O agente do FBI Ray (Chiwetel Ejiofor) é transferido para a promotoria de Los Angeles, para trabalhar na divisão de combate ao terrorismo. Lá encontra Claire (Nicole Kidman) que também está começando no novo departamento. Formada em direito em Harvard ela tem muitas ambições na carreira. Eles inicialmente investigam as atividades de uma mesquita na cidade até que o corpo de uma jovem é encontrado nas proximidades, em um depósito de lixo. O que deixa o grupo ainda mais consternado é o fato dela ser a filha da investigadora Jess (Julia Roberts). A partir desse homicídio, Ray começa a ficar obcecado em colocar as mãos no assassino, dando origem a uma jornada obsessiva que durará anos a fio. "Olhos da Justiça" é o remake americano do filme espanhol e argentino "El Secreto de sus Ojos", produção dirigida por Juan José Campanella em 2009. A versão original foi premiada com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro naquele ano. Agora ganha sua versão americana com um belo elenco.
A história se desenvolve intercalando inúmeros flashbacks ao longo do enredo. Assim a trama avança e recua no tempo a todo momento. Isso causa alguns problemas, principalmente em relação ao elenco. A diferença entre os dois fios narrativos é de 13 anos, mas personagens como a da atriz Julia Roberts não parecem envelhecer com o tempo. Ela na verdade aparece bem envelhecida nas duas linhas do tempo (o passar dos anos não foi muito generoso com Julia, temos que reconhecer). Apesar dessa artimanha narrativa o fato é que a trama em si é bem básica, tudo se resumindo nos esforços de Ray em descobrir quem teria assassinado a filha de Jess. Não há muitas explicações convincentes sobre as causas que dão origem a essa verdadeira obsessão em sua vida, mas tudo bem, não é algo que vá atrapalhar o desenvolvimento do filme. O curioso mesmo é ver duas estrelas de primeira escalão em Hollywood como Kidman e Roberts servindo de escada para o ator Chiwetel Ejiofor. O grande problema do filme ao meu ver tem mais a ver com o final, o desfecho dos acontecimentos. A solução para o tormento do protagonista é completamente ilegal, antiético, até mesmo criminoso. O final do filme assim me pareceu completamente absurdo (e soará da mesma forma para os que tiverem o mínimo de bom senso). A única que passa incólume de tudo isso é justamente a personagem de Nicole Kidman. Ela aliás é um dos grandes atrativos para se conferir esse filme, que é bem interessante, embora nunca consiga se tornar muito acima da média. De qualquer maneira pelo elenco em si vale a pena ao menos conhecer.
Olhos da Justiça (Secret in Their Eyes, EUA, 2015) Direção: Billy Ray / Roteiro: Billy Ray, baseado no filme "El secreto de sus ojos" de Juan José Campanella / Elenco: Chiwetel Ejiofor, Nicole Kidman, Julia Roberts, Dean Norris, Alfred Molina / Sinopse: Um agente do FBI se torna completamente obcecado em resolver um caso de assassinato envolvendo a filha de uma colega de trabalho. Ao longo dos anos ele passa a perseguir suspeitos, reais e imaginários, do homicídio, até se dar conta da assombrosa verdade dos fatos. Filme vencedor do Image Awards na categoria de Melhor ator (Chiwetel Ejiofor).
Pablo Aluísio.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
O Soldado do Futuro
Em um futuro sombrio o combatente Todd 3465 (Kurt Russell), desenvolvido geneticamente para ser o soldado perfeito, é tirado de serviço. Depois de participar em inúmeras guerras pelo universo ele é finalmente considerado obsoleto e descartado para dar lugar a uma nova geração de guerreiros. Assim ele é jogado como lixo biológico em um planeta distante. Lá encontra um grupo de refugiados, pessoas vivendo como verdadeiras párias do universo. Quando o lugar é invadido por essa nova geração de soldados com ordens para destruir toda a vida no planeta ele se une aos que lá vivem para lutar contra essa nova ameaça. O filme "O Soldado do Futuro", quem diria, foi um dos primeiros filmes da carreira de Paul W.S. Anderson a chamar a atenção da crítica. Quem conhece a obra do cineasta hoje vai ver poucos pontos em comum com o que ele viria a realizar depois.
Antes ele já havia dirigido o bom "O Enigma do Horizonte". Se aquela era uma ficção mais intelectual, em "Soldier" ele apostou na pura ação. O personagem de Kurt Russell, por exemplo, só fala 59 palavras durante o filme inteiro! O resto é pura porrada! O interessante é que Kurt ganhou 15 milhões de dólares para falar essas poucas palavras, o que virou piada entre a crítica na época de lançamento do filme. Um ponto de vista bem contestável já que a proposta do filme nunca foi apostar em diálogos, mas sim em ação futurista (e nisso, vamos convir, se saiu muito bem). O roteirista David Webb Peoples escreveu também o roteiro de "Blade Runner, o Caçador de Andróides". Naquele clássico moderno da ficção havia um diálogo em que se citava uma guerra acontecida em um passado remoto e é justamente esse conflito que "O Soldado do Futuro" explora! Se não chega a ser tão marcante como o filme original pelo menos se destaca pela originalidade da ideia de Peoples. Vale conferir.
