segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Os Filmes de Marilyn Monroe - Parte 2

Torrentes de Ódio
Um peão decide se organizar na vida, pois está apaixonado pela filha de seu patrão. Para mostrar que tem futuro resolve comprar um par de mulas para transporte, algo que lhe dará muita dor de cabeça depois, mas ele está decidido a dar certo para conquistar o amor de sua vida. Outro filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe em que você terá que prestar muita atenção para encontrar a atriz em cena. Infelizmente a maior parte de sua participação foi parar no chão da sala de edição do estúdio mas ainda podemos ver a loira descendo as escadas de uma igreja no domingo pela manhã, acenando e dizendo sua única linha de diálogo no filme inteiro: "Oi Rad!" 

Por essa razão não é raro muitos jornalistas cometerem a burrice de dizer que essa foi a primeira aparição de Marilyn Monroe no cinema (como já comentamos em resenhas de filmes anteriores de Marilyn, esse tipo de afirmação simplesmente não procede). O elenco também traz outra curiosidade, a presença da também aspirante à fama Natalie Wood, que interpreta Eufraznee 'Bean' McGill (que nome hein?). Hoje em dia sua presença e a de Marilyn se tornaram os grandes atrativos do filme. No geral o filme não é lá grande coisa (como Marilyn ou sem ela). Se trata mesmo de uma diversão ligeira, um filme de rotina dentro da indústria de cinema dos anos 40. Não há qualquer sinal de que aquela garota quase figurante das escadas da capela um dia iria se tornar um mito da sétima arte. Vale como curiosidade histórica e apenas isso.

Torrentes de Ódio (Scudda Hoo! Scudda Hay!, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: F. Hugh Herbert / Roteiro:  F. Hugh Herbert / Elenco: June Haver, Lon McCallister, Walter Brennan, Marilyn Monroe / Sinopse: Jovem se apaixona pela filha do patrão e tenta começar um negócio para mostrar seu valor! 

Os Prados Verdes
Um filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe. Não vai ser fácil localizar a atriz em cena. Naquela época ela era apenas um rostinho bonito que a Fox usava como extra. E ela aparece, muito timidamente, na cena da dança. Apenas uma garota qualquer fazendo figuração nesse western com ecos de drama e romance. Não seria dessa vez que ela teria alguma chance, ainda mais sabendo que a loira estrela do filme era outra, a chatinha Peggy Cummins que usava até o mesmo cabelo de Marilyn, mas que em termos de beleza sequer poderia se comparar a ela. 

A história desse antigo faroeste girava em torno de um grupo de rancheiros e fazendeiros que tinham que lidar com roubos de cavalos e crias que acabavam também fugindo para o campo aberto onde vivia, de forma selvagem, um belo garanhão branco. Um animal realmente maravilhoso que ninguém conseguia capturar. Então é isso. Um bom filme, mas para quem estiver em busca de Marilyn Monroe não a encontrará tão facilmente no meio de um monte de gente dançando. 

Os Prados Verdes ( Green Grass of Wyoming, Estados Unidos, 1949) Direção: Louis King / Roteiro: Martin Berkeley, Mary O'Hara / Elenco: Peggy Cummins, Charles Coburn, Robert Arthur, Marilyn Monroe (figurante) / Sinopse: Grupo de rancheios, criadores de cavalos, precisam lidar com os desafios do velho oeste. 

Mentira Salvadora
Esse filme pode ser considerado a primeira grande chance que Marilyn Monroe conseguiu em sua carreira. Ela havia sido contratada pela Fox, mas até então não tinha conseguido uma grande oportunidade. Então seu amante (na verdade seu sugar daddy) chamado Johnny Hyde conseguiu com o chefão da Columbia Pictures Harry Cohn que fosse dada uma oportunidade melhor para Marilyn nesse filme. E ela finalmente conseguiu uma personagem com nome e importância dentro de um filme. Ela interpretou a jovem filha da protagonista, uma garota chamada Peggy Martin.

Marilyn ficou eufórica com essa oportunidade, mas a verdade pura e simples é que o filme não passava de uma produção B que na época não chegou a alcançar qualquer tipo de sucesso. Com apenas uma semana em cartaz foi tirado do circuito de exibição pela fraca bilheteria. De qualquer maneira com o passar dos anos o filme foi finalmente redescoberto e por causa de Marilyn Monroe, aqui dando os seus primeiros passos rumo a uma carreira de sucesso. 

