segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Procura-se uma Noiva
Título Original: The Bachelor
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Gary Sinyor
Roteiro: Roi Cooper Megrue, Jean C. Havez
Elenco: Renée Zellweger, Chris O'Donnell, Peter Ustinov, Mariah Carey, Brooke Shields, Artie Lange
Sinopse:
Para não perder uma herança fabulosa, Jimmie Shannon (Chris O'Donnell) precisa desesperadamente arranjar uma noiva, mesmo estando apaixonado por Anne Arden (Renée Zellweger), a garota certa para ele se casar, mas que enfrenta problemas em seu relacionamento mais do que complicado.
Comentários:
Não há muito o que esperar de comédias românticas americanas. Geralmente elas são bem bobinhas, até porque o romantismo disfarçado de humor não nega suas origens mais piegas. Dentro do grande gênero em que se classificam todas as comédias românticas existe ainda um nicho muito específico sobre casamentos e noivas. Esses filmes geralmente conseguem se tornar ainda piores do que as mais comuns. Esse "Procura-se uma Noiva" vai bem por esse caminho. O filme só não é um desperdício completo de tempo e dinheiro porque tem Renée Zellweger ainda em sua fase mais gracinha, quando ela ainda mantinha seu rosto natural, bem antes de estragar tudo com um monte de plásticas mal sucedidas. O "Robin" Chris O'Donnell não acrescenta muito, até porque sempre o achei muito genérico. Melhor é o elenco de apoio que conta com veteranos como Peter Ustinov e a eterna adolescente de "A Lagoa Azul" Brooke Shields (aquele tipo de mulher que sempre é bonita, mesmo com os anos passados). Ah e antes que me esqueça a cantora Mariah Carey também tem uma pontinha, algo que vai agradar suas fãs mais ardorosas. Então é isso, uma comédia romântica sobre casamentos, tão descartável como bolo de noiva feito em padaria.
Pablo Aluísio.
domingo, 1 de outubro de 2017
Refém do Silêncio
Título Original: Don't Say a Word
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: Regency Enterprises, Village Roadshow Pictures
Direção: Gary Fleder
Roteiro: Anthony Peckham
Elenco: Michael Douglas, Sean Bean, Brittany Murphy, Skye McCole Bartusiak, Jennifer Esposito, Shawn Doyle
Sinopse:
Dr. Nathan R. Conrad (Michael Douglas) é um conceituado terapeuta que precisa fazer uma paciente voltar a falar após ficar 10 anos sem emitir uma palavra. Acontece que sua filha foi sequestrada por uma quadrilha que poupará sua vida, caso o médico consiga o código que eles procuram. A única pessoa que sabe o código é justamente a paciente do Dr. Conrad.
Comentários:
O ator Michael Douglas sempre foi conhecido por escolher bem os roteiros de seus filmes. Douglas certamente pode ter muitos defeitos, mas não o de não saber exatamente o que o público quer ver nos cinemas. Durante muito tempo ele acertou em cheio, porém também deu seus tropeços. Esse thriller de suspense não foi exatamente um fracasso comercial, mas também não faturou nas bilheterias o valor que Douglas (que foi produtor do filme) pretendia. No final das contas mal se pagou, deixando um lucro mínimo para o estúdio. De fato não vejo aqui um grande filme. Esses roteiros mirabolantes demais, com aquela fórmula que consegue resumir todo o enredo de um filme apenas numa frase, nunca chegaram a me convencer. Mesmo que tenha sido baseado no livro escrito por Andrew Klavan, o fato é que não funcionou muito bem na tela. É a tal coisa, nem sempre o que dá certo nas páginas de um livro consegue convencer numa adaptação para as telas de cinema. Muitas vezes esse tipo de transição soa forçada demais. É justamente o que aconteceu nesse "Don't Say a Word".
Pablo Aluísio.