O Soldado do Futuro (Soldier, EUA, 1998) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: David Webb Peoples / Elenco: Kurt Russell, Jason Scott Lee, Jason Isaacs / Sinopse: Um soldado geneticamente criado, Todd 3465 (Kurt Russell), é descartado como modelo obsoleto em um mundo distante do universo. Uma vez lá ele se alia a refugiados contra uma invasão em massa do planeta por novos soldados modelos, modernos e com ordens para destruir todo ser vivo que encontrar pela frente.
Pablo Aluísio.
Antes ele já havia dirigido o bom "O Enigma do Horizonte". Se aquela era uma ficção mais intelectual, em "Soldier" ele apostou na pura ação. O personagem de Kurt Russell, por exemplo, só fala 59 palavras durante o filme inteiro! O resto é pura porrada! O interessante é que Kurt ganhou 15 milhões de dólares para falar essas poucas palavras, o que virou piada entre a crítica na época de lançamento do filme. Um ponto de vista bem contestável já que a proposta do filme nunca foi apostar em diálogos, mas sim em ação futurista (e nisso, vamos convir, se saiu muito bem). O roteirista David Webb Peoples escreveu também o roteiro de "Blade Runner, o Caçador de Andróides". Naquele clássico moderno da ficção havia um diálogo em que se citava uma guerra acontecida em um passado remoto e é justamente esse conflito que "O Soldado do Futuro" explora! Se não chega a ser tão marcante como o filme original pelo menos se destaca pela originalidade da ideia de Peoples. Vale conferir.
O Soldado do Futuro (Soldier, EUA, 1998) Direção: Paul W.S. Anderson / Roteiro: David Webb Peoples / Elenco: Kurt Russell, Jason Scott Lee, Jason Isaacs / Sinopse: Um soldado geneticamente criado, Todd 3465 (Kurt Russell), é descartado como modelo obsoleto em um mundo distante do universo. Uma vez lá ele se alia a refugiados contra uma invasão em massa do planeta por novos soldados modelos, modernos e com ordens para destruir todo ser vivo que encontrar pela frente.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Candidato Aloprado
Tom Dobbs (Robin Williams) é um comediante, apresentador de talk show, que durante um dos programas solta uma piada dizendo que vai se candidatar à presidência dos Estados Unidos. O que era para ser apenas um comentário divertido porém começa a ganhar a simpatia do público. Milhões de E-mails são enviados à emissora e Dobbs resolve levar mais adiante a sua sátira, se candidatando pra valer ao cargo como candidato independente. Em pouco tempo ele começa a subir de verdade nas pesquisas se tornando um dos favoritos do eleitorado. Muito bem, com esse título nacional o espectador pode vir a pensar que se trata de uma comédia das mais escrachadas, porém não é bem isso. "Man of the Year" ("O Homem do Ano", em tradução literal) certamente usa o humor em seu enredo, porém tenta ao mesmo tempo mostrar aspectos importantes do mundo da política americana. O diretor Barry Levinson, que também assinou o roteiro, tenta emplacar assuntos mais importantes entre as improvisações de Robin Williams.
Um deles é o esgotamento e a saturação da política tradicional, com a bipolaridade que existe nos Estados Unidos (sempre com dois candidatos, um dos republicanos, outro dos democratas), usando cada vez mais discursos padrões e sem novidades. Quando um comediante chega nesse meio e começa a falar algumas verdades, mesmo que sob o verniz do humor, ele logo dispara na preferência do povo. Já conhecemos bem esse tipo de cenário pois o Brasil já elegeu humoristas para cargos públicos. O descontentamento do eleitor acaba virando voto de protesto, dando enormes votações a pessoas que não teriam a menor chance em uma situação comum e normal. Outra questão que é colocada em cena é a eleição via urna eletrônica. No filme o personagem de Robin Williams acaba se beneficiando de erros de programação das máquinas que captam os votos dos eleitores! Isso demonstra que os americanos não estão nem um pouco dispostos a trocar o voto de papel pelo das urnas digitais, como temos no Brasil. E a razão é muito simples de explicar: elas são facilmente burláveis ou então podem ser manipuladas. Assim o roteiro, sem querer, acaba mostrando aspectos que andam muito em voga no Brasil atualmente em termos de política: a saturação completa da política tradicional e seus partidos sem representação, completamente desacreditados e desmoralizados e a sempre presente sombra da manipulação das eleições ao se usar de meios computadorizados para a captação e contagem de votos. Fora isso o que temos é uma boa comédia, nada excepcional e nem extremamente engraçada, mas que pelo menos serve para levantar interessantes tópicos como esses para discussão.
Candidato Aloprado (Man of the Year, EUA, 2006) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Barry Levinson / Elenco: Robin Williams, Christopher Walken, Laura Linney, Jeff Goldblum, Tina Fey, Amy Poehler, Lewis Black, Rick Roberts / Sinopse: Um comediante (Williams) resolve se candidatar à Presidência dos Estados Unidos e descobre que seu modo sincero de falar a verdade acaba conquistando eleitores em todo o país, o tornando favorito para vencer as eleições presidenciais. Filme indicado ao prêmio da Political Film Society.
Pablo Aluísio.
