Trevas (Brightburn, Estados Unidos, 2019) Direção: David Yarovesky / Roteiro: Brian Gunn, Mark Gunn / Elenco: Elizabeth Banks, David Denman, Jackson A. Dunn, Abraham Clinkscales / Sinopse: Na pequena e rural cidade de Brightburn, um garoto de 12 anos descobre ter poderes incríveis, que ele não tarda a usar contra todos aqueles com quem tem divergências pessoais. Agora, seu pais adotivos tentarão colocar um fim em seus crimes violentos.

Pablo Aluísio.

O Preço do Silêncio

Não me lembrava desse filme. Até que nesses últimos dias encontrei uma cópia e resolvi conferir. Confesso que a principal razão para assisti-lo foi a presença da atriz canadense Elisha Cuthbert. Ela tem uma beleza clássica, rara de encontrar. O interessante é que ela não é a protagonista. Na verdade a principal personagem do roteiro é interpretada por outra gatinha, a Camilla Belle. Importante explicar que o filme é de 2005. Na época em que foi realizado elas ainda eram adolescentes - hoje em dia já são mulheres feitas, casadas e tudo mais. O tempo, como se pode perceber, passou...

Deixando isso de lado voltemos ao filme. São duas garotas que vivem sob o mesmo teto, na mesma casa. Uma é animadora de torcida, chatinha, loirinha fútil. Essa é a filha natural do casal, na pele da  Elisha Cuthbert. A Camilla Belle interpreta a irmã adotada. Ela se tornou órfã com a morte da mãe e do pai. Pior do que isso, ela é surda e muda (ou pelo menos todos acreditam nisso). O filme assim vai contando sua estória. As jovens estão em idade colegial, então é aquela velha coisa de baile de formatura, namoricos e problemas da juventude. Só que o roteiro dá uma guinada para o dark quando mostra que a personagem de Elisha é abusada sexualmente pelo próprio pai, um pedófilo que se esconde por baixo de uma fachada de bom homem, pai respeitado, cidadão exemplar. A partir daí a tragédia vai se desenhando no horizonte. O final é trágico mesmo, só que com uma reviravolta na última cena complicada de engolir. Não faz mal, ver a Elisha Cuthbert (um colírio para os olhos) por quase duas horas já justifica o roteiro meio capenga.

O Preço do Silêncio (The Quiet, Estados Unidos, 2005) Direção: Jamie Babbit / Roteiro: Abdi Nazemian, Micah Schraft / Elenco: Camilla Belle, Elisha Cuthbert, Edie Falco / Sinopse: Duas irmãs. Uma linda, loira e fútil, mas popular na escola. A outra com deficiências. Ela é surda e muda. Uma não gosta da outra, mas elas acabam se unindo sem querer quando o pai de uma delas começa a abusar sexualmente da própria filha adolescente. Logo uma tragédia vai se formando no horizonte.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Amnésia

Quando esse filme chegou no Brasil, ainda no mercado de vídeo, basicamente ninguém por aqui conhecia o diretor Christopher Nolan. Poder-se dizer por isso que esse foi o filme que abriu as portas para ele dentro da indústria cinematográfica dos Estados Unidos, fazendo inclusive que ele fosse escalado algum tempo depois para dirigir "Batman Begins", a fita que definitivamente iria mudar sua carreira para sempre. Pois bem, nada poderia prever uma trajetória de tanto sucesso, a não ser o talento e a enorme criatividade desse roteiro. Escrito a quatro mãos, ao lado do irmão Jonathan Nolan, essa produção realmente chamou a atenção do público e da crítica quando foi lançada. Logo no começo, pela estrutura da linha narrativa, descobrimos que não se tratava de um roteiro comum. Bem ao contrário disso, Nolan sofisticava a narrativa ao estilo mosaico, indo até suas últimas consequências.