O Estranho que Nós Amamos
Assim o cabo John McBurney (Colin Farrell) é levado para dentro do casarão para ser tratado. Ele tem a perna em frangalhos, muito provavelmente morrerá, mas as damas sulistas não desistem. Comandadas pela diretora da escola, a senhorita Martha Farnsworth (Nicole Kidman), todas tentam salvar sua vida. Depois de um tempo ele começa a se recuperar e então começam os problemas. Não precisa ser muito perspicaz para entender que a presença de um homem naquela escola só para moças logo desperta desejos, atração e ciúme entre todas elas. As garotas, na flor da idade, vivem isoladas e reclusas, sem ver nenhum homem por perto. Por mais bem educadas que fossem não haveria mesmo como soterrar todos os desejos delas. O militar sabe bem disso e começa a jogar com elas, o que obviamente vai lhe custar muito caro.
Esse remake não diz muito a que veio. Quem assistiu ao filme original certamente vai ver que um Colin Farrell jamais conseguirá substituir um Clint Eastwood à altura! É uma comparação até mesmo injusta. Não há como compará-los mesmo. Quando fez o primeiro filme Clint Eastwood era ainda bem jovem, convencendo completamente como um soldado da guerra civil. Já Farrell parece muito frágil, fraco, nada convincente. Nem nas cenas de fúria ele passa muita credibilidade. Clint era claramente mais viril e áspero. Outro problema é que a diretora Sofia Coppola resolveu aproveitar o uso da luz natural de velas do ambiente onde se passa quase toda a história (dentro da escola de moças) para iluminar as cenas. Ficou péssimo! O filme é escuro demais, você mal vai conseguir ver as atrizes e o ator no meio da penumbra, da escuridão! Muito ruim. Fora isso é mais do mesmo. Remakes, como eu já disse inúmeras vezes, geralmente são apenas filmes inúteis. Melhor rever o classicão faroeste com Clint Eastwood, sem dúvida!
O Estranho que Nós Amamos (The Beguiled, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Sofia Coppola / Roteiro: Albert Maltz, baseado no romance escrito por Thomas Cullinan / Elenco: Colin Farrell, Nicole Kidman, Kirsten Dunst, Elle Fanning / Sinopse: Durante a guerra civil americana um soldado ianque é encontrado morrendo em um bosque perto de uma escola sulita para moças e damas da sociedade. Levado para dentro do casarão ele passa a ser tratado pelas jovens e pela diretora do estabelecimento, a senhorita Martha (Kidman). Conforme o tempo passa sua presença começa a despertar os desejos de todas aquelas mulheres solitárias, isoladas e reclusas por causa da guerra.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
Espionagem Internacional
Título no Brasil: Espionagem Internacional
Título Original: Triple Cross
Ano de Produção: 1966
País: Inglaterra, França
Estúdio: Cineurop
Direção: Terence Young
Roteiro: René Hardy, baseado no livro de Frank Owen
Elenco: Christopher Plummer, Yul Brynner, Romy Schneider, Trevor Howard
Sinopse:
Durante a Segunda Guerra Mundial o ladrão de cofres inglês Eddie Chapman (Christopher Plummer) é preso na França e condenado a 14 anos de prisão. Quando a França é invadida por tropas nazistas ele propõe um acordo com o diretor da prisão onde está encarcerado: como inglês ele pode facilmente se infiltrar nas linhas inimigas, espionando para o Terceiro Reich. Após forjarem sua morte - para evitar futuras suspeitas - Chapman acaba sendo submetido a um intenso treinamento para em breve sair em campo, espionando sua antiga nação em prol da Alemanha de Hitler. Roteiro baseado em fatos reais. Filme premiado pela Bambi Awards na categoria de Melhor Ator coadjuvante (Gert Fröbe).
Comentários:
"Espionagem Internacional" é um filme de guerra que tenta fugir um pouco do óbvio. Ao invés de mostrar a guerra dos campos de batalha, do front, seu roteiro se concentra em explorar a intensa guerra de espionagem que se criou entre países aliados e países do eixo. Entre as armas usadas nessa linha de frente havia a procura pelo recrutamento de nacionais das nações inimigas. É justamente isso que ocorre quando o serviço de inteligência da Alemanha Nazista resolve trazer para suas fileiras um inglês, o ladrão de cofres Eddie Chapman (Christopher Plummer). Para ele seria uma troca interessante: condenado a 14 anos de prisão nada poderia cair melhor do que começar uma carreira de espião para os alemães, sendo devidamente pago com isso, além da possibilidade de ir embora da prisão de uma vez por todas. Então Chapman começa seu treinamento. Inicialmente ele é submetido a vários testes de lealdade, para só depois ser enviado em uma missão para valer. Acontece que Eddie não se furta a também começar a trabalhar para os ingleses, se tornando dessa maneira um agente duplo, sempre caminhando no fio da navalha.