Um deles é o esgotamento e a saturação da política tradicional, com a bipolaridade que existe nos Estados Unidos (sempre com dois candidatos, um dos republicanos, outro dos democratas), usando cada vez mais discursos padrões e sem novidades. Quando um comediante chega nesse meio e começa a falar algumas verdades, mesmo que sob o verniz do humor, ele logo dispara na preferência do povo. Já conhecemos bem esse tipo de cenário pois o Brasil já elegeu humoristas para cargos públicos. O descontentamento do eleitor acaba virando voto de protesto, dando enormes votações a pessoas que não teriam a menor chance em uma situação comum e normal. Outra questão que é colocada em cena é a eleição via urna eletrônica. No filme o personagem de Robin Williams acaba se beneficiando de erros de programação das máquinas que captam os votos dos eleitores! Isso demonstra que os americanos não estão nem um pouco dispostos a trocar o voto de papel pelo das urnas digitais, como temos no Brasil. E a razão é muito simples de explicar: elas são facilmente burláveis ou então podem ser manipuladas. Assim o roteiro, sem querer, acaba mostrando aspectos que andam muito em voga no Brasil atualmente em termos de política: a saturação completa da política tradicional e seus partidos sem representação, completamente desacreditados e desmoralizados e a sempre presente sombra da manipulação das eleições ao se usar de meios computadorizados para a captação e contagem de votos. Fora isso o que temos é uma boa comédia, nada excepcional e nem extremamente engraçada, mas que pelo menos serve para levantar interessantes tópicos como esses para discussão.
Candidato Aloprado (Man of the Year, EUA, 2006) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Barry Levinson / Elenco: Robin Williams, Christopher Walken, Laura Linney, Jeff Goldblum, Tina Fey, Amy Poehler, Lewis Black, Rick Roberts / Sinopse: Um comediante (Williams) resolve se candidatar à Presidência dos Estados Unidos e descobre que seu modo sincero de falar a verdade acaba conquistando eleitores em todo o país, o tornando favorito para vencer as eleições presidenciais. Filme indicado ao prêmio da Political Film Society.
Pablo Aluísio.
Segurança de Shopping
O sonho de Paul Blart (Kevin James) sempre foi o de entrar para a polícia de New Jersey, mas com problemas de peso e hipoglicemia nunca conseguiu ser aprovado nos testes e exames de admissão da corporação. Assim ele acaba arranjando emprego em um shopping center como segurança. O salário não é bom, mas é algo em que ele possa trabalhar. Divorciado e com uma pequena filha que torce para ele arranjar um novo amor, Blart acaba se interessando pela vendedora de perucas Amy (Jayma Mays). Seus sonhos românticos porém são interrompidos quando uma quadrilha de roubo de senhas de cartões de crédito invade o shopping onde ele trabalha. Agora Blart terá que provar que pode deter os criminosos ao mesmo tempo em que salva a vida de todos os reféns daquele grupo criminoso.
Comédia bem mediana estrelada pelo humorista Kevin James. Ele é até carismático, tem boa vontade, mas o roteiro definitivamente não o ajuda muito. Aqui os roteiristas criaram um filme bem tolinho mesmo, ao estilo Sessão da Tarde. Nenhum tipo de situação pode apresentar carga dramática um pouquinho mais acentuada (nem para os padrões das comédias americanas) e o resultado é um produto completamente descartável. Começa como draminha, se desenvolve como uma comediazinha e termina como um fitinha de ação. Com tantos "inhas" não é de se admirar que não consiga acertar em muita coisas. Mesmo assim o americano médio se identificou de alguma forma fazendo com que o filme tivesse uma sequência em 2015. A produtora pertence ao também comediante Adam Sandler o que talvez justifique seu insosso resultado final. Nos tempos das locadoras era aquele típico filme que você levava para casa quando não havia mais absolutamente nada para locar. É isso, só arrisque a assistir se você não tiver mais nada para ver e o mais importante de tudo: não espere por muita coisa, assim a decepção será menor.
Segurança de Shopping (Paul Blart: Mall Cop, EUA, 2009) Direção: Steve Carr / Roteiro: Kevin James, Nick Bakay / Elenco: Kevin James, Keir O'Donnell, Jayma Mays / Sinopse: Um segurança de Shopping precisa conquistar o coração da garota que ama ao mesmo tempo em que tenta deter um grupo de criminosos que invadiu o lugar em busca de senhas de cartão de credito fazendo de reféns sua filha e um grupo de pessoas. Filme indicado ao Teen Choice Awards na categoria comédia.
Pablo Aluísio.
Comédia bem mediana estrelada pelo humorista Kevin James. Ele é até carismático, tem boa vontade, mas o roteiro definitivamente não o ajuda muito. Aqui os roteiristas criaram um filme bem tolinho mesmo, ao estilo Sessão da Tarde. Nenhum tipo de situação pode apresentar carga dramática um pouquinho mais acentuada (nem para os padrões das comédias americanas) e o resultado é um produto completamente descartável. Começa como draminha, se desenvolve como uma comediazinha e termina como um fitinha de ação. Com tantos "inhas" não é de se admirar que não consiga acertar em muita coisas. Mesmo assim o americano médio se identificou de alguma forma fazendo com que o filme tivesse uma sequência em 2015. A produtora pertence ao também comediante Adam Sandler o que talvez justifique seu insosso resultado final. Nos tempos das locadoras era aquele típico filme que você levava para casa quando não havia mais absolutamente nada para locar. É isso, só arrisque a assistir se você não tiver mais nada para ver e o mais importante de tudo: não espere por muita coisa, assim a decepção será menor.