Mentira Salvadora (Ladies of the Chorus, Estados Unidos, 1948) Direção: Phil Karlson / Roteiro: Harry Sauber / Elenco: Adele Jergens, Marilyn Monroe, Rand Brooks / Sinopse: Uma dançarina de Chorus Line se apaixona pelo sujeito errado e começa a sofrer os problemas inerentes a esse que poderia ser um erro, mas não de seu coração. 

Loucos de Amor
Depois da euforia do filme anterior Marilyn Monroe desceu um degrau na carreira. Não que fosse um filme ruim, nada disso, mas que não iria abrir maior espaço para ela que teria que novamente interpretar o papel de uma loira burra e gostosa. Era uma comédia maluca dos Irmãos Marx, então não haveria mesmo oportunidade para Marilyn Monroe mostrar muita coisa no meio dessa confusão divertida. Tudo no roteiro havia sido escrito para que os Irmãos Marx brilhassem em cena com seu humor. Para Marilyn só sobrou fazer mais um extra baseado apenas em sua beleza. 

Revisto hoje em dia esse filme entretanto serve para uma constatação de que Marilyn tinha mesmo jeito para a comédia e o humor, algo que seria explorado em seus primeiros filmes de estrela de Hollywood. Ela era certamente uma garota bonita, todos sabiam disso, mas ainda assim esbanjava talento para cenas de humor. E essa pode ser considerada a primeira experiência da atriz nesse estilo cinematográfico, algo que ela soube muito bem explorar dede o começo de sua filmografia. 

Loucos de Amor (Love Happy, Estados Unidos, 1949) Direção: David Miller / Roteiro: Frank Tashlin, Mac Benoff, Harpo Marx / Elenco: Groucho Marx, Harpo Marx, Chico Marx, Marilyn Monroe,  Ilona Massey / Sinopse: Os irmãos Marx vão para a Broadway e criam todos os tipos de confusões no meio teatral de Nova Iorque. 

O que Pode um Beijo
Mais um faroeste B na filmografia de Marilyn Monroe. Nessa época ela ainda era bem jovem e estava tentando seu lugar so sol em Hollywood. Como era uma jovem bonita, foi escalada para fazer parte do elenco de apoio, no grupo de belas coristas de um saloon. Embora já tivesse adotado aquela imagem de Marilyn que todos conhecemos, achei seu visual meio estranho nesse filme, tudo por causa de uns cachinhos dourados que fizeram em seu cabelo. Ficou bem fora da casinha, um penteado meio mal feito. Não caiu bem. 

Em termos de história esse western contava mais uma história da expansão das ferrovias rumo ao oeste selvagem. Esses trens antigos mudaram a história dos Estados Unidos, mas não eram bem vistos por todos. A ferrovia significava a modernidade e muitos odiavam isso, fazendo muitas vezes operações de sabotagens nas ferrovias, o que colocava em risco a própria vida dos passageiros. No caso desse filme era justamente isso que acontecia. Bandidos contratados por donos de diligências tentando sabotar as linhas de trens que seguiam rumo ao oeste. 

O que Pode um Beijo (A Ticket to Tomahawk, Estados Unidos, 1950) Direção: Richard Sale / Roteiro: Mary Loos, Richard Sale / Elenco: Dan Dailey, Anne Baxter, Rory Calhoun, Walter Brennan, Marilyn Monroe / Sinopse: Primeiro filme da atriz Marilyn Monroe na década de 1950. Ainda em papel bem secundário, ela interpretava uma bailarina de saloon nesse filme de faroeste B de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

Rio Violento

Rio Violento
Um filme clássico que une o talento de direção de Elia Kazan com a excelente performance de um grande ator como Montgomery Clift só poderia despertar muito o interesse dos cinéfilos. E foi justamente isso o que aconteceu com esse "Rio Violento". O filme procurava responder a uma questão extremamente pertinente: Até que ponto o progresso da sociedade justificava a mudança compulsória do modo de vida das pessoas? Qual era igualmente o limite de intervenção do Estado na existência das pessoas comuns? Até que ponto essa interferência era legítima ou legalmente justificável?