Ora parece passar planos e informações importantes dos britânicos para os nazistas, ora realiza a direção inversa, entregando os alemães para os ingleses. Coisas de alguém que precisa ser muito sutil (e nada ético) para sobreviver naquele meio insano, perigoso e altamente violento. Acaba se saindo tão bem que é condecorado até mesmo com uma Cruz de Ferro, a mais alta condecoração militar alemã. O filme como um todo é muito bom, com boa trama (obviamente focada no mundo da espionagem) e luxos de produção, como por exemplo, contar com os famosos Yul Brynner e Romy Schneider como meros coadjuvantes. Mesmo sendo dirigido por um especialista nesse tipo de produção (o diretor Terence Young que dirigiu vários filmes da franquia James Bond) temos também que admitir que existem certos problemas, principalmente de ritmo e desenvolvimento. A todo momento ficamos torcendo para que uma edição mais eficiente surja, embora depois tenhamos a consciência que isso realmente nunca vai acontecer. Mesmo assim, com eventuais falhas, o filme como um todo é plenamente indicado, principalmente para quem curte esse estilo de história. Uma visão diferente da II Guerra Mundial que certamente agradará aos fãs do tema.
Pablo Aluísio.
As Minas do Rei Salomão
Título Original: King Solomon's Mines
Ano de Produção: 1950
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Compton Bennett e Andrew Marton
Roteiro: Helen Deutsch, baseada no livro de H. Rider Haggard
Elenco: Deborah Kerr, Stewart Granger, Richard Carlson, Lowell Gilmore
Sinopse:
Uma aristocrata britânica chamada Elizabeth Curtis (Deborah Kerr) decide contratar os serviços do explorador e caçador Allan Quatermain (Stewart Granger) para localizar seu marido desaparecido em terras desconhecidas do continente africano. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Filme. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Fotografia (Robert Surtees) e Melhor Edição (Ralph E. Winters e Conrad A. Nervig). Também vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Direção de Fotografia.
Comentários:
Ontem assisti a versão de 1950 para a clássica história de "As Minas do Rei Salomão" de H. Rider Haggard. Na literatura esse livro é considerado um dos grandes ícones da aventura e no cinema temos várias versões interessantes sobre as aventuras de Allan Quatermain pelo continente africano selvagem. Nessa produção temos como estrelas o grande caçador branco Stewart Granger e Deborah Kerr. Ela interpreta Elizabeth Curtis, uma inglesa que desesperada após o desaparecimento do próprio marido na África, resolve procurá-lo indo até a região onde ele foi visto pela última vez. O sujeito estava com a ideia fixa de encontrar as mitológicas e lendárias minas de diamantes que um dia pertenceram ao Rei Salomão. Em posse de um mapa antigo resolveu encarar uma expedição em território hostil e nunca antes explorado por homens brancos. Depois que entrou naquele lugar simplesmente sumiu sem deixar vestígios. Assim Elizabeth resolve contratar os serviços do caçador, explorador e aventureiro Allan Quatermain (Stewart Granger). Há muitos anos vivendo na África ele ganha a vida organizando safáris para britânicos endinheirados em busca de alguma aventura em suas vidas. A exploração que Elizabeth pensa fazer porém é algo bem diferente. Significa ir em terras distantes, inexploradas e sem mapeamento confiável. Inicialmente Allan recusa a oferta porém cinco mil libras o fazem mudar de ideia. Ele que pretende um dia voltar para a Inglaterra vê aquele dinheiro como uma saída da África para voltar a Londres onde pode ajudar seu filho. Juntos, Allan Quatermain e Elizabeth Curtis, saem então em direção ao desconhecido, começando uma aventura inesquecível.