Segurança de Shopping (Paul Blart: Mall Cop, EUA, 2009) Direção: Steve Carr / Roteiro: Kevin James, Nick Bakay / Elenco: Kevin James, Keir O'Donnell, Jayma Mays / Sinopse: Um segurança de Shopping precisa conquistar o coração da garota que ama ao mesmo tempo em que tenta deter um grupo de criminosos que invadiu o lugar em busca de senhas de cartão de credito fazendo de reféns sua filha e um grupo de pessoas. Filme indicado ao Teen Choice Awards na categoria comédia.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
Equilibrium
Depois da Terceira Guerra Mundial grande parte da humanidade está morta por causa do holocausto nuclear. Os que sobreviveram resolvem se submeter a um Estado autoritário que comanda cada aspecto pessoal dos súditos a ele submetido. Dentro dessa nova ideologia chega-se a conclusão que as emoções humanas causaram a guerra que destruiu grande parte da civilização. Para manter a paz então todos devem suprimir qualquer tipo de sentimento ou emoção. Drogas são usadas para isso e para manter a ordem, evitando o afloramento de emoções, é criado um grupo especializado chamado de "clérigos", cujo objetivo principal é caçar todo elemento subversivo aos mandamentos do Estado. Entre eles está John Preston (Christian Bale). Sua mulher foi incinerada pelos clérigos após demonstrar emoções humanas em relação ao próprio marido. O mundo começa a mudar para Preston quando ele acidentalmente deixa de usar sua droga diária de supressão emocional. Ao se sentir novamente como um ser humano capaz de experimentar emoções como no passado, ele começa a entender o absurdo da situação em que vive.
Essa ficção me lembrou muito de um clássico chamado "Fahrenheit 451" de François Truffaut. Tal como lá, aqui também temos um Estado opressivo que não abre margens para a liberdade individual. A simples posse de um livro de poesias, por exemplo, pode significar a eliminação completa do grupo, resultando em uma execução sumária. Literatura, filmes e música também são proibidos. A arte em geral é vista como algo extremamente nocivo pois faz aflorar os sentimentos e emoções tão inerentes aos seres humanos que esse Estado autoritário quer de todas as formas eliminar da sociedade. Embora tenha uma premissa realmente excelente o filme também faz inúmeras concessões comerciais para o deixar mais palatável ao público jovem que frequenta os cinemas. Assim sai uma abordagem mais intelectual da questão para se priorizar várias cenas de ação - muito bem realizadas, é bom frisar. Christian Bale está muito adequado em seu papel. Ele é realmente o ator indicado para interpretar tipos como o do filme, inicialmente frios e sem emoção e que depois precisam lidar com uma nova forma de enxergar o mundo ao seu redor. Com boa direção de arte (que investe em cenários assépticos e desprovidos de alma) e um bom argumento, "Equilibrium" é certamente uma das ficções mais interessantes dos últimos anos. Inteligente e bem perspicaz.
Equilibrium (Equilibrium, EUA, 2002) Direção: Kurt Wimmer / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Christian Bale, Sean Bean, Emily Watson, William Fichtner, Sean Pertwee / Sinopse: Em um mundo que tenta se reconstruir após uma guerra nuclear, a sociedade resolve se submeter a um Estado totalitário que prega a supressão de todas as emoções humanas para se chegar na verdadeira paz entre os homens. Filme indicado ao American Choreography Awards e à Phoenix Film Critics Society Awards.
Pablo Aluísio.
Essa ficção me lembrou muito de um clássico chamado "Fahrenheit 451" de François Truffaut. Tal como lá, aqui também temos um Estado opressivo que não abre margens para a liberdade individual. A simples posse de um livro de poesias, por exemplo, pode significar a eliminação completa do grupo, resultando em uma execução sumária. Literatura, filmes e música também são proibidos. A arte em geral é vista como algo extremamente nocivo pois faz aflorar os sentimentos e emoções tão inerentes aos seres humanos que esse Estado autoritário quer de todas as formas eliminar da sociedade. Embora tenha uma premissa realmente excelente o filme também faz inúmeras concessões comerciais para o deixar mais palatável ao público jovem que frequenta os cinemas. Assim sai uma abordagem mais intelectual da questão para se priorizar várias cenas de ação - muito bem realizadas, é bom frisar. Christian Bale está muito adequado em seu papel. Ele é realmente o ator indicado para interpretar tipos como o do filme, inicialmente frios e sem emoção e que depois precisam lidar com uma nova forma de enxergar o mundo ao seu redor. Com boa direção de arte (que investe em cenários assépticos e desprovidos de alma) e um bom argumento, "Equilibrium" é certamente uma das ficções mais interessantes dos últimos anos. Inteligente e bem perspicaz.
Equilibrium (Equilibrium, EUA, 2002) Direção: Kurt Wimmer / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Christian Bale, Sean Bean, Emily Watson, William Fichtner, Sean Pertwee / Sinopse: Em um mundo que tenta se reconstruir após uma guerra nuclear, a sociedade resolve se submeter a um Estado totalitário que prega a supressão de todas as emoções humanas para se chegar na verdadeira paz entre os homens. Filme indicado ao American Choreography Awards e à Phoenix Film Critics Society Awards.