No filme Montgomery Clift (excepcionalmente bem) interpreta o personagem Chuck Glover, um agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar uma senhora idosa que mora em uma ilha no rio Tennessee. Ela se recusa a abandonar o local pois foi ali que nasceu e criou seus filhos, enterrou seu marido e viveu ao lado de negros libertos e demais moradores do local. Lutando por seus valores tradicionais e por aquilo que lhe é mais importante a senhora resolve enfrentar até mesmo o poder do governo americano. E isso obviamente criou uma disputa jurídica que iria repercutir em todo o sistema judiciário norte-americano.

O filme apresente um excelente elenco. Aliás essa sermpre foi uma característica marcante nos filmes de Elia Kazan. A atriz Jo Van Fleet está simplesmente maravilhosa. Interpretando a matriarca Ella Garth, ela tem duas grandes cenas que a fazem ser o grande destaque de todo o filme. Em uma delas explica ao personagem de Montgomery Clift a dignidade de quem viveu e trabalhou no rio Tennessee há gerações. Devo dizer que poucas vezes vi Clift ser superado em cena, mas aqui ele realmente foi colocado de lado, até mesmo pela força do texto que a atriz tem a declamar. Socialmente consciente, tocando em temas tabus para a época (como o racismo do sul dos Estados Unidos), "Rio Violento" é um dos melhores trabalhos de Kazan. Ele foi um diretor que via o cinema como algo a mais e não apenas um mero entretenimento. Por isso seus filmes sempre tinham alguma mensagem a passar ao público.

Rio Violento (Wild River, Estados Unidos, 1957) Direção: Elia Kazan / Elenco: Montgomery Clift, Lee Remick, Jo Van Fleet / Sinopse: Chuck Glover (Clift) é um jovem agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar um grupo de moradores de uma ilha no meio do rio Tennessee. As pessoas não querem ir embora de lá, deixando suas casas e sua história para trás. Porém é do interesse do Estado que elas deixem aquelas terras. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de outubro de 2025

Diarios de um Robô Assassino

Título no Brasil: Diarios de um Robô Assassino
Título Original: Murderbot
Ano de Lançamento: 2025
País: Estados Unidos
Estúdio: Apple TV
Direção: Paul Weitz, Toa Fraser
Roteiro: Chris Weitz, Paul Weitz
Elenco: Alexander Skarsgård, Noma Dumezweni, David Dastmalchian, Sabrina Wu, Tattiawna Jones

Sinopse:
Um robô de segurança, criado para proteger tripulações humanas em expedições enviadas a planetas distantes, acaba criando consciência e inteligência próprias. E problemas logo vão surgir dessas maravilhosas mudanças da tecnologia artificial. 

Comentários:
Certas séries nascem de ótimas ideias! A premissa é um excelente ponto de partida, mas... sempre tem um "mas" não é mesmo? O problema dessa série foi muito fácil de detectar. Veja, o protagonista, um robô de segurança que começa a pensar por si próprio, é muito legal! O fato dele gostar de velhas séries de ficção no estilo "Jornada ns Estrelas", sempre citando os episódios, é mais do que uma boa sacada do roteiro. O problema é que temos um protagonista nota 10 em um enredo que é uma porcaria, quase nota 0! Eis o problema central. Tem um personagem carismático, muito bem elaborado, com um bom ator interpretando, mas colocado dentro de uma estorinha fraca com personagens humanos que são totalmente sem graça. É a tal coisa, criaram um robô que entraria bem em qualquer filme ou série de sucesso, mas ao mesmo tempo esqueceram de escrever uma boa história para inserir ele no contexto. Aí fica complicado. A série promete uma segunda temporada que ainda não foi confirmada. Caso isso venha a acontecer, por favor, escrevam melhores histórias para os episódios. Só assim teremos uma série realmente boa! 

Pablo Aluísio.

Succession - Quarta Temporada

Título no Brasil: Succession - Quarta Temporada
Título Original: Succession Season Four
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: Mark Mylod, 
Roteiro: Jesse Armstrong, Miriam Battye
Elenco: Brian Cox, Jeremy Strong, Alexander Skarsgård, Kieran Culkin, Sarah Snook, Matthew MacFadyen, Alan Ruck, Nicholas Braun

Sinopse:
Logan Roy (Cox) está morto! Aberta a sucessão, surge uma grave controvérsia sobre a venda das ações de suas principais empresas de telecomunicações. Um jovem bilionário quer comprar seu controle, mas os filhos que inicialmente aceitam essa saída, começam a se unir para impedir sua venda. 