Essa versão clássica de "As Minas do Rei Salomão" tem vários aspectos interessantes que não deixaram o filme em si envelhecer tanto como era esperado. O roteiro, sempre com um pé no chão, apostando no realismo (ao contrário da boba versão dos anos 80 estrelada por Richard Chamberlain), aposta no exótico da natureza selvagem africana, no relacionamento dos protagonistas e nas maravilhosas cenas tomadas em locações reais. Esse aliás é o grande diferencial do filme como um todo. Se os produtores tivessem filmado a produção em estúdio, na velha Hollywood, certamente teríamos uma sensação ruim, de coisa falsa. Ao contrário disso toda a equipe técnica e elenco foram realmente para a África, com cenários naturais reais, tudo feito in loco. Isso tornou o filme de certa maneira imune ao tempo. Afinal de contas excelentes cenas naturais nunca envelhecem. Talvez o que realmente envelheceu e saiu de moda seja o próprio personagem Allan Quatermain. Ele é um caçador de animais e hoje em dia nada é mais odiado pela mentalidade ecológica predominante do que caçadores em geral (vide aquele recente caso envolvendo a caça e morte daquele leão em um santuário africano que ganhou todas as manchetes mundo afora). E como agravante o filme traz a morte real de um elefante logo nas suas primeiras cenas. O magnífico animal foi comprado pelos produtores e morto de fato para impressionar o público na época. A cena aliás é tristemente realista pois após levar o tiro certeiro o elefante cai no chão, tremendo, em estado de choque, tentando sobreviver enquanto outros elefantes fazem de tudo para levantá-lo do chão. Sob o ponto de vista moderno foi algo desprezível de se fazer, chocante mesmo! Provavelmente cenas como essa deixem o filme com um selo ruim, de algo maldito, que não deve ser mais refeito nos dias de hoje. Em minha visão isso é um olhar que não leva em conta o contexto histórico do momento em que o filme foi lançado, há mais de 60 anos atrás. Afinal de contas naquela época ser um caçador na África ainda era visto como algo heroico e altamente engrandecedor. Os tempos mudam.
Pablo Aluísio.
domingo, 24 de setembro de 2017
A Dama da Madrugada
Título no Brasil: A Dama da Madrugada
Título Original: All in a Night's Work
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Joseph Anthony
Roteiro: Edmund Beloin, Maurice Richlin
Elenco: Dean Martin, Shirley MacLaine, Cliff Robertson, Charles Ruggles
Sinopse:
Após a morte de seu tio, um rico dono de empresas de comunicações, o playboy e boa vida Tony Ryder (Dean Martin) se torna seu único herdeiro. Nadando em dinheiro, ele precisa antes abafar algo escandaloso que aconteceu na noite em que seu tio milionário morreu. Segundo as investigações da polícia ele estaria acompanhado de uma mulher misteriosa e todas as pistas levam para uma de suas próprias funcionárias, a jovem Katie Robbins (Shirley MacLaine). Depois que Tony a conhece pessoalmente, ele se convence que ela estaria chantageando a empresa indiretamente, exigindo uma fortuna para se calar sobre tudo o que aconteceu. Seria apenas um mal-entendido ou haveria algum fundo de verdade em todas essas suspeitas?
Comentários:
Esse roteiro foi originalmente escrito para ser estrelado pela atriz Marilyn Monroe, mas acabou sendo recusado por ela que queria naquele momento da carreira queria se livrar de uma vez por todas do velho estigma de somente interpretar personagens loiras e burras. Como era um bom script acabou indo parar na Paramount que convenceu a atriz Shirley MacLaine a fazer o filme. Isso deu um aspecto muito interessante ao quesito atuação pois não era bem do estilo de MacLaine interpretar mocinhas tão tolinhas e bobinhas como essa. Mesmo assim ela acabou se saindo muito bem, até porque Shirley tinha um rosto angelical na época, o que combinava muito bem com o papel que interpretava. Ao seu lado surge o cantor Dean Martin como galã romântico, pero no mucho, que se apaixona perdidamente por ela. Quem escalou Martin foi justamente a atriz pois ela o tinha conhecido no set de filmagens de "Onze Homens e um Segredo". Conversa vai, conversa vem, Dean disse que ambos deveriam trabalhar juntos e quando a oportunidade bateu a porta, Shirley convenceu os produtores a contratarem o cantor que naquela época ainda tentava se firmar em uma carreira solo após o rompimento com Jerry Lewis.