Pablo Aluísio.
Tempestade de Gelo
Drama familiar que tenta resgatar um período histórico bem preciso: a década de 1970. Perante os anos 60 aquela década pareceu bem opaca, tanto culturalmente como politicamente. O presidente Nixon perdia a presidência por causa do escândalo Watergate e a música passava por uma fase ruim, infestada pela modinha discoteque e ritmos derivados. Parecia que toda a revolução ocorrida uma década antes havia sido em vão. É justamente nesse clima de falta de esperanças, monotonia e tédio que o diretor Ang Lee desenvolveu um de seus mais bem elaborados filmes. O clima é um tanto sufocante e a falsa promessa de casamentos felizes começa a pesar para os casais do enredo, já com os filhos tomando seus rumos na vida, cansados da rotina de casamentos infelizes e estafantes.
Em termos de elenco temos uma mescla de estrelas do passado com um grupo de jovens atores que iriam despontar nos anos seguintes. Assim convivem em cena veteranos do cinema como Sigourney Weaver, naquela altura tentando se dissociar do legado da franquia Aliens (procurando ser levada mais à sério como atriz) e Kevin Kline (também na luta para emplacar em dramas mais pesados) contracenando com uma garotada promissora formada pela trio Tobey Maguire (o futuro Peter Parker dos milionários filmes do "Homem-Aranha"), Elijah Wood (que iria se consagrar com a trilogia de "O Senhor dos Anéis") e Christina Ricci (que se tornaria atriz indie e cult depois de fazer sucesso em filmes comerciais como "A Família Adams"). O resultado é um tanto melancólico, diria até triste, mas com um bom resultado final. É aquele tipo de filme mais indicado para pessoas mais sensíveis que estejam em busca de um roteiro mais profundo que lide com questões complexas de relacionamento.
Tempestade de Gelo (The Ice Storm, EUA, 1997) Direção: Ang Lee / Roteiro: James Schamus, baseado na novela de Rick Moody / Elenco: Sigourney Weaver, Kevin Kline, Tobey Maguire, Christina Ricci, Elijah Wood, Joan Allen / Sinopse: Em 1973, nos subúrbios de Connecticut, famílias de classe média passam por experiências, desilusões e desencontros emocionais. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Sigourney Weaver). Premiado pelo BAFTA Awards na mesma categoria.
Pablo Aluísio.
Em termos de elenco temos uma mescla de estrelas do passado com um grupo de jovens atores que iriam despontar nos anos seguintes. Assim convivem em cena veteranos do cinema como Sigourney Weaver, naquela altura tentando se dissociar do legado da franquia Aliens (procurando ser levada mais à sério como atriz) e Kevin Kline (também na luta para emplacar em dramas mais pesados) contracenando com uma garotada promissora formada pela trio Tobey Maguire (o futuro Peter Parker dos milionários filmes do "Homem-Aranha"), Elijah Wood (que iria se consagrar com a trilogia de "O Senhor dos Anéis") e Christina Ricci (que se tornaria atriz indie e cult depois de fazer sucesso em filmes comerciais como "A Família Adams"). O resultado é um tanto melancólico, diria até triste, mas com um bom resultado final. É aquele tipo de filme mais indicado para pessoas mais sensíveis que estejam em busca de um roteiro mais profundo que lide com questões complexas de relacionamento.
Tempestade de Gelo (The Ice Storm, EUA, 1997) Direção: Ang Lee / Roteiro: James Schamus, baseado na novela de Rick Moody / Elenco: Sigourney Weaver, Kevin Kline, Tobey Maguire, Christina Ricci, Elijah Wood, Joan Allen / Sinopse: Em 1973, nos subúrbios de Connecticut, famílias de classe média passam por experiências, desilusões e desencontros emocionais. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Sigourney Weaver). Premiado pelo BAFTA Awards na mesma categoria.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
O Grinch
Sempre achei meio horrível esse filme, mas é claro que tem seus defensores, seus fãs, e isso é inegável. Na realidade as crianças brasileiras não conhecem muito os personagens do Dr. Seuss, um autor de livros infantis que é extremamente adorado e popular só que nos Estados Unidos. O universo do Dr. Seuss em seus livros não deixa de ser bem curioso e interessante, mas para uma criança brasileira tudo soará um pouco bizarro demais da conta. O grande atrativo desse filme é obviamente a presença do comediante Jim Carrey. Usando uma forte maquiagem de borracha e látex ele aproveitou para se esbaldar nas caretas e nos maneirismos. Chega inclusive a ser mais caricatural do que algumas outras animações que tive a oportunidade de assistir com esse personagem verde.
Bom, se você nunca ouviu falar sobre o Grinch do Dr. Seuss, ele é uma criaturinha de sentimentos ruins e mesquinhos que deseja estragar o natal das crianças. Para isso ele usa de todas as artimanhas para que a época natalina seja um enorme fracasso, principalmente para a criançada. Claro que todo esse sentimento de ódio e raiva com o espírito natalino tem origem no passado, lá atrás, quando o Grinch era apenas um garotinho infeliz. Talvez o grande mérito desse pequeno conto de fadas às avessas seja mesmo justamente ensinar as crianças que por trás de uma aparência assustadora pode também existir um bom coração que só age de forma má e ruim por causa de inúmeras decepções e mágoas que sofreu em sua vida. E é justamente por causa dessa lição de vida que o conto sobreviveu tantos anos. Para quem tem crianças em casa não deixa de ser uma boa opção de uma fábula que diverte e ensina ao mesmo tempo alguns valores importantes para a meninada.