A trama dá inúmeras reviravoltas, com pedaços de estória que vão aos poucos se complementando, fazendo sentido. Não é um filme que indicaria para pessoas que estivessem apenas em busca de uma diversão, um passatempo de fim de noite. Ao contrário disso Nolan exigia bastante do espectador, fazendo com que ele de fato prestasse atenção ao que estava acontecendo na tela. Nada muito óbvio e fácil de pegar. O elenco não traz nenhuma grande estrela de Hollywood, mas isso definitivamente não faz falta nenhuma. Guy Pearce aqui tem provavelmente a melhor interpretação de sua filmografia. Enfim, um filme especialmente indicado para pessoas inteligentes que gostem de ser desafiadas por aquilo que assistem.

Amnésia (Memento, Estados Unidos, 2000) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan / Elenco: Guy Pearce, Carrie-Anne Moss, Joe Pantoliano / Sinopse: Leonard (Guy Pearce) tenta desvendar o que teria acontecido com sua esposa, brutalmente assassinada, ao mesmo tempo em que tenta colocar uma ordem em suas confusas memórias pessoais. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Christopher Nolan e Jonathan Nolan) e Melhor Edição (Dody Dorn). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

No Limite do Silêncio

Título no Brasil: No Limite do Silêncio
Título Original: The Unsaid
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: New Legend Media
Direção: Tom McLoughlin
Roteiro: Christopher Murphey, Miguel Tejada-Flores
Elenco: Andy Garcia, Vincent Kartheiser, Trevor Blumas, Chelsea Field, Linda Cardellini, Peter Hanlon

Sinopse:
Um adolescente aparentemente normal carrega segredos perturbadores e inconfessáveis que obrigam um psiquiatra a desenterrar o terrível passado dele, através de um complicado acompanhamento de seu estado mental e psicológico.

Comentários:
Andy Garcia sempre foi um bom ator. E fez muitos filmes que poucos conhecem. Filmes bons, com boas tramas, mas que geralmente só foram exibidos em canais a cabo, sumindo da programação após um tempo. Esse "The Unsaid" é uma espécie de thriller de suspense psicológico, investindo bastante no personagem do psiquiatra Dr. Michael Hunter, interpretado por Garcia. Embora trate dos problemas mentais de seus pacientes ele mesmo carrega dentro de si um grande trauma decorrente do passado, envolvendo seu filho. Andy Garcia de barba grande e grisalha convence planamente em seu papel que só é prejudicado porque o roteiro se rendeu a certos clichês recorrentes em filmes desse gênero. Mesmo assim, com pequenos e pontuais deslizes, ainda é um bom filme para se assistir. Só vai ser complicado mesmo achar uma cópia para ver nos dias de hoje, pois como disse ele só foi exibido no Brasil em canais a cabo. Não tenho notícia que algum dia tenha sido lançado em DVD em nosso país.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Nunca Mais

Título no Brasil: Nunca Mais
Título Original: Enough
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Michael Apted
Roteiro: Nicholas Kazan
Elenco: Jennifer Lopez, Billy Campbell, Tessa Allen, Juliette Lewis, Dan Futterman, Fred Ward

Sinopse:

A garçonete Slim Hiller (Jennifer Lopez) acredita que tirou a sorte grande ao se casar com um homem que ela considera perfeito, só que o passar do tempo revela a verdadeira face de um relacionamento completamente abusivo.Agora ela tentará reconstruir sua vida.

Comentários:
Filme completamente incomum dentro da filmografia da atriz e cantora pop Jennifer Lopez. Ela que sempre procurou por filmes mais leves, comédias românticas em sua maioria, aqui aceitou interpretar uma mulher vítima de abuso sexual e psicológico do próprio marido dentro de um casamento infernal. Aquele tipo de romance que inicialmente parecia perfeito, mas que depois de um tempo se torna uma enorme decepção. Casamentos infelizes, aliás, que parecem ser a cada dia a regra e não a exceção. Na época em que esse filme foi lançado a  Jennifer Lopez estava tendo vários atritos com a imprensa, principalmente por causa das invasões de privacidade por parte da imprensa marrom em sua vida pessoal. Essa briga acabou azedando o lançamento do filme, ainda mais depois que os jornalistas lhe deram o "Framboesa de Ouro" de pior atriz da década! Maldade pura. Embora ela não seja mesmo uma grande atriz, o fato é que até consegue levar um filme sozinha adiante. Esse aqui me agradou, tem bom argumento e explora uma realidade muitas vezes cruel na vida de muitas mulheres. Até mesmo a Lopez me pareceu bem em cena. Assim se o tema lhe interessa deixo a dica. Esqueça os "prêmios" Framboesas de Ouro e assista pela temática que o filme explora.