Aliás o produtor desse filme era justamente Hal Wallis, que havia produzido inúmeras fitas da dupla no passado (ele também ficou bem associado a Elvis Presley no cinema pois também produziu vários filmes do Rei do Rock, inclusive o grande sucesso de bilheteria "Feitiço Havaiano", lançado nesse mesmo ano de 1961). Pois bem, o roteiro é o de uma comédia de erros, ou seja, todo o enredo se desenvolve baseando-se na imagem errada que fazem da personagem de Shirley MacLaine. Seu novo padrão (Martin) pensa que ela é na verdade uma chantagista que estaria atrás de dinheiro após se envolver com o falecido tio dele, dono do império de revistas e publicações que herdou. Já para os pais de seu noivo ela teria algo a esconder pois teria dinheiro demais para comprar um fino casaco de peles, apesar de ser apenas uma trabalhadora comum (fato que o roteiro explica tudo, com bom muito bom humor!). Enquanto todos pensam mal dela a verdade pura e simples é que a garota é apenas uma ingênua mocinha que nunca fez mal a ninguém. A grande virtude desse "All in a Night's Work" é que o diretor Joseph Anthony optou por realizar uma comédia ágil, eficiente, com ótimo ritmo e desenvolvimento, além de ter curta duração o que evita o espectador de se aborrecer. Com um humor ligeiro e até inocente (para os padrões atuais) o filme cumpre o que promete, divertir e entreter o espectador, tudo apoiado no grande carisma da dupla central, MacLaine e Martin. Está de bom tamanho.
Pablo Aluísio.
Entre o Amor e o Pecado
Título Original: Forever Amber
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Otto Preminger
Roteiro: Philip Dunne, Ring Lardner Jr
Elenco: Linda Darnell, Cornel Wilde, Richard Greene, George Sanders, Jessica Tandy, Glenn Langan
Sinopse:
Durante o reinado de Charles II da Inglaterra, uma camponesa chamada Amber St. Clair (Linda Darnell) se apaixona pelo aventureiro e corsário Bruce Carlton (Cornel Wilde). Seguindo seu coração, ela decide segui-lo até Londres, onde ela toma contato pela primeira vez com a corte real. Seu amado vai para o mar e a deixa, mas Amber não desiste. Embora venha a se relacionar com outros nobres ao longo do anos, ela jamais consegue esquecer o grande amor de sua vida. E passa a esperar pela chance de voltar um dia aos seus braços.
Comentários:
Filme romântico muito bem produzido. É um romance de época, passado no século XVII. Isso significa ter uma bela produção, com excelentes figurinos. Tão caprichado é o filme que conseguiu ser até mesmo indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música (de autoria de David Raksin). O roteiro também é muito bem escrito, explorando uma época particularmente complicada da história da Inglaterra. Há uma guerra civil a ser superada, um rei com problemas e a presença da peste negra, matando milhares de pessoas por todo o reino. É justamente nesse cenário de caos que a bela donzela Amber (em boa interpretação de Linda Darnell) tenta viver. Ela é o que hoje em dia poderia se chamar de "alpinista social". De origem humilde ela começa a se relacionar com nobres ricos e poderosos, incluindo um Duque bem mais velho do que ela, com quem acaba se casando. Seus bons contatos sociais a levam até mesmo ao rei Charles II (Sanders) que não perde a oportunidade de cortejá-la! Seu coração porém pertence apenas a um homem, um corsário, um capitão de caravelas que passa mais tempo nos mares do que em casa. Ela tem um filho dele e jamais o esquece, embora seu romance seja cheio de sobressaltos e dramas. No geral é um daqueles romances ao velho estilo que merecem uma revisão. Tudo muito bem trabalhado, escrito, ambientado. O enredo original vem de um romance vitoriano escrito pela autora Kathleen Winsor. Tudo muito romântico e dramático, especialmente indicado para o público feminino, que certamente vai apreciar bastante esse bom drama romântico de época. Um filme até mesmo inspirador, para corações apaixonados que não desistem de viver o grande amor de sua vida.