O Grinch (How the Grinch Stole Christmas, EUA, 2000) Direção: Ron Howard / Roteiro: Jeffrey Price, baseado no livro infantil escrito pelo Dr. Seuss / Elenco: Jim Carrey, Taylor Momsen, Kelley / Sinopse: O Grinch (Jim Carrey) é uma criaturinha verde e estranha que só tem um desejo em sua vida: destruir o natal de todas as crianças do mundo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Maquiagem (Rick Baker e Gail Rowell-Ryan). Também indicado na categoria de Melhor Figurino.
Pablo Aluísio.
Bom, se você nunca ouviu falar sobre o Grinch do Dr. Seuss, ele é uma criaturinha de sentimentos ruins e mesquinhos que deseja estragar o natal das crianças. Para isso ele usa de todas as artimanhas para que a época natalina seja um enorme fracasso, principalmente para a criançada. Claro que todo esse sentimento de ódio e raiva com o espírito natalino tem origem no passado, lá atrás, quando o Grinch era apenas um garotinho infeliz. Talvez o grande mérito desse pequeno conto de fadas às avessas seja mesmo justamente ensinar as crianças que por trás de uma aparência assustadora pode também existir um bom coração que só age de forma má e ruim por causa de inúmeras decepções e mágoas que sofreu em sua vida. E é justamente por causa dessa lição de vida que o conto sobreviveu tantos anos. Para quem tem crianças em casa não deixa de ser uma boa opção de uma fábula que diverte e ensina ao mesmo tempo alguns valores importantes para a meninada.
O Grinch (How the Grinch Stole Christmas, EUA, 2000) Direção: Ron Howard / Roteiro: Jeffrey Price, baseado no livro infantil escrito pelo Dr. Seuss / Elenco: Jim Carrey, Taylor Momsen, Kelley / Sinopse: O Grinch (Jim Carrey) é uma criaturinha verde e estranha que só tem um desejo em sua vida: destruir o natal de todas as crianças do mundo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Maquiagem (Rick Baker e Gail Rowell-Ryan). Também indicado na categoria de Melhor Figurino.
Pablo Aluísio.
sábado, 6 de fevereiro de 2016
Paul McCartney - Venus and Mars
O álbum "Band on the Run" foi um dos maiores sucessos da carreira de Paul McCartney. Suceder a um disco tão bom, tanto do ponto de vista artístico como comercial, certamente não seria algo fácil. Assim chegou nas lojas o tão novo aguardado dos Wings, "Venus and Mars". Inicialmente parte da crítica torceu um pouco o nariz para o resultado final e eles tinham sua dose de razão. Embora com excelentes canções o disco soava apenas razoável. A mais simples verdade é que Paul não tinha nada muito além de um punhado de faixas soltas, algumas que tinham sido descartadas para o álbum anterior. Pois é, mesmo os gênios passam por esgotamentos de criatividade de tempos em tempos. Assim o ex-beatle resolveu entrar em estúdio para trabalhar melhor cada canção, escrevendo arranjos mais bem elaborados, unindo canções diversas em longos pout pourris. Depois voltou atrás, gravou faixas independentes e no meio de todo esse vai e vem o disco foi finalmente nascendo. As novidades não paravam por aí. Paul também trouxe mais dois novos integrantes ao Wings, o guitarrista Jimmy McCulloch e o baterista Geoff Britton. Também resolveu tomar uma decisão que surpreendeu a todos, escolhendo estúdios em New Orleans, nos Estados Unidos, para as gravações. Paul sempre havia gravado todos os seus discos anteriores em Londres. Essa mudança de rota era encarada por Paul como uma forma de aproveitar a excepcional musicalidade da cidade americana. O lugar escolhido foi o Wally Heider Studios, muito popular entre artistas de jazz.
Uma coisa é certa, essa proximidade com a música negra americana acabou gerando pelo menos um grande clássico absoluto no repertório de Paul, a maravilhosa "Listen to What the Man Said" que acabou se tornando o carro chefe do disco e o principal single de divulgação, que aliás estourou em todas as rádios americanas e europeias. Pena que fora ela nenhum outro som consegue se sobressair dentro da seleção. Como estava numa fase muito generosa, Paul abriu espaço no disco para duas composições de membros de sua banda. "Medicine Jar" de Jimmy McCulloch é um dos exemplos. Apesar de tantas novidades devo confessar que "Venus and Mars" nunca esteve entre os meus preferidos. Certamente é um disco excepcionalmente muito bem gravado, com ótimos arranjos (principalmente de guitarras, que estão em destaque e com presença forte e marcante em praticamente todas as faixas), mas a despeito de tudo isso não consegue marcar como outros trabalhos de Paul McCartney. As letras, de maneira em geral, também não são exuberantes. Ao que tudo indica Paul preferiu mesmo investir mais na instrumentalização, em belos arranjos, do que em mensagens edificantes. Assim "Venus and Mars" fica mesmo nesse meio-termo entre uma sonoridade bonita, mas nada fenomenal, e músicas bem escritas, mas fora de figurarem entre os grandes momentos do cantor e compositor.