Comentários:
A série chegou ao final nessa quarta temporada. Finalmente temos a morte do magnata das telecomunicações. Isso foi impactante! Problemas nascem do dia seguinte. Aí enrolaram muita salsicha, como se diz na gíria. Foram episódios e mais episódios girando em torno da mesma tecla que era batida até a exaustão: a venda das empresas do homem morto. Rei Morto, Rei Posto! Os filhos conseguiriam tomar o controle ou as múltiplas empresas seriam vendidas para um jovem influencer que havia ficado bilionário com suas façanhas na internet? Uma escolha ruim. O sujeito é mesmo bem cabeça vazia, um carinha que ficou rico, mas que no fundo é bem vazio. Do outro lado os filhos. Nada confiáveis para os acionistas. Um grupo formado por aquele tipo de nepo baby que já bem conhecemos. Então eis o problema central dessa última temporada. Até aí nada de mais, seria aceitável esse tipo de drama central. O problema é que a coisa vai se arrastando, se arrastando... Quando finalmente chegou no último episódio confesso que estava desejando que tudo chegasse ao fim. Eu já não aguentava mais tanta enrolação! 

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de outubro de 2025

Elvis Presley - Elvis Now - Parte 3

Elvis Now - Parte 3
Elvis nasceu em berço evangélico, mas jamais se fechou dentro da doutrina religiosa dos seguidores de Lutero. Pelo contrário, ao longo da vida ele procurou por várias manifestações religiosas diferentes, tendo estudado as religiões orientais (que sempre o fascinaram, até o fim da vida) e o cristianismo dito mais tradicional. Elvis tinha muito apreço com a religião católica, a primeira religião cristã a surgir na história, principalmente na forma como os católicos tratavam a Virgem Maria. Uma das orações preferidas do cantor aliás era a "Ave Maria" que ele sempre rezava em momentos de reflexão.

Assim Elvis decidiu que iria trazer a "Ave Maria" para seus discos. A forma que ele encontrou para isso foi gravar a canção religiosa católica "Miracle of the Rosary", que ele considerava belíssima! Tão inspirado ficou ao ouvi-la pela primeira vez que comprou algumas imagens católicas para ter em sua casa, tanto em Graceland, como na Califórnia. Elvis não se importava com críticas de que aquilo seria algum tipo de idolatria, porque havia estudado o catecismo romano e entendido a razão de ser das imagens católicas. Nada a ver com idolatria ou algo do tipo. Esse era um velho preconceito evangélico que Elvis não aceitava, pelo contrário, sempre tentava explicar teologicamente que as imagens serviam apenas como instrumentos de fé. Além disso ele amava a arte sacra dos católicos, tendo trazido para seu figurino inúmeros crucifixos e adornos da igreja de Roma.

Um dos sonhos de Elvis inclusive era fazer uma viagem até Roma, para conhecer o Vaticano. Quando estava servindo o exército na Alemanha ele chegou a programar uma viagem que só foi cancelada na última hora por causa de imprevistos. Acabou assim indo até Paris, mas sem deixar de lado seus planos de ir até a Basílica de São Pedro. Nos anos 70 ele teve bastante vontade de realizar uma grande turnê por toda a Europa, com Roma incluída dentro do cronograma, mas tudo foi por água abaixo por causa do Coronel Parker que não tinha passaporte e não poderia acompanhar o cantor por seus shows pelas grandes cidades históricas da Europa.

Outro bom momento desse álbum "Elvis Now" veio com a faixa "Early Morning Rain". Um belo country, com melodia agradável e relaxante. De todas as canções desse disco essa foi certamente uma das que ele mais utilizou em seus concertos durante os anos 70. Aliás é interessante notar que também foi incluída no especial de TV "Aloha From Hawaii". Aqui Elvis não a usou no show propriamente dito, mas numa sequência própria, sem público, apenas a cantando de forma sóbria, concentrada. Curiosamente apesar de ser um country (um gênero nascido no sul dos Estados Unidos), a canção havia sido composta por um canadense, Gordon Lightfoot, em 1966. A versão porém que inspirou Elvis a gravar a faixa foi a de Peter, Paul and Mary. Elvis simplesmente adorava o estilo vocal desse trio que fez grande sucesso nos anos 60.