Pablo Aluísio.
sábado, 23 de setembro de 2017
O Príncipe Negro
Título Original: The Dark Avenger
Ano de Produção: 1955
País: Inglaterra
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Henry Levin
Roteiro: Daniel B. Ullman
Elenco: Errol Flynn, Joanne Dru, Peter Finch, Yvonne Furneaux, Michael Hordern, Moultrie Kelsall
Sinopse:
Idade Média. Durante a Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, após uma violenta batalha em solo francês, o Rei Edward VIII (Michael Hordern) resolve voltar para a Inglaterra, pois seu reino também está sofrendo com rebeliões internas. Para cuidar, proteger e administrar de seus territórios franceses recém conquistados o Rei resolve deixar seu filho, o Príncipe de Gales (Flynn), responsável por tudo. Não será algo fácil. Os senhores feudais franceses querem a expulsão dos ingleses a todo custo e farão de tudo para reconquistarem suas terras e castelos.
Comentários:
Produção medieval B ao estilo capa e espada dos estúdios ingleses Allied Pictures. O grande destaque vem da presença do antigo astro da Warner Errol Flynn. No passado ele havia estrelado algumas das mais caras e ricas produções de Hollywood, muitas sob direção de Michael Curtiz. Quando realizou esse filme porém Flynn já estava em fim de carreira. O ator havia destruído parte de sua fama nos Estados Unidos por causa de bebidas, drogas e mulheres. Além disso, como foi descoberto depois por alguns biógrafos, ele também colaborou com os nazistas durante a II Guerra Mundial, se tornando um espião de Berlim em Hollywood. Tudo isso obviamente colaborou para que ele entrasse em decadência. Quando foi para Inglaterra atuar nesse "O Príncipe Negro" ele já estava praticamente acabado. E isso se nota bem no filme. Flynn está com um aspecto envelhecido, fora de forma (inchado para falar a verdade), com pouca disposição em atuar bem. Pior do que isso, ele está muito velho no papel, pois no roteiro o príncipe que interpreta era apenas um jovem inexperiente que acaba causando surpresa em todos por causa de sua coragem e valentia. Ora, o personagem deveria ter no máximo 20 anos de idade, mas quando Flynn o interpretou já estava com 45! Assim tudo soa pouco convincente. Outro aspecto que chama a atenção nesse filme é que a fotografia é bem mais escura do que o habitual, tudo para esconder o orçamento limitado da própria produção. Um velho artifício dos filmes noir que foi usado por essa produção de aventuras medievais. Em suma, um momento menor de um grande astro do cinema clássico em Hollywood que deixou tudo lhe escapar por causa dos excessos que cometeu em sua breve e conturbada vida. Vale porém pela curiosidade histórica, especialmente indicado para os fãs de Errol Flynn.
Pablo Aluísio.
As Noivas do Vampiro
Título no Brasil: As Noivas do Vampiro
Título Original: The Brides of Dracula
Ano de Produção: 1960
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Films
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Bryan
Elenco: Peter Cushing, Martita Hunt, David Peel, Yvonne Monlaur
Sinopse:
Durante uma viagem pela Transilvânia a jovem professora Marianne Danielle (Yvonne Monlaur) se vê sem transporte pois seu cocheiro resolve desaparecer, muito provavelmente por estar apavorado com aquele sinistro lugar. Abandonada numa taverna local e sem ter para onde ir ela resolve aceitar o gentil convite da Baronesa Meinster (Martita Hunt) para passar a noite em seu castelo no alto das montanhas. O que Danielle não sabe é que o filho da Baronesa é um vampiro, mantido acorrentado em seus aposentos desde que virou uma sedenta criatura da noite. Como ela poderá sobreviver a essa terrível noite de terror?