Paul McCartney - Venus and Mars (1975)
Venus and Mars
Rock Show
Love In Song
You Gave Me The Answer
Magneto and Titanium Man
Letting Go
Venus and Mars Reprise
Spirits of Ancient Egypt
Medicine Jar
Call Me Back Again
Listen to What the Man Said
Treat Her Gently/Lonely Old People
Crossroads Theme
Pablo Aluísio.
Uma coisa é certa, essa proximidade com a música negra americana acabou gerando pelo menos um grande clássico absoluto no repertório de Paul, a maravilhosa "Listen to What the Man Said" que acabou se tornando o carro chefe do disco e o principal single de divulgação, que aliás estourou em todas as rádios americanas e europeias. Pena que fora ela nenhum outro som consegue se sobressair dentro da seleção. Como estava numa fase muito generosa, Paul abriu espaço no disco para duas composições de membros de sua banda. "Medicine Jar" de Jimmy McCulloch é um dos exemplos. Apesar de tantas novidades devo confessar que "Venus and Mars" nunca esteve entre os meus preferidos. Certamente é um disco excepcionalmente muito bem gravado, com ótimos arranjos (principalmente de guitarras, que estão em destaque e com presença forte e marcante em praticamente todas as faixas), mas a despeito de tudo isso não consegue marcar como outros trabalhos de Paul McCartney. As letras, de maneira em geral, também não são exuberantes. Ao que tudo indica Paul preferiu mesmo investir mais na instrumentalização, em belos arranjos, do que em mensagens edificantes. Assim "Venus and Mars" fica mesmo nesse meio-termo entre uma sonoridade bonita, mas nada fenomenal, e músicas bem escritas, mas fora de figurarem entre os grandes momentos do cantor e compositor.
Paul McCartney - Venus and Mars (1975)
Venus and Mars
Rock Show
Love In Song
You Gave Me The Answer
Magneto and Titanium Man
Letting Go
Venus and Mars Reprise
Spirits of Ancient Egypt
Medicine Jar
Call Me Back Again
Listen to What the Man Said
Treat Her Gently/Lonely Old People
Crossroads Theme
Pablo Aluísio.
The Doors - Mr. Mojo Risin' - The Story of L.A. Woman
Jim Morrison costumava citar um trecho poético que dizia basicamente que os excessos, de todos os tipos, levavam aos palácios da sabedoria. Quando ele começou a gravação do último álbum dos Doors já havia cometido todos os excessos. Em pouco mais de três anos Morrison havia transformado sua imagem de símbolo sexual do rock em uma insana caricatura de decadência pura - gordo, barbado, bêbado, chapado e com aspecto ruim, tal como um Rei Lear à beira de seu destino trágico. O interessante é que ao encontrar uma fã da banda em um aeroporto ela lhe disse que Jim estava acabado pois Rock era sexo, ao que Morrison rebateu imediatamente afirmando que Rock era morte. Coisas do King Lizard. Eu já escrevi alguns textos sobre L.A. Woman, por isso não me repetirei aqui com todas aquelas informações. Vou apenas deixar a preciosa dica desse documentário televisivo chamado "Doors: Mr. Mojo Risin' - The Story of L.A. Woman". Como o próprio título já deixa mais do que claro o foco é destrinchar e revelar todos os segredos de gravação do último álbum dos Doors, o blueseiro e mitológico "L.A. Woman". Entre vários depoimentos (de gente extremamente importante na história do grupo como os produtores Paul A. Rothchild e Bruce Botnick) somos ainda presenteados com revelações surpreendentes como quando o tecladista Ray Manzarek confessa que a grande influência para "Riders on the Storm" foi uma velha canção country and western chamada "Ghost Riders in the Sky" de 1948. Quem diria? O mais tradicional dando origem aos delírios psicodélicos de Morrison e cia!
Ao lado da análise das músicas em si ainda há um precioso resgate histórico de tudo o que estava acontecendo com Morrison e o grupo naquela época. Os problemas de Jim com a lei, as turnês canceladas, o tédio dos estúdios de gravação e os problemas de todos eles entre si. O que salvou os Doors naquele momento final quando tudo parecia desmoronar foi novamente a música. Um dos aspectos mais interessantes do documentário é mostrar a forma como as canções eram criadas e gravadas dentro dos estúdios. Realmente um trabalho coletivo, onde cada um trazia o melhor de si para o resultado final. E por falar em final a única crítica que teria a fazer diz respeito justamente ao fim de Morrison, à sua morte. O documentário se mostra bem genérico sobre isso, com até receio maior de entrar em detalhes (provavelmente como precaução legal contra a família Morrison que certamente não queria que os problemas com drogas de Jim fossem explorados em demasia). Mesmo com esse certo puritanismo fora de lugar não deixarei de recomendar o filme que é realmente excelente e muito perspicaz em revelar os bastidores de um dos melhores grupos de rock da história.
Doors: Mr. Mojo Risin' - The Story of L.A. Woman (EUA, 2012) Direção: Martin R. Smith / Roteiro: Martin R. Smith / Elenco: Jim Morrison, Ray Manzarek, Robby Krieger, John Densmore, Paul A. Rothchild, Bruce Botnick, Jim Ladd / Sinopse: Documentário sobre as gravações do álbum dos Doors chamado "L.A. Woman", lançado originalmente em 1971.