Pablo Aluísio.

The Beatles - A Hard Day’s Night / Things We Said Today

Mais um single retirado (ou extraído, como se dizia na época), do álbum do filme "A Hard Day’s Night". Os especialistas na discografia dos Beatles costumam dizer que esse disco, na realidade uma bela trilha sonora, foi composto basicamente por John Lennon. É uma meia verdade! Eu reconheço que a dominação de John está em praticamente todas as faixas, mas não se pode, em nenhuma hipótese, diminuir a importância de Paul McCartney na elaboração das letras e principalmente das melodias. Nisso ele era mesmo insuperável. John Lennon sempre estará em meu altar dos grandes nomes da história do Rock, mas diminuir Paul, em qualquer trabalho dos Beatles, é um grande erro de análise e percepção. 

Outro aspecto a se considerar é que sempre que se ouvir falar em "A Hard Day’s Night" procure pela edição original da discografia inglesa que é a oficial. Nos Estados Unidos eles fizeram uma outra edição desse disco, pela Capitol Records, e ficou uma grande porcaria! Para se ter uma ideia misturaram as músicas do disco original com trilhas incidentais. Além disso deixaram faixas preciosas do disco inglês de fora! Pelo amor de Deus, que produtores estúpidos! Absolutamente nada a ver! Uma derrapada feia da discografia americana. 

Pois bem, aqui voltemos a falar do single. Duas músicas apenas, Lado A e Lado B. Duas belas faixas, mas nenhuma novidade para quem havia comprado a trilha sonora. Não fazia mal, por essa época, na crista da onda da Beatlemania, eles podiam fazer qualquer coisa, colocar qualquer produto no mercado, que iria vender milhões de cópias. Era uma febre, como poucas vezes se viu no mundo da música! Os Beatles chegaram a ocupar os cinco primeiros postos da parada, uma música deles atrás da outra, enquanto os outros artistas comiam poeira! Nunca mais se viu coisa igual! 

E só para se ter uma ideia da força do sucesso dos Beatles basta dizer que esse compacto, que não trazia nenhuma música nova do grupo, conseguiu vender mais de 1 milhão de cópias em seu lançamento original! Era mesmo uma quantidade enorme de cópias, algo para deixar qualquer executivo de gravadora multinacional de queixo caído! E tudo isso por meras reprises! 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Holland

Holland 
Filme muito bom, quase uma aula de sociologia aplicada. Na história a atriz Nicole Kidman interpreta a esposa de uma família que parece ser a ideal, estilo do modelo comercial de margarina! Você bem entende esse conceito. A família tradicional perfeita. O marido é médico, a esposa é dedicada, dona de casa perfeita e tudo mais. Um primor familiar! Essa é a fachada que se vê na sociedade. Só que isso, como bem sabemos, é mais raro de se encontrar na realidade social que um unicórnio na floresta! A esposa na realidade é bem insatisfeita com sua própria vida. O marido é um esquisitão na verdade e ela desconfia que ele tem uma amante na cidade vizinha e uma vida paralela que tenta esconder a todo custo. Só que sua modesta paranóia nem desconfia da realidade do maridão que é muito, muito pior do que ela ousaria imaginar. 

Para complicar ainda mais a situação de sua imagem de esposa perfeitinha, ela acaba encontrando um novo amor, um professor na mesma escola secundária onde leciona. Esse sujeito preenche suas carências afetivas, é um cara legal, bom ouvinte e o mais importante de tudo, a respeita como ser humano! Tudo o que seu marido não faz! Então o caldeirão está completo para derreter a fachada da família da margarina! Afinal, é tudo mentira mesmo! Ninguém e nenhuma família são perfeitas!

Esse filme é uma paulada na ideia irreal do American Way of Life que em tempos de Donald Trump está virando vinagre rapidamente. A pura verdade é que esse conceito de família conservadora e tradicional ruiu, nos Estados Unidos e basicamente em todo o mundo. Deixou de ser uma realidade social e virou pura hipocrisia! Tudo isso se tornou apenas mais um conceito, um símbolo cafona de um tempo que não existe mais. Pelo visto, como tese sociológica, o roteiro desse filme está mais do que atualizado com as mudanças da sociedade moderna do que poderia se pensar. Acaba jogando a família, a margarina, a imagem falsa, tudo na lata de lixo da história! Sinal dos novos tempos. 