Comentários:
Em 1958 o diretor Terence Fisher realizou o maior sucesso de bilheteria da Hammer, o filme "O Vampiro da Noite", onde o ator Christopher Lee interpretava o lendário Conde Drácula. O filme foi um grande êxito comercial porém havia um problema para realizar sua continuação: Drácula havia sido morto na última cena. Como então retomar a franquia? A solução encontrada pelos roteiristas foi explorar potenciais infectados pelo Conde no filme anterior, afinal ele havia atacado várias pessoas em sua jornada de horror. Um desses infectados seria justamente o jovem Barão Meinster (David Peel). Depois que vira um vampiro sua mãe o deixa preso em seu quarto, aprisionado por pesadas correntes. Quando uma jovem professora em visita à mansão, Marianne Danielle (Yvonne Monlaur), descobre esse fato fica imediatamente horrorizada, afinal que tipo de mãe aprisionaria seu próprio filho daquela maneira? Inocente da situação e iludida pelas falsas boas intenções do Barão vampiresco ela decide libertá-lo após roubar as chaves do cadeado que o mantém preso.
Solto, livre e sedento de sangue o Barão então começa sua fileira de vítimas a começar por sua própria mãe a quem ele não parece nada disposto a perdoar. Para salvar os moradores da pequena vila ao pé da montanha, o padre local decide chamar o cientista e especialista no assunto Dr. Van Helsing (Peter Cushing) que precisará enfrentar o Barão ao mesmo tempo em que tenta salvar a vida de jovens donzelas que foram mordidas pelo monstro e que agora são chamadas de "As Noivas de Drácula" (daí o título original da fita). Esse clássico terror da Hammer não poderia ser mais charmoso. Ao lado de uma maravilhosa direção de arte - com cenários bem construídos, efeitos especiais que para a época funcionavam muito bem e muito clima sombrio - se soma um roteiro bem escrito que resgata todos os pontos mais centrais dessa mitologia de vampiros (e que até hoje segue sendo utilizados, é bom frisar). Dessa maneira o diretor Terence Fisher acabou realizando uma pequena obra prima do gênero, fugindo do aspecto puramente comercial, o que poderia certamente se transformar na ruína do filme como um todo. Vale a indicação, principalmente para os que adoram esse tipo de produção ao velho estilo. Tudo muito sofisticado e de bom gosto.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
O Incrível Homem Que Encolheu
Se formos analisar bem esse roteiro veremos algumas características bem interessantes da época em que o filme foi feito. A paranoia em relação a tudo que se relacionasse com radioatividade é uma delas. Em pleno auge da guerra fria havia um sentimento de insegurança e paranoia envolvendo armas nucleares e tudo aquilo que envolvesse tecnologia atômica. Assim os roteiristas dos anos 50 usavam a radioatividade como desculpa para tudo, inclusive mutações terríveis ou eventos inexplicáveis. O mal uso da tecnologia nuclear tanto podia dar origem a monstros imensos - como o famoso Godzilla e criaturas semelhantes - como aumentar ou diminuir o tamanho dos seres vivos - aranhas gigantes ou então seres humanos se tornando criaturas pequeninas. Aliás esse filme iria inspirar uma das séries mais populares da TV americana, "Terra de Gigantes" que iria também se tornar campeã de audiência no Brasil. De uma maneira ou outra "The Shrinking Man" é certamente um clássico Sci-Fi de uma época em que o cinema era mais romântica e até mesmo inocente - e cativamente envolvente. Amarrado com ótimas cenas de tensão, o filme termina de forma ousada, em momento de existencialismo filosófico, coisa pouco comum, principalmente para a época. E para os interessados no enredo o livro saiu há pouco no Brasil, numa coletânea de histórias do Richard Matheson, Indicadíssimo!
O Incrível Homem Que Encolheu (The Shrinking Man, EUA, 1957) Direção: Jack Arnold / Roteiro: Richard Matheson, baseado na novela escrita por Richard Matheson / Elenco: Grant Williams, Randy Stuart, April Kent / Estúdio: Universal Pictures / Sinopse: Homem sofre os efeitos da radiotividade e se torna minúsculo. Agora terá que sobreviver a um novo mundo, onde insetos e animais domésticos se tornam grande ameaças - seres monstruosos em relação ao seu pequenino tamanho. Filme vencedor do Hugo Awards na categoria de Melhor Direção e Roteiro Adaptado.
Pablo Aluísio.