Pablo Aluísio.

A Sombra de um Homem

Título no Brasil: A Sombra de um Homem
Título Original: The Salton Sea
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: D.J. Caruso
Roteiro: Tony Gayton
Elenco: Val Kilmer, Vincent D'Onofrio, Adam Goldberg, Peter Sarsgaard, R. Lee Ermey, Anthony LaPaglia

Sinopse:
Após a morte da esposa Danny Parker (Kilmer) tenta arranjar um jeito de ganhar a vida e para isso vale de tudo, até mesmo entrar no arriscado e perigoso mundo do crime.

Comentários:
Depois de um começo muito promissor no cinema, com vários sucesso de bilheteria, o ator Val Kilmer viu a qualidade de seus filmes decair ano após ano. Dos jovens astros dos anos 80 ele certamente foi um dos mais atingidos pela decadência em sua carreira. Isso não quer dizer que apesar do pouco sucesso ele não tenha realizado bons filmes nesse período de baixa. Um dos que mais gostei foi esse "The Salton Sea" que mostra o outro lado do "sonho americano", mostrando os viciados em drogas, os moradores de rua, os criminosos do baixo clero. As ruas de Los Angeles com toda a sua pobreza, toda a sua cota de pessoar marginalizadas, tentando sobreviver um dia de cada vez. Isso porém não significa que seja um drama ou nada parecido. Tem sua dose de cenas de ação (mal feitas, é bom dizer) e também há um espaço para um pouco de humor. Mesmo assim com toda essa mistura a coisa ainda funciona. Claro, Val Kilmer estava longe de seus dias de sucesso, mas tentava manter sua carreira de ator ainda viva.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Amor & Amizade

Gosta de Jane Austen? Então vou deixar a dica desse filme aqui, uma adaptação de um de seus livros menos conhecidos chamado "Lady Susan". A estória é mais do que interessante, até porque mostra-se incrivelmente atual. Não importa que o livro tenha sido escrito há mais de 200 anos (sua data exata de escrita é 1794), mas sim que apresente um enredo que mostra que em muitos aspectos a sociedade continua a mesma, com pessoas interesseiras e dispostas a tudo para vencer na vida. Na trama conhecemos duas mulheres, mãe e filha. Elas estão arruinadas financeiramente. Nessa época vitoriana como uma mulher viúva e sua filha poderiam subir ou pelo menos se manter na mesma escala social? Muito simples, arranjando maridos, obviamente de preferência bem ricos.

Assim Lady Susan Vernon (Kate Beckinsale) começa fazer de tudo para que sua filha Frederica (Morfydd Clark) arranje um marido rico, o mais rapidamente possível. A moça porém não quer nem ouvir falar de casar com o ricaço Sir James Martin (Tom Bennett) já que definitivamente ela não o ama de jeito nenhum. E assim se desenrola a estória. Manipulações sociais de todos os lados, mulheres que só estão de olho no dinheiro dos futuros maridos, fofocas, traições, puxadas de tapete, parentes que são serpentes. O livro de Jane Austen, como frisei, foi escrito há séculos, mas mantém o mesmo frescor porque afinal mostra um lado nada lisonjeiro da alma humana. Por fim dois aspectos que merecem menção. O primeiro é que embora seja um filme bem realizado, não se trata de uma grande superprodução. É algo mais modesto e sutil. Segundo observação é que Kate Beckinsale consegue estar muito bem em sua atuação. Declamando longos diálogos, sem perder o fôlego, ela deixa claro que não é apenas boa para interpretar vampiras nos filmes com a marca "Anjos da Noite". Ela tem talento de verdade, se tiver dúvidas não deixe de conferir esse "Amor & Amizade".