Holland (Holland, Estados Unidos, 2025) Direção: Mimi Cave / Roteiro: Andrew Sodroski / Elenco: Nicole Kidman, Gael García Bernal, Matthew Macfadyen / Sinopse: A família perfeita americana esconde diversos segredos embaixo de sua imagem fabricada em sonhos surreais. E aos poucos essa fachada toda de perfeição começa a ruir quando esses segredos acabam sendo revelados. 

Pablo Aluísio.


O Aviador

O Aviador
Howard Hughes (1905 - 1976) não era um sujeito comum. Filho único de um dos maiores industriais dos Estados Unidos, já nasceu bilionário. Excêntrico ao extremo, cheio de manias, entrou para a história americana por causa de seus projetos ousados e inovadores. Foi o primeiro a visualizar a oportunidade de tornar comercialmente viável uma rota de aviação para transporte regular de passageiros entre Estados Unidos e Europa. Investiu em filmes na era de ouro de Hollywood, criando sob sua produção alguns clássicos imortais da sétima arte. Além disso foi figura de ponta em suas indústrias pois amava tecnologia e investiu pesadamente na área criando nesse processo uma série de invenções que até hoje fazem parte do dia a dia de milhares de pessoas mundo afora. Era aventureiro e revolucionário mas em segredo escondia vários problemas mentais que foram minando o homem ao longo dos anos. Com uma história tão rica não faltaria assunto certamente para contar sua biografia no cinema. O diretor Martin Scorsese há muitos anos queria mostrar a vida de Howard Hughes nas telas e conseguiu após receber um excelente roteiro feito sob encomenda escrito por John Logan. O texto era enxuto e se focava nos aspectos mais interessante da vida de Hughes, exatamente o que Scorsese buscava há muitos anos.

Para surpresa de muitos o diretor acabou escalando para o papel principal o ator Leonardo DiCaprio. Certamente ele não era parecido com Howard Hughes mas demonstrou ter tanta paixão pelo material e pelo roteiro que Scorsese simplesmente não conseguiu recusá-lo. Decisão acertada pois Leonardo demonstra muita sensibilidade para interpretar o famoso industrial. Fugindo de armadilhas fáceis que poderia cair por interpretar uma pessoa com problemas mentais, ele optou por uma atuação no tom correto, respeitosa e que nunca cai na caricatura. Embora excelente o ator foi completamente ignorado pelo Oscar que resolveu premiar sua partner em cena, a talentosa Cate Blanchett que aqui interpreta a grande Katherine Hepburn, um mito do cinema que era amiga pessoal de Hughes. Por falar em Oscar o filme teve várias indicações mas fora o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante dado a Blanchett, tudo o que conseguiu vencer foram Oscars técnicos (Edição, Direção de Arte, Figurino e Fotografia). Em minha opinião merecia mais. Uma produção que consiga captar tão bem a essência de uma pessoa tão complexa como Hughes merecia bem mais.

O Aviador (The Aviator, Estados Unidos, 2004) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: John Logan / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cate Blanchett, Kate Beckinsale, Jude Law / Sinopse: Cinebiografia do industrial Howard Hughes, um homem à frente de seu tempo que tinha que lidar não apenas com os desafios de sua posição mas também com um terrível problema mental que o afligia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Código Alarum

Código Alarum 
Outro filme fraco com o Stallone lançado recentemente. Ele parece ter entrado naquele modo de fim de carreira, alugando seu nome para produções B. É o sinal mais claro que sua carreira acabou mesmo! Enfim, nada é para sempre. Na realidade Stallone é apenas um coadjuvante de luxo nesse filme de ação muito fraco. O verdadeiro protagonista é o ator Scott Eastwood. Ele é filho de Clint Eastwood com uma aeromoça, um caso de alguns anos no passado. Tem tentado há bastante tempo emplacar como ator, mas a verdade é que sua filmografia é uma sucessão de filmes irrelevantes como esse, sendo que a maioria nunca chegou aos cinemas, caindo no esquecimento do universo vazio do streaming. Embora seja fisicamente parecido com o pai, não herdou o carisma do velho. Acontece nas melhores famílias. 