Pablo Aluísio.
Ao lado da análise das músicas em si ainda há um precioso resgate histórico de tudo o que estava acontecendo com Morrison e o grupo naquela época. Os problemas de Jim com a lei, as turnês canceladas, o tédio dos estúdios de gravação e os problemas de todos eles entre si. O que salvou os Doors naquele momento final quando tudo parecia desmoronar foi novamente a música. Um dos aspectos mais interessantes do documentário é mostrar a forma como as canções eram criadas e gravadas dentro dos estúdios. Realmente um trabalho coletivo, onde cada um trazia o melhor de si para o resultado final. E por falar em final a única crítica que teria a fazer diz respeito justamente ao fim de Morrison, à sua morte. O documentário se mostra bem genérico sobre isso, com até receio maior de entrar em detalhes (provavelmente como precaução legal contra a família Morrison que certamente não queria que os problemas com drogas de Jim fossem explorados em demasia). Mesmo com esse certo puritanismo fora de lugar não deixarei de recomendar o filme que é realmente excelente e muito perspicaz em revelar os bastidores de um dos melhores grupos de rock da história.
Doors: Mr. Mojo Risin' - The Story of L.A. Woman (EUA, 2012) Direção: Martin R. Smith / Roteiro: Martin R. Smith / Elenco: Jim Morrison, Ray Manzarek, Robby Krieger, John Densmore, Paul A. Rothchild, Bruce Botnick, Jim Ladd / Sinopse: Documentário sobre as gravações do álbum dos Doors chamado "L.A. Woman", lançado originalmente em 1971.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
The Beatles - This Boy
Na foto os Beatles apresentam a canção "This Boy" em um show na França. É curioso, o grupo tinha tantas músicas em repertório, compunham tanto e em tão pouco tempo, que eles se davam ao luxo de deixar uma pequena obra prima dessas de lado, a lançando apenas discretamente como Lado B em um single. A canção foi composta ainda nos tempos de Hamburgo (afirmam alguns autores que ela foi criada apenas por John).
A letra é de uma singeleza absurda. Em primeira pessoa o narrador lamenta o fato de que a paixão de sua vida foi levada por outro garoto, aquele garoto que provavelmente a machucará. São três estrofes de apenas três linhas e um refrão ainda mais simples (um garoto poderia ter composto essa letra, vamos convir), mas que ecoa maravilhosamente bem aos ouvidos por causa da sua linda melodia (que definitivamente apenas Lennon e McCartney poderiam ter composto, temos que admitir).
Após gravá-la em Abbey Road o produtor George Martin, soterrado por farto material do grupo (eles estavam no auge da criatividade), não sabia muito bem o que fazer com ela pois nem havia espaço suficiente para colocá-la no próximo álbum dos Beatles. Foi então que John Lennon sugeriu que a lançasse como Lado B da música que se tornaria grande sucesso das rádios, "I Want to Hold Your Hand" (primeiro lugar nos EUA, a primeira dos Beatles a chegar no topo).
O single vendeu milhões de cópias, mas conforme o mercado fonográfico ia mudando (com o fim dos compactos) a canção praticamente desapareceu do mapa. Só a coletânea "Past Masters" lançada ainda nos tempos do vinil a reabilitou, deixando a música novamente acessível aos fãs do conjunto. Em tempos de internet, onde você pode ouvi-la a qualquer momento até mesmo no Youtube, fica complicado entender mesmo como era difícil arranjar uma canção como essa quando as lojas de discos só tinham à venda a discografia oficial de álbuns dos Beatles (onde ela não se encontrava). Ecos de um passado que (felizmente) não existe mais.
Pablo Aluísio.
A letra é de uma singeleza absurda. Em primeira pessoa o narrador lamenta o fato de que a paixão de sua vida foi levada por outro garoto, aquele garoto que provavelmente a machucará. São três estrofes de apenas três linhas e um refrão ainda mais simples (um garoto poderia ter composto essa letra, vamos convir), mas que ecoa maravilhosamente bem aos ouvidos por causa da sua linda melodia (que definitivamente apenas Lennon e McCartney poderiam ter composto, temos que admitir).
Após gravá-la em Abbey Road o produtor George Martin, soterrado por farto material do grupo (eles estavam no auge da criatividade), não sabia muito bem o que fazer com ela pois nem havia espaço suficiente para colocá-la no próximo álbum dos Beatles. Foi então que John Lennon sugeriu que a lançasse como Lado B da música que se tornaria grande sucesso das rádios, "I Want to Hold Your Hand" (primeiro lugar nos EUA, a primeira dos Beatles a chegar no topo).
O single vendeu milhões de cópias, mas conforme o mercado fonográfico ia mudando (com o fim dos compactos) a canção praticamente desapareceu do mapa. Só a coletânea "Past Masters" lançada ainda nos tempos do vinil a reabilitou, deixando a música novamente acessível aos fãs do conjunto. Em tempos de internet, onde você pode ouvi-la a qualquer momento até mesmo no Youtube, fica complicado entender mesmo como era difícil arranjar uma canção como essa quando as lojas de discos só tinham à venda a discografia oficial de álbuns dos Beatles (onde ela não se encontrava). Ecos de um passado que (felizmente) não existe mais.
Pablo Aluísio.
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