Amor & Amizade (Love & Friendship, Estados Unidos, Inglaterra, França, 2016) Direção: Whit Stillman  / Roteiro: Whit Stillman / Elenco: Kate Beckinsale, Chloë Sevigny, Xavier Samuel, Morfydd Clark, Stephen Fry, Tom Bennett / Sinopse: Na era vitoriana, mãe e filha tentam arranjar maridos ricos pois estão arruinadas financeiramente. Sendo o caminho mais fácil elas tentam dar o velho e conhecido golpe do baú.

Pablo Aluísio. 

Teenagers: As Apimentadas

Olhando para trás chego na conclusão que já vi cada filme na minha vida que vou te contar... Esse aqui se me recordo bem vi na TV a cabo logo quando esse sistema começou a se popularizar no Brasil. Muito provavelmente conferi na HBO, mas hoje em dia passados tantos anos já não tenho como ter certeza. Pois bem, voltando ao assunto principal. Essa comédia adolescente romântica explora o universo das chamadas cheerleaders. Nos Estados Unidos elas são extremamente populares nos colégios. No Brasil isso não é tão presente. Por aqui são mais conhecidas como animadoras de torcidas. O curioso é que o tradutor do título nacional parece ter se enrolado. Ao invés de chamar o filme de "Cheerleaders" ele chamou o filme de "Teenagers" que significa adolescentes em português. Trocou tudo e na tradição de péssimos títulos nacionais cometeu mais uma gafe.

O roteiro é bem bobinho, mostrando um grupo de garotas colegiais que se dedicam de corpo e alma a uma competição nacional que vai eleger as melhores animadoras de torcidas dos Estados Unidos. Como se pode perceber é coisa bem de americano mesmo. Sem querer ser muito cínico e já sendo o filme só não é um desperdício total de tempo, paciência e dinheiro porque afinal de contas tem a Kirsten Dunst de shortinho dançando muito nas quadras de esportes. Nada mal, especialmente indicado para o público hétero de plantão que vai dar a desculpa de que está conhecendo melhor uma "tradição americana" apenas para ver as pernas da Kirsten Dunst! O importante é disfarçar um pouquinho, não é mesmo?

Teenagers: As Apimentadas (Bring It On, Estados Unidos, 2000) Direção: Peyton Reed / Roteiro: Jessica Bendinger / Elenco: Kirsten Dunst, Eliza Dushku, Jesse Bradford / Sinopse: Grupo de adolescentes colegiais resolve se dedicar ao máximo para vencer uma popular competição nacional que vai eleger as melhores animadoras de torcidas da América. Filme indicado ao MTV Movie Awards e ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de julho de 2019

As Branquelas

Título no Brasil: As Branquelas
Título Original: White Chicks
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio:  Revolution Studios
Direção: Keenen Ivory Wayans
Roteiro: Keenen Ivory Wayans, Shawn Wayans
Elenco: Marlon Wayans, Shawn Wayans, Busy Philipps, Frankie Faison, Lochlyn Munro, John Heard

Sinopse:
Dois tiras negros precisam se disfarçar para prender uma quadrilha de sequestradores. Para isso eles mudam radicalmente de aparência, assumindo a identidade de duas loiras ricas e patricinhas, frequentadoras da alta roda da cidade. Filme indicado no Framboesa de Ouro na categoria de pior filme do ano!

Comentários:

Esse é aquele tipo de filme que de tão ruim acaba se tornando divertido, engraçado. A ideia é tão sem noção que espanta. Dois atores negros usando forte maquiagem para se parecerem com loiras burras e estúpidas, do tipo Paris Hilton. Maquiagem essa que deixou eles bem esquisitos, é bom dizer.  Enfim, a família Wayans realmente pagou para ver pois a reação poderia ser tão negativa que eles poderiam até mesmo sofrer um processo ou algo assim. Felizmente a imprensa entendeu o espírito do filme - que de polêmico não tem nada, é até bobinho - para abaixar as armas. Melhor para os irmãos já que foi um sucesso inesperado de bilheteria. Custou meros 30 milhões de dólares e faturou nas bilheterias 200 milhões! Receita de filme grande! Isso prova também que o público nem sempre quer consumir algo de qualidade ou importância artística. Muitas vezes eles só querem dar algumas gargalhadas com material podreira. Se é isso que você está procurando então pode encarar "White Chicks" sem medos ou preconceitos.

Pablo Aluísio.