O filme é bem fraco, como já escrevi. Se formos comparar com "Blindado", outro filme recente do Stallone, esse se torna ainda pior na foto. A história dá bocejos, envolvendo um ex-agente do governo dos Estados Unidos que agora vive isolado numa casa em uma reserva ambiental. Ele não quer mais nada com aquela velha vida, mas como sempre acontece nesse tipo de história, um dia o passado vem bater à sua porta. Stallone é um assassino profissional que tem como missão eliminar esse sujeito, mas esqueça. O personagem dele é sem qualquer importância. Agora, roteiros fracos a gente até perdoa em filmes de ação. O que não dá para perdoar são as cenas ruins de troca de tiros, lutas, etc. Aqui usaram efeitos digitais para simular os tiros nas armas. Isso, definitivamente é imperdoável! Um filme de ação sem armas de verdade, onde até os tiros são falsos? Ora, faça-me o favor...

Código Alarum (Alarum, Estados Unidos, 2025) Direção: Michael Polish / Roteiro: Alexander Vesha / Elenco: Scott Eastwood, Sylvester Stallone, Isis Valverde, Willa Fitzgerald, Mike Colter / Sinopse: Ex-agente de inteligência do governo dos Estados Unidos agora tenta levar uma vida isolada e em paz, mas seu passado vem bater a porta e a violência não demora a explodir. 

Pablo Aluísio. 

Redenção

Redenção
Em um primeiro momento somos levados a crer que esse filme é mais um daqueles action movies sem muita consistência ou conteúdo, afinal é estrelado por Gerard Butler (de 300) que no pôster ostenta uma arma de grosso calibre. O titulo original do filme, "Machine Gun Preacher", também ajuda na confusão uma vez que uma produção que tem como nome uma referência a um pastor (pregador) armado com uma metralhadora não ajuda a desfazer o equivoco. Na verdade “Redenção” conta uma história das mais interessantes. Baseado em fatos reais conhecemos através do filme a figura de Sam Childers (Gerard Butler). Logo no começo do enredo ele surge saindo de uma prisão de segurança máxima. Havia sido preso por tráfico de drogas. O sujeito não é dos mais agradáveis. Ladrão, motoqueiro, viciado em heroína e violento ao extremo. Após uma noite de excessos que termina no esfaqueamento de um homem que ele havia dado carona, Sam decide seguir os passos de sua esposa, uma ex-stripper que havia encontrado a paz na religião. Assim ele decide ser batizado e finalmente encontra Jesus em sua conturbada vida.

Larga os amigos da criminalidade, deixa as arruaças de lado e começa a trabalhar de forma honesta na construção civil. Depois disso sua vida finalmente deslancha. Ele resolve abrir sua própria empresa de construção e se torna um homem muito bem sucedido. Mas quem pensa que tudo termina aí está enganado. Sam em um impulso religioso passa a entender que tudo o que recebeu foi graça de Deus e que teria que retribuir de alguma maneira, ajudando ao próximo como foi ajudado. Assim decide ir até a África para ajudar na construção de escolas e orfanatos para crianças vitimas da guerra civil. O problema é que para levar adiante sua causa humanitária ele tem que lidar com rebeldes armados até os dentes. Então ele forma sua própria milícia de combatentes para seguir em frente em sua missão. “Redenção” vale muito a pena pois mostra uma pessoa que resolveu colocar os ensinamentos de solidariedade cristã na prática. Foi para o lugar mais miserável do mundo para ajudar o próximo e pagou o preço por sua ousadia. Obviamente há cenas de ação mas elas não são em absoluto o foco do filme. A mensagem é muito mais interessante, mostrando que não importa o tamanho do problema, se cada um fizesse sua pequena parte o mundo certamente seria um lugar melhor para se viver. Sem dúvida temos aqui uma bela lição de vida.

Redenção (Machine Gun Preacher, Estados Unidos, 2011) Direção: Marc Forster / Roteiro: Jason Keller / Elenco: Gerard Butler, Michelle Monaghan, Kathy Baker / Sinopse: Após se converter um ex-presidiário resolve ir até a África para ajudar crianças órfãs da guerra civil que assola a região. Para levar em frente sua missão de construir escolas e igrejas ele tem que enfrentar rebeldes armados que não aceitam sua presença no local. Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.